Utilizar a integral definida para calcular área, comprimento de arcos, volume de sólidos de revolução e trabalho mecânico.

Documentos relacionados
Aula 29 Aplicações de integrais Áreas e comprimentos

Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz Universidade de São Paulo. Módulo I: Cálculo Diferencial e Integral

INTEGRAIS DEFINIDAS. Como determinar a área da região S que está sob a curva y = f(x) e limitada pelas retas verticais x = a, x = b e pelo eixo x?

INTEGRAIS DEFINIDAS. Como determinar a área da região S que está sob a curva y = f(x) e limitada pelas retas verticais x = a, x = b e pelo eixo x?

CÁLCULO I. 1 Área entre Curvas. Objetivos da Aula. Aula n o 24: Área entre Curvas, Comprimento de Arco e Trabalho. Calcular área entre curvas;

Introdução à Integral Definida. Aula 04 Matemática II Agronomia Prof. Danilene Donin Berticelli

Área entre curvas e a Integral definida

Aplicações da integral Volumes

Diogo Pinheiro Fernandes Pedrosa

fundamental do cálculo. Entretanto, determinadas aplicações do Cálculo nos levam a formulações de integrais em que:

Comprimento de arco. Universidade de Brasília Departamento de Matemática

Objetivo A = 2. A razão desse sucesso consiste em usar somas de Riemann, que determinam

(x, y) dy. (x, y) dy =

INTEGRAIS DEFINIDAS. Como determinar a área da região S que está sob a curva y = f(x) e limitada pelas retas verticais x = a, x = b e pelo eixo x?

Elementos de Análise - Lista 6 - Solução

CÁLCULO I. 1 Volume. Objetivos da Aula. Aula n o 25: Volume por Casca Cilíndrica e Volume por Discos

Resumo com exercícios resolvidos do assunto: Aplicações da Integral

CÁLCULO I. Denir o trabalho realizado por uma força variável; Denir pressão e força exercidas por um uido.

f(x) dx. Note que A é a área sob o gráfico

Definição 1. (Volume do Cilindro) O volume V de um um cilindro reto é dado pelo produto: V = area da base altura.

f(x) dx for um número real. (1) x = x 0 Figura A

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO. Resumo. Nesta aula, utilizaremos o Teorema Fundamental do Cálculo (TFC) para o cálculo da área entre duas curvas.

Integrais impróprias - continuação Aula 36

CÁLCULO I. Aula n o 29: Volume. A(x i ) x = i=1. Para calcularmos o volume, procedemos da seguinte maneira:

MAT Complementos de Matemática para Contabilidade - FEAUSP 1 o semestre de 2011 Professor Oswaldo Rio Branco de Oliveira INTEGRAL

CÁLCULO I. Denir e calcular o centroide de uma lâmina.

Cálculo Diferencial e Integral II Prof. Ânderson Vieira

Objetivo. Integrais de funções vetoriais. Conhecer a integral de funções vetoriais; Aprender a calcular comprimentos de curvas parametrizadas;

Integrais Imprópias Aula 35

MTDI I /08 - Integral de nido 55. Integral de nido

CÁLCULO I. 1 Funções denidas por uma integral

MATEMÁTICA II. Profa. Dra. Amanda Liz Pacífico Manfrim Perticarrari

Teorema Fundamental do Cálculo - Parte 1

CÁLCULO I. Teorema 1 (Teorema Fundamental do Cálculo I). Se f for contínua em [a, b], então. f(x) dx = F (b) F (a) x dx = F (b) F (a), x dx = x2 2

Aula 27 Integrais impróprias segunda parte Critérios de convergência

Interpretação Geométrica. Área de um figura plana

A integral de Riemann e Aplicações Aula 28

Mudança de variável na integral dupla

x 0 0,5 0,999 1,001 1,5 2 f(x) 3 4 4,998 5,

Prof. Doherty Andrade- DMA/UEM DMA-UEM-2004

Integral. (1) Queremos calcular o valor médio da temperatura ao longo do dia. O valor. a i

e dx dx e x + Integrais Impróprias Integrais Impróprias

2.4 Integração de funções complexas e espaço

1 x 5 (d) f = 1 + x 2 2 (f) f = tg 2 x x p 1 + x 2 (g) f = p x + sec 2 x (h) f = x 3p x. (c) f = 2 sen x. sen x p 1 + cos x. p x.

Alexandre Miranda Alves Anderson Tiago da Silva Edson José Teixeira. MAT146 - Cálculo I - Teoremas Fundamentais do Cálculo

Integrais Duplas em Regiões Limitadas

CÁLCULO I. Apresentar a técnica de integração por substituição; Utilizar técnicas apresentadas no cálculo integral.

Objetivo. Conhecer a técnica de integração chamada substituição trigonométrica. e pelo eixo Ox. f(x) dx = A.

3. CÁLCULO INTEGRAL EM IR

Quadratura por interpolação Fórmulas de Newton-Cotes Quadratura Gaussiana. Integração Numérica. Leonardo F. Guidi DMPA IM UFRGS.

3. Cálculo integral em IR 3.1. Integral Indefinido Definição, Propriedades e Exemplos

Integral imprópria em R n (n = 1, 2, 3)

O conceito de integral e suas propriedades básicas

Cálculo integral. 4.1 Preliminares

1 Definição de integral (definida) de Riemann

I = O valor de I será associado a uma área, e usaremos esta idéia para desenvolver um algoritmo numérico. Ao

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ. Tópicos Especiais de Matemática Aplicada

Integrais de Linha. Universidade Tecnológica Federal do Paraná Câmpus Francisco Beltrão. Cálculo Diferencial e Integral 3B

Comprimento de Curvas. Exemplo. Exemplos, cont. Exemplo 2 Para a cúspide. Continuação do Exemplo 2

1 Limite - Revisão. 1.1 Continuidade

Bhaskara e sua turma Cícero Thiago B. Magalh~aes

Apresentar o processo de quadratura de certas figuras planas como motivação para o cálculo de área por meio de integrais.

Atividade Prática como Componente Curricular

ESTUDO SOBRE A INTEGRAL DE DARBOUX. Introdução. Partição de um Intervalo. Alana Cavalcante Felippe 1, Júlio César do Espírito Santo 1.

AULA 1 Introdução 3. AULA 2 Propriedades e teorema fundamental do cálculo 5. AULA 3 Integrais indefinidas 7. AULA 4 Integração por substituição 9

8.1 Áreas Planas. 8.2 Comprimento de Curvas

Volumes de Sólidos de Revolução. Volumes de Sólidos de Revolução. 1.O método do disco 2.O método da arruela 3.Aplicação

dx f(x) dx p(x). dx p(x) + dx f (n) n! i=1 f(x i) l i (x) ), a aproximação seria então dada por f(x i ) l i (x) = i=1 i=1 C i f(x i ), i=1 C i =

. Estas equações são equações paramétricas da curva C.

Aula de solução de problemas: cinemática em 1 e 2 dimensões

TÓPICO. Fundamentos da Matemática II DERIVADA DIRECIONAL E PLANO TANGENTE8. Licenciatura em Ciências USP/ Univesp. Gil da Costa Marques

Integração Numérica. Leonardo F. Guidi. Cálculo Numérico DMPA IME UFRGS

Lista de Exercícios: Integração Numérica. xe x 2 dx. x f(x) t(min.) v(km/h)

Relembremos que o processo utilizado na definição das três integrais já vistas consistiu em:

equação paramêtrica/vetorial da curva: a lei γ(t) =... Dizemos que a curva é fechada se I = [a, b] e γ(a) = γ(b).

A integral definida. f (x)dx P(x) P(b) P(a)

RESUMO DE INTEGRAIS. d dx. NOTA MENTAL: Não esquecer a constante para integrais indefinidas. Fórmulas de Integração

Introdução ao Cálculo Numérico S(M, B) = (y i Mx i B) 2

Usando qualquer um dos métodos de primitivação indicados anteriormente, determine uma primitiva de cada uma das seguintes funções. e x e 2x + 2e x + 1

SÉRIES DE FOURIER. 1. Uma série trigonométrica e sua sequência das somas parciais (S N ) N são dadas por

Recordando produtos notáveis

x = x 2 x 1 O acréscimo x é também chamado de diferencial de x e denotado por dx, isto é, dx = x.

Matemática /09 - Integral de nido 68. Integral de nido

META: Introduzir o conceito de integração de funções de variáveis complexas.

Cálculo Diferencial e Integral I 2 o Teste - LEAN, MEAer, MEAmb, MEBiol, MEMec

CÁLCULO I. Exibir o cálculo de algumas integrais utilizando a denição.

Introdução ao estudo de equações diferenciais

IFRN Campus Natal/Central. Prof. Tibério Alves, D. Sc. FIC Métodos matemáticos para físicos e engenheiros - Aula 02.

Métodos Numéricos e Estatísticos Parte I-Métodos Numéricos

Teorema Fundamental do Cálculo - Parte 2

Lista 5: Geometria Analítica

1 A Integral de Riemann

Prova Escrita de MATEMÁTICA A - 12o Ano a Fase

Termodinâmica e Estrutura da Matéria 2013/14

ALGEBRA LINEAR AUTOVALORES E AUTOVETORES. Prof. Ademilson

Fundamentos de Matemática I EFETUANDO INTEGRAIS. Licenciatura em Ciências USP/ Univesp. Gil da Costa Marques

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CCEN DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA EXAME DE QUALIFICAÇÃO PARA O MESTRADO EM MATEMÁTICA

(B) (A) e o valor desta integral é 9. gabarito: Propriedades da integral Represente geometricamente as integrais para acompanhar o cálculo.

Homero Ghioti da Silva. 9 de Junho de 2016 FACIP/UFU. Homero Ghioti da Silva (FACIP/UFU) 9 de Junho de / 16

Transcrição:

Aul 3 Aplicções d integrl Objetivos Utilizr integrl definid pr clculr áre, comprimento de rcos, volume de sólidos de revolução e trblho mecânico. Inicimos ul 9, dedicd à integrção, motivndo o conceito de integrl definid, chmd integrl de Riemnn, por intermédio do cálculo de áres. Mis precismente, se tivéssemos que clculr áre d região R esboçd n figur 3., seguir, limitd lterlmente pels rets verticis x = e x = b, inferiormente pelo segmento [, b], contido no eixo ox e superiormente pelo gráfico d função y = f(x), ftiávmos tl região em finíssimos retângulos e, à medid que sus bses se tornssem cd vez menores áre totl desses retângulos ficrim cd vez mis próxim d áre de R. Vej figur 3.. 69

7 Cálculo - ul 3 UFPA Fig. 3. Esse procedimento, extremmente útil, se plic não somente em problems geométricos ms tmbém em problems físicos. Est ul e seguinte serão dedicds esss plicções. Comecemos relembrndo o estudo ds áres. Cálculo de áres Nest seção estudremo o cálculo de áre de regiões do plno que são ssocids gráficos de funções. Anlisremos dus situções: áres bixo de gráficos de funções e áres entre gráficos de funções. Áre bixo de gráfico Suponhmos que se queir clculr áre d região R descrit nteriormente, muits vezes chmd de áre bixo do gráfico d função, e que função y = f(x) sej positiv, pr todo x [, b]. Subdividindo o intervlo [, b] em subintervlos d form = x < x < x < < x n = b (lembremos ds prtições introduzids n ul 9) e escolhendo pontos rbitrários ξ i pertencentes os intervlos [x i, x i ], temos que áre de cd retângulo R i, como n figur 3.3,

UFPA Cálculo - ul 3 7 f( i ) x i- i x i Fig. 3.3 é dd por f(ξ i ) x i, em que x i = x i x i, de modo que som totl ds áres de todos os retângulos R i é N f(ξ i ) x i. i= Ess é um proximção d áre R que se quer clculr. Designemos por P = { = x < x < x <... < x n = b} e Observemos que P = mx i n x i. lim P N f(ξ i ) x i i= fornece áre de R que é extmente integrl definid de y = f(x) no intervlo [, b]. Assim, designndo áre de R por A(R), teremos A(R) = f(x)dx. (3.) De posse d expressão em (3.) estudremos vários csos. Exemplo 6. Clculemos áre d região R compreendid entre s rets x =, x =, o eixo ox e o gráfico d função y = x. Ess região é mostrd n figur 3.4.

7 Cálculo - ul 3 UFPA 4 y = x Fig. 3.4 A áre d região procurd é A(R) = [ x x 3 dx = 3 ] = 7 4. Exemplo 7. Clculemos áre d região compreendid entre o eixo ox e o gráfico d função f : [, π] R definid por f(x) = sen x. Queremos clculr áre d região mostrd n figur 3.5. y = sen x Fig. 3.5 A áre dess região é dd por π sen x dx = [cos x] π = cos π + cos =. Áre entre gráficos Suponhmos que se queir clculr áre d região R limitd pelos gráficos ds funções y = f(x) e y = g(x), pr x b, em que f(x) g(x), pr todo x [, b], conforme figur 3.6.

UFPA Cálculo - ul 3 73 f g Fig. 3.6 Assim, áre A(R) de R é clculd por A(R) = ou sej, A(R) = f(x)dx g(x)dx, [f(x) g(x)]dx. (3.) No presente exemplo, supusemos que mbs s funções ssumim pens vlores positivos. No entnto, expressão em (3.) continu válid mesmo no cso em que s funções tinjm vlores negtivos. Consideremos situção como esboçd n figur 3.7. f R g R Fig. 3.7 Neste cso, região R = R R e A(R) = A(R ) + A(R ). A áre A(R ) é clculd por enqunto A(R ) = A(R ) = f(x)dx g(x)dx em que presenç do sinl n expressão cim se deve o fto de que g(x) é negtiv em [, b]. Portnto ( ) A(R) = f(x)dx + g(x)dx = [f(x) g(x)]dx.

74 Cálculo - ul 3 UFPA Mesmo que tenhmos ocorrênci de gráficos como os representdos n figur 3.8, expressão em (3.) continu válid. R R R3 f g Fig. 3.8 Nesse cso temos R = R R R 3. Assim, A(R) = A(R )+A(R )+A(R 3 ). Logo A(R) = c [f(x) g(x)]dx + d c [g(x) f(x)]dx + [f(x) g(x)]dx. Exemplo 8. Clculemos áre d região R sob ret y = x+, cim d prábol y = x e entre o eixo oy e ret x =, conforme figur 3.9. x = Fig. 3.9 Nesse cso, A(R) = [ x (x + x )dx = ] x3 + x = 3 3. Exemplo 9. Encontremos áre d região limitd pel rets y = x 4 e pel prábol y = 4x. Vejmos figur 3..

UFPA Cálculo - ul 3 75 4 y = x-4 4-4 y = 4x Fig. 3. e observemos que n relção y = 4x y não é função de x, ms x é função de y. Assim, podemos escrever x = y 4 e x = y + de modo que os vlores de y correspondentes os pontos de interseção d ret e d prábol são determindos pels rízes d equção y y 8 =, o que nos fornece s soluções y = e y = 4. Dess mneir, A(R) = 4 [ ] [ ] y + y y 4 y3 dy = + y = 9. 4 4 Integris imprópris Pr termos um idéi inicil do que iremos desenvolver, comecemos com um exemplo. Exemplo. Consideremos função f(x) = x cujo gráfico está esboçdo n figur 3., seguir.

76 Cálculo - ul 3 UFPA y = x Fig. 3. Sbe-se que, cso queirmos determinr áre d região bixo do gráfico de tl função, entre os vlores < < b < +, conforme mostrdo n figur 3.(), bst clculrmos integrl f(x)dx. Fig. 3.() Fig. 3.(b) Sejmos um pouco mis mbiciosos e suponhmos que queirmos clculr áre de tod região bixo d curv, cim do eixo ox e pr x < +, conforme mostr figur 3.(b). Observemos que região não é limitd pr vlores de x >. Pr relizrmos tl objetivo, clculremos integrl f(x)dx e depois fremos b tender pr +. O resultdo obtido nesse limite é chmdo integrl imprópri de primeir espécie e será designd por + f(x)dx = lim b + + dx = lim x b + f(x)dx. Assim, [ ] b [ = lim x b + b ] =. Isso mostr que podemos trblhr com regiões não-limitds, ms que possuem áres finits. Qundo isto contece dizemos que integrl imprópri + f(x)dx converge. Vejmos um outro exemplo.

UFPA Cálculo - ul 3 77 Exemplo. Consideremos função f(x) = x, pr vlores positivos de x, cujo gráfico está esboçdo n figur 3.3. y = x Fig. 3.3 A áre d região bixo do seu gráfico, cim do eixo ox, entre os pontos b < < b < + é dd por dx. x y = x b Fig. 3.4 No entnto, cso desejemos clculr áre d região limitd pelos gráficos de f(x) = x e pels rets y =, x = e x = b, devemos nos vler, muttis mutndis, ds mesms idéis desenvolvids no exemplo nterior. No cso em tel, procedmos d seguinte mneir: clculremos integrl b dx e depois fremos + e ssim teremos integrl imprópri x de segund espécie x dx.

78 Cálculo - ul 3 UFPA y = x b Fig. 3.5 Portnto, b [ ] b [ dx = lim dx = lim x = lim ] x + x + b = b + e, como no exemplo precedente, diz-se que integrl imprópri é convergente. x dx Mis formlmente, sej y = f(x) um função contínu em cd intervlo d form [, M], em que R é um número fixdo e M >. Em virtude d continuidde de f em cd intervlo [, M] tem-se que M f(x)dx existe. Suponhmos que M lim f(x)dx M + exist. Define-se então tl limite como sendo integrl imprópri de primeir espécie d função f em [, + ) e escreve-se + f(x)dx = M lim f(x)dx. M + Se esse for o cso, diz-se que integrl imprópri é convergente. Cso contrário, diz-se que integrl imprópri é divergente. No exemplo integrl imprópri converge. Pode-se tmbém definir integris imprópris d form f(x)dx = lim f(x)dx M M

UFPA Cálculo - ul 3 79 n qul função f é contínu em cd intervlo d form [M, b] em que b é um número rel fixdo e M < b. Temos integris d form + f(x)dx = lim M + N M N f(x)dx em que M e N são números reis stisfzendo N < M e função f é integrável em cd intervlo [N, M]. A expressão lim M + N M N f(x)dx deve ser entendid como segue lim M + N M N f(x)dx = ( lim N lim M + Exemplo. Clculemos integrl imprópi + 4 4 + x dx M Est integrl é igul à áre mostrd n figur 3.6. N ) f(x)dx. y 4 = 4 + x Fig. 3.6 Pelo que já foi dito temos + 4 4 + x dx = lim M + N = lim M + N = lim N = π. ( M 4 N + x dx ( ( ) ( )) rctn N + rctn M lim M + ( ( ) ( ))) rctn N + rctn M

8 Cálculo - ul 3 UFPA Consideremos um outr situção. Sej f um função contínu em cd intervlo d form [ + ɛ, b] em que < b são números reis fixdos e ɛ > é qulquer número rel tl que + ɛ < b. Assim, integrl +ɛ f(x)dx existe. Cso o limite lim f(x)dx ɛ + +ɛ exist, diremos que el é um integrl imprópri de segund espécie e escreve-se f(x)dx = lim f(x)dx. ɛ + +ɛ É clro que se f for contínu em [, b] integrl imprópri coincide com integrl de Riemnn usul. Evidentemente outrs situções poderão ocorrer. Suponhmos, por exemplo, que um cert função y = f(x) sej contínu em qulquer intervlo d form [, b ɛ] em que < b são números reis fixdos e ɛ > é qulquer rel tl que < b ɛ. A integrl ɛ f(x)dx sempre existe, qulquer que sej o vlor de ɛ como cim. Se lim ɛ + ɛ f(x)dx existir, ele será tmbém chmdo de integrl imprópri de segund espécie e designd por f(x)dx pr qul são válids tods s observções feits nteriormente pr outr integrl imprópri. Deve-se observr que hipótese de que f sej contínu foi impost fim de grntirmos integrbilidde de f nos intervlos fechdos e limitdos. No entnto, tl hipótese pode ser substituíd por integrbilidde. 3 Comprimento de rco Inicilmente observemos que s plicções d integrl consistem em proximr entiddes, digmos, curvilínes, por outrs que sejm lineres. Trtemos, no presente cso, do comprimento de curvs. Suponhmos que tenhmos o problem de clculr o comprimento d curv representd pelo gráfico d função derivável y = f(x), no intervlo [, b], como descrit n figur 3.7, seguir.

UFPA Cálculo - ul 3 8 Fig. 3.7 O comprimento do rco do ponto P o ponto P n é proximdo pelo comprimento d poligonl P P... P n cujo comprimento será designdo por L n. Assim, L n = P P + P P + P n P n. As componentes do ponto P k são dds por P k = (x k, f(x k )) e os de P k = (x k, f(x k )), de modo que P k P k = (x k x k ) + (f(x k ) f(x k )). Usndo o teorem do vlor médio, vide ul 6, à função f, no intervlo [x k, x k ], encontr-se ξ k (x k, x k ) tl que f(x k ) f(x k ) = f (ξ k )(x k x k ) e designndo por x k = x k x k, teremos de modo que P k P k = ( x k ) + [f (ξ k )] ( x k ) = + [f (ξ k )] x k, L n = Fzendo norm d prtição tender zero, obtém-se L = n + [f (ξ k )] x k. k= P = {x = < x < x <... x n < x n = b} lim P e, portnto, temos n + [f (ξ k )] x k = + [f (x)] dx. k= L = + [f (x)] dx. Ess é fórmul pr o cálculo do comprimento do rco descrito por um curv representd pelo gráfico d função y = f(x) entre x = e x = b.

8 Cálculo - ul 3 UFPA Exemplo 3. Encontremos o comprimento d curv dd pel equção f(x) = 3 x 3 pr x entre e. Observemos que f é derivável e f (x) = x. Assim, o comprimento L requerido é L = [ + x dx = ( + x) dx = 3 ( + x) 3 ] = 3 4 Volume de sólidos de revolução [ 3 ]. Sej y = f(x) um função contínu e positiv definid em um intervlo fechdo [, b], conforme figur 3.8. R Fçmos um revolução complet d região R definid por R = {(x, y) ; x b e y f(x)}. Vej figur 3.9. Esse sólido é chmdo de sólido de revolução. Fig. 3-9

UFPA Cálculo - ul 3 83 Nosso objetivo é determinr o volume desse sólido, por meio de um integrção. Intuitivmente, o processo consiste em ftir o referido sólido em ftis finíssims de tl mneir que els se proximem de um cilindro. Pr isto considerremos um prtição P = { = x < x < x < < x n = b} em que fti determind por [x k, x k ], conforme figur 3-, x x k- k k Fig. 3- possui volume proximdmente igul π [f(ξ k )] x k, em que ξ k é um ponto do intervlo [x k, x k ]. Desse modo, o volume totl proximdo é n π [f(ξ k )] x k. k= Fzendo, como nos csos nteriores, o mior comprimento x k tender zero, obtém-se o volume V do sólido de revolução como sendo V = π [f(x)] dx. Exemplo 4. Clculemos o volume do sólido obtido pel rotção, em torno do eixo x, de todos os pres (x, y) tis que x 4 e y x. O sólido em questão está mostrdo n figur 3..

84 Cálculo - ul 3 UFPA O volume desse sólido é ddo por V = π 4 5 Trblho mecânico ( [ x x) dx = π ] 4 = 8π Desde os cursos elementres de Físic que conhecemos o conceito de trblho mecânico relizdo por um forç constnte. Mis precismente, suponhmos que se tenh um forç constnte F deslocndo um certo corpo o longo de um trjetóri retilíne, desde o ponto A té o ponto B, conforme mostr figur 3., e sej d distânci entre tis pontos. Fig. 3. Define-se o trblho mecânico d forç F, designdo por WA B (F ), pr deslocr o corpo do ponto A o ponto B como sendo WA B (F ) = F d. No entnto, nem sempre contece de s forçs envolvids nos fenômenos físicos serem constntes. É o que ocorre com s forçs grvitcionis, elétrics, mgnétics, etc. Em virtude disso, fz-se necessário definir precismente o trblho mecânico qundo s forçs envolvids forem vriáveis.

UFPA Cálculo - ul 3 85 Restringiremos noss nálise o cso em que trjetóri é retilíne pois, cso contrário, teremos de lidr com integris de linh, o que foge o escopo dests uls. Suponhmos que estejmos deslocr um corpo o longo de um eixo, por meio de um forç F (x), em que x design posição do corpo com relção à origem O do eixo que estmos considerr, que desloc o corpo desde o ponto té o ponto b, de cordo com o mostrdo n figur 3.3. Fig. 3.3 Como forç F (x) depende d posição x em que o corpo se encontr, não podemos usr definição suprcitd pr clculr o trblho relizdo por F (x) no percurso de té b. No entnto, podemos nos vler de um proximção que nos levrá o conceito de integrl. Com efeito, subdividmos o percurso totl [, b] em pequenos percursos [x i, x i ] ddos por = x < x < x < x 3 < < x n < x n = b e í o leitor já deve ter percebido que construímos um prtição do intervlo [, b]. Evidentemente, mesmo que cd subintervlo [x i, x i ] tenh comprimento bem pequeno, forç F (x) terá um vrição nesse percurso. Contudo, se escolhermos um ponto qulquer ξ i [x i, x i ] e fizermos W x i x i (F (ξ i )) = F (ξ i )(x i x i ) = F (ξ i ) x i teremos um proximção pr o trblho relizdo pel forç F no intervlo [x i, x i ]. Or, cso queirmos um proximção pr o trblho totl no percurso [, b], devemos somr tods s prcels como s cim, pr obter n i= W x i x i (F (ξ i )) = n F (ξ i ) x i. Ess expressão é extmente um som de Riemnn d função F com respeito à prtição P = { = x < x < x < x 3 < < x n < x n = b}. Designndo por P norm dest prtição, pr obter o vlor exto do trblho no intervlo [, b], devemos tomr o limite d som de Riemnn qundo norm d prtição tender zero. Ms isto é precismente integrl de Riemnn d função F no intervlo [, b]. Então o trblho relizdo pel forç F no percurso ddo, designdo por W(F b ), é ddo por Vejmos um exemplo. W b (F ) = i= F (x)dx.

86 Cálculo - ul 3 UFPA Exemplo 5. (Trblho relizdo pr deformr um mol) Pel Lei de Hooke forç necessári pr deformr um mol é d form F (x) = kx, em que k é constnte d mol e x deformção. Portnto, cso queirmos deformr mol de um posição té um posição b, o trblho ser relizdo é [ ] x W(F b b [ ] b ) = F (x)dx = kxdx = k = k. 6 Exercícios resolvidos. Clcule o comprimento d circunferênci x + y = R. Solução. Em virtude d simetri d circunferênci, é suficiente clculr o comprimento d prte d circunferênci contid no primeiro qudrnte, e multiplicá-lo por 4. Fig. 3.4 A referid prte d circunferênci é dd pel função f(x) = R x, com x R. Portnto, o comprimento L d circunferênci é L = 4 R + [f (x)] dx. Desde que f (x) = x(r x ) teremos R L = 4R R x dx. Fzendo mudnç de vriável x = R cos θ obtemos L = 4R π R( sen θ) dθ = 4R R R cos [θ]π/ = πr. θ

UFPA Cálculo - ul 3 87. Clcule o comprimento d curv y = 8x 3, de x = à x = 3. Solução. Observemos que y = x 3 e y = 3 x / e ssim o comprimento L d curv é L = 3 3 + (y ) dx = + 8x dx. Usndo mudnç de vriável u = + 8x, obtém-se L = 3 [ 3 + 8xdx = ( + 8x) 3] = [ 55 55 9 ] 9. 7 7 3. Clcule o volume do sólido obtido pel rotção, em torno do eixo x, de todos os pres (x, y) tis que x 4 e y. Solução. O sólido desse exercício pode ser visulizdo n figur seguir. O seu volume é obtido como segue V = π 4 ( x) dx π 4 dx = 5π. 4. Um prtícul se desloc o longo do eixo ox sob ção de um forç prlel o deslocmento e de módulo igul x. Clcule o trblho relizdo pel forç pr deslocr prtícul de x = té x = 4. Solução. O trblho relizdo pel forç é ddo por 4 x dx = [ x ] 4 = J.

88 Cálculo - ul 3 UFPA 7 Exercícios propostos. Nos exercícios seguir, clculr áre d região R entre os gráficos ds funções f e g pr vlores de x no intervlo [, b]. Fç um esboço d região R. () f(x) = x, g(x) =, =, b =. (b) f(x) = x 3 + x, g(x) = x 3 +, =, b =. (c) f(x) = x, g(x) = x +, =, b =. (d) f(x) = x, g(x) = x 4x +, =, b =.. Ns observções feits sobre cálculos de áres considervm-se funções d form y = f(x) e clculvm-se áres de regiões limitds pelo gráfico de f e o eixo x. Este er o problem, e lgums de sus vrições, que considermos té gor. Contudo, existem situções ns quis se tem x como função de y e, nestes csos, clculm-se áres de regiões limitds pelos gráficos ds funções e o eixo oy. Vej figur 3.6. Fig. 3.6 Ness situção, áre d região R é dd por A(R ) = d c g(y)dy. De posse desss observções. Determine áre d região limitd entre s curvs esboçndo os seus gráficos. () x = y 3 y x =. (b) x = y + 7 4 e x = y (c) x = y 3 4y + 3y e x = y. (d) x = y + e x = 4 y.

UFPA Cálculo - ul 3 89 3. Ache áre d região entre s curvs y = x e y = 9x integrndo () com relção x; (b) com relção y. 4. Mostre que integrl é divergente. x dx 5. Investigue convergênci d integrl + x p dx, > com respeito os possíveis vlores de p. 6. Investigue convergênci d integrl x p dx, b > com respeito os possíveis vlores de p. 7. Investigue convergênci d integrl imprópri + xe x dx. 8. Investigue convergênci d integrl imprópri + xe x dx. 9. Clcule integrl imprópri x ln x dx.. Mostre que integrl é convergente. x.. Clcule integrl imprópri x dx.

9 Cálculo - ul 3 UFPA 8 Resposts dos exercícios propostos. () 3 f( x) = - x - g( x) = Fig. 3.7 (b) 3 g( x) = x + 3 f( x) = x + x - Fig. 3.8 (c) 9

UFPA Cálculo - ul 3 9 f( x) = x 4 g( x) = x + - Fig. 3.9 (d) 5 3 g( x) = x - 4 x + f( x) = x - Fig.3.3. () x = 3 x = y - y - (b) 55 3 4 ln Fig. 3.3

9 Cálculo - ul 3 UFPA 4 x = y x = - y + 7 4 4 4 4 Fig.3.3 (c) 4 3-3 x = y - 4y +3y x = -y Fig. 3.33 (d) 4 3

UFPA Cálculo - ul 3 93 4 x = 4 - y x = - y + 3. () (b) 9 8 Fig. 3.34 ( ) 9 x x dx = 43 ( y y ) dy = 43 9 5. Diverge pr p e converge pr p >. 6. Converge pr p e diverge pr p >. 7. Converge pr e. 8. Converge pr e. 9. +. 4 Nest ul você prendeu : utilizr integrl definid pr clculr áre, comprimento de rcos, volume de sólidos de revolução e trblho mecânico.

94 Cálculo - ul 3 UFPA 9 Apêndice Métodos numéricos pr cálculo de integris Clculr integris definids torn-se mtéri simples desde que conheçmos um primitiv d função ser integrd dd por funções elementres. Além disso, sbe-se que tod função contínu definid em um certo intervlo possui primitiv. Mis precismente, dd um função contínu f : I R, em que I é um intervlo de R, função F (x) = x f(t)dt, em que é um ponto qulquer de I e x I é um primitiv de f em I. No entnto, nem sempre temos primitivs dds como um combinção de funções elementres. O exemplo típico é o d função f(x) = e x. Como, então, clculr e x dx? Pr tingir este objetivo, existem métodos numéricos que, mesmo não exibindo o vlor exto d integrl, nos fornecem proximções tão curds qunto se queir. Exibmos lguns métodos. Método do retângulo (usndo extremiddes de intervlos) Sej f : [, b] R um função integrável. Consideremos um prtição P = {x = < x < x < < x n < x n }. Sbemos que ess prtição P induz um proximção d integrl de Riemnn f(x)dx por intermédio d chmd som de Riemnn n f(ξ i )(x i x i ) i= em que ξ i (x i, x i ). Suponhmos que cd subintervlo [x i, x i ] possu comprimento igul b de modo que x n =, x = + b, x n = + b,..., x n n = + (n ) b, x n n = + n b = b. Escolhmos ξ n = = x, ξ = + b = x n,..., ξ n = + (n ) b = x n n. Conseqüentemente, f(x)dx = b n [f(x ) + f(x ) + + f(x n )]. Cso tivéssemos tomdo s extremiddes esquerds dos subintervlos, terímos proximção f(x)dx = b n [f(x ) + f(x ) + + f(x n )].

UFPA Cálculo - ul 3 95 Como já foi observdo, qunto mior for o vlor de n N melhor serão s proximções dds ns expressões cim. As interpretções geométrics desses ftos já form fornecids n ul 9. Método do ponto médio Considerremos um prtição como no cso nterior e escolheremos como ξ i o ponto médio do intervlo [x i, x i ] em que estmos tmbém considerndo todos os intervlos com comprimentos iguis b. Assim, n ξ i = x i +x i pr i =,..., n, de modo que teremos seguinte proxim- ção Vej figur f(x)dx = b n [ f ( x + x ) + f ( x + x ) + + f ( xn + x n )]. x x 3 x3 x n- n b Fig. 3.35 Método do Trpézio Nesse cso considerremos prtição como nos dois csos nteriores e proximmos integrl por meio de trpézios como os mostrdos n figur 3.36. x x x x 3 n- b Fig. 3.36

96 Cálculo - ul 3 UFPA Observemos que áre de cd trpézio é dd por [ ] f(xi ) + f(x i ) b n e ssim temos proximção f(x)dx = b n [ f(x ) + f(x ) + + f(x n ) + f(x ] n). Temos tmbém o método de Simpson, que não será borddo qui. Vejmos um exemplo simples pr ilustrr os métodos numéricos descritos. Consideremos função f : [, ] R, f(x) = x, cuj integrl é clculd, pelo teorem fundmentl do cálculo e é dd por x dx = 3 =, 3333.... Fçmos subdivisão do intervlo [, ] de modo que tenhmos prtição P = { x = < x = 3 < x = } 3 < x 3 = cujos subintervlos possuem comprimentos iguis 3. Usndo o método do retângulo e tomndo s extremiddes esquerds, conforme figur 3.37, teremos proximção x dx = 3 [ + ( ) + 3 ( ) ] = 5 3 7 =, 85. y = x 3 3 Fig. 3.37

UFPA Cálculo - ul 3 97 Usndo ind o método do retângulo, ms gor tomndo s extremiddes direits tl como n figur 3.38, teremos [ ( x dx = ) ( ) + + ] = 4 3 3 3 7 =, 585 y = x 3 3 Fig. 3.38 que é um proximção (por excesso). Usndo regr do trpézio, como é mostrdo n figur seguinte, teremos proximção x dx = 3 [ f() + ( ) + 3 que é um proximção (por excesso). ( 3 ) ] + f() = 9 54 =, 359. y = x 3 3 Fig. 3.39

98 Cálculo - ul 3 UFPA Agor, usndo o método do ponto médio, conforme figur 3.4, temos [ ( x dx = ) ( ) ( ) ] 5 + + = 35 3 6 6 8 =, 34. que é, neste cso, melhor ds proximções. y = x 3 3 Fig. 3.4 Experimente prtições mis refinds: divid o intervlo em qutro prtes iguis, cinco prtes iguis, etc. Use um clculdor ou progrms mtemáticos como o Mple.