DETERMINAÇÃO DE VALORES LIMITE DE EMISSÃO PARA SUBSTÂNCIAS PERIGOSAS DA LISTA II DA DIRECTIVA 76/464/CEE
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- Isaac Caiado da Cunha
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1 DETERMINAÇÃO DE VALORES LIMITE DE EMISSÃO PARA SUBSTÂNCIAS PERIGOSAS DA LISTA II DA DIRECTIVA 76/464/CEE Anabela R. S. REBELO Lc. Químca Industral, CCDR Algarve, Rua Dr. José de Matos n.º 13, Faro, , RESUMO A Drectva 76/464/CEE, de 4 de Mao de 1976, estabelece a necessdade da protecção do meo aquátco contra a polução causada por determnadas substâncas persstentes, tóxcas e boacumuláves, desgnadas por substâncas pergosas. A Drectva estpula duas lstas de substâncas (Lsta I e II), cujos objectvos são elmnar a polução causada por substâncas da Lsta I e reduzr a polução causada por substâncas da Lsta II. Para dar cumprmento a esta Drectva, está em curso a adopção de Programas de Redução de Polução (PRP) para algumas substâncas da Lsta II, os quas prevêem a necessdade de se estabelecer valores lmte para as descargas das substâncas em apreço, adequados à escala regonal e da baca hdrográfca ou local em função das característcas técncas das undades ndustras exstentes, sua localzação geográfca e objectvos de qualdade específcos para o meo receptor hídrco, cuja defnção será da responsabldade das Comssões de Coordenação e Desenvolvmento Regonal. PALAVRAS-CHAVE Substâncas pergosas, Valor lmte emssão 1
2 1 INTRODUÇÃO No âmbto da aplcação da Drectva 76/464/CEE em Portugal está em curso a adopção de programas específcos, desgnados por Programas de Redução de Polução (PRP), para algumas substâncas da lsta II, os quas prevêem a necessdade de se estabelecer valores lmte de emssão, para as substâncas em causa, adequados à escala regonal e da baca hdrográfca ou local em função das característcas técncas das undades ndustras exstentes, sua localzação geográfca e objectvos de qualdade específcos para o meo receptor hídrco. Desta forma, propõe-se uma metodologa para o cálculo destes valores, para as fontes tópcas de polução, com base nos: Tempos de sem-vda das substâncas em apreço; Caudas das bacas; Caudas de descarga, Objectvos de qualdade para os meos receptores, prevstos nos dplomas legas em vgor. A presente metodologa não é aplcável às fontes de polução dfusa. 2 METODOLOGIA DE CÁLCULO Consderando que a descarga de uma substânca pergosa da Lsta II não pode pôr em causa a manutenção dos objectvos de qualdade do meo receptor, a concentração máxma possível descarregar no mesmo va ser função do tempo. Para um dado ntervalo de tempo degrada-se uma certa quantdade de substânca, em maor ou menor grau dependendo do seu tempo de sem-vda para o meo receptor em apreço. 2.1 Cálculo para bacas não contamnadas Num dado ntervalo de tempo ( t), as condções lmte são: VLE = OQ + Y (1) em que: OQ Objectvo de qualdade específco para o meo hídrco VLE Concentração máxma possível descarregar, ou Valor Lmte de Emssão Y Concentração de substânca degradada no ntervalo de tempo consderado Ou seja, neste ntervalo de tempo ( t) é possível descarregar o valor correspondente ao objectvo de qualdade, acrescdo da quantdade de substânca (expressa em undades de concentração massa por undade de volume) que se degrada neste mesmo período. Defnndo-se o tempo de sem-vda (t1/2) como o período em que metade da substânca em causa leva a decompor-se no meo hídrco, então a concentração de substânca degradada, no ntervalo de tempo t, é: 1 OQ Y = 2?t (2) t Nas condções deas a concentração máxma possível descarregar é gual à concentração de substânca degradada no ntervalo de tempo consderado (VLE = Y). Assm, ao descarregar-se uma quantdade de substânca gual à que se degrada, mantém-se um valor resdual nulo desse mesmo composto no meo receptor, no ntervalo de tempo consderado. O valor lmte de emssão stuar-se-á entre a concentração de substânca degradada no ntervalo de tempo consderado e este valor acrescdo do objectvo de qualdade, ou seja: 1 2 Y VLE < OQ + Y (3) 2
3 Segundo esta metodologa, o valor lmte de emssão calculado não entra em conta com o factor de dlução do meo receptor. Em lnhas de água que se encontrem secas durante a maor parte do ano, este factor não pode ser consderado, no entanto em cursos de água com um caudal médo permanente, pode usar-se a segunte expressão: VLE Qbaca VLECorrgdo = (4) Q sendo: descarregado VLEcorrgdo VLE aplcado ao total de descargas na baca Qbaca Caudal da baca Qdescarregado Caudal total descarregado na baca Se se consderar apenas as descargas drectas no meo receptor, cada undade ndustral rá descarregar um dado caudal (Q). Se todas as empresas, por sector de actvdade, produtoras de efluentes contamnados tverem de descarregar cargas másscas guas (C), de forma a não pôr em causa a lberdade de concorrênca, então o valor lmte de emssão corrgdo por empresa (VLE aplcado a cada descarga na baca) é: C VLE corrgdo por empresa= (5) Q onde, C VLE Q (6) = corrgdo descarregado Se n for o número de empresas produtoras de efluentes contamnados presente na baca, então C n C (7) = logo C VLEcorrgdo Qdescarregado = (8) n 2.2 Cálculo para bacas contamnadas Grau de contamnação nferor ao objectvo de qualdade Consderando que o meo receptor se encontra contamnado com um dado grau GC (expresso em undades de concentração) cujo valor é nferor ao objectvo de qualdade, as condções lmte para um dado ntervalo de tempo ( t) são: VLE = (OQ GC) + Y (9) de forma a não pôr em causa a volação do objectvo de qualdade estpulado na legslação vgente. Nas condções deas, à semelhança do caso anteror : VLE = Y (10) O valor lmte de emssão stuar-se-á entre a concentração de substânca degradada no ntervalo de tempo consderado e este valor acrescdo da dferença entre o objectvo de qualdade e o grau de contamnação do meo receptor, ou seja: Y VLE (OQ GC) + Y (11) A correcção dos valores lmte de emssão aos caudas do meo receptor e a cada undade faz-se de gual forma ao caso anteror Grau de contamnação superor ao objectvo de qualdade 3
4 À semelhança do exemplo anteror, as condções lmte para um dado ntervalo de tempo ( t) são dadas pela mesma expressão matemátca. Contudo, nestes casos só será possível efectuar-se descargas no meo receptor, desde que: OQ GC < Y (12) Nas condções deas não haverá lugar a qualquer descarga, de forma a permtr a reabltação dos meos aquátcos. Logo, 0 VLE (OQ GC) + Y OQ GC < Y (13) A correcção dos valores lmte de emssão aos caudas do meo receptor e a cada undade fazse de gual forma aos exemplos anterores Consderações Nos casos em que há contamnação do meo receptor, poderam ser ntroduzdas correcções aos valores lmte de emssão tendo em conta os tempos de sem-vda dos compostos químcos nos sedmentos e bota. Em zonas muto contamnadas, também podera ter-se em conta a hdrodnâmca do meo receptor, com vsta a observar-se o grau de sedmentação das substâncas em apreço. Contudo, quanto maor for o número de varáves afectas ao sstema, maor será o erro de cálculo. Por outro lado, nestas stuações se se optar pela solução deal, ou seja, quando a quantdade máxma possível descarregar (VLE) corresponder à quantdade que se degrada (Y), num mesmo ntervalo de tempo, não há recuperação do meo receptor, pelo que o valor real a adoptar terá de ser sempre nferor à quantdade degradada e terá de ser tão mas restrtvo, quanto maor for o grau de contamnação, ou seja: VLE < Y desde que OQ GC < Y (14) 3 OBSERVAÇÕES Com o presente trabalho pretende-se crar uma ferramenta de trabalho, que permta de uma forma expedta calcular os valores lmte de emssão, para as substâncas pergosas da Lsta II para as quas venham a ser defndos PRP, adequados à escala regonal e da baca hdrográfca ou local em função das característcas técncas das undades ndustras exstentes, sua localzação geográfca e objectvos de qualdade específcos para o meo receptor hídrco. Na adopção da presente metodologa deverá ter-se em conta os seguntes aspectos: Para bacas sem caudal permanente, o cálculo dos valores lmte de emssão por empresa deverá ser efectuado a partr do VLE calculado para as descargas no meo receptor, sem se entrar em conta com a correcção do factor dlução. De forma a não se colocar em causa a lberdade de concorrênca entre as váras empresas, de um mesmo sector, o cálculo dos valores lmte de emssão, para além de ser feto para as mesmas cargas másscas, também deverá ser efectuado a partr dos caudas médos descarregados por sector de actvdade, estmados nos estudos de caracterzação das undades potencalmente produtoras/utlzadoras de substâncas pergosas levados a cabo pelas Comssões de Coordenação e Desenvolvmento Regonal na sequênca da aplcação da Drectva 76/464/CEE, e/ou a partr dos estudos que tenham sdo levados a cabo no âmbto dos Contratos de Adaptação Ambental e dos Planos de Baca Hdrográfca. Deverá recomendar-se às empresas que adoptem meddas com vsta à dmnução dos caudas descarregados, para que se atnja o caudal tecncamente possível mas baxo. 4
5 Não poderá ser permtdo efectuar as descargas de uma só vez, devendo para o efeto estabelecer-se um valor máxmo, por substânca, possível descarregar por da, uma vez que as descargas pontuas poderam afectar de medato a qualdade dos ecossstemas dos meos receptores. A aplcação desta metodologa à totaldade das empresas produtoras/utlzadoras de uma dada substânca pergosa, presentes num dado momento numa baca, revela que sera necessáro rever os cálculos sempre que uma nova empresa se qusesse mplantar nessa mesma baca. Logo, para que não se coloque em rsco a entrada de novas empresas no mercado, os valores lmte de emssão a adoptar deverão ser encontrados entre os valores mas restrtvos. Com a presente metodologa também é possível avalar descarga a descarga por colector, permtndo às entdades que gerem estes sstemas adequar a sua gestão, de forma a dar cumprmento ao estpulado para a descarga no meo receptor. AGRADECIMENTOS Agradece-se a colaboração da Professora Doutora Mara Isabel Ferra, do Departamento de Químca da Unversdade da Bera Interor e do Eng.º Paulo Cruz, da Eng.ª Mara José Nunes e da Eng.ª Sofa Delgado, da Comssão de Coordenação e Desenvolvmento Regonal do Algarve. 5
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