DEMONSTRE EM TRANSMISSÃO DE CALOR AULA EM REGIME VARIÁVEL

Documentos relacionados
Aula de solução de problemas: cinemática em 1 e 2 dimensões

Lista de Exercícios de Física II - Gabarito,

Física Geral e Experimental I (2011/01)

características dinâmicas dos instrumentos de medida

Introdução ao estudo de equações diferenciais

1 Distribuições Contínuas de Probabilidade

TÓPICO. Fundamentos da Matemática II DERIVADA DIRECIONAL E PLANO TANGENTE8. Licenciatura em Ciências USP/ Univesp. Gil da Costa Marques

x 0 0,5 0,999 1,001 1,5 2 f(x) 3 4 4,998 5,

Modelagem da Cinética. Princípios da Modelagem e Controle da Qualidade da Água Superficial Regina Kishi, 10/10/2014, Página 1

Aula 09 Equações de Estado (parte II)

Prova de Conhecimentos Específicos 1 a QUESTÃO: (3,0 pontos)

Aula 10 Estabilidade

Termodinâmica e Estrutura da Matéria 2013/14

Comprimento de Curvas. Exemplo. Exemplos, cont. Exemplo 2 Para a cúspide. Continuação do Exemplo 2

Integrais de Linha. Universidade Tecnológica Federal do Paraná Câmpus Francisco Beltrão. Cálculo Diferencial e Integral 3B

6-1 Determine a primitiva F da função f que satisfaz a condição indicada, em cada um dos casos seguintes: a) f(x) = sin 2x, F (π) = 3.

1. A tabela mostra a classificação das ondas eletromagnéticas em função das suas frequências.

A atmosfera e a radiação solar

A integral definida. f (x)dx P(x) P(b) P(a)

Elementos de Análise - Lista 6 - Solução

Lei de Coulomb 1 = 4πε 0

Função Modular. x, se x < 0. x, se x 0

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE FÍSICA DEPARTAMENTO DE FÍSICA DO ESTADO SÓLIDO

Diogo Pinheiro Fernandes Pedrosa

Modelagem Matemática de Sistemas Eletromecânicos

SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA INSTITUTO SUPERIOR TUPY

Condução elétrica em metais

1 Limite - Revisão. 1.1 Continuidade

Resoluções dos exercícios propostos

ROTAÇÃO DE CORPOS SOBRE UM PLANO INCLINADO

INTEGRAIS DEFINIDAS. Como determinar a área da região S que está sob a curva y = f(x) e limitada pelas retas verticais x = a, x = b e pelo eixo x?

INTEGRAIS DEFINIDAS. Como determinar a área da região S que está sob a curva y = f(x) e limitada pelas retas verticais x = a, x = b e pelo eixo x?

CÁLCULO I. 1 Funções denidas por uma integral

O Amplificador Operacional

3. Cálculo integral em IR 3.1. Integral Indefinido Definição, Propriedades e Exemplos

Potencial Elétrico. Evandro Bastos dos Santos. 14 de Março de 2017

Escola Secundária com 3º ciclo D. Dinis 11º Ano de Matemática A Tema II Introdução ao Cálculo Diferencial I Funções Racionais e com Radicais

2 Patamar de Carga de Energia

Cálculo Diferencial e Integral I 2 o Teste - LEAN, MEAer, MEAmb, MEBiol, MEMec

1 Introdução ao estudo dos movimentos. 2 Movimento Uniformemente Variado. 3 Aceleração Escalar. 4 Gráfico a X t. 5 Classificação

Apoio à Decisão. Aula 3. Aula 3. Mônica Barros, D.Sc.

Circuitos Elétricos II Experimento 1 Experimento 1: Sistema Trifásico

U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E M I N A S G E R A I S

Física. , penetra numa lâmina de vidro. e sua velocidade é reduzida para v vidro = 3

Notação. Se u = u(x, y) é uma função de duas variáveis, representamos por u, ou ainda, por 2 u a expressão

Do programa... 2 Descobre o teu livro... 4

ESTATÍSTICA APLICADA. 1 Introdução à Estatística. 1.1 Definição

Resumo com exercícios resolvidos do assunto: Aplicações da Integral

EQUAÇÃO DO 2 GRAU. Seu primeiro passo para a resolução de uma equação do 2 grau é saber identificar os valores de a,b e c.

FACULDADES OSWALDO CRUZ ESCOLA SUPERIOR DE QUÍMICA

CÁLCULO I. 1 Área entre Curvas. Objetivos da Aula. Aula n o 24: Área entre Curvas, Comprimento de Arco e Trabalho. Calcular área entre curvas;

Circuitos Elétricos II Experimento 1 Experimento 1: Sistema Trifásico

PROJETO E ANÁLISES DE EXPERIMENTOS (PAE) EXPERIMENTOS COM UM ÚNICO FATOR E A ANÁLISE DE VARIÂNCIA

A equação de Schrödinger independente do tempo

CAPÍTULO 5 - ESTUDO DA VARIAÇÃO DAS FUNÇÕES

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA AGROALIMENTAR UNIDADE ACADÊMICA DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS DISCIPLINA: FÍSICA I INFORMAÇÕES GERAIS. Prof.

Profª Cristiane Guedes DERIVADA. Cristianeguedes.pro.br/cefet

ALGEBRA LINEAR AUTOVALORES E AUTOVETORES. Prof. Ademilson

Universidade Federal do Rio Grande FURG. Instituto de Matemática, Estatística e Física IMEF Edital 15 - CAPES MATRIZES

A Lei das Malhas na Presença de Campos Magnéticos.

Quantidade de oxigênio no sistema

Transporte de solvente através de membranas: estado estacionário

Definição Definimos o dominio da função vetorial dada em (1.1) como: dom(f i ) i=1

Formas Quadráticas. FUNÇÕES QUADRÁTICAS: denominação de uma função especial, definida genericamente por: 1 2 n ij i j i,j 1.

SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA INSTITUTO SUPERIOR TUPY

ÁLGEBRA LINEAR Equações Lineares na Álgebra Linear EQUAÇÃO LINEAR SISTEMA LINEAR GEOMETRIA DA ESQUAÇÕES LINEARES RESOLUÇÃO DOS SISTEMAS

IFRN Campus Natal/Central. Prof. Tibério Alves, D. Sc. FIC Métodos matemáticos para físicos e engenheiros - Aula 02.

(x, y) dy. (x, y) dy =

Formulário Equações de Maxwell:

E m Física chamam-se grandezas àquelas propriedades de um sistema físico

(B) (A) e o valor desta integral é 9. gabarito: Propriedades da integral Represente geometricamente as integrais para acompanhar o cálculo.

CÁLCULO I. Denir o trabalho realizado por uma força variável; Denir pressão e força exercidas por um uido.

Roteiro-Relatório da Experiência N o 6 ASSOCIAÇÃO DE QUADRIPOLOS SÉRIE - PARALELO - CASCATA

AULA 8. Equilíbrio Ácido Base envolvendo soluções de ácidos polipróticos e bases poliácidas

Material envolvendo estudo de matrizes e determinantes

Física III Escola Politécnica GABARITO DA P2 09 de maio de 2019

MAT Complementos de Matemática para Contabilidade - FEAUSP 1 o semestre de 2011 Professor Oswaldo Rio Branco de Oliveira INTEGRAL

Comprimento de arco. Universidade de Brasília Departamento de Matemática

FÍSICA MODERNA I AULA 15

Máquinas Elétricas. Máquinas CC Parte III

MTDI I /08 - Integral de nido 55. Integral de nido

Bhaskara e sua turma Cícero Thiago B. Magalh~aes

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS LINEARES PROF. JORGE WILSON

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO. Resumo. Nesta aula, utilizaremos o Teorema Fundamental do Cálculo (TFC) para o cálculo da área entre duas curvas.

MATEMÁTICA II. Profa. Dra. Amanda Liz Pacífico Manfrim Perticarrari

FUNÇÕES. Mottola. 1) Se f(x) = 6 2x. é igual a (a) 1 (b) 2 (c) 3 (d) 4 (e) 5. 2) (UNIFOR) O gráfico abaixo. 0 x

Cálculo Diferencial e Integral: um tema para todos

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ. Tópicos Especiais de Matemática Aplicada

Física III Escola Politécnica GABARITO DA P3 24 de junho de 2010

Matemática. Resolução das atividades complementares. M13 Progressões Geométricas

EXPRESSÕES DE CÁLCULO DO ÍNDICE IREQ

Capítulo III INTEGRAIS DE LINHA

Trigonometria FÓRMULAS PARA AJUDÁ-LO EM TRIGONOMETRIA

CAPÍTULO 4: OUTRAS LEIS DA RADIAÇÃO

Física D Extensivo V. 2

Objetivo. Conhecer a técnica de integração chamada substituição trigonométrica. e pelo eixo Ox. f(x) dx = A.

Relembremos que o processo utilizado na definição das três integrais já vistas consistiu em:

Transcrição:

DEMONSTRE EM TRANSMISSÃO DE CALOR AULA EM REGIME VARIÁVEL Wilton Jorge Depto. de Ciêncis Físics UFU Uberlândi MG I. Fundmentos teóricos I.1 Introdução O clor é um modlidde de energi em trânsito que se trnsfere do corpo de tempertur mis lt pr o corpo de tempertur mis bix. A trnsmissão de clor se verific qundo, entre dois sistems ou dus regiões de um mesmo sistem, existe um diferenç de tempertur. Como diferençs de tempertur são comuns n nturez, os fenômenos de fluxo de clor são bstnte freqüentes. A trnsmissão de clor pode se dr por três modos: condução, convecção e rdição. Embor predomine um dos modos de trnsmissão, normlmente eles estão ssocidos. N condução, energi é trnsmitid por meio de impctos moleculres, sem um preciável deslocmento ds moléculs, e pelo deslocmento dos elétrons livres ds regiões de lt tempertur pr s de bix tempertur. É trnsmissão crcterístic nos sólidos. N convecção, crcterístic dos fluidos, trnsferênci de energi se dá por meio do movimento do fluido. Em contrste com os mecnismos de condução e convecção, nos quis energi é trnsferid trvés de um meio mteril, o clor pode tmbém ser trnsferido, trvés d rdição, em regiões onde existe o vácuo. N rdição, energi é trnsferid trvés de onds eletromgnétics. Pr temperturs próxims do mbiente, trnsmissão por rdição pode ser desprezd. Qundo o fluxo de clor é constnte, ou sej, não depende do tempo e tempertur de cd ponto permnece constnte, o regime de trnsmissão de clor é chmdo de permnente ou estcionário. O fluxo de clor é vriável ou trnsitório qundo tempertur, em vários pontos do sistem, mud com o tempo. Ness condição, energi intern do sistem não permnece constnte. Os Cd. Ct. Ens. Fís., Florinópolis, 6 (1): 85-89, br. 1989. 85

problems de fluxo de clor vriável são mis complexos do que os de fluxo permnente e hbitulmente são resolvidos por métodos proximdos. I.2 Símbolos utilizdos = fluxo de clor h = coeficiente de películ A = áre T = tempertur m = mss E = cpcidde térmic Q = quntidde de clor K = condutividde térmic c = clor específico x = distânci I.3 Equção de Fourier A relção básic pr trnsmissão de clor é equção de Fourier. O fluxo de clor unidimensionl trvés de um ddo elemento é fornecido pel equção diferencil: dq dt KA dt dx n qul: K é condutividde térmic do mteril. El depende fundmentlmente d nturez do mteril, do seu estdo de gregção e d tempertur; A é áre d seção trvés d qul o clor flui, áre est medid perpendiculrmente à direção do fluxo; dt/dx é o grdiente de tempertur n seção, isto é, rzão d vrição d tempertur com distânci (x) n direção do fluxo de clor. O sinl negtivo foi introduzido n equção pr indicr que trnsmissão de clor se dá no sentido dos dx positivos e no sentido ds temperturs decrescentes. Cd. Ct. Ens. Fís., Florinópolis, 6 (1): 85-89, br. 1989. 86

I.4 Cmd limite Qundo um fluido esco o longo de um superfície, s prtículs n vizinhnç dess superfície são descelerds em virtude ds forçs viscoss. As prtículs fluids djcentes à superfície colm-se el e têm velociddes nuls em relção o contorno. O fluido contido ness região é chmdo de cmd limite hidrodinâmic. N vizinhnç imedit d prede, o clor somente pode fluir por condução porque s prtículs fluids são estcionáris em relção à prede. Assim, todo o clor trnsmitido pr o mbiente por convecção pssrá ntes pel cmd limite. A equção que nos drá o fluxo pel cmd limite será: K A T h A T. x A rzão K/x (h) é chmd coeficiente de películ e seu vlor depende ds proprieddes físics e d velocidde do fluido, d form, d nturez e d rugosidde d superfície e do tipo de escomento. O coeficiente de películ (h) mede o efeito globl d trnsmissão de clor por convecção. Em função do grnde número de vriáveis e d pequen espessur (x) d cmd limite, o coeficiente d películ é de difícil determinção. Os vlores encontrdos em tbels form determindos ssocindo experimentções com nálise dimensionl. I.5 Esfrimento de um sistem O esfrimento de um corpo em um mbiente qulquer se dá em um regime de trnsmissão de clor vriável. Se diferenç entre tempertur do corpo e do mbiente não for muito grnde e o coeficiente de películ não sofrer grndes vrições, o problem pode ser resolvido d seguinte form: Suponhmos um corpo um tempertur inicil T i e o mbiente um tempertur T. O corpo estndo um tempertur mior do que mbiente cederá este um quntidde de clor sensível. Em um intervlo de tempo infinitesiml dt, quntidde de clor cedid será: fzendo dq mcdt ; E = mc, dq = -Edt. O clor cedido pelo corpo será trnsmitido o mbiente por convecção. No intervlo de tempo dt, quntidde de clor trnsmitid o mbiente será dd pel expressão: Cd. Ct. Ens. Fís., Florinópolis, 6 (1): 85-89, br. 1989. 87

dq ha T dt, dq ha( T T ) dt ha( T T dt. ) Fzendo um blnço energético no intervlo de tempo dt, temos: Energi cedid pelo corpo = Energi trnsmitid o mbiente, m c dt E dt h A ( T T ) dt, dt T T h A dt. E Qundo t = 0, T = T i. Integrndo expressão nterior, temos: n T T T T i ha t. E Fzendo z= ha/e: T T ( T i T ) e zt. A últim equção descreve vrição d tempertur do corpo com o tempo, durnte o esfrimento do corpo. El é semelhnte à equção d voltgem com o tempo em um sistem elétrico, constndo de resistor ssocido com um condensdor que estej descrregndo. O gráfico representtivo d equção é: Cd. Ct. Ens. Fís., Florinópolis, 6 (1): 85-89, br. 1989. 88

A quntidde mc/h é chmd de constnte de tempo do corpo por ter dimensões de tempo. Observe que, pós um tempo t = mc/ha, diferenç de tempertur ci pr 36,8% do seu vlor inicil, e tende zero, exponencilmente. II. Procedimento experimentl Fixe um termômetro com o bulbo imerso em um cert quntidde de águ contid em um frsco. Aqueç o conjunto té tempertur de 50 o C. Cesse o quecimento. Qundo colun de mercúrio do termômetro começr descer, note s temperturs e os respectivos tempos pr tingi-ls. Constru um gráfico usndo os vlores coletdos ds temperturs e dos tempos. Compre o seu gráfico com o previsto pel teori. Vmos lterr s condições de contorno e verificr s sus influêncis no experimento. Aqueç cert quntidde de águ té tempertur de 50 o C, utilizndo um termômetro pr medi-l. A seguir, retire o termômetro de dentro d águ e note s temperturs e os respectivos tempos. Repit o experimento lgums vezes, notndo os vlores pr s mesms temperturs e os respectivos tempos. Constru um gráfico com os vlores médios obtidos. Compre os dois gráficos e tire s conclusões sobre s influêncis do meio. Fç um nlogi entre os experimentos relizdos e o de descrg de um condensdor. III. Referêncis bibliográfics 1. HOLMAN, J. P. Trnsferênci de clor. São Pulo: McGrw-Hill, 1983. 2. KREITH, F. Princípios d trnsmissão de clor. São Pulo: Edgrd Blücher, 1973. 3. McKELVRY, J. P.; GROTCH, H. Físic. São Pulo: Hrper &Row, 1979. v. 2. 4. RESNICK, R.; HALLIDAY, D. Físic. 3 ed. Rio de Jneiro: Livros Técnicos e Científicos, 1980. v. 2. 5. ZEMANSKY, W. M. Clor e termodinâmic. Rio de Jneiro: Gunbr Dois, 1978. Cd. Ct. Ens. Fís., Florinópolis, 6 (1): 85-89, br. 1989. 89