Comunicação da ciência e mobilização ou quanto vale a água?
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- Rafael Coimbra Lemos
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1 DOI: /ec.n21.a16 Comuncação da cênca e moblzação ou quanto vale a água? Adrana Bravn Unversdade Federal de Mnas Geras / Unversdade do Mnho / Capes E-mal: adrana.bravn@gmal.com Resumo Como movmentos ambentalstas atuam para moblzar a opnão públca em defesa de suas causas, utlzando-se da comuncação da cênca? Como transformam nformação e conhecmento centífco em recursos para pressonar as decsões polítcas que vsem a preservação do meo ambente e melhora da vda dos cdadãos? Este artgo dscute esses termos e essa forma de moblzação, a partr da experênca do Movmento Pela Preservação da Serra do Gandarela (MPSG), na Regão Metropoltana de Belo Horzonte (RMBH), captal de Mnas Geras, Brasl, zona hstorcamente explorada pela mneração de ferro e onde se concentram dversos confltos ambentas gerados por essa atvdade. Ao dfundr o conhecmento centífco para públcos não-especalstas sobre a mportânca da Serra do Gandarela e suas nascentes para a RMBH, uma vez que a área é alvo de nteresse da segunda maor mneradora do mundo, o MPSG apresenta novos campos problemátcos, de redefnção dos contornos de objetos e seu sentdo econômco, socal, polítco, ambental e smbólco. Procuramos observar os modos de moblzação e comuncação da cênca pelo MPSG a partr de três elementos que se confguram centras em suas narratvas: 1) a ênfase na defesa do potencal hídrco da Serra do Gandarela, ameaçada pela mneração; 2) o uso de pesqusas centífcas para certfcar essa defesa; 3) a escassez de água no presente como resultante da má-gestão desse recurso, no passado, no Brasl. Palavras-chave: movmento ambental; comuncação da cênca; moblzação; água. Abstract How envronmental movements act trough scence communcaton n order to moblze publc opnon to support ther causes? How do they turn change scentfc nformaton and knowledge nto resources to pressure poltcal decsons re- Estudos em Comuncação nº 21, dezembro de 2015
2 222 Adrana Bravn gardng the preservaton of the envronment and the mprovement of people s lfe? Ths paper dscusses those topcs based on the Movmento Pela Preservação da Serra do Gandarela (MPSG) movement, stuated on Belo Horzonte s surroundngs (RMBH), captal of Mnas Geras, Brazl; hstorcal area explored by mnng companes where many envronmental conflcts take place. By broadcastng scentfc knowledge regardng Gandarela s hll and ts sprngs to the non specalzed publc on Belo Horzonte s surroundngs, the MPSG re-sgnfy the regon s economc, socal, poltcal, envronmental, and ts symbolc meanng, snce the area s of nterest to the second largest mnng company n the world. We sought to observe ways n whch the MPSG moblzes as well as communcates scence on ts newspaper, webste n whch three elements are of hgh mportance: 1) the emphases on defendng Gandarela s hll s hydrc potental whch s threatened by mnng; 2) the use of scentfc research n order to valdate ther defense; 3) the current stuaton that hghlghts todays lake of water and predcts hydrc nsecurty for the future due to Brazl s msmanagement. Keywords: envronment movement; scence communcaton; moblzaton; water. O que, como e por que dzer Cênca? Aque nos refermos quando falamos em Comuncação Públca da Cênca (CPC), popularzação ou dvulgação centífca? Dvulgação por que, para que/quem e com que objetvo? Falamos dsso somente quando somos alvo de aprendzagem em museus nteratvos, na escola, ou quando somos bombardeados por nformações sobre curosdades e descobertas do mundo da cênca va meos de comuncação? A lteratura sobre o tema consdera este modelo 1 superado já que, como argumenta Castelfranch (2008; 2010), a comuncação da cênca e o funconamento da tecnocênca na socedade globalzada operam por uma complexa rede de osmoses e fluxos de nformação centífca (Castelfranch, 2008, p. 11), em processos de comuncação multdreconas e transversas. Falar em lnguagem especalzada e nãoespecalzada tem menos efeto que saber por que, o que e como comuncar com não-especalstas. 1. No modelo do defct, o públco é almentado com o saber centífco medado por especalstas, em um fluxo undreconal de nformação.
3 Comuncação da cênca e moblzação ou quanto vale a água? 223 Segundo este autor, mas do que um dever, comuncar cênca tornou-se uma necessdade. Seja para que pesqusadores promovam a vsbldade das pesqusas, e ganhem apoo para seus fnancamentos. Seja para o exercíco da cdadana, pos cada vez mas (o cdadão) quer saber, precsa saber, estar conectado com o fluxo de nformação e de debates que têm por centro de gravdade a tecnocênca, seja para exercer uma cdadana plena ou para sua carrera e vda pessoal. (Castelfranch, 2010, p.19). Assm, empoderamento é a palavra-chave na compreensão públca da cênca, a partr do modelo do engajamento (Vllegas, 2013), uma vez que a partcpação cdadã, em tomadas de decsões sobre temas mportantes que dzem da vda em socedade e que mpactam o cotdano de múltplas formas, demanda trânstos de saberes e de prátcas na consttução de nstâncas de dfusão do conhecmento centífco. Espaços, que promovam tanto a produção quanto a crculação de nformações de manera contextualzada, aprofundada e dalógca. Dessa manera, acredtamos que transformar a nformação e o conhecmento gerado de/a partr da cênca em ações prátcas, que levem a mudanças de attudes ndvduas/coletvas, a moblzação socal e a formas de partcpação na gestão de nteresses da coletvdade, como os recursos naturas, consttu-se também um modo de dfusão e popularzação da cênca. É assm que movmentos socas vêm favorecendo a caplardade e transversaldade do fazer cênca na socedade globalzada, tanto nas nstâncas de nterlocução para avalar, gerr, dfundr e fnancar pesqusas quanto nas de produção desse conhecmento (Castelfranch, 2010). É nesse sentdo que re argumentar, a partr de um recorte sobre a pesqusa em andamento no doutorado, a respeto das narratvas denttáras (Rcoeur, 1991) do Movmento Pela Preservação da Serra do Gandarela (MPSG). Há sete anos, esse coletvo atua na resstênca às tentatvas de um megaempreendmento mnerador se nstalar em uma área de recarga de água próxma à tercera maor regão metropoltana do Brasl. Ire dscutr como esta organzação se apropra do conhecmento centífco como recurso e adota uma lnguagem de valoração da água, no trânsto entre termos das cêncas ambentas e concetos advndos dos movmentos globas de Justça Ambental (Martnez-Aler et al, 2014), em uma dupla vsada: 1) na produção e dfusão centífca que corroborem sua luta em defesa do Gandarela e de suas nascen-
4 224 Adrana Bravn tes; 2) junto às nstâncas polítcas, pressonando por mas partcpação cdadã em decsões que envolvam o meo ambente e a gestão de recursos naturas. A serra, o movmento e a mneração Para responder as ndagações sobre o como, por quê e o que dz o MPSG em suas narratvas, entre determnadas compreensões da cênca e suas construções nterpretatvas, é precso partr de um de seus começos, pos narratvas podem ter dferentes nícos possíves (Rcoeur, 1991). Comecemos pelo motvo ou objeto do conflto ambental que consttu o grupo para compreendermos sua ação e suas formas de dzer cênca. O MPSG aglutna dversos coletvos e ndvíduos para mpedr atvdades de uma ggante da mneração na Serra do Gandarela. Essa montanha abrange quatro dos oto muncípos que ntegram a Regão Metropoltana de Belo Horzonte (RMBH), a tercera maor do país, com cerca de 5 mlhões de habtantes, localzada em Mnas Geras. Dstante a 40 km da captal, a Gandarela é uma das vertentes da regão conhecda como Quadrlátero Ferrífero, uma das prncpas produtoras de mnéro de ferro do mundo, e também ntegra a Reserva da Bosfera do Espnhaço, uma undade de conservação federal, mas que só possu 27% de sua área sob proteção. A exploração mneral no Quadrlátero começou com a extração do ouro em meados do século XVII. Outros tpos de rochas e mneras também são explorados atualmente, como topázo e bauxta. Além dsso, vem se destacando também a grande presença de empreendmentos mobláros (Lamouner, 2009). Há, portanto, uma relação de dependênca econômca da mneração nessa regão e em Mnas Geras. E por que exatamente a Serra do Gandarela nteressa à mneradora? Prmero porque anda não fo explorada e guarda uma quantdade mpressonante de mnéro; segundo, por conta da qualdade do mneral al estocado ser de alto valor para o mercado de comodtes. Os números do projeto da mna Apolo que a mneradora quer mplantar são grandosos: U$ 2,4 blhões para produzr cerca de 24 mlhões de toneladas de mnéro/ano, ncalmente durante 35 anos. Para tanto, seram ocupados 6 ml hectares dessa Serra. Pelas dmensões, a mna Apolo fcara atrás apenas de Carajás, a maor de extração de mnéro de ferro a céu aberto no Brasl.
5 Comuncação da cênca e moblzação ou quanto vale a água? 225 É essa ameaça que moblza o MPSG em uma reação ao projeto mnerador, antecpando-se aos danos e agndo no sentdo de mpedr sua efetvação. Para sso, há sete anos evdenca os rscos e futuras perdas ambentas, e pressona os poderes públcos pelos lmtes à atvdade mnerára. Uma das prmeras ações fo a publczação dos peddos de lcença ambental fetos há cnco anos pela empresa mneradora. Mas, como se contrapor à mneração em uma regão hstorcamente dependente dessa atvdade? Como argumentar em favor de recursos naturas dante de uma empresa que os explora mundo afora e da força de um dscurso conectado ao desenvolvmentsmo governamental? Por que falar em defesa de uma montanha, localzada em um dos prncpas epcentros da exploração mneral do Brasl? Que atrbutos fazem desse espaço alvo de nteresse dos ambentalstas? O que sso tudo tem a ver com dfusão da cênca? A gramátca da defesa ou como sso popularza a cênca? Para responder essas questões, partmos de nossa observação partcpante, do montoramento das ações do grupo nos últmos dos anos e de análse prelmnar da produção de seu materal nformatvo e promoconal (de cartazes a fôlderes, panfletos, jornal mpresso, síto na Internet, perfl no Facebook, vídeos no Youtube, documentos, além de materal de apoo, como reportagens e entrevstas em TVs e rádos) 2. Orentamos nosso olhar a respeto dos modos como o MPSG faz uso da nformação centífca como recurso para a defesa da Serra e de suas águas. Nos concentramos na seleção de narratvas que nformam sobre apropração/dfusão do conhecmento centífco como um modo de moblzar para a defesa da Serra e de amplar o escopo de partcpação públca nas decsões sobre a montanha 3. Observamos que tanto para moblzar a opnão públca, promover o assunto Gandarela na mprensa, quanto para empoderar o grupo e promover o engajamento por maor partcpação nas decsões sobre o futuro da regão fo precso encontrar uma gramátca, com smbologa, termos, heurístca e 2. O materal coletado faz parte do acervo da pesqusa em curso no doutoramento. 3. A seleção contemplou materas veculados nas edções do jornal O Gandarela (entre 2012 e 2014), no síto do grupo na Internet, e em entrevsta de um de seus ntegrantes à TV públca Rede Mnas.
6 226 Adrana Bravn seus própros modos de dzer sobre a montanha e o conflto nela nstalado. Modos que provocassem novos sentdos para a montanha-de-mnéro e justfcassem a urgênca no peddo para a cração do Parque Naconal da Serra do Gandarela 4. Essa gramátca, que aqu chamare de gramátca da defesa, se apropra de/e dfunde termos centífcos para ressgnfcar o Quadrlárero, onde se localza a montanha, de ferrífero para aquífero, como mostra a Fgura 1. Outros termos vndos das cêncas bológcas e ambentas, como vegetação de cangas, campos ferrugnosos, campos rupestres, cavernas em canga, paleotoca, recarga de aquíferos, alvo guarda-chuva, geossstema canga/tabrto, águas de Classe 1 são aproprados e ddatcamente explcados e relaconados aos atrbutos da Serra. Fgura 1. Chamada na capa do jornal O Gandarela (2014, janero), n.4, p.1 O uso de lustrações, como ndcado acma, também narra sobre aqulo que é nvsível aos olhos ao apresentar, ddatcamente, a relação água-mnéro e provocar o debate sobre o mpacto da mneração sobre os recursos hídrcos, especalmente em função de determnada formação geológca daquela Serra e regão mnera. Pesqusadores se unem aos esforços dos ambentalstas numa co-produção de conhecmento centífco (Castelfranch, 2010) e colaboram para popularzar a ntrínseca relação canga-formações ferríferaságua, conforme demonstra a lustração (Fgura 1). Encontramos exemplos da crculação dessa narratva no projeto para a cração do Parque do Gandarela (Insttuto Chco Mendes para a Bodversdade (ICM-Bo), 2010), em publ- 4. Recuperado a partr de
7 Comuncação da cênca e moblzação ou quanto vale a água? 227 cação sobre confltos mneráros do país (Fernandes, Alamno and Araújo, 2014) e em reportagens sobre o tema. Outro exemplo de popularzação da cênca como forma de moblzação é a entrevsta do ambentalsta e geólogo, Paulo Rodrgues, ntegrante do Movmento Gandarela, a um canal públco de televsão. O pesqusador é convocado a falar sobre a crse hídrca no país e em Mnas e reflete sobre o conflto água versus mneração. Temos aqu um grande quadrlátero ferrífero que é também um aquífero. Só que temos uma concdênca pouco vantajosa. É que a camada de ferro, que dá o nome ao Quadrlátero Ferrífero, é também a camada onde a água fca armazenada. Aonde se mnera o ferro, aquela camada que é uma caxa d água subterrânea, desaparece também. (... ) Se olharmos a regão do Quadrlátero, já está toda sendo explorada pela mneração de Ferro. O únco lugar anda ntacto é a Serra do Gandarela. Mas o que a Serra tem a ver com a nossa água? Tem por conta do que eu já fale e o aquífero prncpal do Quadrlátero Ferrífero é onde está o mnéro de ferro. Temos de pensar muto bem: se for mnerar o ferro, vamos perder os nossos aquíferos (Rodrgues, Paulo). 5 A segur, a Fgura 2 nos fornece mas uma dmensão do que nos dzem as narratvas sobre água enquanto valor, agora, por meo de mapa produzdo a partr de magem por satélte que nforma sobre a dmensão da rede de drenagem da Gandarela, formada por mas de ml nascentes. O perímetro desenhado refere-se à proposta do MPSG para a cração do Parque Naconal, que não se efetvou como os ambentalstas revndcavam. 5. Entrevsta Paulo Rodrgues ao Programa Opnão Mnas, Rede Mnas de TV, em 02/03/2015. Recuperado a partr de: (parte 1)
8 228 Adrana Bravn Fgura 2: mapa da rede de drenagem e nascentes da Serra do Gandarela. Recuperado a partr de: Responder à pergunta por que a Serra do Gandarela é mportante para a segurança hídrca de Belo Horzonte e regão? adqure um tom de alerta nas Fguras 3 e 4, ao possbltarem a vsualzação da dmensão do problema envolvendo qualdade das águas, comundades e abastecmento de uma regão populosa. Os mapas (Fgura 3) narram os camnhos das águas lmpas, suas lgações com a formação das bacas dos ros que abastecem a regão e com as estações de captação. O texto relacona o aquífero e suas águas especas, à dependênca da captação nos ros que formam essa baca hdrográfca e que fornecem água para Belo Horzonte e seu entorno. Na tabela (Fgura 4), por sua vez, a narratva é complementada com os números que nformam o percentual de dependênca de quatro muncípos no entorno da Serra, entre eles, a captal Belo Horzonte, em relação ao Sstema Integrado (SIN) de abastecmento do Ro das Velhas, localzado em uma das faces do Gandarela. As narratvas apontam para o letor a quem se drgem, o morador da regão metropoltana, mas também para os gestores do sstema
9 Comuncação da cênca e moblzação ou quanto vale a água? 229 ambental e legsladores. Isto porque, em abrl de 2015, o Insttuto Mnero de Gestão das Águas (IGAM) declarou escassez hídrca em três regões hdrográfcas da RMBH 6. Essas formas de valorar a água conectam-se aos debates sobre a mportânca desse recurso como um dreto humano, no âmbto dos movmentos de Justça Ambental global, conforme Martnez-Aler et al (2014), e procuram engajar o tema na vda cotdana da população que será dretamente atngda, caso o projeto mnerador se concretze. Outros concetos, como sustentabldade, economa famlar, passvo ambental, bodversdade, segurança hídrca que crculam em dversas narratvas do movmento procuram justfcar a defesa ntegral da Serra e suas nascentes com a cração de um Parque, apresentado como alternatva de desenvolvmento sustentado para a regão publcado em 09/04/2015
10 230 Adrana Bravn Fgura 3. Jornal O Gandarela (2014, janero) n. 4, p. 4
11 Comuncação da cênca e moblzação ou quanto vale a água? 231 Fgura 4: tabela apresentada pelo Movmento Gandarela à dretora da Copasa, companha de abastecmento de água de Mnas Geras. Recuperado a partr de: Consderações sobre empoderamento e engajamento va cênca A gramátca da defesa do Gandarela é sufcente para promover o engajamento e amplar o escopo de partcpação na gestão dos recursos naturas? Que resultados foram alcançados por meo dessa ação narratva apoada em conhecmento centífco que, no entanto, não se esgotou? Empoderar os sujetos da ação coletva como forma de pressonar por meddas justas em relação ao quadro apresentado aparece como prmero resultado. Saber o que, por que e como comuncar, a partr da co-produção centífca (Castelfranch, 2010) e do trânsto de concetos (Martnez-Aler et al, 2014) tem se mostrado efcente enquanto recurso para qualfcar os sujetos tanto para o debate sobre segurança hídrca quanto para propor transformações nos modelos de desenvolvmento vsando essa fnaldade. Isto fcou evdente quando o MPSG formulou uma proposta para a cração do Parque Naconal do Gandarela, nclundo a cração de áreas destnadas a Reservas de Desenvolvmento Sustentável (RDS), onde as populações tradconas do entorno do futuro Parque teram garantdos seus modos de subsstênca lgados à natureza
12 232 Adrana Bravn e seu uso sustentado. A cração desta undade de conservação, em 31 de outubro de 2014, não encerra essa trama, uma vez que a própra Serra, alvo da mneração, fcou fora dos lmtes do Parque. Novas narratvas e estratégas serão tecdas. A nformação aprofundada e de qualdade pode levar à partcpação, seja como consumdores, seja como cdadãos, em tomadas de decsões sobre temas mportantes e tão varados como transporte, tratamento de lxo, drogas, polítcas santáras, expermentações médcas, comda transgênca, pestcdas, usnas hdrelétrcas e nucleares, gestão das áreas ndígenas, manejo florestal e númeras outras. (Castelfranch, 2010, p. 14). Pode levar ao engajamento em ações coletvas como a empreendda pelo Movmento, que se autoengaja em seu papel cdadão ao fazer um alerta à Copasa, sobre a mportânca da preservação da regão da Serra do Gandarela para o abastecmento de água, não só da Regão Metropoltana de Belo Horzonte como dos muncípos de Barão de Cocas e Santa Bárbara, onde a concessonára também é responsável pelo abastecmento 7. A ousada do engajar-se, aqu, é fazer-se ser ouvdo pela própra companha gestora do abastecmento da regão metropoltana e ter sua opnão consderada. Dzer o que tem que ser dto. Do mesmo modo, dscutu os lmtes do então futuro Parque do Gandarela com a mnstra do Meo Ambente, debateu com o Mnstéro Públco ações para mpedr o níco das operações na mna Apolo, partcpou do Grupo de Trabalho (GT) Gandarela, crado pela Secretara de Meo Ambente de Mnas para elaborar uma proposta de consenso sobre o projeto de cração do Parque. Antes da aprovação fnal da proposta, o Movmento angarou apoo popular à cração do Parque por meo de petções on-lne, abaxos-assnado, campanhas na Internet, adesão de outras entdades, eventos, exposções sobre o Gandarela. O empoderamento dos sujetos coletvos como defendemos aqu, no trânsto entre dferentes saberes, se efetva, anda, à medda que fazem-se responsáves pela ocorrênca das transformações que a comuncação da cênca possblta. Como afrma Vllegas (2013, p. 1565), una comuncacón de la cenca extosa debera permtr a los agentes ser parte de las decsones 7. Alerta publcado na págna do Movmento Gandarela na Internet, recuperado a partr de:
13 Comuncação da cênca e moblzação ou quanto vale a água? 233 sobre dchas transformacones y hacerse responsables por ello. Não sera esse, afnal, um nobre objetvo da dfusão da cênca? Referêncas Castelfranch, Y. (2008). Para além da tradução: o jornalsmo centífco crítco na teora e na prátca. Los desafíos y la evaluacón del perodsmo centfco em Iberomerca: Jornadas Iberoamercanas sobre la cenca em los medos massvos. Santa Cruz de la Serra (Bolíva): AECI, RICYT, CYTED, ScDevNet, OEA. Castelfranch, Y. (2010). Por que comuncar temas de cênca e tecnologa ao públco? (Mutas respostas óbvas... mas uma necessára). Jornalsmo e cênca: uma perspectva bero-amercana. Ro de Janero: Focruz / COC / Museu da Vda. Fernandes, F.; Alamno, R. & Araujo, E. (Eds). (2014). Recursos mneras e comundade: mpactos humanos, socomabentas e econômcos. Ro de Janero: CETEM/MCTI. Insttuto Chco Mendes para a Bodversdade (ICM-Bo). (2010, setembro). Proposta para a cração do Parque Naconal da Serra do Gandarela. Mnstéro do Meo Ambente; ICM-Bo. Recuperado a partr de: Lamouner, W.M. (2009). Patrmôno natural da Serra do Gandarela e seu entorno: análse ambental como subsído para a cração de undades de conservação no Quadrlátero Ferrífero Mnas Geras. (Dssertação de mestrado). Insttuto de Geocêncas/ Unversdade Federal de Mnas Geras, Belo Horzonte, Brasl. Martnez-Aler, J.; Anguelovsk, I.; Bond, P.; Del Bene, D.; Demara, F.; Gerber, J.-F.; Greyl, L.; Haas, W.; Healy, H.; Marín-Burgos, V.; Ojo, G.; Porto, M.; Rjnhout, L.; Rodríguez-Labajos, B.; Spangenberg, J.; Temper, L.; Warlenus, R. & Yánez, I. (2014). Between actvsm and scence: grassroots concepts for sustanablty coned by Envronmental Justce Organzatons. Journal of Poltcal Ecology, 21: Recuperado a partr de: Rcouer, P. (1991). O s-mesmo como um outro. Campnas: Paprus.
14 234 Adrana Bravn Vllegas, A.G. (2013). La búsqueda de dálogos a través de la comuncacón públca de la cênca. Memoras de la XIII Reunón de la Red de Popularzacón de la Cenca y la Técnca en Amérca Latna y el Carbe XIX Congreso Naconal de Dvulgacón de la Cenca y la Técnca. Méxco: SOMEDICyT.
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