RISCOS CLIMÁTICOS PARA FENAÇÃO NO RIO GRANDE DO SUL 1 CLIMATIC RISKS FOR HARVESTING HAY IN RIO GRANDE DO SUL RESUMO
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1 Revista Brasileira de Agrometeorologia, Sata Maria, v. 4,. 2, p , Recebido para publicação em 16/02/96. Aprovado em 04/07/96 ISSN RISCOS CLIMÁTICOS PARA FENAÇÃO NO RIO GRANDE DO SUL 1 CLIMATIC RISKS FOR HARVESTING HAY IN RIO GRANDE DO SUL Ferado Silveira da Mota 2, José Luiz da Costa Roskoff 3 e João Baptista da Silva 4 RESUMO Aálise de registros meteorológicos de 30 aos ( ), em 11 locais do Estado do Rio Grade do Sul, foreceram iformações sobre probabilidades de ocorrêcia de períodos para secagem de forragem, assumido que codições climáticas semelhates ocorrerão o futuro. Esta hipótese foi usada a aplicação de um modelo computacioal de simulação (FHAYD) desevolvido o Caadá, com algumas adaptações ao clima do Estado do Rio Grade do Sul. São apresetadas tabelas que iformam os íveis de risco climático o processo de feação, de modo que os mesmos estejam dispoíveis para o plaejameto desta atividade em relação com a compra de equipameto para a feação e com os sistemas de armazeameto de feo. A iformação também pode ajudar a tomada de decisões relativa às datas para o corte da forragem para a feação em cojuto com a previsão do tempo a curto prazo (1 a 5 dias). Palavras-chave: feação, clima, maejo agrícola. SUMMARY Aalyses of 30 years meteorological data ( ) from 11 locatios i Rio Grade do Sul State, Brazil, were used to provide iformatio o hay dryig period probabilities o the assumptio that similar climatic patters will prevail i the future. This assumptio has bee used i the applicatio of a 1 Projeto com suporte fiaceiro do CNPq e da FAPERGS (Fudação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grade do Sul). 2 Egº Agrº, L. Doc., Dr., Prof. Titular, UFPel (aposetado), Pesquisador I A - CNPq, Caixa Postal 49, , Pelotas, RS. 3 Egº Agríc., M.Sc., Prof. Adjuto, UFPel.
2 computer simulatio model (FHAYD) developed i Caada, with some adaptatios to the Rio Grade do Sul climate. The tables preseted i this paper are arraged so that iformatio o the risk levels ivolved i the hay-makig process is readily available for plaig models ad farm maagemet decisios i coectio with the purchase of hayig equipmet, storage systems ad also o dates for forrage harvestig takig ito accout the weather forecast for short periods of time (1 to 5 days). Key words: hay makig, climate, farm maagemet. INTRODUÇÃO A qualidade da forragem armazeada como feo, depede da espécie forrageira, do seu estágio do desevolvimeto o mometo do corte, do espaço de tempo etre o corte e o armazeameto e do seu coteúdo de umidade a ocasião do armazeameto. A ocasião do corte é particularmete importate a qualidade do feo. O clima afeta todos estes fatores, pois determia a época do corte, o espaço de tempo ecessário para a secagem e o coteúdo de umidade a ocasião do armazeameto. Para que o feo possa ser bem coservado ão deve ser armazeado com umidade superior a 20%. Para produzir feo de boa qualidade o agricultor deve adaptar o maejo da feação de acordo com as codições climáticas predomiates a sua região. A simulação de períodos para secagem da forragem após o corte pode ser feita usado registros meteorológicos passados com duração ão iferior à 30 aos. Assume-se um coteúdo de umidade de 80% a ocasião do corte e a partir da data do corte, estima-se a razão de secagem com base os registros diários das codições do tempo atmosférico, determiado etão, as probabilidades de obter feo com 20% de umidade em um determiado úmero de dias após o corte. As probabilidades de dias sem chuva tem sido usadas sem sucesso para avaliar os períodos adequados para a feação. O problema da secagem da forragem o campo combia dois aspectos da climatologia. O primeiro é a ecessidade de compreeder as ecessidades meteorológicas para a secagem da forragem. O segudo é a aplicação desta compreesão em um modelo que possa estimar o papel da precipitação pluviométrica o risco da deterioração do feo o campo. No Caadá DYER & BROWN (1977a) desevolveram com sucesso um modelo, deomiado FHAYD - Field Hay Dryig, para defiir o tempo ecessário para secagem da forragem o campo como fução da evapotraspiração de referêcia, precipitação pulviométrica, orvalho, horas de isolação e temperatura máxima e míima. O objetivo deste trabalho é idetificar, em cada local estudado, as semaas com maior probabilidade 4 Egº Agrº, L. Doc., Dr., Prof. Titular, UFPel (aposetado), Pesquisador I C - CNPq.
3 de uma boa secagem da forragem o campo, bem como as melhores regiões do Rio Grade do Sul para a feação. MATERIAL E MÉTODOS Aplicou-se o modelo desevolvido por DYER & BROWN (1977a), para 11 locais do Rio Grade do Sul: Bagé, Caxias do Sul, Ecruzilhada do Sul, Passo Fudo, Porto Alegre, Rio Grade, Sata Maria, Sata Vitória do Palmar, São Luiz Gozaga e Uruguaiaa, utilizado o período e Pelotas, utilizado o período A equação básica do modelo (FHAYD) é: U =U 0 - i=2 i=1 + Σ REUMIDi SECi 1 a qual: U é a percetagem de umidade do feo após dias e U 0 é a percetagem iicial de umidade da forragem cortada e posta à secar o campo. REUMID e SEC são, geericamete, os termos de reumedecimeto e secagem da forragem. A solução desta equação é dias, ecotrada iterativamete, pela solução em períodos sucessivamete mais logos até ecotrar um valor de que tora U igual ou meor que U fi (umidade fial desejada para o feo). Cada ocasião em que é aumetado de 1 dia, ovos valores para REUMID e SEC são calculados à partir de sub-modelos. O modelo FHAYD é composto por três sub-modelos, um para defiir o termo de secagem (SEC) e os outros dois para defiir o reumedecimeto por precipitação pluviométrica ( U p ) e por orvalho ( U x ). O primeiro sub-modelo (SEC) icorpora a evapotraspiração de referêcia (ET o ) utilizado um ídice de secagem (I). O valor deste ídice para um dia de ordem (I ) é defiido pela compesação de ET o por uma fração da precipitação pluviométrica diária (P), (HAYHOE & JACKSON 1974). O termo SEC para um dia é, etão: du SEC=.I 2 di ode du/di é uma costate empírica baseada o coeficiete de secagem de HAYHOE & JACKSON
4 (1974) cujo valor é 4,3 (% mm -1 ). A estimativa de ET o foi calculada pelo método de PENMAN (1948), segudo MOTA (1976) e GOMES (1983) utilizado costates desevolvidas para as codições do Rio Grade do Sul. A mudaça a percetagem de umidade da forragem cortada causada por chuva ou orvalho (REUMID) e calculada a partir do termo de reumedecimeto por chuva ( U p ) ou por orvalho ( U x ) depede da quatidade diária de chuva (P). Quado P excede 6,4 mm o valor de REUMID resultate do orvalho é igorado. O aumeto o coteúdo de umidade ( U p ) causado pela chuva (P) o dia é estimado pela seguite equação: du U p ) =.P +3% 3 dp ( ode du/dp é uma costate empírica com o valor de 0,5 (% mm -1 ). Assume-se que a forragem cortada fica saturada com 90 % de umidade de modo que ( U p ) ão pode aumetar acima deste valor. Mudaças a percetagem de umidade da forragem posta a secar que resultam do orvalho são estimadas, para um dia de acordo com a seguite equação: du u X 4 dx ( ) =. x ode (du/dx) é o coeficiete para trasformar as horas de duração do orvalho (x) em percetagem de umidade (U). Uma vez que du/dx, diferetemete de du/di e du/dp, é uma fução do estado de secura da forragem, ele deve ser calculado para cada oite. Usado a razão da matéria seca origial (DM) para o coteúdo de umidade da tarde aterior (M -1 ), o valor de du/dx é maior para coteúdos meores de umidade da forragem. Esta razão é ovamete ajustada pela relação etre a quatidade máxima de reumedecimeto por orvalho que pode ocorrer (10%) e o úmero médio de horas de formação de orvalho (x m ), admitido como sedo de seis horas, segudo o modelo adotado. Cada oite o valor de Ud/dx é dado pela equação: du dx DM = M -1 10%. xm 5
5 A seguda fase do sub-modelo calcula a duração do orvalho (x) para cada oite e assume que quado a umidade relativa o abrigo meteorológico excede 90 %, iicia a formação do orvalho. Para usar esta aproximação, a umidade relativa é estimada para cada hora à partir da temperatura ambiete e o poto de orvalho. A temperatura míima é cosiderada como sedo o poto de orvalho. A temperatura do ar decresce expoecialmete à partir do pôr do sol até atigir a míima logo ates do ascer do sol. Este decréscimo de temperatura é admitido começar a partir da temperatura máxima do dia aterior. Uma vez que a ebulosidade cotrola a curvatura desde decréscimo, ele é estimado à partir da isolação do dia aterior e do dia posterior à oite. O poto o qual a curva de decréscimo da temperatura itercepta a liha de 90% da umidade relativa defie o iício da formação do orvalho. O tempo etre este poto e o ascer do sol defie o valor de x. Para a utilização do modelo foi desevolvido um programa para microcomputador. As probabilidades de ocorrêcia de períodos de secagem de duração variável de um a sete dias em cada semaa da estação de feação foram determiadas de acordo com a distribuição ormal. As semaas de iício e fim da estação de feação foram determiadas, para cada localidade, pela ocorrêcia cotiuada de probabilidades superiores a zero para períodos de quatro dias de secagem. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados da Tabela 1 mostram que é o Litoral e Froteira Oeste do Estado que ocorrem as maiores probabilidades da forragem secar em quatro dias. Na Serra do Sudeste a situação deve ser semelhate, pois Ecruzilhada do Sul, embora seja um local muito chuvoso, aida assim apreseta uma semaa (12/11 a 18/11) com probabilidade superior a 48% de secagem do feo em quatro dias. Nas Missões (São Luiz Gozaga) a situação é semelhate mas a estação de feação é bem mais loga. Nas localidades do Litoral, ocorrem várias semaas com probabilidades de secagem em quatro dias superior a 55%. Em Pelotas ocorrem várias semaas com probabilidades de secagem em quatro dias superiores a 60%, represetado a melhor região do Rio Grade do Sul para obter feo de boa qualidade, embora as probabilidades de secagem em três dias ão sejam altas em ehuma semaa. As codições semelhates de clima etre Pelotas e os muicípios de Capão do Leão, Pedro Osório, Piratii, Arroio Grade, Jaguarão, Piheiro Machado, Herval, Morro Redodo, Rio Grade e metade orte de Sata Vitória do Palmar idicam ser esta a melhor região do Rio Grade do Sul para feação. As regiões com as meores probabilidades de secagem em quatro dias são a Serra do Nordeste, o
6 Plaalto e a Depressão Cetral, represetadas pelas localidades de Caxias do Sul, Passo Fudo e Sata Maria, respectivamete. É geralmete admitido (DYER & BROWN, 1977b) que o úmero de dias para secagem do feo o campo é um bom idicativo da sua qualidade. Com mais de três ou quatro dias para secar, o feo ão tem qualidade suficiete para vacas leiteiras de alta produção ou para a termiação de ovilhos. Períodos de secagem o campo com duração de cico ou seis dias tem qualidade aceitável para boa utrição de vacas secas ou vaquilhoas e ovilhos de um ao e meio. Por isso a Tabela 1 iclui períodos de secagem de até sete dias. Segudo DYER & BROWN, (1977b) a previsão do tempo para um a cico dias, utilizada em cojuto com as tabelas do tipo apresetadas este trabalho podem aumetar muito as chaces de obter um feo de boa qualidade. CONCLUSÕES 1. A probabilidade de obter feo de boa qualidade, o que se refere às codições climáticas durate a estação de feação, variam muito de semaa para semaa, em uma mesma localidade; também ocorrem difereças muito grades etre localidades; 2. A região mais favorável para feação, o Rio Grade do Sul, é a costituída pelos muicípios de Pelotas, Capão do Leão, Rio Grade, Pedro Osório, Piratii, Arroio Grade, Jaguarão, Piheiro Machado, Herval, Morro Redodo e metade orte de Sata Vitória do Palmar; as meos favoráveis são a Serra do Nordeste, Plaalto e Depressão Cetral; e a Froteira Oeste, Campaha e Missões apresetam codições climáticas itermediárias etre as melhores e piores regiões.
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9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DYER, J.A., BROWN, D.M.A climatic simulatio for field-dryig hay. Agricultural Meteorology. Amsterdam, v. 18, p , 1977a. DYER, J.A., BROWN, D.M. Hay makig risk levels i Otario. Uiversity of Guelph, Otario Agricultural College. Guelph, Caada. 1977b, 24 p. (Techical Memo 77-1). GOMES, R.A. Pocket computers i agrometeorology. FAO, Roma. 1983, 140 p. (Plat Productio ad Protectio Paper, 45). HAYHOE, H.N., JACKSON, L.P. Weather effects o hay dryig rates. Caadia Joural of Plat Sciece, Ottawa, v. 54, p , KOEPPEN, W. Climatologia. México: Fodo de Cultura Ecoómica, p. MOTA, F.S. da. Estimativas da radiação líquida em Pelotas, Rio Grade do Sul. Ciêcia e Cultura, São Paulo, v. 28,. 10, p , PENMAN, H.L. Natural evaporatio from ope water,bare soil ad grass. Proceedigs of the Royal Society. Lodo, Série A, v. 193, p , 1948.
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