A Contribuição do Empreendedorismo para o Crescimento Econômico dos Estados Brasileiros 1
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- Maria das Dores Bernardes de Almeida
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1 A Contrbução do Empreendedorsmo para o Crescmento Econômco dos Estados Brasleros 1 Fernanda Mara de Almeda 2 Gslane Aparecda Santana Sedyama 3 Felpe Afonso Santago 4 Resumo: Devdo às desgualdades nterestaduas e nter-regonas relatvas ao desempenho econômco dos estados brasleros, este estudo objetvou dentfcar os efeos do empreendedorsmo sobre o crescmento econômco do Brasl e verfcar se tas efeos se dferem entre os Estados. Para tanto, estmou-se um modelo por dados em panel dnâmco com o Método dos Momentos Generalzados (GMM) e efeos fxos com as varáves renda, empreendedorsmo, comérco, população, despesas governamentas, abertura comercal, educação e nvestmento, dos 26 estados do Brasl mas o Dstro Federal. A análse correspondeu ao anos de 2001 a 2011, pos fo o período em que houve dsponbldade de dados para todas as varáves. Constatou-se que, seja por novação ou por promoção de novos negócos, além de ser complementar aos outros fatores determnantes, o empreendedorsmo é um fator de crescmento econômco. Verfcou-se, anda, que ele tem papel semelhante para todos os estados, ndependente se o estado tem maor ou menor Produto Interno Bruto (PIB). Anda, os efeos das atvdades empreendedoras sobre o crescmento econômco das Undades da Federação são, no geral, homogêneos e posvos. Assm, conclu-se que no caso dos estados do Brasl, mesmo para os mas pobres, o empreendedorsmo mostrou-se favorável ao crescmento econômco. Palavras-chave: Empreendedorsmo; Crescmento Econômco; Dados em Panel Dnâmco. Abstract: Because of nterstate and nter-regonal nequales related to the economc performance of the Brazlan states, ths has dentfed the effects of entrepreneurshp on economc growth n Brazl and examned whether these effects dffer among states. Therefore, estmated a model for dynamc panel data wh the Generalzed Method of Moments (GMM) and fxed effects wh varable ncome, entrepreneurshp, trade, populaton, government spendng, trade openness, educaton and nvestment, the 26 states Brazl and the Federal Dstrct. The analyss corresponded to the years 2001 to 2011, because was the perod when data were avalable for all varables. The results showed that, eher nnovaton or promoton of new busness as well as beng complementary to other determnants, entrepreneurshp s an economc growth factor. There was also that has smlar effects to all states, regardless of whether the state has greater or lesser GDP. Stll, the effects of entrepreneural actves on economc growth of the Brazlan states are, n general, homogeneous and posve. Thus, s concluded that n the case of the states of Brazl, even for the poorest, entrepreneurshp was favorable to economc growth. Keywords: Entrepreneurshp; Economc Growth; Dnamc Panel Data. JEL: O47; L26. 1 Os autores agradecem o apoo da Fundação de Amparo à Pesqusa de Mnas Geras (FAPEMIG). 2 Doutora em Economa Aplcada pela Unversdade Federal de Vçosa (UFV) e Professora Adjunto II do Departamento de Admnstração e Contabldade da UFV. 3 Mestre em Controladora e Contabldade pela Unversdade Federal de Mnas Geras (UFMG) e Professora Adjunto I do Departamento de Admnstração e Contabldade da UFV. 4 Graduando em Admnstração na UFV. 1
2 1. Introdução A temátca acerca dos fatores que determnam o crescmento econômco, bem como a forma como tal crescmento acontece em dstntos países e regões, apesar de antga, permanece atual. Há países rcos e outros pobres, há regões que crescem economcamente de forma acelerada, enquanto outras pouco evoluem. Todava, o senso comum vsto nas evdêncas teórcas e empírcas é que o crescmento econômco está dretamente relaconado com varáves como: população, comérco nternaconal, nível de educação, capal, nvestmentos, pesqusa e desenvolvmento (P&D), tecnologa, novação e empreendedorsmo, dentre outros. Em termos geras, pode-se dzer que o crescmento econômco é conduzdo por fatores que se nteragem. Por exemplo, a amplação do nível educaconal em um país favorece P&D, que pode gerar aumento tecnológco, novação e empreendedorsmo. De acordo com Holcombe (1998), os resultados de P&D devem ser aplcados em processos produtvos de menores custos (tecnologa) ou na produção de produtos nunca antes produzdos (novação). Ambas as possbldades descras por Holcombe (1998) estão entre as fortes bases do empreendedorsmo, que é responsável pela aplcação prátca dos avanços em tecnologa e novação e, com sso, pela amplação das possbldades de geração de recursos fnanceros e, por consequênca, do crescmento econômco. Nesse aspecto, sob uma ótca genérca, Acs (2006) argumenta que empreendedorsmo cra novos negócos, novos postos de trabalho, ntensfca a competção entre as empresas e a produtvdade. Em uma análse a respeo do papel do empreendedorsmo no crescmento do Produto Interno Bruto (PIB) de dferentes países, Van Stel et al. (2005) verfcaram que este papel se dferenca de acordo com o nível do desenvolvmento econômco. Em países pobres, os efeos das atvdades empreendedoras sobre o crescmento econômco é negatvo, enquanto que em países desenvolvdos é posvo. Para os autores, a razão para tal evdênca estara no fato de que o empreendedorsmo em países pobres se caracterza por atvdades em estágo ncal, ou seja, negócos novos. Por outro lado, nos países desenvolvdos prevalecem atvdades tradconas de grandes corporações, as quas têm maor potencal de geração de renda. Nesse sentdo, dferentes outros estudos empírcos têm sdo realzados com a fnaldade de avalar os efeos do empreendedorsmo no desempenho econômco em níves regonas, naconas ou nternaconas. Dentre estes, pode-se car Hart (2003), Acs et al. (2004), Van Stel et al. (2005), Acs (2006), Acs e Armngton (2006), Audretsch et al. (2006) e Thurk et al. (2010). Especfcamente no Brasl, o trabalho de Barros e Perera (2008) analsou o efeo da atvdade empreendedora sobre o crescmento econômco nos muncípos do Estado de Mnas Geras entre 2000 e Os resultados encontrados pelos autores apontaram relação negatva entre empreendedorsmo e crescmento econômco. Os autores justfcaram estes resultados ao destacar que em Mnas Geras, assm como no Brasl, a maor parte das atvdades empreendedoras se caracterza pelo empreendedorsmo por necessdade e não pelo de novação ou oportundade. O prmero tpo caracterza-se pela abertura de pequenas empresas, que são pouco produtvas e geram nível baxo de renda, enquanto o segundo trata de atvdades novadoras capazes de contrbur mas para o crescmento econômco. (BARROS e PEREIRA, 2008). O estudo realzado por Barros e Perera (2008) dexa lacunas no que se refere aos dferentes efeos e modos como o empreendedorsmo, consderando seus dferentes formatos, afeta o crescmento econômco dos Estados do país ao longo do tempo. Assm, o presente trabalho busca responder: a) quas os efeos do empreendedorsmo sobre o crescmento econômco do Brasl? b) tas efeos se dferem entre os Estados? Dadas as evdentes desgualdades nterestaduas e nter-regonas no que se refere ao crescmento e desenvolvmento econômco, este estudo é relevante por buscar dentfcar e quantfcar as dferenças do papel do empreendedorsmo em tas regões. Assm, pode 2
3 contrbur para a amplação de nformações a respeo da referda relação e, deste modo, servr de parâmetro dreconador de polítcas públcas e estratégas empresaras específcas a cada localdade. 2. Referencal teórco 2.1. Aspectos teórcos sobre a nfluênca do empreendedorsmo no crescmento econômco A ntrodução do empreendedorsmo como fator determnante do crescmento econômco se deu a partr das deas apresentadas na obra clássca de Schumpeter (1934), que parte do prncípo de que o empreendedor promove o progresso econômco por meo da destrução cratva. A função do empreendedor como destrudor cratvo é concepção de novos mercados, ndústras, produtos e métodos de produção capazes de modfcar os padrões de consumo atuas da economa, de tal forma que estes se tornam vsualmente obsoletos. Neste aspecto, o progresso econômco é estmulado pela busca ncessante de novação. Schumpeter (1984) trouxe a segunda contrbução teórca sobre o papel do empreendedorsmo para o crescmento econômco, ao afrmar que o empreendedorsmo ocorre va processos de acumulação cratva. Para o autor, apenas as grandes empresas têm o poder de gerar novações. Isso porque, por possuírem poder de mercado e grande potencal fnancero, são capazes de nvestr grandes montantes em P&D que, por consequênca, promove novações. Souza (2005) apresenta uma fundamentação formal a respeo da economa Schumpeterana. De acordo com a autora, o processo de produção é compreenddo por combnações de meos de produção (K), representados pelos meos de pagamento dsponíves aos empreendedores, nclusve crédos; trabalho (L); terra (N); novações tecnológcas (S); e pelo meo sococultural (E). Assm, a função de produção pode ser defnda como: Y f ( K, N, L, S, E) (1) A partr de (1), analsando-se a evolução da economa em cada período de tempo, podese dzer que os três prmeros elementos (K, N e L) são componentes de crescmento, enquanto os dos últmos (S, E) de componentes de desenvolvmento. Então, tratando-se N como fator lmado e K condconado a novações, a evolução dnâmca da economa Schumpeterana depende do crescmento populaconal e da relação entre progresso técnco (novação) e nstuções responsáves pelo desenvolvmento. Assm, para ambas as contrbuções de Schumpeter (1934 e 1984), pode-se dzer que o dnamsmo da oferta possu destaque para a explcação do crescmento econômco. Com a oferta de novos produtos, por se tratar de novdades oferecdas aos consumdores, haverá demanda. Além de Schumpeter (1934 e 1984), Krzner (1973) destaca o papel do empreendedor no crescmento econômco. Para o autor, todos os agentes capazes de fazer um negóco lucratvo é um empreendedor e todas as suas atvdades são essencalmente competvas. De acordo com Holcombe (1998), a conexão entre empreendedorsmo e crescmento econômco retratada por Krzner (1973) está nas oportundades de lucro advndas de vantagens de dferencas prevamente não conhecdos. As deas advndas de outros empreendedores podem ser combnadas a novos processos de produção e novos produtos. Assm, o empreendedorsmo cra mudanças e dexam mas oportundades para novas atvdades empreendedoras. Em Landström (1999) lustra-se a dferença entre os pensamentos de Schumpeter e Krzner por meo de Curvas de Possbldade de Produção (CPP), conforme Fgura 1 a segur: 3
4 Produto A Schumpeter Krzner Fgura 1. Dferença entre as curvas de possbldade de produção de Krzner e de Schumpeter. Fonte: Adaptado de Landström (1999). De acordo com Landström (1999), para uma dada CPP exstente na economa, a novação, segundo os preceos de Schumpeter, perme a produção de mas quantdade de produtos devdo a melhoras no processo produtvo. Já para Krzner, a produção, que ncalmente é nefcente por estar a um nível abaxo do deal, aumenta a partr da novação sob produtos já prevamente produzdos. Para Holcombe (1998), as deas de Schumpeter e Krzner são semelhantes, uma vez que para ambos as atvdades empreendedoras surgem de oportundades nexploradas de lucros e são capazes de alterar o ambente do mercado. Além das pressuposções de Shumpeter e Krzner, outros tradconas trabalhos teórcos como os de Solow (1956) e Romer (1990 e 1994) defendem que o motor do crescmento econômco é a nvenção, seja por meo do progresso técnco ou pelo surgmento de novas deas. Mas recentemente, a partr da teora do Crescmento Endógeno de Lucas (1988), Audrestch et al. (2006) fundamentaram a Teora do Empreendedorsmo pelo Transbordamento do Conhecmento, a qual tem como pressuposção de que o empreendedorsmo é uma resposta endógena aos nvestmentos em P&D que não foram completamente aproveados. Para estes autores, o empreendedorsmo contrbu para o crescmento econômco por favorecer o transbordamento e a comercalzação do conhecmento. 3. Metodologa 3.1. O modelo empírco Com fns de analsar os efeos do empreendedorsmo sobre desempenho econômco dos estados brasleros, a presente pesqusa estma um modelo que utlza, além desse fator, um conjunto de outras varáves consderadas como determnantes do referdo desempenho. De modo genérco, a equação estmada para os 26 estados brasleros mas o Dstro Federal ( = 1, 2,..., 27), no período entre 2001 e 2011 (t = 2001,..., 2011) é representada como: log( Y ) Emp Q u (2) Produto B em que Y é o Produto Interno Bruto (PIB) de cada um dos estados no ano t;, um componente fxo para cada estado ; Emp, representa um ndcador de empreendedorsmo em cada estado no ano t, que para este estudo utlzada o número de trabalhadores por conta 4
5 própra; Q, um vetor de varáves contemporâneas utlzadas como causadoras do desempenho econômco dos estados (PIB); e u, o termo de erro. Especfcamente, no vetor Q, consderam-se varáves que representam os determnantes do crescmento de Solow (nvestmento, população, educação), o nível de abertura comercal (comérco nternaconal) e a ntervenção do governo na economa dos estados (gastos do governo). Assm, a equação (3) a segur trata do modelo: logy txanalf 3 log( Y log( I 4 1 ) log( Emp ) ln( ggov ) u 5 ) log( pop ) log( open ) 1 2 (3) em que pop é a população dos estados em cada ano da análse; txanalf, a taxa de analfabetsmo de pessoas com 15 anos ou mas de dade em cada estado no ano t; I, as despesas estaduas com capal e é utlzada como uma proxy para os nvestmentos totas dos estados; e, ggov, os gastos de cada governo estadual. Dado o caráter dnâmco e a endogenedade exstente entre o desempenho econômco (PIB) e as varáves explcatvas, a exemplo de Portela et al. (2012), o modelo da equação (3) é estmado por dados em panel dnâmco com o Método dos Momentos Generalzados (GMM). Uma vez que as undades cross-secton em análse tratam-se do conjunto total dos estados do Brasl, serão utlzados efeos fxos. Nesse sentdo, a seção 3.2 lustra a estrutura do modelo com dados em panel dnâmco Modelo com dados em panel dnâmco O efeo de varações passadas sobre o comportamento de determnada varável no presente é uma relação comumente estudada em economa. Essas análses, quando feas em modelos de dados em panel, permem melhores entendmentos quanto à dnâmca dos ajustamentos (BALTAGI; 2005). Esta dnâmca de ajustamento, caracterzada pela presença da varável dependente defasada em meo aos regressores, pode ser estudada por meo dos modelos em panel dnâmco. Genercamente, um modelo com dados em panel dnâmco pode ser representado do segunte modo: Y u Y X X (4) em que Y 1 é o termo defasado que apresenta correlação por construção com o termo de erro no período corrente; X e X 1 são os conjuntos de varáves explcatvas; é um componente fxo; e, é o termo de erro. Ademas, ~ d (0, ) e ~ d (0, ). De acordo com Baltag (2005), o modelo descro em (4) é caracterzado por duas fontes de persstênca sobre o tempo: autocorrelação entre o lag da varável dependente e os outros regressores e heterogenedade entre os efeos ndvduas. Desde que Y é função do componente fxo, por consequênca, Y 1também é função de. Assm, Greene (2005) destaca que, quando as estmatvas são realzadas por meo de um panel dnâmco, está se afrmando que além dos regressores, toda a hstóra da varável dependente é mportante para a explcação da desta varável em determnado período. Além dsso, Hsao (2002) salenta a possbldade de correlação da varável defasada com o erro. Esse fator torna as estmatvas de MQO vesadas e nconsstentes anda que não seja seralmente correlaconado
6 Nesse aspecto, Arellano e Bond (1991) propuseram uma estmatva de panel dnâmco em que todas as defasagens da varável dependente são utlzadas no modelo. Este modelo, embora bastante efcente, possu alguns problemas com relação ao uso das prmeras dferenças como nstrumentos na equação, prncpalmente se a varável possur comportamento próxmo a um passeo aleatóro. Vsando corrgr este problema, Arellano e Bover (1995) e Blundell e Bond (1998) ncluem uma restrção adconal em que o termo de perturbação e a varável defasada não estão correlaconados. Este método, conhecdo como Método dos Momentos Generalzados (GMM) é mas efcente do que os conhecdos estmadores de varáves nstrumentas (IV). Segundo Marques (2000), é com base nestes desenvolvmentos que surge o modelo de estmatva com dados em panel dnâmco, em um sstema de equações que assume como momento adconal a não exstênca de correlação entre o erro e o valor defasado para a varação da varável dependente defasada no prmero período Defnção, descrção e fonte de dados O presente estudo utlza nformações de varáves de renda, empreendedorsmo, comérco, população, despesas governamentas, educação e nvestmento dos 26 estados do Brasl mas o Dstro Federal para o período de 2001 a 2011, que é justfcado pela dsponbldade de dados para todas as varáves. Assm, a Tabela 1 a segur lustra a descrção e a fonte dos dados utlzados. Tabela 1: Varáves utlzadas na pesqusa e suas respectvas descrções e fontes Varável Descrção Fonte Y pop open ggov txanalf I PIB Estadual a preços constantes (ml R$ de 2000) - Deflaconado pelo deflator mplíco do PIB naconal. População resdente (ml habantes) estmatvas. Importações mas Exportações agregadas de cada estado no ano t (ml R$) 5. Despesa Corrente estadual para cada ano t (ml R$). Taxa de analfabetsmo de pessoas com 15 anos ou mas de dade em cada ano. Despesa de capal por estado - nvestmento (ml R$) - engloba as dotações para o planejamento e a execução de obras, nclusve as destnadas à aqusção de móves consderados necessáros à realzação. Instuto Braslero de Geografa e Estatístca IBGE (2014). IBGE (2014). Mnstéro do Desenvolvmento, Indústra e Comérco Exteror MDIC (2014). IBGE (2014). Pesqusa Naconal por Amostra de Domcílos - PNAD, IBGE (2014). Mnstéro da Fazenda Tesouro Naconal (2014). Emp Número total de trabalhadores por conta própra. IBGE (2014). Fonte: Dados da pesqusa. 5 Convertdo em Reas pela taxa de câmbo comercal (R$ / US$) - venda - fm período. 6
7 4. Resultados e Dscussões Antes de se apresentar os resultados referentes às estmatvas dos efeos de determnantes do crescmento econômco sobre o PIB dos estados brasleros, apresentam-se as estatístcas descrvas das varáves utlzadas no modelo com dados em panel dnâmco. 4.1 Estatístcas descrvas das varáves utlzadas no modelo em análse Ilustram-se na Tabela 2 as estatístcas descrvas das varáves PIB, População, Comérco Internaconal, Despesas do Governo, Taxa de Analfabetsmo, Investmento e Trabalhadores por conta própra, que compõe o modelo em análse. A varável PIB, medda em R$, é utlzada neste estudo como proxy para o desempenho econômco dos estados. Com méda de 92,5 blhões de reas, o valor máxmo desta varável corresponde ao PIB do estado de São Paulo para o ano de Este estado se destaca como o prncpal da economa braslera, uma vez que apresenta o maor PIB estadual em todos os anos da análse. Por outro lado, o valor mínmo trata-se do PIB do Estado de Rorama em Em termo de PIB, este estado, juntamente com outros das regões Norte e Nordeste, está entre os de menor desempenho econômco no Brasl no período de estudo. As dvergêncas, ou heterogenedade, exstente entre as economas dos estados se reflete no grande valor encontrado para o desvo padrão. Tabela 2: Estatístcas descrvas das varáves utlzadas no modelo em análse Varáves Estatístcas Méda Máx. Mín. Desvo Padrão PIB (Blhões R$) 92, ,00 2,03 172,00 População (Mlhões) 6,86 41,70 0,34 8,11 Soma Exportações com Importações (Blhões R$) 17,70 228,00 0,02 33,90 Despesas do Governo (Blhões R$) 10,20 112,00 0,52 16,40 Taxa de analfabetsmo (%) 13,16 31,18 2,82 7,21 Investmento (Blhões R$) 1,12 15,20 0,06 1,87 Trabalhadores por conta própra (Ml un) 667, ,00 23,00 678,89 Fonte: Dados da pesqusa. No que tange às populações estaduas, os estados da regão Sudeste e Sul são os mas populosos. A maor população da amostra utlzada neste estudo trata-se da de São Paulo no ano de 2007, enquanto que a menor encontra-se em Rorama em Os dados sobre mportações e exportações estaduas no período de 2001 a 2011 apresentam tendênca semelhantes, ou seja, tveram varações análogas em todo o período para cada um dos estados. Semelhantemente às nformações sobre PIB e população, o estado de São Paulo é o maor destaque, uma vez que se trata do prncpal mportador e exportador do país. A varável despesas do governo fo utlzada como proxy para o nível ntervenção do governo na economa. O governo estadual com maores despesas foram, respectvamente, Paraná, São Paulo e Espíro Santo. Por outro lado, os estados cujos governos possuem menores despesas referem-se a Acre (2001 a 2004), Rorama (2001 a 2006), Amapá (2001 a 2005) e Tocantns (2001 a 2003). 7
8 A méda estadual da taxa de analfabetsmo das pessoas de 15 anos ou mas de dade é de 13,16%. Os estados com as maores taxas ao longo do período de estudo encontram-se, em grande parte, nas regões Nordeste e Norte. Por outro lado, os estados com menores taxas de analfabetsmo suam-se, em geral, nas regões Sul e Sudeste. Como dferencas em relação às demas regões, vale destaque os baxos índces de analfabetsmo dentfcados no Dstro Federal e no Amapá No que se refere à varável nvestmento, que trata dos nvestmentos estaduas em capal, tem-se méda de 1,2 blhões de reas, sendo seu valor máxmo dentfcado no estado de São Paulo em 2011 e o mínmo para Pauí em De modo geral, os estados brasleros com menores níves de nvestmento foram Pauí, Rorama, Amazonas e Maranhão. Quanto a análse descrva da varável proxy do nível de empreendedorsmo, número de trabalhadores por conta própra, observa-se a méda para os estados, no período entre 2001 e 2011, de 667,67 ml trabalhadores. Em ordem de mportânca, os prncpas estados promotores de atvdades empreendedoras são São Paulo, Mnas Geras, Baha, Ro de Janero e Ro Grande do Sul. Já dentre os de menores desempenho, ca-se Rorama, Amazonas, Acre e Amapá. Estas constatações mostram-se altamente correlaconadas com o perfl econômco dos estados 6. Em geral, quanto maor a economa do estado, maor seu nível de empreendedorsmo. Nos casos dos estados com destaque, as atvdades desenvolvdas pelos trabalhadores por conta própra possvelmente englobam aquelas lgadas ao comérco, prestação de servços e tursmo Efeos do empreendedorsmo no desempenho econômco braslero No que se refere à análse econométrca do modelo proposto neste estudo, a Tabela 3 lustra as estmatvas dos parâmetros que fornecem os efeos de varações de dstntas varáves sobre o crescmento econômco dos estados brasleros, com destaque para a de empreendedorsmo. Na prmera coluna da Tabela 3 encontram-se as descrções das varáves, na segunda e na tercera apresentam-se as estmatvas dos parâmetros do que fo chamado de Modelos (1) e (2). O Modelo (1) trata-se daquele apresentado na equação (3) da metodologa. O modelo (2) apresenta todas as varáves do (1), exceto a varável de empreendedorsmo. Esta varável fo substuída por um conjunto de varáves dummes de nclnação ou multplcatvas, uma para cada estado e para o Dstro Federal. Estas varáves tveram por fnaldade ndcar os efeos do empreendedorsmo de cada Undade da Federação sobre o crescmento econômco. Em razão da característca dnâmca do crescmento do PIB, ou seja, da nfluênca de seus valores passados sobre os atuas e também da endogenedade dos regressores, utlzou-se um modelo dnâmco para dados em panel com efeos fxos de Arellano-Bond, o qual fo estmado pelo GMM. Com exceção da varável que representa os gastos do governo, todas as demas foram estatstcamente sgnfcatvas para ambos os modelos. No que se refere à sgnfcânca geral, o Teste de Wald aponta que, conjuntamente, todas as varáves dos modelos são relevantes para explcar o crescmento econômco. Conforme o esperado, os resultados apontam que varações nos valores passados do PIB (Y-1) afetam posvamente as varações no PIB atual (Y). Em outras palavras, o aumento de 1% no PIB do ano anteror aumenta, em méda, 0,110% o PIB atual dos estados, consderandose o Modelo (1). A sgnfcânca estatístca desse resultado confrma o caráter dnâmco apresentado pelo desempenho econômco dos estados brasleros. Além dsso, este efeo para 6 O coefcente de correlação entre a varável PIB e a referente ao número de trabalhadores por conta própra é 0,82. 8
9 os estados brasleros é semelhante àquele encontrado para os casos de países. Um exemplo dsso é o trabalho de Ourves (2006), que analsou o efeo de varáves de crescmento e do padrão de endvdamento sobre o desenvolvmento dos países da Amérca Latna e Carbe. Tabela 3: Efeos do comérco nternaconal e de outras varáves determnantes sobre o desempenho econômco dos estados brasleros entre 2001 e 2011 Varável Modelo (1) Modelo (2) log(y -1) 0,110 0,111 (0,015)*** (0,032)*** log(open ) 0,057 0,140 (0,018)*** (0,022)*** txanalf -0,050-0,054 (0,003)*** (0,009)*** log(i ) 0,239 0,088 (0,028)*** (0,029)*** log(ggov ) 0,274 0,135 (0,357)ns (0,228)ns log(emp ) 0,737 (0,033)*** Constante 6,31 10,440 (0,686)*** (1,085)*** Estados Colocação Efeos do Empreendedorsmo sobre o crescmento econômco Acre 24 0,598*** Alagoas 8 0,636*** Amapá 14 0,623*** Amazonas 19 0,610*** Baha 13 0,629*** Ceará 9 0,633*** Dstro Federal 11 0,629*** Espíro Santo 6 0,640*** Goás 1 0,705*** Maranhão 15 0,621*** Mato Grosso 16 0,618*** Mato Grosso do Sul 17 0,618*** Mnas Geras 25 0,597*** Pará 27 0,572*** Paraíba 5 0,644*** Paraná 20 0,609*** Pernambuco 4 0,644*** Pauí 10 0,629*** Ro de Janero 3 0,646*** Ro Grande do Norte 2 0,647*** Ro Grande do Sul 26 0,582*** Rondôna 12 0,629*** Rorama 21 0,607*** Santa Catarna 18 0,615*** São Paulo 23 0,600*** Sergpe 7 0,636*** Tocantns 22 0,604*** Estatístca Wald 6021, ,40 OBS: os valores entre parêntess correspondem aos erros padrão robustos e *** e ns ndcam, respectvamente, sgnfcânca estatístca ao nível de 1% e ausênca de sgnfcânca estatístca. Fonte: Resultados da pesqusa. O papel do comérco nternaconal, sto é, da abertura comercal, fo representado pela varável soma das mportações mas as exportações dos estados. Quando se analsa os efeos 9
10 da abertura comercal dos estados do Brasl sobre seus respectvos desempenhos econômcos, observa-se relação estatstcamente sgnfcante e posva entre essas duas varáves. Aumentos no volume de comérco nternaconal dos estados aumentam a méda do PIB das Undades da Federação. Este resultado é semelhante àquele encontrado no trabalho de Dufrénot (2009), que analsou os efeos de dferentes determnantes sobre o crescmento de países em desenvolvmento. O autor utlzou a soma das mportações mas exportações em relação ao PIB como varável de abertura comercal e também verfcou efeos posvos entre varações nesta varável e varações no PIB. Especfcamente para os estados brasleros, Barbosa e Alvn (2007) analsaram as exportações como varável explcatva do PIB dos estados entre 1996 e Os autores encontraram coefcentes posvos e sgnfcatvos para todos os estados do país, o que confrma os resultados encontrados neste estudo. Dentre as varáves utlzadas nos modelos de crescmento de Solow, encontram-se o crescmento populaconal, educação e o nível de nvestmentos. Entretanto, fo necessáro exclur a varável população dos modelos em vrtude da alta correlação entre ela e a varável empreendedorsmo, prncpal nteresse do estudo. Nesse contexto, o presente estudo verfcou que a taxa de analfabetsmo de pessoas com 15 anos ou mas de dade nos estados, varável utlzada como ndcador de educação, apresenta relaconamento negatvo com o PIB dos mesmos. Este também é um resultado coerente com as expectatvas teórcas, já que maor taxa de analfabetsmo e menor qualfcação da população gera, por consequênca, menor o crescmento econômco. Em relação ao nível de nvestmentos (I), o coefcente posvo e estatstcamente sgnfcatvo encontrado também confrma os argumentos teórcos de Solow e está de acordo com as análses empírcas encontradas na leratura que são semelhantes a esta (DUFRÉNOT, 2009). Esta varável trata-se das despesas de capal, que englobam os recursos para o planejamento e a execução de obras, nclusve as destnadas à aqusção de móves consderados necessáros à realzação. Dessa forma, quanto maores as despesas com capal, que favoreçam o aumento da nfraestrutura geral dos estados, maores tendem a ser os PIB s estaduas. A varável gastos do governo, conforme já menconado, fo utlzada neste estudo para verfcar emprcamente o embasamento teórco do papel da ntervenção dos governos sobre o crescmento do produto dos estados. Apesar de posvos, os coefcentes estmados não foram estatstcamente dferentes de zero, ou seja, os gastos dos governos não afetaram o produto estadual braslero entre 2001 e Dados do IBGE (2014) mostram que em alguns anos desta análse os gastos dos governos estaduas superaram suas receas. Esse défc pode ter anulado os efeos da ntervenção governamental no crescmento econômco estaduas, o que justfcara a não sgnfcânca dessa varável em questão. A varável Empreendedorsmo apresentou forte potencal de contrbução ao crescmento econômco dos estados brasleros no período analsado. Tanto seu efeo agregado (modelo 1) quanto seus efeos ndvduas para os estados (modelo 2) se mostraram altamente sgnfcatvos e favoráves aos aumentos no PIB. Pressupondo-se que o ndcador de empreendedorsmo aqu empregado seja capaz de representar suas dstntas formas (empreendedorsmo por novação ou por abertura de novos negócos), os resultados aqu apresentados estão condzentes com as referêncas teórcas utlzadas neste estudo, tas como Schumpeter (1934 e 1984), Krzner (1973), Holcombe (1998), Landström (1999), Solow (1956), Romer (1990 e 1994), Van Stel et al. (2005) e Audrestch et al. (2006). Em relação aos efeos ndvduas, percebe-se valores muo próxmos entre os estados. Assm, pode-se verfcar que não há grandes dferenças, ou seja, os efeos do empreendedorsmo sobre o crescmento das Undades da Federação são, no geral, homogêneos e posvos. Estes resultados vão em mão oposta à relação encontrada por Van Stel et al. (2005) 10
11 no que se refere ao padrão dos efeos do empreendedorsmo para os dferentes níves de desenvolvmento dos países. Para estes autores, em países pobres o empreendedorsmo tem efeo negatvo sobre o crescmento econômco, pos são atvdades baseadas em novos negócos. Entretanto, no caso dos estados do Brasl, mesmo para os mas pobres, o empreendedorsmo mostrou-se favorável ao crescmento econômco. Assm, especfcamente, nota-se destaque para Goás e muos estados da regão Nordeste, tas como Ro Grande do Norte, Sergpe, Pernambuco, Paraíba e Ceará. Isso ndca que aumentos nas atvdades empreendedoras nestes locas têm grande potencal de contrbução para a geração de renda local. 5. Conclusões Os resultados deste estudo permram a confrmação do relevante papel desempenhado pelo empreendedorsmo sobre o PIB dos estados. Aumentos nas atvdades empreendedoras são capazes de amplar o nível de renda, seja, por exemplo, pela geração de empregos ou pela de cração de novos e dferencados tpos de prestação de servços ou produtos, das Undades da Federação, o que favorece o crescmento econômco. Vale destacar que o empreendedorsmo, seja por novação ou por promoção de novos negócos, por s só não é um fator de crescmento econômco, ele é um fator complementar aos outros fatores determnantes. Todava, este estudo permu verfcar que ele está entre os prncpas fatores responsáves pelo aumento da renda nos estados. Anda, fo possível dentfcar que sua contrbução não acompanha o padrão de desgualdade econômca exstente entre os estados do Brasl. Em outras palavras, o empreendedorsmo tem papel semelhante para todos os estados, ndependente se o estado tem maor ou menor tamanho econômco. Por fm, torna-se mportante destacar que a varável utlzada como ndcador de empreendedorsmo deste estudo, quantdade de trabalhadores por conta própra, não resume todos os tpos de atvdades empreendedoras. Nesse sentdo, sugere-se que futuras pesqusas nessa lnha se atentem para o papel destes outros tpos. Além dsso, sugere-se anda dferentes análses econométrcas, por exemplo, aquelas que consderem a assmetra no padrão de crescmento econômco dos estados. 6. Referêncas ACS, Z. J., P.; ARENIUS, M. H.; MINNITI, M. Global Entrepreneurshp Monor: 2004 Executve Report, Babson College and London Busness School, ACS, Z. J. How s Entrepreneurshp Good for Economc Growth? Innovatons, n.1, v.1, p , ACS, Z. J.; ARMINGTON, C. Entrepreneurshp, Geography and Amercan Economc Growth. Cambrdge, Cambrdge Unversy Press, ARELLANO, M., BOVER, O., Another Look at the Instrumental-Varable Estmaton of Error- Components Model. Journal of Econometrcs, v. 68, p , ARELLANO, M. Panel Data Econometrcs. Advanced Texts n Econometrcs. Oxford Unversy Press, New York, ARELLANO, M.; BOND, S. Some tests of specfcaton for panel data: Monte Carlo evdence and applcaton to employment equatons. The Revew of Economc Studes, v. 58, n. 2, p ,
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