Materiais didáticos e formação de professores
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- Melissa Costa Belmonte
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1 Matriais didáticos formação d profssors Lívia Márcia Tiba Rádis Baptista Univrsidad Fdral do Cará Considraçõs iniciais O matrial didático é um ponto d rfrência para o trabalho docnt, um rcurso a mais para a aprndizagm. Portanto, é ncssário qu no âmbito das Licnciaturas s problmatiz o papl a l atribuído s rflita sobr as possívis implicaçõs da scolha mprgo d dtrminados matriais na condução da prática docnt no procsso d aprndizagm no contxto scolar. Sndo assim, ao longo dst trabalho, discorrrmos a rspito da dimnsão formativa do nsino da língua strangira na scola (com ênfas para o spanhol) insistirmos na ncssidad d qu a lição dos matriais didáticos tnha como foco a construção ampliação dos conhcimntos dos difrnts sujitos a fim d promovr a ducação linguística a inclusão social. Em outras palavras, qu o matrial didático possa sr visto como uma altrnativa qu contribua para a instauração o fomnto da autonomia na aprndizagm para o ltramnto crítico dos alunos. E, dss modo, qu o futuro profssor possa avaliá-lo, a partir d critérios condiznts com o carátr a naturza do nsino d línguas no contxto scolar. Sobr o nsino d spanhol na scola Ao tratar dos matriais didáticos da formação d profssors, s faz prciso considrar o papl do nsino d spanhol ou d línguas na scola, tanto no qu tang à formação dos sujitos sua inclusão social quanto com rspito a sua rlação com as dmais áras d conhcimnto com a construção d comptências almjadas. Nst sntido, nos rmtmos as Orintaçõs Curriculars para o Ensino Médio (BRASIL, 2006, p. 129) tndo m vista a mnção ao papl ducativo qu pod ou dv tr o nsino d línguas na scola, pois a l cab (...) proporcionar m trmos d inclusão social étnica, na constituição d sua cidadania, local global; dos dsafios qu nos impõ, nss sntido, uma socidad globalizada, informatizada, m qu as próprias frontiras das tradicionais formas d manifstação da linguagm, ants tratadas no nsino d línguas como as quatro habilidads I CIPLOM: Foz do Iguaçu - Brasil, d 19 a 22 d outubro d 2010 ISSN p
2 comprnsão scrita, comprnsão oral, xprssão scrita, xprssão oral, s intrpntram dilum. Outro ponto mncionado é qu o nsino do spanhol prcisa possuir um sntido qu transcnda o carátr puramnt vicular (BRASIL, 2006, p. 129), d forma qu tnha pso no procsso ducativo vivnciado plos studants, xpostos à altridad, à divrsidad, à htrognidad. Além dsss aspctos, cab notar a alusão ao contxto m qu s dá o nsino d spanhol, m concrto, a difrnça ntr o nsino do spanhol no âmbito rgular no do nsino livr (BRASIL, 2006, p. 131), já qu Trata-s d xpriências d naturza difrnt, qu não podm sr confundidas nm msmo quando o nsino das línguas na scola é trcirizado. Não s trata d qustionar ou criticar a atuação das scolas/acadmias d línguas, mas d fazr vr qu não s podm idntificar a proposta os objtivos dsss institutos com a proposta ducativa os objtivos do nsino d Línguas Estrangiras no spaço da scola rgular, no qual o nsino da língua strangira, ritramos, não pod nm sr nm tr um fim m si msmo, mas prcisa intragir com outras disciplinas, ncontrar intrdpndências, convrgências, d modo a qu s rstablçam as ligaçõs d nossa ralidad complxa qu os olhars simplificadors tntaram dsfazr; prcisa, nfim, ocupar um papl difrnciado na construção coltiva do conhcimnto na formação do cidadão. É ncssário, ainda, tr claro qu o conhcimnto d uma língua strangira ou outras no nívl d nsino m qu s ncontram os alunos, qual sja o básico, pod lvá-los a vr-s constituir-s como sujito a partir do contato da xposição ao outro, à difrnça, ao rconhcimnto da divrsidad (Brasil, 2006, p. 133). Dssa ótica, portanto, os objtivos do nsino d spanhol, no contxto scolar, visam, prioritariamnt, o stablcimnto d uma rflxão, consistnt profunda, sobr o strangiro suas (intr)rlaçõs com o nacional, tornando conscints noçõs tais como as d cidadania, d idntidad, d plurilinguismo d multiculturalismo, rlacionadas tanto à língua matrna quanto à strangira (BRASIL, 2006, p. 149). Esss xmplos sumariamnt xpostos srvm para nos situar quanto à spcificidad do nsino d spanhol na scola, aos objtivos qu possam dar-lh sustntação, às comptências qu prcisam sr invstidas potncializadas, ainda, quanto à construção das subjtividads formas d nfrntar-s com as divrsas altridads. I CIPLOM: Foz do Iguaçu - Brasil, d 19 a 22 d outubro d 2010 ISSN p
3 Em conformidad com ssa prspctiva, ntndmos qu o matrial didático é uma rfrência para o trabalho docnt, constituindo-s m um rcurso a mais para a aprndizagm dos alunos. Dssa ótica, a anális, lição mprgo dos distintos matriais didáticos podm contribuir para a construção a ampliação dos conhcimntos dos difrnts sujitos para a sua participação social d forma crítica rflxiva. Contudo, como possibilitar, no âmbito da Licnciatura, aos futuros profssors algumas dirtrizs para qu ls possam concbr os matriais didáticos como rcursos qu favorçam a aprndizagm no âmbito scolar? E mais: como, ao mprgar os distintos matriais, ntr os quais incluímos o livro didático, s possa stablcr uma rlação d autonomia, pautada pla atitud rflxiva frnt às propostas fins do matrial lito? Sm prtndr rspondr dfinitiva cabalmnt as qustõs antriors, mas com o intuito d contribuir para ampliar a rflxão m torno dos matriais didáticos a forma d abordá-los na formação inicial d profssors, propomos chamar a atnção para a strita rlação ntr a scolha dsss matriais sus fitos no nsino. Sndo assim, intrssa assinalar qu é um rcurso para a aprndizagm como tal prcisa sr valorizado prcisam sr rconhcidas as possívis implicaçõs advindas d crtas scolhas no qu s concrn ao nsino a aprndizagm na scola, um contxto bastant spcífico, como assinalamos. Ora o xposto nos lva a pondrar qu, ao optar por dtrminado matrial, s faz ncssário qu o futuro profssor s sinta capaz d avaliá-lo d intgrá-lo ao su projto d nsino, conform cornt com sua visão d nsino com a sua comprnsão acrca do papl do nsino da língua strangira, no caso o spanhol, para a formação do aluno. Rconhcmos, porém, qu há divrsos difrnts fators qu podrão condicionar ou até msmo dtrminar a lição dos matriais didáticos como, por xmplo, a idad dos alunos, o númro d alunos por sala a tcnologia disponívl na scola. No ntanto, ntndmos qu o futuro profssor prcisa comprndr quais são as concpçõs tórico-mtodológicas qu mbasam o matrial, como nl são concbidos os sujitos alvos da aprndizagm, m trmos da aquisição dsnvolvimnto d suas comptências habilidads na língua strangira d sua dimnsão sócio-cognitiva, cultural humana. E qu I CIPLOM: Foz do Iguaçu - Brasil, d 19 a 22 d outubro d 2010 ISSN p
4 possa, assim, tr claro quais sriam os fins da aprndizagm d línguas na scola s as atividads contúdos proporcionam condiçõs qu os favorçam ou potncializm. Sobr o matrial didático, aprndizagm nsino A scola mais rstritamnt a sala d aula não são spaços nutros, mas sim d confrontos; confrontos d pontos d vista, d idntidads, d valors d prcpçõs. Sndo d tal modo, lidar com as divrgências difrnças prssupõ lidar com a formação para a cidadania com a inclusão social dos sujitos. Nst sntido, no âmbito da formação inicial é d fundamntal importância qu s stablça, com clarza, uma filosofia d trabalho qu orint a prática docnt, o qu s rfltirá, sm dúvida, sobr a forma d planjar as aulas; d slcionar contúdos tratá-los; d conduzir as aulas; d tratar das difrnças linguísticas, discursivas culturais, por xmplo. Dizndo d outro modo, é no âmbito da formação inicial qu podmos dfinir açõs para qu os futuros profssors possam lidar, criticamnt, com os difrnts matriais qu vão incorporar à sua prática. Dstart, é fundamntal qu olhmos discutamos nos cursos d formação inicial a rlação ntr os distintos contúdos propostos sua articulação com as difrnts áras d conhcimnto; qu s obsrv m qu mdida m qu aspctos o matrial slcionado mprgado possibilita qu os contúdos a srm xplorados s convrtam m xpriências significativas rlvants d aprndizagm. Ou ainda, m qu mdida crtos contúdos contribum para a aquisição dsnvolvimnto d comptências mais complxas na língua alvo, como são as d comprnsão produção oral scrita. Assim, por xmplo, importa analisar nos difrnts matriais d nsino mais spcificamnt nos livros didáticos quais são as torias qu orintam a laboração da proposta do matrial, qu ntndm por aprndizagm por nsino, como s organizam os contúdos quais são sss como s rlacionam com os objtivos propostos. D forma análoga, intrssa obsrvar o qu s valoriza nos sujitos aprndizs: s são suas capacidads criativas, intrprtativas, críticas ou a mmorização /ou a rptição. Já qu d acordo com ss prfil s dliniam ou s I CIPLOM: Foz do Iguaçu - Brasil, d 19 a 22 d outubro d 2010 ISSN p
5 dfinm dtrminadas propostas d atividads xrcícios, qu podm favorcr ou lvar a uma condição psicológico-aftiva positiva com rspito à aprndizagm. Nst sntido, intrssa notar como é tratada a dimnsão visual (imagns cors) a sonora (gravaçõs d sons, música, vozs), além da lição d tmas atividads qu possam sr motivadoras rlacionadas ao univrso dos alunos. Além dsss aspctos, é prciso idntificar analisar s as atividads proporcionam intração (m grupos ou pars) ou s s são fundamntalmnt individuais. E, consquntmnt, o qu visam dsnvolvr: s uma ou mais habilidads comunicativas comptências, s a capacidad d manipular mostras linguísticas a partir d um modlo, s a capacidad d rptição, o conhcimnto d rgras, a mmorização do vocabulário ou a capacidad d socializar intragir na língua strangira. Ainda com rspito à visão do aluno as propostas d atividads aquisição d comptências, por xmplo, é important obsrvar como são tratadas a comprnsão a produção oral scrita. Assim, por xmplo, s as atividads contúdos podm conduzir o aluno a dsnvolvr sua comptência litora, ntndida d forma rflxiva, comprnsiva, com bas m um ltramnto crítico ou s staria atrlada a uma visão d litura prdominantmnt stratégica. S os txtos aos quais srá xposto o aluno primam pla divrsidad gnérica, discursiva linguística s são autênticos ou construídos com objtivos didáticos. Do msmo modo, s s prtnd qu ss aluno dsnvolva sua produção scrita, tomando su lugar como autor, rvisando avaliando sus txtos, prcbndo-s produtor d txto; conformando sua produção aos divrsos fins da scrita, d forma a dsnvolvr capacidads txtuais discursivas ampliar su rprtório gnérico ou qu sja visto como um mro rptidor d struturas dsconxas. Em sínts, s s prtnd qu ss aluno mmoriz rgras d gramática, rpita frass struturas, ou ainda, qu l possa intragir, xprssar idéias, pontos d vista, argumntar, discordar, posicionar-s construir com o outro uma rlação vrdadiramnt dialógica por mio da comprnsão produção d txtos orais scritos na língua strangira. Ou ainda, s são contmplados os ltramntos I CIPLOM: Foz do Iguaçu - Brasil, d 19 a 22 d outubro d 2010 ISSN p
6 multiculturais ou multiltramntos, ou sja, aquls qu comprndm os da cultura scolar os dominants, os da cultura local os d massa; os ltramntos multismióticos, ou sja, aquls qu abarcam as divrsas linguagns smioss (oral, scrita, musical, imagética); os ltramntos críticos protagonistas, ou sja, os qu nvolvm o tratamnto ético dos discursos produzidos na socidad m suas divrsas mídias culturas (ROJO, 2009, p ). Admais dos aspctos lncados, concrnnts ao prfil do aluno objtivos d aprndizagm m trmos d crtas comptências habilidads, intrssa lvar os futuros profssors a uma rflxão sobr qu concpção d língua orinta ss matrial. S há spaço para os sujitos sus falars, s os contúdos dfinidos m dado matrial não s limitam a mostras strotipadas da língua, dsconctadas d sus sujitos produtors, d suas corporalidad sntido. Assim sndo, intrssa obsrvar como s ntndm s aprsntam a gramática o léxico. Quanto à gramática, s pod obsrvar como é aprsntada (s d forma xplícita ou implícita) como são ofrcidas as xplicaçõs gramaticais (s por mio d squmas, s rlacionadas com a língua dos studants, s rfridas a xmplos txtuais ou s xpostas a partir da rgra das rspctivas xcçõs). Ainda s s dsnvolvm atividads pilinguísticas, focadas na rflxão, m caso afirmativo, como são introduzidas (s ants d outras atividads, no curso dssas ou dpois). Quanto ao léxico, convém idntificar quais são os critérios para sua slção: s aparcm primiro os vocábulos mais comuns (léxico d bas), sguidos dos mais raros; s s adotam critérios como os da complxidad ou da funcionalidad (d acordo com o tma da unidad). Ou ainda, s há procupação com qustõs d naturza smântica discursiva. Não mnos important ainda são as dimnsõs cultural intrcultural. Nst sntido, intrssa xaminar como s aprsntam as distintas socidads, s d forma anacrônica, strotipada, ou ainda, complxa multifactada. Convém, ao msmo tmpo, rfltir acrca do s ntnd como cultura como o componnt cultural é introduzido: s s trata d uma slção d tópicos ou d fitos d um grupo social, s s rproduzm strótipos práticas discriminatórias, racistas, I CIPLOM: Foz do Iguaçu - Brasil, d 19 a 22 d outubro d 2010 ISSN p
7 viculando-s dtrminadas idologias 1. Ou s s abr a possibilidad d olhar mais amplamnt para os dmais, invstindo-s na pluralidad, nas difrnts formas d habitar d dar sntido ao mundo, d construir sabrs qustionar podrs por mio d rlaçõs dialógicas stablcidas historicamnt através das distintas práticas discursivas. Nst viés, s há brchas para dslocar-s discursos hgmônicos, para dsconstrução d práticas discriminatórias para a afirmação das difrnts idntidads dos distintos grupos sujitos. Considraçõs finais Ao longo dst trabalho, propusmos uma rflxão a rspito do matrial didático, m spcial no qu tang à formação inicial d profssors ao nsino à aprndizagm do spanhol no contxto scolar. Daí, portanto, nossa ênfas na spcificidad dss contxto, já qu, como bm assinalam Willians Burdm (2008, p.123), a aprndizagm d línguas tm uma dimnsão fortmnt social pois A linguagm, ao fim ao cabo, prtnc a toda ssência social da pssoa; é part d sua idntidad s utiliza para transmitir idntidad a outras pssoas. A aprndizagm d um idioma implica muito mais qu a aprndizagm d habilidads o d um sistma d normas ou d uma gramática; implica uma altração da autoimagm, a adoção d novas condutas sociais culturais d novas formas d sr, plo qu produz um impacto important na naturza social do aluno. Sndo assim, considramos qu os matriais didáticos rprsntam possibilidads para uma aprndizagm significativa, qu prssupõ, por sua vz, mudanças nos sujitos; mudanças m suas condutas práticas sociais culturais. Dss modo, os matriais didáticos podm contribuir para promovr a aquisição dsnvolvimnto d comptências amplas qu possam conduzir a construção d conhcimntos d divrsa naturza complxidad, qu, por sua vz, podrão lvar a tais mudanças. Para finalizar, não podmos dixar d dizr qu não xist um matrial idal, prfito para todo qualqur sistma d nsino aprndizagm, pois sria problmático /ou ingênuo supor ou acrditar qu o procsso d aprndizagm s dá d modo idêntico nos difrnts contxtos qu os alunos rspondm d forma 1 Conform Van Dijk (2003) as idologias são sistmas d idias d grupos sociais movimntos. Elas não somnt dão sntido ao mundo (dsd o ponto d vista do grupo), mas também fundamntam as práticas sociais d sus mmbros. I CIPLOM: Foz do Iguaçu - Brasil, d 19 a 22 d outubro d 2010 ISSN p
8 única. Contudo, apsar disso, ntndmos qu é imprscindívl tr clarza quanto à dimnsão mais ampla do nsino d línguas no contxto scolar quanto aos objtivos qu o orintam. E, assim sndo, buscar nos matriais clarza quanto ao prfil d alunos nl dlinado, sja m trmos d sua insrção social formação, sja m trmos do dsnvolvimnto d suas potncialidads comptências; quanto ao papl qu nos cab como mdiadors na construção conjunta dos conhcimntos; quanto à rlvância das capacidads mais lvadas d crítica d rflxão; quanto à mudança d atituds, prcpçõs, rprsntaçõs valors quanto à dsconstrução das práticas discriminatórias racistas. São ssas, nfim, algumas das dirtrizs qu nos podm conduzir a olhar, obsrvar slcionar o matrial didático como um construto d possibilidads não como um fim m si msmo. Rfrências BRASIL/SEB/MEC. Orintaçõs Curriculars para o Ensino Médio. Linguagns, Códigos suas Tcnologias. (2006): Brasília: Scrtaria d Educação Básica, Ministério da Educação, Scrtaria d Educação Básica. Rojo, Roxan. (2009): Ltramntos múltiplos: scola inclusão social. São Paulo: Ed. Parábola. VAN DIJK, Tun A. (2003): Idología y discurso. Barclona: Aril. Williams, Marrion; Burdn, L.Robrt. (2006): Psicología para profsors d idiomas. Enfoqu dl constructivismo social. Madrid: Ed. Edinumn. I CIPLOM: Foz do Iguaçu - Brasil, d 19 a 22 d outubro d 2010 ISSN p
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