UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz Departamento de Economia, Administração e Sociologia ISSN

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2 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Escola Superor de Agrcultura Luz de Queroz Departamento de Economa, Admnstração e Socologa Ana Lúca Kassouf 1. Trabalho nfatl: causas e conseqüêncas. Pesqusa no. P-57. Departamento de Economa, Admnstração e Socologa. Praccaba, Esalq/USP, ISSN 1 Professor Ttular Esalq/USP. E-mal: alkassou@esalq.usp.br As opnões emtdas nesta publcação são de exclusva e ntera responsabldade dos autores, não exprmndo, necessaramente, o ponto de vsta do Departamento de Economa, Admnstração e Socologa ou da ESALQ/USP. É permtda a reprodução deste texto e 2dos dados contdos, desde que ctada a fonte.

3 Sére Pesqusa, n. 57 Av. Pádua Das, 11 Praccaba SP Caxa Postal 9 Cep Fax: (19) Fone DDR (19) les@esalq.usp.br Dados Internaconas de Catalogação na Publcação (CIP) DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - ESALQ/USP SÉRIE PESQUISA. DEPARTAMENTO DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA / Escola Superor de Agrcultura Luz de Queroz. - - n. 1, Praccaba, Publcado de forma eletrônca: a partr do n., 2006-, os artgos deste peródco estão dsponíves para acesso na URL Publcado de forma mpressa: ISSN: Perodcdade: Irregular Título anteror: Sére Pesqusa. Departamento de Economa e Socologa Rural da Escola Superor de Agrcultura Luz de Queroz Praccaba, Título posteror: Sére Pesqusa. Departamento de Cêncas Aplcadas da Escola Superor de Agrcultura Luz de Queroz Praccaba, Admnstração Peródco 2. Economa Peródco 3. Socologa Peródco I. Escola Superor de Agrcultura Luz de Queroz. Departamento de Economa, Admnstração e Socologa II. Título CDD

4 TRABALHO INFANTIL: CAUSAS E CONSEQÜÊNCIAS Ana Lúca Kassouf 1. Introdução. O tema trabalho nfantl, assm como o tratamento analítco dado não são tão recentes na lteratura. Apesar de não ter se ncado na revolução ndustral, mutos hstoradores apontam para um agravamento da utlzação de mão-de-obra nfantl nesta época. Já em 1861 o censo da Inglaterra mostrava que quase 37% dos mennos e 21% das mennas de 10 a 14 anos trabalhavam. Pesqusa recente feta por Tuttle (1999) mostra que cranças e jovens com menos de 18 anos representavam mas de um terço dos trabalhadores nas ndústras têxtes da Inglaterra no níco do século XIX e mas de um quarto nas mnas de carvão. Apesar da excepconal ntensdade do trabalho nfantl na Inglaterra, outros países também apresentavam taxas altas de cranças trabalhando por volta de 1830 e 1840, como França, Bélgca e Estados Undos. Os prmeros relatos do trabalho nfantl no Brasl ocorrem na época da escravdão, que perdurou por quase quatro séculos no país. Os flhos de escravos acompanhavam seus pas nas mas dversas atvdades em que se empregava mão-de-obra escrava e exercam tarefas que exgam esforços muto superores às suas possbldades físcas. O níco do processo de ndustralzação, no fnal do século XIX, não fo muto dferente de outros países no tocante ao trabalho nfantl. Em 1890, do total de empregados em estabelecmentos ndustras de São Paulo, 15% era formado por cranças e adolescentes. Nesse mesmo ano, o Departamento de Estatístca e Arquvo do Estado de São Paulo regstrava que um quarto da mão-de-obra empregada no setor têxtl da captal paulsta era formada por cranças e adolescentes. Vnte anos depos, esse equvalente já era de 30%. Já em 1919, segundo dados do Departamento Estadual do Trabalho, 37% do total de trabalhadores do setor têxtl era cranças e jovens e, na captal paulsta, esse índce chegava a 40% [Organzação Internaconal do Trabalho - OIT (2001)]. Estudo realzado para ser apresentado na prova públca oral de erudção do concurso de provmento de um cargo de Professor ttular do Departamento de Economa, Admnstração e Socologa da ESALQ, Unversdade de São Paulo no da 09 de novembro de

5 Basu (1999) destaca que a orgem dos modelos matemátcos e de construções teórcas relaconados à problemátca do trabalho de cranças pode ser encontrada em relatos de escrtores como Karl Marx, Alfred Marshall e Arthur Pgou, entre outros. Marx, em 1867, já descreva algumas das causas do trabalho nfantl. Segundo ele, com o advento das máqunas, reduz-se a necessdade da força muscular, permtndo agora o emprego de trabalhadores fracos ou com desenvolvmento físco ncompleto, mas com membros mas flexíves. Assm, emprega-se o trabalho das mulheres e das cranças. Marx observa que o fato de a máquna reduzr o tempo necessáro de trabalho, faz com que o empregador, detendo os meos de produção, acabe reduzndo o saláro dos trabalhadores e, consequentemente, o meo de sobrevvênca das famílas. A redução dos saláros acaba, mutas vezes, forçando o trabalhador homem adulto a nserr toda a famíla no mercado de trabalho para compensar a perda de renda. Dz Marx que... de poderoso meo de substtur trabalho e trabalhadores, a maqunara transformou-se medatamente em meo de aumentar o número de assalarados, colocando todos os membros da famíla do trabalhador, sem dstnção do sexo e de dade, sob o domíno dreto do captal.... (pg 449, lvro 1 vol1, publcado em 1867). Marshall (1890), falando do crescmento da lvre ndústra e da empresa, descreve que jornadas longas de trabalho de cranças já ocorram no século XVII, sto é, antes da revolução ndustral. Entretanto, fo no níco do século XIX, prncpalmente nas ndústras têxtes, onde a mséra e a enfermdade físca e moral causada pelo trabalho excessvo em más condções atnge o apogeu. Marshall também mostra a mportânca de se nvestr em captal humano e o papel dos pas e da escola para formar jovens para um futuro melhor. Segundo ele, There s no extravagance more prejudcal to the growth of natonal wealth than that wasteful neglgence whch allows genus that happens to be born of lowly parentage to expend tself n lowly work. No change would conduce so much to a rapd ncrease of materal wealth as an mprovement n our schools, and especally those of the mddle grades, provded t be combned wth an extensve system of scholarshps, whch wll enable the clever son of a workng man to rse gradually from school to school tll he has the best theoretcal and practcal educaton whch the age can gve. (Alfred Marshall lvro 4, cap. 6 Industral Tranng, publcado em 1890). Pgou (1932) defenda a erradcação do trabalho nfantl, mas estava cente de que mpedr as cranças de trabalhar podera levar algumas famílas pobres a níves nferores ao 2

6 de subsstênca. Cente dsso, ele assocava a elmnação do trabalho nfantl com polítcas públcas de assstênca às famílas necesstadas. Segundo ele, There s no defense for the polcy of gvng poor wdows and ncapable fathers permsson to keep ther chldren out of school and take ther earnngs. Rather, the Commttee on the Employment of Chldren Act are wholly rght when they declare: We feel, moreover, that the cases of wdows and others, who are now too often economcally dependent on chld labor, should be met, no longer by the sacrfce of the future to the present, but, rather, by more scentfc, and possbly by more generous, methods of publc assstance." (Arthur Pgou. The Economcs of Welfare, publcado em 1920). Após o trabalho nfantl ser largamente dscutdo entre escrtores e pensadores do século XIX, o tema passa a ser neglgencado por economstas durante muto tempo 1. O nteresse em pesqusas e análses econômcas sobre o assunto só ressurge por volta de Dado que vem ocorrendo um declíno da ncdênca global de trabalho nfantl por váras décadas, questona-se então qual sera o fator responsável pelo aumento de nteresse recente em pesqusas sobre o assunto. Basu e Tzannatos (2003) destacam como prncpal fator a crescente ênfase na redução da pobreza e na acumulação de captal humano para obter desenvolvmento, que faz com que o trabalho nfantl seja vsto como um mpedmento ao progresso econômco. O recente nteresse acadêmco concde com a elevação do número de polítcas naconas e nternaconas voltadas para a redução do trabalho nfantl. As prncpas convenções nternaconas englobam: a das Nações Undas para o Dreto das Cranças, em 1989, a convenção 182 da OIT para elmnação das pores formas de trabalho nfantl, em 1999 e a Declaração do Mlêno com ênfase na redução da pobreza e na educação unversal, estabelecda em No Brasl, a partr de dezembro de 1998, com a aprovação da Emenda Consttuconal número 20, a dade mínma de 14 anos, que hava sdo estabelecda na Consttução de 1988, passa para 16 anos, salvo na condção de aprendz entre 14 e 16 anos de dade. Anda a respeto da legslação braslera, estabeleceu-se a dade mínma de 18 anos para aqueles envolvdos em trabalhos que possam causar danos à saúde e, 1 O declíno do trabalho nfantl, que ocorreu no fnal do século XIX nos países europeus e nos Estados Undos, é atrbuído ao desenvolvmento econômco, ao aumento da rqueza, assm como à cração de les, tanto regulamentando e/ou mpedndo o trabalho nfantl, como tornando a educação básca compulsóra, o que acabou dfcultando às cranças conclarem trabalho e estudo. 3

7 especfcamente, proíbe qualquer produção ou trabalho de manpulação de materal pornográfco, dvertmento (clubes noturnos, bares, cassnos, crco, apostas) e comérco nas ruas. Ademas, proíbe trabalhos em mnas, estvagem, ou qualquer trabalho subterrâneo para aqueles abaxo de 21 anos. As análses empírcas vsando obter as causas, conseqüêncas e soluções para o trabalho nfantl estão agora sendo facltadas pelo aumento da dsponbldade de mcrodados e pelas facldades computaconas dsponíves, tanto de hardware como de software, que permtem analsar e testar proposções e polítcas alternatvas de ntervenção. Isso resulta em um maor entendmento dos mecansmos de alocação de tempo dentro do domcílo, suas nterações com as forças de mercado e o efeto dessas nterações no trabalho nfantl. No Brasl, a prncpal pesqusa utlzada para analsar o trabalho nfantl é a Pesqusa Naconal por Amostra de Domcílos (PNAD). Outras pesqusas trazem também nformações mportantes sobre o trabalho das cranças, como a Pesqusa Mensal de Emprego (PME), dados do Sstema Naconal de Avalação da Educação Básca (SAEB), censo demográfco e outras. Este estudo tem como objetvo apresentar, de forma resumda, o que se conhece na lteratura econômca sobre trabalho nfantl e ndcar dreções para futuros estudos. Incalmente, apresentam-se déas e dados sobre o trabalho de cranças na época da revolução ndustral e como o tema ressurge nos anos 90. Em seguda, são apresentados alguns modelos teórcos e econométrcos utlzados mas recentemente para modelar o trabalho nfantl, assm como os fatores que levam a crança a trabalhar e as conseqüêncas do trabalho precoce. Para fnalzar, são apresentadas e dscutdas algumas polítcas públcas de combate ao trabalho nfantl. 2. Dados e Defnções do Trabalho Infantl. Apesar de a ncdênca de trabalho nfantl estar dmnundo, um grande número de cranças contnua trabalhando e por um período longo de horas. O Departamento de Estatístca da Organzação Internaconal do Trabalho estmou em 2000 que, mundalmente, exstam em torno de 211 mlhões de cranças entre cnco e 14 anos trabalhando. As maores porcentagens eram observadas na Ása, na Áfrca e na Amérca Latna. Enquanto a 4

8 Ása tnha a maora dos trabalhadores nfants em termos absolutos, a Áfrca ocupava o prmero lugar em termos relatvos [ILO (2002)]. No Brasl, dados da PNAD de 2003 mostram que anda exstem mas de dos mlhões e setecentas ml cranças e jovens de cnco a 15 anos trabalhando ou 7,5% do total nessa faxa etára, apesar de ter havdo um declíno acentuado, prncpalmente, a partr da metade da década de 90. Em 1992, por exemplo, hava quase cnco mlhões e meo de cranças trabalhando, correspondendo a 14,6% da população entre cnco e 15 anos. As estatístcas sobre o trabalho nfantl levantadas em dversos países do mundo devem ser analsadas com cudado, pos os valores podem estar subestmados ou superestmados. Os levantamentos de dados realzados, geralmente, contablzam o trabalho efetuado por cranças na semana anteror à pesqusa. Entretanto, Levson et al. (2002) apontam que se consderado o trabalho no ano, o número de trabalhadores nfants é bem maor. Isto ocorre, segundo os autores, pelo fato de uma parte do trabalho de menores ser sazonal e ntermtente. Exste anda o problema de não se consderar o trabalho dentro do domcílo, largamente realzado por mennas, o que pode ser a explcação para o fato de haver uma maor porcentagem de mennos trabalhando. Em mutos países, como na Índa, o trabalho realzado por mennas dentro do domcílo é tão árduo que até as mpede de estudar [Burra (1997)]. Além de problemas de subestmação, exste também o de superestmação, que ocorre ao se consderar como trabalhador aquele que exerce atvdades por uma hora ou mas na semana. Com essa defnção, são consderadas economcamente atvas mutas cranças que trabalham anda que um número reduzdo de horas por semana, o que acaba nvelando o trabalho de rsco exercdo por menores durante longas jornadas, como o corte da cana-de-açúcar ou ssal, com uma smples ordenha de lete ou coleta de ovos na fazenda por alguns mnutos por da. Dante dsso, a OIT dferenca o trabalho de menores e denomna de chld laborer todas as cranças com menos de 12 anos exercendo qualquer trabalho e todas as de 12 a 14 anos que trabalham em atvdades que não são de rsco por 14 horas ou mas na semana ou uma hora ou mas na semana quando a atvdade é de rsco. Para exemplfcar as sub e superestmações menconadas, utlzaremos os dados do Brasl da Pesqusa Naconal por Amostra de Domcílos (PNAD) de Consderando 5

9 trabalho remunerado ou não, cranças entre 5 e 15 anos trabalham uma hora ou mas na semana anteror à pesqusa, não nclundo as cranças procurando emprego ou exercendo atvdades doméstcas. Se consderarmos apenas aquelas exercendo atvdades por 14 horas ou mas na semana, o número ca para Os afazeres doméstcos por 14 horas ou mas na semana são exercdos por cranças e jovens de 5 a 15 anos de dade. Então, se defnrmos o trabalho como sendo aquele exercdo por mas de 13 horas por semana em atvdades doméstcas ou não, sem dupla contagem, teríamos menores. Se contablzarmos o número de cranças trabalhando por uma hora ou mas na semana em qualquer trabalho que tenha tdo no ano anteror à pesqusa, o número de cranças passa de para Se nclurmos as que trabalharam no ano e as procurando emprego tem-se (ver Tabela 1). Tabela 1 Número e porcentagem de cranças trabalhando. Cranças de 5 a 15 anos Número % Trabalhando 1 hora ou mas na semana ,5 Trabalhando 14 horas ou mas na semana ,5 Trabalhando ou exercendo atvdades doméstcas por 14 horas ou mas na semana ,6 Trabalhando 1 hora ou mas na semana em qualquer trabalho que ,8 tenha tdo no ano anteror à pesqusa Trabalhando no ano e procurando emprego ,0 Fonte: PNAD, Dante do exposto, fca evdente que não exste uma únca defnção de trabalho nfantl. A maora dos estudos, prncpalmente pela dsponbldade de dados, consdera o trabalho de cranças por uma hora ou mas na semana. Entretanto, em pesqusas mas específcas são utlzadas nformações sobre o trabalho doméstco ou a população economcamente atva de cranças, sto é, as trabalhando e procurando emprego. Outro ponto mportante é a própra defnção de crança, que dfere de um país para outro. Enquanto em algumas áreas a nfânca é relaconada à dade cronológca, em outras, fatores socas e culturas também são consderados. Nos estudos sobre o trabalho nfantl, geralmente, estabelece-se a faxa etára a ser analsada de acordo com a legslação vgente no local de estudo, que também dfere sgnfcatvamente de um país para outro. 6

10 A legslação braslera é uma das mas rígdas em relação à dade mínma de ngresso no mercado de trabalho, equparando-se aos Estados Undos e à França. Na Inglaterra, por exemplo, a dade mínma é de 13 anos, na Bélgca e na maora dos países da Amérca Latna é de 14 e em países como Suíça, Alemanha, Itála e Chle a dade mínma é 15 anos [ILO (1998)]. 3. Modelos Teórcos Explcatvos do Trabalho Infantl. Como descrto anterormente, a orgem dos modelos matemátcos e de construções teórcas relaconados ao fato de a crança trabalhar pode ser encontrada em relatos de escrtores como Karl Marx, Alfred Marshall, Arthur Pgou e outros. Nesta seção, objetvando mostrar o desenvolvmento de pesqusas sobre o trabalho nfantl, serão apresentados alguns estudos mas recentes que utlzaram modelos teórcos. Rosenzweg (1981) utlza a teora econômca básca de decsão famlar para explcar a alocação de tempo entre trabalho, escolardade e lazer de cranças na Índa. Essa teora, proposta por Gary Becker, consdera que o tempo é dstrbuído entre trabalho, lazer e escola. Pressupõe que a famíla derva utldade a partr do consumo de bens, de servços e de lazer, e que lazer é preferível ao trabalho. Os ndvíduos desejam o máxmo de bens que podem obter. Entretanto, se defrontam com restrções de tempo e de renda. O desejo de consumr sempre mas bens e as restrções de tempo e renda cram regmes de trocas, uma vez que mas tempo gasto em uma determnada tarefa sgnfca menos tempo despenddo em outra. Então, a escolha de trabalhar ocorre, apesar de lazer ser preferível a trabalho, pos lazer mplca menos renda para consumr bens de mercado. A escola é vsta, nesse modelo, como um nvestmento, com custos presentes e benefícos futuros. A troca, neste caso, está relaconada à quantdade de bens de consumo e benefícos a que se deve renuncar no presente, uma vez que a crança não trabalha e tem custos com educação (taxas escolares, unforme, materal, transporte etc.), com relação ao ganho adconal obtdo no futuro por ter um maor nível de nstrução. Assm, o trabalho nfantl e o tempo na escola são determnados pela alocação do tempo dos membros do domcílo em dversas atvdades e o desejo por benefícos futuros, educação e consumo corrente. Qualquer fato que altere os benefícos ou custos da educação ou as restrções 7

11 enfrentadas pela famíla, poderá afetar a quantdade de educação que a crança recebe e a quantdade de tempo gasta com trabalho. Trabalho nfantl é uma atvdade que gera benefícos medatos na forma de renda, mas também gera custos por não estudar e/ou por reduzr o tempo de lazer 2. Assm sendo, fatores que afetam os benefícos do trabalho (saláro), ou os custos (retornos à educação) também afetarão a decsão com relação ao trabalho nfantl. Mas formalmente, no modelo de Rosenzweg (1981) pressupõe-se que a famíla maxmza uma função utldade (U) contínua, estrtamente crescente, quase-côncava e dferencável, a qual é função de bens comprados e consumdos (X), do tempo de lazer da mãe (l mo ) e do pa (l fa ), do tempo de lazer da crança (l ch ), e do nível de escolardade da crança (S ch ), ou seja U = U(X, l mo, l fa, l ch, S ch ) (1) Para smplfcar a notação, consdera-se o caso de uma famíla com pa, mãe e uma crança 3. Generalzações podem ser observadas em Rosenzweg (1981). Pressupõe-se que o nível de escolardade da crança requer tempo (t sch ) e bens (X s ), tas como materal escolar, taxas escolares, transporte etc., tal como S ch = s(t sch, X s ) (2) A famíla também se defronta com uma restrção de renda total (F) dada por: F = V + T mo W mo + T fa W fa + T ch W ch = P x X + W mo l mo + W fa l fa + P s X s + W ch (l ch + t sch ) (3) onde V é a renda não-salaral, T mo, T fa e T ch são o tempo total dsponível da mãe, pa e crança, W mo, W fa e W ch são os saláros da mãe, pa e crança, e P x e P s são os preços de X e X s. Da restrção de renda total é possível se verfcar que o rendmento total da crança é W ch (T ch l ch t sch ). Os custos dretos da escolardade são P s X s e o custo do tempo de escolardade é W ch t sch. 2 Estas atvdades não precsam estar em conflto, dependendo do tempo gasto com cada uma delas. 3 Alguns estudos consderam o número de cranças ou fertldade como decsões endógenas [Harman (1970), Da Vanzo (1972), Rosenzweg (1981)]. Becker e Lews (1973) dscutem a exstênca de troca entre qualdade e quantdade de cranças. Entretanto, neste modelo, número de cranças é consderado exógeno, segundo, por exemplo, Jensen e Nelsen (1997) e Grootaert e Patrnos (1998). 8

12 A maxmzação da função utldade sujeta à restrção de renda total produz um conjunto de equações de demanda para as varáves endógenas l mo, l fa, l ch, t sch, X, X s em função das varáves exógenas W mo, W fa, W ch, P x, P s,, sto é, D = f D (W mo, W fa, W ch, P x, P s, V) (4) onde D é l mo, l fa, l ch, t sch, X, X s. Tomando como base as formas reduzdas das equações de demanda, é possível analsar o efeto de uma varável exógena sobre as endógenas. Por exemplo, uma mudança no saláro da crança W ch e no saláro da mãe W mo sobre o tempo de trabalho da crança t wch = T ch l ch t sch e sobre o tempo de trabalho da mãe t wmo = T mo l mo podem ser decompostos nos efetos preço (utldade constante) e renda, tas como: t W wmo t W mo wmo ch lmo = t W mo u= u lmo = t W ch u= u wmo wch l F mo l F mo (5) (6) t W wch mo ( lch + t = W mo sch ) u= u + t wmo t wch F (7) t wch W ch ( lch + t = W ch sch ) u= u + t wch t wch F (8) Das equações (5) a (8), é possível prever o snal postvo para o prmero termo do lado dreto das equações (5) e (8). Ademas, sabe-se que os prmeros termos das equações (6) e (7) devem ser guas devdo à condção de smetra. A smetra mostra que qualquer mudança no saláro da crança terá um efeto sobre o tempo de trabalho da mãe gual ao efeto de uma mudança no saláro da mãe sobre o tempo de trabalho da crança, mantdo constante o nível de utldade. Rosenzweg (1981) afrma que "como consequênca da nterdependênca (efeto saláro cruzado) do comportamento da oferta de trabalho dentro do domcílo, uma mudança exógena nas condções do mercado de trabalho de mulheres adultas pode ter efetos mportantes no emprego das cranças e vce versa, sem consderar o quanto cranças e mulheres adultas são vstas pelos empregadores como substtutas". 9

13 As equações de demanda na forma-reduzda também têm grande mportânca pelo fato de polítcas poderem ser recomendadas baseadas nas análses das relações entre varáves. Como um exemplo, é possível observar o efeto de uma mudança no tempo de trabalho da crança na oferta de trabalho do pa (t wfa ), sto é, t t wfa wch t = t wfa wch W W ch ch u= u u= u que sgnfca que o efeto de uma restrção mposta à oferta de trabalho da crança sobre o nível de oferta de trabalho dos pas, terá o mesmo snal dado pelo efeto do saláro da crança sobre a oferta de trabalho do pa, uma vez que t wch / W ch é postvo. Se a quantdade de tempo dedcada pela crança ao trabalho for pequena, então a equação, t W wfa ch l = W fa ch u= u t wch l fa F será uma boa aproxmação do efeto saláro (preço) com utldade constante. O tempo de trabalho da crança pode ser realocado para lazer, escola, atvdades domclares ou trabalho. A alocação do tempo das cranças pela famíla é feta com base na capacdade de produção da crança e dos pas no domcílo e no mercado de trabalho e no grau de substtução da força de trabalho entre as cranças e seus pas. Enquanto as atvdades domclares realzadas pelas cranças podem permtr que mães ou rmãos mas velhos entrem no mercado de trabalho, as atvdades de mercado realzadas pelas cranças permtem a elas contrbuírem para o aumento da renda famlar. Os modelos de decsão famlar tentam explcar smultaneamente as decsões de consumo e trabalho nfantl e, às vezes também, freqüênca à escola e fertldade. As especfcações são mantdas bastante smples para permtr generalzação e testes empírcos. Esses modelos são caracterzados por uma decsão únca no domcílo, que só ocorre se exste um dtador ou se todos os membros têm a mesma função utldade. Entretanto, há evdêncas de que esses modelos estão cada vez mas dstantes da realdade, a qual mostra que, dentro do domcílo, não há um dtador, mas o que ocorre é uma barganha entre as pessoas, sendo que o poder de barganha está relaconado com os recursos (saláros) de cada ndvíduo da famíla. Modelos envolvendo barganhas (modelos coletvos) 10

14 foram então utlzados para explcar o trabalho nfantl e o bem estar das cranças. Se a barganha ocorre dentro da famíla, sto é, entre os pas e a crança, a função utldade da famíla é representada por uma méda ponderada das utldades, em que os pesos dependem da renda dos pas e das cranças. Basu (1999) apresenta uma versão smplfcada do modelo coletvo envolvendo trabalho nfantl, em que a famíla é composta por um adulto (pa ou mãe) e uma crança, sendo esses os agentes 1 e 2, respectvamente. Pressupõe-se que exste somente um bem na economa e x é a quantdade consumda do bem x pelo agente. Se o preço da undade do bem escolhdo for 1 e consderarmos que cada agente na famíla se nteressa pelo consumo de todos os membros da famíla, tem-se que a função utldade da famíla é uma méda ponderada das utldades de cada agente 1 e 2, sto é u 1 e u 2, sendo que o peso α que multplca a utldade do pa ou da mãe depende da renda dele ou dela e da renda da crança, denotadas, respectvamente por y 1 e y 2. Em outras palavras, quem recebe mas ou menos peso na função utldade da famíla é quem traz mas ou menos renda para a famíla. Assm, o problema de decsão da famíla é o de maxmzar a função utldade dada por, α( y1, y2 ) u1( x1, x2 ) + [1 α( y1, y2)] u2 ( x1, x2 ) sujeta a pressupondo-se que x + +, 1 x2 y1 y2 α α u 0, 0, y y x u > 0, x 1 2 u 0, x 2 1 u 0, x 2 2 > 0 e 0 α 1 Moehlng (2003) estma um modelo muto semelhante a esse, utlzando dados de uma pesqusa de orçamentos famlares de amercanos vvendo na área urbana no período Ela observa que os gastos com a crança são maores na famíla quanto maor é a fração de renda vnda desta crança. Recentemente, Basu e Van (1998) construíram um modelo com base em duas pressuposções: o axoma da luxúra e o axoma da substtução. No prmero, consdera-se que a pobreza é o que leva as famílas a colocarem seus flhos para trabalhar. Em outras palavras, o tempo da crança, que não é alocado com o trabalho (escola e lazer), é um bem 11

15 de luxo, não podendo ser adqurdo por pas com baxo nível de renda. Assm sendo, pas com renda muto baxa não conseguem retrar os flhos do trabalho. Somente quando a renda aumenta os pas retram as cranças do trabalho. Implícta nesta pressuposção é a vsão altruísta dos pas, que colocam seus flhos para trabalhar somente se levados pela necessdade. Consdera-se, com base no axoma da substtução, que o trabalho do adulto e da crança são substtutos, sujeto a uma correção de adulto-equvalênca. Mas especfcamente, sgnfca que as cranças podem fazer o trabalho dos adultos e vce-versa. Hava uma crença de que as cranças tnham habldades nsubsttuíves, por exemplo, os chamados nmble fngers, que sgnfca que somente cranças com seus pequenos dedos eram capazes de amarrar os nós adequadamente dos tapetes, ou que somente mennos pequenos eram capazes de entrar e rastejar em pequenos túnes das mnas. Entretanto, um estudo sobre tecnologa de produção envolvendo cranças da Índa, realzado por Levson et al. (1998), mostrou que os adultos são tão bons quanto as cranças na confecção manual de tapetes, dando suporte assm ao axoma da substtução. Para explcar o modelo de Basu e Van (1998), Basu e Tzannatos (2003) consderam, por smplcdade, que a economa consste de N famílas e que cada famíla tem um adulto e m cranças. A produção ocorre utlzando-se somente trabalho. Cada adulto oferta uma undade de trabalho, enquanto que a crança oferta γ (0< γ <1) ao realzar um da de trabalho em tempo ntegral, o que formalza o axoma da substtução. Consderam anda que o saláro de um da de trabalho realzado por um adulto é w e o da crança é w c, tal que, w c = γw. A famíla decde qual deve ser o seu consumo mínmo tolerável, denomnado de consumo de subsstênca s. Somente se os adultos trabalham tempo ntegral e a renda famlar ca abaxo do nível de consumo de subsstênca é que as cranças são colocadas para trabalhar, refletndo o axoma da luxúra. Na Fgura 1, o saláro dos adultos é representado no exo vertcal. Se esse saláro é maor do que s, somente adultos ofertam trabalho (N). O segmento AB é parte da oferta de trabalho, pressupondo-se, por smplcdade, ser perfetamente nelástca. No momento em que w ca abaxo do nível s, os pas fazem as cranças trabalhar para recuperar o nível 12

16 mínmo de renda acetável, aumentando a oferta de trabalho. O segmento BC pode ser uma hpérbole retangular sob a pressuposção de que a famíla utlza o trabalho nfantl para atngr exatamente o nível s. A entrada das cranças no mercado de trabalho contnua até que não haja mas trabalho a ser ofertado (N+mN), resultando na forma ABCF da curva de oferta. w s demanda oferta A B E 1 C N F E 2 N + mn trabalho Fgura 1 Efeto do consumo de subsstênca no trabalho nfantl. Consderando uma curva de demanda de trabalho negatvamente nclnada, obtémse o ponto de equlíbro E 1, no qual os saláros são altos e não exste trabalho nfantl e o ponto de equlíbro E 2, no qual os saláros são baxos e há alta ncdênca de trabalho nfantl. Observa-se, então, que os autores geram uma stuação de equlíbro múltplo em que a probção do trabalho nfantl pode mover uma economa de um equlíbro com baxos saláros em que cranças trabalham, para outro equlíbro com altos saláros em que cranças não trabalham. Assm, de acordo com o modelo, a elmnação do trabalho nfantl podera resultar em uma stuação em que todos se benefcaram, com saláros aumentando a um ponto tal que famílas pobres poderam ter um aumento na renda após a elmnação do trabalho nfantl. Entretanto, Basu e Van (1998) enfatzam que a ntervenção legal para banr o trabalho nfantl não é sempre aproprada. Em economas muto pobres é possível que a demanda por trabalho seja tão baxa que a únca ntersecção da curva de demanda com a de 13

17 oferta ocorra no segmento CF. Nesse caso, elmnar o trabalho nfantl pode levar as cranças e seus pas a uma condção de maor pobreza e com rsco de nanção. Ranjan (1999) desenvolve um modelo teórco para uma economa em desenvolvmento, mostrando que o trabalho nfantl surge devdo à pobreza e às mperfeções no mercado de crédto. O autor mostra que se a famíla pobre tvesse acesso ao crédto, na presença de altos retornos à educação, ela estara propensa a colocar o flho na escola ao nvés de colocá-lo no trabalho. Ademas, mostra que a probção do trabalho nfantl reduz o bem estar de famílas que tnham a ntenção de fazer seus flhos trabalharem. Ele destaca que a probção, que só pode ser mposta ou cumprda no setor formal da economa, pode porar a stuação das cranças forçando-as a trabalhar no setor nformal, sob pores condções de trabalho. 4. Análses Empírcas Modelos Econométrcos. A maora dos estudos que tentou estmar os determnantes do trabalho nfantl utlzou modelos próbte, próbte bvarado ou lógte multnomal. As estruturas dos modelos são apresentadas a segur. Chamarbagwala (2004) na Índa, Kassouf (2002) no Brasl, Nelsen e Jensen (1998) em Zâmba, entre outros, utlzaram modelos próbte. Nesse caso, a varável dependente assume valor 1 se a crança trabalha e 0 se não trabalha. Segundo Kennedy (2003), um traço novo nesses modelos, com relação aos modelos de regressão lnear tradconas, é que a função do termo estocástco está escondda. No modelo de regressão tradconal temos y = α + βx + ε, por exemplo, mas nos modelos com varáves dependentes qualtatvas temos que Prob( y = 1) = f ( x), onde f representa uma forma funconal, como a função de dstrbução de probabldade da normal, mas sem ter o termo estocástco em evdênca. Entretanto, o erro tradconal tem a sua função de forma ndreta. Reconhecer esse fato é a chave para se entender o procedmento de modelagem e para se explcar o porquê da varável dependente poder ser nterpretada como uma probabldade de ocorrênca. 14

18 Essa especfcação resulta do chamado modelo de utldade aleatóra. Um ndvíduo é vsto como tendo um certo nível de utldade assocado com a escolha y = 1 e escolhe y = 1 se esta utldade excede um patamar, tpcamente normalzado para ser zero. Esta utldade é medda por um índce não observável expresso como uma função lnear de varáves explanatóras característcas dos ndvíduos mas o erro estocástco. Esse erro tem a nterpretação tradconal ndvíduos com característcas mensuráves dêntcas podem ter característcas não mensuráves dferentes e assm ter dferentes utldades assocadas com uma alternatva. Se pensarmos no modelo de partcpação no mercado de trabalho e denomnarmos índce de trabalho, este índce será composto por característcas mensuráves e por característcas não mensuráves ou não observáves. Seja y* o índce em questão, então * y = 1 y = xβ + ε 0 onde x é um vetor de varáves exógenas. y = se se y y * * > 0 0 Se um ndvíduo tem característcas dadas pelo vetor lnha x 1, seu índce de trabalho será x 1 β + ε, tal que a densdade dos índces de trabalho para tas pessoas é apresentada na Fgura 2 e centrada no ponto x 1 β. Alguns ndvíduos precsam de pouco encorajamento para colocar seus flhos para trabalhar e assm têm valor do erro estocástco alto e postvo, produzndo altos valores de índce. Por outro lado, outros ndvíduos aparentemente dêntcos que rejetam o fato de seus flhos trabalharem têm erros elevados, mas negatvos, produzndo baxos valores de índce. A probabldade de uma crança trabalhar é a probabldade de o índce ultrapassar zero, dado pela área da lnha do lado dreto do zero. Se ε tem dstrbução normal, a densdade acumulada de ε de menos x 1 β até nfnto é gual a densdade acumulada de menos nfnto até mas x 1 β, que é o modelo próbte. 15

19 Fgura 2 Função de densdade da dstrbução normal. Pressupondo-se que ε tem méda zero e dstrbução normal padronzada. Então, Prob( y = 1x) = Prob( y > 0 x) = Prob( ε > xβ x) = Prob( ε < xβ x) = F( xβ) sendo F(xβ) a função de dstrbução da normal padronzada. Para um ndvíduo com um vetor lnha de característcas dferente, a área lstada sera dferente. A função de verossmlhança é formada multplcando-se expressões para a probabldade de cada crança na amostra trabalhar ou não. Expressões representando a área lstada são utlzadas para as cranças que trabalham e expressões representando a área pontlhada (um menos a expressão para a área lstada) são usadas para as cranças que não trabalham. A decsão dos pas de colocar a crança na escola e/ou no trabalho resulta de uma decsão de alocação de tempo entre atvdades que são nterdependentes, competndo entre s com relação ao tempo dsponível da crança. Essa nterdependênca é levada em consderação ao se estmar o modelo próbte bvarado, em que duas equações, uma de trabalho das cranças e outra de freqüênca à escola, são estmadas, permtndo a exstênca de correlação entre os erros. Alguns estudos que utlzaram esse método foram: Km (2004) para o Camboja e Duryea e Kuennng (2003) e Emerson e Souza (2002b) para o Brasl. Consdere as equações abaxo: * z * = wα + ε, z = 1 se z * y * = xβ + ε, y = 1 se y * 1 > 2 > 0, 0, 0 0 em caso contráro em caso contráro onde z = 1 quando a crança freqüenta escola e z = 0 em caso contráro e y = 1 quando a crança trabalha e y = 0 em caso contráro. Os vetores de varáves exógenas, representando 16

20 as característcas dos ndvíduos que afetam a probabldade de estudar e de trabalhar são dados por w e x, respectvamente. Pressupõe-se que ε 1 e ε 2 têm dstrbução normal bvarada, com E(ε 1 w,x) = E(ε 2 w,x) = 0, Var(ε 1 w,x) = Var(ε 2 w,x) = 1 e Cov(ε 1,ε 2 w,x) = ρ. Em mutos países é comum observar cranças que estudam e trabalham concomtantemente, assm como mutas não estão nserdas no mercado de trabalho e também não freqüentam a escola 4. Se as dferentes categoras em que a crança está nserda trabalha e estuda, só trabalha, só estuda, não trabalha nem estuda são consderadas na análse, o modelo lógte multnomal é o mas comumente utlzado nas análses empírcas [Nkamleu e Gockowsk (2004), Chamarbagwala (2004), Kassouf (2002) e Grootaert (1998)]. A prncpal característca do modelo lógte multnomal é a exstênca de uma únca decsão entre duas ou mas alternatvas. Lembre-se que no modelo próbte bvarado tanto a decsão de trabalhar como a de estudar ocorra entre duas alternatvas. Na verdade, o modelo lógte multnomal é uma generalzação do modelo lógte, que não fo descrto anterormente, mas é muto semelhante ao próbte, só que a função de dstrbução consderada é a logístca ao nvés de normal. Dessa forma, ele também é baseado no modelo de utldade aleatóra. A utldade de uma pessoa por uma alternatva é especfcada como sendo uma função lnear das característcas da pessoa mas o erro. Então, se há quatro alternatvas, haverá quatro funções utldades para cada ndvíduo, uma assocada a cada alternatva e cada uma com seu erro. A probabldade de um ndvíduo escolher uma determnada alternatva é dada pela probabldade de que a utldade obtda com essa alternatva seja maor do que a utldade obtda com as demas alternatvas. Pressupondo que os erros sejam ndependentes e dentcamente dstrbuídos com dstrbução de Gumbel, surge o modelo lógte multnomal. 5 4 No Brasl, dados da PNAD de 2003 mostram que 88,2% das cranças de 7 a 15 anos só estudam, 8,1% trabalham e estudam, 0,8% só trabalham e 2,9% não trabalham nem estudam. 5 ε e A função de dstrbução de Gumbel é F ( ε ) = e. 17

21 Supondo, então, que exstam 4 categoras. Consderando P 1, P2, P3, P4 como sendo as probabldades assocadas a essas 4 categoras, tal que, assoca-se P 1 se a crança só estuda, P 2 se a crança estuda e trabalha, P 3 se a crança só trabalha e P 4 se a crança não estuda nem trabalha. Então, P j x β j e = Prob( Y = j x ) = para j = 1,2,3,4, β 4 1 xβk 1+ e k= 2 = 0. Outro modelo alternatvo utlzado na lteratura, mas com menor freqüênca, é o modelo próbte seqüencal. Grootaert e Patrnos (1998) utlzaram o modelo seqüencal para analsar dados da Costa do Marfm, Colômba, Bolíva e Flpnas. Os autores pressupõem que ncalmente os pas decdem se a crança estuda ou não e então se va para o mercado de trabalho ou não e então se va exercer atvdades não remuneradas ou não. Este modelo, apesar de não ter a lmtação mposta pela ndependênca das alternatvas rrelevantes que ocorre no lógte multnomal 6, exge pressuposções fortes quanto à seqüênca de decsões, que nem sempre representa a realdade. As estmatvas dos parâmetros de todos os modelos apresentados são fetas pelo método de máxma verossmlhança. Como as estmações envolvem funções não-lneares, o efeto margnal de uma varável explanatóra sobre a varável dependente não é o coefcente β, como no modelo lnear, e deve ser calculado para cada caso. Alguns poucos estudos estmaram a função de oferta de trabalho de cranças, tendo como varável dependente o número de horas de trabalho. Como mutas cranças não trabalham, estmar equações de saláro ou horas de trabalho somente para cranças que 6 O problema de ndependênca das alternatvas rrelevantes ocorre do fato de no modelo lógte multnomal, a probabldade relatva de escolha de duas alternatvas exstentes não é afetada pela presença de alternatvas adconas. Suponha que um ndvíduo tenha duas vezes mas chance de r ao trabalho de metrô do que de ônbus, e três vezes mas chance de r de carro do que de ônbus. Então, as probabldades de ele r de ônbus, metrô e carro são: 1/6, 2/6 e 3/6, respectvamente. Suponha agora que um ônbus extra é adconado e que este dfere do anteror somente pela cor. Espera-se que as novas probabldades sejam: 1/12, 1/12, 2/6 e 3/6 para, respectvamente, ônbus novo, ônbus velho, metrô e carro. Entretanto, o modelo lógte multnomal produz probabldades: 1/7, 1/7, 2/7 e 3/7, para preservar as probabldades relatvas. Portanto, o modelo lógte multnomal é naproprado sempre que duas ou mas alternatvas são substtutas próxmas. 18

22 trabalham, por mínmos quadrados, leva a estmatvas nconsstentes devdo a seletvdade amostral. Ray (2000) e Bhalotra e Heady (2003) estmam equações de horas de trabalho de cranças, utlzando o modelo tóbte, enquanto Bhalotra (2004) utlza o procedmento de Heckman. A característca do modelo tóbte é a varável dependente ser censurada. Na amostra censurada, algumas observações da varável dependente, correspondentes a valores conhecdos das varáves exógenas, não são observáves. Nesse caso, os valores dentro de certo ntervalo são todos transformados em um únco valor. Por exemplo, podemos ter dados de varáves exógenas de pessoas que não trabalham e de pessoas que trabalham, porém só observamos o número de horas de trabalho de quem trabalha, atrbundo zero aos demas valores. onde Consdere o modelo x é um vetor de varáves explanatóras e ε ~ N(0,σ 2 ) e é ndependente de outros erros. Então, E Observe que * y = xβ + ε = 1,..., n * * * * ( y x ) Pr( y = 0) E( y y = 0) + Pr( y > 0) E( y y > 0) = Pr( y 0) 0 + Pr( y > 0) E( y y > 0) = ( x β + ε > 0) E( x β + ε x β + ε > 0) = x β Pr( ε > x β) + E( ε ε > x β) Pr( > x β) = Pr ε = x β Φ +σφ y = 0 y = y * se se y y * * 0 > 0 Nos modelos de seleção amostral, em que o procedmento de Heckman é uma alternatva ao método de máxma verossmlhança, consdera-se duas equações, uma equação de seletvdade amostral (partcpação no mercado de trabalho) e a equação sendo estmada (equação de horas de trabalho). O problema ocorre quando consderamos a equação que descreve o número desejado de horas de trabalho, mas este número só é observado se o ndvíduo trabalha, sto é, se o saláro de mercado é maor do que o saláro reserva. Segundo Kennedy (2003), utlzar o modelo tóbte para estmar oferta de trabalho não é aproprado, pos nesse modelo a equação de seletvdade amostral é a mesma da 19

23 equação sendo estmada, com um lmte fxo determnando quas observações entram na amostra. Na estmação do número de horas de trabalho não exste um lmte fxo já que a decsão de trabalhar está relaconada ao saláro reserva, que é específco para cada ndvíduo. Consdere a equação que determna a seletvdade amostral: z = w γ + u * onde z = 1 se z * > 0 z = 0 em caso contraro e a equação de nteresse: y = x β + ε Então, y é observado somente se z * é maor que zero. Suponha que ε e u tem uma dstrbução normal bvarada com méda 0, desvo padrão σ ε e σ u e correlação ρ. Então, E( y y é * φ( α u ) observado) = E( y z > 0) = x β + E( ε u > w γ) = x β + ρσ = x β Φ( α ) ε + u β λ ( α ) λ u onde α = w γ σ e λ( α ) = φ( w γ / σ ) / Φ( w γ / σ ) u / u u u u Gerar a regressão por mínmos quadrados usando apenas os dados observados por exemplo, mínmos quadrados da regressão de horas em função de seus determnantes usando apenas dados de cranças no mercado de trabalho produz estmatvas nconsstentes de β. A regressão por mínmos quadrados de y em função de x e λ produzra estmatvas consstentes. O método de Heckman consste em estmar a prmera equação (modelo próbte de partcpação no mercado de trabalho) por máxma verossmlhança e obter as estmatvas dos parâmetros γ. Para cada observação estma-se λ e então gera-se a regressão por mínmos quadrados de y em função de x e λˆ para obter estmatvas consstentes dos parâmetros β Causas do Trabalho Infantl. 20

24 Nos últmos dez anos, graças à dsponbldade de mcrodados de pesqusas domclares levantadas em dversos países e de análses econométrcas voltadas ao tema trabalho nfantl, economstas começam a entender melhor o que leva as cranças a trabalhar. A pobreza, a escolardade dos pas, o tamanho e a estrutura da famíla, o sexo do chefe, dade em que os pas começaram a trabalhar, local de resdênca, entre outros são os determnantes mas analsados e dos mas mportantes para explcar a alocação do tempo da crança para o trabalho. Apesar de ser o mas esperado, pobreza é o determnante mas controverso dentro da lteratura sobre trabalho nfantl. Basu e Tzannatos (2003) ressaltam que flhos de advogados, médcos, professores e, em geral, da população de classe méda alta não trabalham na nfânca. Város estudos mostram que o aumento da renda famlar reduz a probabldade de a crança trabalhar e aumenta a de ela estudar [Nagaraj (2002), Edmonds (2001), Kassouf (2002)]. Em nível mas macroeconômco, observa-se que as nações que se tornaram mas rcas apresentaram uma redução no trabalho nfantl. Tanto na Chna, como na Talânda e na Índa, o crescmento do produto nterno bruto fo acompanhado pelo declíno do trabalho nfantl. Dados em panel, coletados no Vetnam, mostram que de 1993 a 1998 houve um crescmento per capta do PIB de 6,5% ao ano e o trabalho de cranças de 5 a 15 anos, neste período, cau 26%. Por outro lado, há estudos empírcos que falharam em encontrar uma relação entre renda e trabalho nfantl [Ray (2000), Barros et al. (1994) ]. Bhalotra e Heady (2003), utlzando dados da área rural de Gana e do Paqustão, mostraram que famílas que são propretáras de maores áreas de terra onde trabalham tendem a fazer seus flhos trabalharem mas. Como a posse de áreas maores de terras tpcamente é assocada a uma maor rqueza, os autores sugerem que um maor nível de pobreza não está relaconado ao aumento do trabalho nfantl. A prncpal razão para esse resultado é que ndvíduos com posse maor de terra têm oportundade de usar de forma mas produtva a mão-de-obra famlar. Portanto, não sgnfca que pobreza não é um determnante do trabalho nfantl, mas sm que o trabalho nfantl responde a ncentvos e oportundades que surgem com as mperfeções no mercado de trabalho. A maora das pesqusas realzadas nclu a escolardade dos pas nas equações de trabalho das cranças, tratando mães e pas separadamente. Entretanto, há um número grande de estudos que nclu somente o nível de escolardade do chefe da famíla. Ao 21

25 nterpretar os coefcentes de educação dos pas é mportante saber quas as varáves ncluídas na regressão. Em partcular, se a renda da famíla não for controlada, qualquer efeto da educação dos pas tenderá a nclur o efeto renda, uma vez que pas mas educados tendem a ganhar mas e ser mas rcos. Se for observado que cranças de pas mas educados são menos propensos a trabalhar, mantendo-se a renda, então uma nterpretação plausível para o efeto da educação é em termos de aspração para o futuro da crança e grau de subjetvdade para a preferênca na alocação do tempo. Mutos estudos mostram um efeto negatvo da escolardade dos pas sobre o trabalho das cranças, sendo o tamanho do efeto da escolardade da mãe superor com relação ao observado para a escolardade do pa. Entretanto, há uma varação consderável em relação a este resultado. Bhalotra e Heady (2003) encontram efeto negatvo somente para a escolardade da mãe sobre o trabalho de cranças da área rural de Gana, assm como Rosat e Tzannatos (2000) no Vetnam e Cgno e Rosat (2000) na Índa. Tunal (1997) não encontra efeto da escolardade dos pas na Turqua, enquanto Kassouf (2002) obtém efeto negatvo e altamente sgnfcatvo para mãe e pa no Brasl. A composção famlar é outro mportante determnante do trabalho nfantl. Apesar de alguns autores Harman (1970), Da Vanzo (1972) e Rosenzweg (1981) consderarem-na como varável endógena e parte da decsão famlar envolvendo a troca entre quantdade e qualdade, mutos estudos ncluem o número de rmãos mas novos e mas velhos como varáves exógenas na equação de trabalho das cranças. Mutas cranças trabalham mas quanto maor é o número de rmãos, prncpalmente mas novos. Estudo realzado nas Flpnas mostrou que a presença do rmão mas velho dmnuía a probabldade de a crança trabalhar. 7 Na pesqusa realzada por Kassouf (2002), esta varável ou não apresentou sgnfcânca estatístca ou teve o mesmo comportamento da varável rmãos mas novos, ou seja, de forma geral, o aumento do tamanho da famíla levou a um aumento da partcpação das cranças na força de trabalho. Apesar de mutos estudos ncluírem ndcadores de composção famlar nas equações de trabalho de cranças, poucos consderam os efetos da ordem de nascmento. Exceção a sso é o estudo de Emerson e Souza (2002) que, utlzando a PNAD de 1998, estabelecem uma relação 7 De Graff et al. ctado por Grootaert e Kanbur (1995). 22

26 sstemátca entre a ordem de nascmento e a propensão de a crança trabalhar ou estudar. O últmo a nascer teve menor probabldade de trabalhar do que seu rmão mas velho, sto é, algumas cranças trabalham para permtr que outras estudem. Este fenômeno aparece amplamente em famílas moderadamente pobres, pos nas famílas rcas todas as cranças estarão na escola e fora do trabalho e nas extremamente pobres o nverso ocorrerá. Pratcamente todos os estudos que ncluíram como varável exógena o sexo do responsável pela famíla concluíram que cranças de famíla chefada por mulher têm maor probabldade de trabalhar. Suportam essa hpótese os estudos de Patrnos e Psacharapoulos (1994) para o Paragua, Grootaert (1998) para a Costa do Marfm e Bhalotra e Heady (2003) para o Paqustão. No Brasl, quase 30% das famílas têm esse perfl. Barros, Fox e Mendonça (1997), com base na PNAD de 1984, analsaram dados das regões metropoltanas de Recfe, São Paulo e Porto Alegre para dentfcar os efetos que as famílas nas quas a mãe é chefe exercem sobre o bem estar das cranças (porcentagem freqüentando escola e não trabalhando), solando o efeto da pobreza. O fato de haver um aumento do trabalho nfantl nas famílas chefadas por mulheres, pode estar mostrando um grau de vulnerabldade da famíla que não está sendo captado pela renda, podendo estar relaconado à habldade de emprestar dnhero, a de ldar com crses e a de percepção quanto à dsponbldade de dferentes alternatvas de trabalho, entre outros fatores. A área rural abrga uma porcentagem maor de trabalhadores nfants. A nclusão de uma varável bnára representando as áreas urbana e rural do país tende a ser sgnfcatva nas equações de partcpação da crança no trabalho, mesmo mantendo a renda da famíla e outros fatores constantes. Esse fato sugere que o nível de pobreza das famílas da zona rural não é o únco fator que leva as cranças a trabalhar. Razões adconas ncluem a nfraestrutura escolar mas fraca e menor taxa de novação tecnológca na área rural que podem desencorajar a freqüênca escolar, além da maor facldade de a crança ser absorvda em atvdades nformas e a prevalênca de trabalhos agrícolas famlares e que exgem menor qualfcação. O efeto da dade da crança sobre a probabldade de ela trabalhar é sempre postvo ou não sgnfcatvo. O térmno do ensno compulsóro e a maor oferta de trabalho dsponível às cranças maores contrbuem para o aumento do trabalho numa faxa etára mas avançada. 23

27 Outro mportante determnante do trabalho nfantl, dscutdo na lteratura como assocado ao cclo da pobreza, é a entrada precoce dos pas no mercado de trabalho. Há estudos mostrando que cranças de pas que foram trabalhadores na nfânca têm maor probabldade de trabalhar, levando ao fenômeno denomnado de dynastc poverty traps. Wahba (2002), utlzando dados do Egto, mostra que a probabldade de a crança trabalhar aumenta em 10% quando a mãe trabalhou na nfânca e em 5% quando o pa trabalhou. Emerson e Souza (2003) chegam a conclusão parecda, analsando dados do Brasl, e atrbuem o fenômeno às normas socas, sto é, pas que trabalharam quando cranças enxergam com mas naturaldade o trabalho nfantl e são mas propensos a colocar os flhos para trabalhar. Fnalmente, podemos ctar outros determnantes do trabalho nfantl, também mportantes, mas não tão utlzados na lteratura exstente, como saláro, dade e ocupação dos pas, tamanho da propredade agrícola onde as cranças trabalham, custos relaconados à escola, meddas de qualdade do estabelecmento de ensno onde a crança está nserda, além de meddas que refltam a nfra-estrutura da comundade, como dsponbldade de transporte públco, rodovas, eletrfcação, etc. 4.3 Conseqüêncas do trabalho Infantl Apesar de haver uma extensa lteratura sobre os determnantes do trabalho nfantl, além de mutas ncatvas e recomendações vsando combatê-lo, há poucos estudos analsando as conseqüêncas sóco-econômcas do trabalho de cranças e adolescentes. Os prncpas danos, apontados em dscussões sobre o tema, são sobre a educação, o saláro e a saúde dos ndvíduos. Alguns pesqusadores, na realdade, admtem a possbldade de o trabalho permtr que as cranças estudem, uma vez que serão capazes de cobrr os custos de sua educação, o que sera mpossível para uma famíla de baxa renda [Myers (1989)]. Outros defendem que o trabalho exercdo pela crança pode elevar seu nível de captal humano, através do aprendzado adqurdo com o mesmo [French (2002)]. Entretanto, a grande maora da lteratura parece concordar com a vsão de que o trabalho exercdo durante a nfânca mpede a aqusção de educação e captal humano. No estudo realzado por Kassouf (1999), 24

28 Ilah et al. (2000) e por Emerson e Souza (2003), todos utlzando dados da PNAD para o Brasl, fca claro que quanto mas jovem o ndvíduo começa a trabalhar, menor é o seu saláro na fase adulta da vda e esta redução é atrbuída, em grande parte, a perda dos anos de escolardade devdo ao trabalho na nfânca. Como em mutos países há um número expressvo de cranças e adolescentes que trabalham e estudam, torna-se prmordal que se analse não só se o trabalho é responsável pela baxa freqüênca das cranças na escola, mas também se o trabalho nfantl reduz o desempenho escolar. Bezerra (2005) utlzou os dados do Sstema Naconal de Avalação da Educação Básca (SAEB) de 2003, que possu nformações de testes padrões de língua portuguesa e de matemátca aplcados aos alunos da 4ª e 8ª sére do ensno fundamental e da 3ª sére do ensno médo, em escolas públcas e prvadas do Brasl e concluu que o trabalho nfantl, prncpalmente fora do domcílo e durante longas horas, reduz o desempenho escolar. Heady (2003), em estudo realzado em Gana, revelou que o trabalho pratcado por cranças tnha um efeto negatvo sobre a aprendzagem em áreas chaves, como letura e matemátca. Gunnarsson, Orazem e Sánchez (2004) realzaram uma pesqusa em onze países da Amérca Latna e concluíram que os estudantes que trabalhavam obtnham 7,5% menos pontos nos testes de matemátca e 7% menos nos testes de doma do que os alunos que somente estudavam. A baxa escolardade e o por desempenho escolar, causados pelo trabalho nfantl, têm o efeto de lmtar as oportundades de emprego a postos que não exgem qualfcação e que dão baxa remuneração, mantendo o jovem dentro de um cclo repettvo de pobreza já expermentado pelos pas. Outra conseqüênca do trabalho realzado na nfânca é a de porar o estado de saúde da pessoa, tanto na fase ncal da vda, quanto na fase adulta. Os efetos maléfcos do trabalho nfantl sobre a saúde foram constatados em alguns estudos, apesar de a lteratura abrangendo esse tópco ser bastante escassa pela falta de dados. Foraster (1997) coloca que os locas de trabalho, equpamentos, móves, utensílos e métodos não são projetados para utlzação por cranças, mas, sm, por adultos. Portanto, pode haver problemas ergonômcos, fadga e maor rsco de acdentes. O autor argumenta que as cranças não estão centes do pergo envolvdo em algumas atvdades e, em caso de 25

29 acdentes, geralmente não sabem como reagr. Por causa das dferenças físcas, bológcas e anatômcas das cranças, quando comparadas aos adultos, elas são menos tolerantes a calor, barulho, produtos químcos, radações etc., sto é, menos tolerantes a ocupações de rsco, que podem trazer problemas de saúde e danos rreversíves. Kassouf et al. (2001), utlzando dados do Brasl, mostram que quanto mas cedo o ndvíduo começa a trabalhar por é o seu estado de saúde em uma fase adulta da vda, mesmo controlando a renda, escolardade e outros fatores. O Donnell et al. (2003), ao analsarem o trabalho rural de cranças vetnamtas, concluem que as atvdades realzadas durante a nfânca aumentam o rsco de doenças em uma fase posteror da vda. 26

30 5. Implcações de Polítcas para Reduzr o Trabalho Infantl. Partndo da pressuposção de que os pas são altruístas, qualquer polítca que melhore o funconamento do mercado, de forma a aumentar a renda dos trabalhadores adultos e a dmnur o desemprego, é sempre desejável para reduzr o trabalho nfantl. Espera-se que os pas tendo renda sufcente retrarão os flhos do trabalho, colocando-os na escola. Entretanto, exste o rsco de o pa, com o aumento da renda, aumentar seu patrmôno, comprando mas terra ou abrndo seu própro negóco, o que podera até elevar o trabalho nfantl, resultante da cração de um ambente de produção que emprega cranças com mas facldade. Polítcas que têm sdo largamente analsadas e elogadas pela efcênca em atngr o objetvo de reduzr o trabalho nfantl e aumentar a freqüênca escolar são as que premam as famílas pobres que colocam os flhos na escola e não os colocam no trabalho ou os retram dele. O programa Bolsa Escola e Programa de Erradcação do Trabalho Infantl (PETI) no Brasl 8, Progresa ou Oportundad no Méxco, Red de Proteccón Socal na Ncarágua, Food for Educaton em Bangladesh, Md-day Meal Schemes na Índa, School Constructon e Back to School na Indonésa, são alguns exemplos de programas dscutdos e analsados na lteratura empírca. Ao contráro das análses postvas e quase que unânmes com relação às polítcas de ncentvos à freqüênca escolar e a redução ou elmnação do trabalho nfantl, as polítcas coercvas que punem o empregador ou mpõem sanções comercas ao país que produz mercadoras utlzando trabalho nfantl são bastantes polêmcas quanto a sua efcáca. Há estudos mostrando que as sanções comercas aos produtos de exportação que utlzam trabalho nfantl, mas prejudcam a crança do que a ajudam. Prmeramente, porque podem ser usadas como meddas proteconstas pelos países ndustralzados e também porque podem exacerbar a pobreza nas famílas ao banr o trabalho de cranças que buscam obter renda para sobrevver. Estudo realzado pelo UNICEF (1995) mostra que grande parte das mennas que foram demtdas do trabalho nas ndústras de exportação de tapetes no Nepal, acabou se prosttundo. 8 Em 2003 o Programa Bolsa Escola fo ncorporado ao Programa Bolsa Famíla. 27

31 Sabe-se hoje que não exste uma únca polítca para elmnar o trabalho nfantl e a sua persstênca por dos séculos é uma evdênca clara de que não há uma solução fácl. Entretanto, hoje temos um maor e melhor entendmento das causas e conseqüêncas do trabalho nfantl, o que nos permte avalar e sugerr polítcas para reduz-lo ou erradcá-lo com maor segurança. Não há dúvdas de que o trabalho que envolve rsco às cranças deve ser bando, assm como os nvestmentos na qualdade e dsponbldade de escolas devem ser ncentvados, assocando-os aos programas de transferênca de renda às famílas pobres. 6. Recomendações para Futuras Pesqusas. Apesar dos avanços em pesqusas observados, anda é precso nvestr no levantamento e na qualdade dos dados a serem analsados, com ênfase para a obtenção de dados em panel, de dados de cranças de rua, de atvdades líctas e de nformações mas precsas quanto à alocação do tempo das cranças. Ademas, os dados devem ser coletados de forma a permtr um delneamento expermental com grupos controle e tratamento para possbltar uma avalação mas correta dos programas socas. A maora das pesqusas trata o trabalho de cranças como sendo homogêneo. No entanto, dferenças de gênero, entre atvdades nas áreas rural e urbana, de rsco ou não, tempo ntegral ou parcal, no ramo agrícola, comercal, ndustral etc. devem ser analsadas separadamente, pos suas peculardades exgem polítcas de combate dferencadas. Ademas, os dversos fatores envolvdos com a decsão de alocação do tempo da crança para o trabalho precsam ser dferencados. As abordagens para se tratar de aspectos culturas e de tradção famlar são dstntas das de aspectos econômcos, envolvendo pobreza e das de aspectos socas, envolvendo baxo nível educaconal dos pas e falta de vsão de longo prazo, por exemplo. Quase a totaldade dos estudos aborda o lado da oferta do trabalho nfantl, mas é precso analsar também o lado da demanda. Entender as razões pelas quas as cranças são contratadas e seus efetos na estrutura e no lucro das empresas e nos saláros e nível de emprego do trabalhador adulto é prmordal. 28

32 29

33 Referêncas Bblográfcas: Barros, R. Paes, L. Fox e R. Mendonça Female-Headed Households, Poverty, and the Welfare of Chldren n Urban Brazl. Economc Development and Cultural Change, p Barros, R. Paes, R. Mendonça e T. Velazco Is Poverty the Man Cause of Chld Work n Urban Brazl? Texto para Dscussão n. 351, IPEA, RJ. Basu, K Chld Labor: Cause, Consequence, and Cure, wth Remarks on Internatonal Labor Standards. Journal of Economc Lterature, vol. 37, p Basu, K. e Z. Tzannatos Chld Labor and Development: An Introducton The World Bank Economc Revew, vol. 17, n.2. Basu, K. e Z. Tzannatos The Global Chld Labor Problem: What do we know and what can we do? The World Bank Economc Revew, vol. 17, n.2. Basu, K. e P. H. Van The Economcs of Chld Labor. The Amercan Economc Revew, vol. 88, n. 3, p Becker, G. e H. Lews On the Interacton between the Quantty and Qualty of Chldren. Journal of Poltcal Economy, 81:2, S279-S288. Bezerra, M O Trabalho Infantl Afeta o Desempenho Escolar no Brasl? Dssertação de Mestrado, Departamento de Economa da ESALQ, USP. Bhalotra, S Is Chld Work Necessary?. Workng Paper. Unversty of Brstol, UK. Bhalotra, S. e C. Heady Chld Farm Labor: The Wealth Paradox The World Bank Economc Revew, vol. 17, n.2. Burra, N Born to Work: Chld Labor n Inda. New Dehl. Oxford Unversty Press. Chamarbagwala, R Returns to Educaton, Chld Labor and Schoolng n Inda. Dept. of Economcs, Indana Unversty, mmeo. Da Vanzo, J The Determnants of Famly Formaton n Chle, The RAND Corporaton R-830, AID. Santa Monca, CA. Duryea, S. e M. Arends-Kuennng School Attendance, Chld Labor and Local Labor Market Fluctuatons n Urban Brazl. World Development, v. 31, n.7. Edmonds, E Wll Chld Labor Declne wth Improvements n Lvng Standards?. Workng Paper, Dartmouth College, Department of Economcs, Hanover, NH. 30

34 Emerson, P. e A. Souza. 2002a. Brth Order, Chld Labor and School Attendance n Brazl. Workng Paper. Unversty of Colorado, Dep. of Economcs, Denver. Emerson, P. e A. Souza. 2002b. Barganng over Sons and Daughters: Chld Labor, School Attendance and Intra-household Gender Bas n Brazl. Workng Paper. Unversty of Colorado, Dep. of Economcs, Denver. Emerson, P. e A. Souza Is There a Chld Labor Trap? Inter-Generatonal Persstence of Chld Labor n Brazl. Economc Development and Cultural Change, vol. 51, n. 2, p Foraster, V Chldren at Work. Health and Safety Rsks. Internatonal Labour Offce. Geneva, pp French, J. L Adolescent Workers n the Thrd World Export Industres: Atttudes of Young Brazlan Shoe Workers. Industral and Labor Relatons Revew, vol. 55, n. 2. Grootaert, C Chld Labor n Côte d Ivore n The Polcy Analyss of Chld Labor: A Comparatve Study, ed. Grootaert C. e H. Patrnos. World Bank, Washngton, DC. Grootaert, C. e R. Kanbur Chld Labour: An Economc Perspectve. Internatonal Labour Revew. 134:2, p Grootaert, C. e H. Patrnos The Polcy Analyss of Chld Labor: A Comparatve Study. World Bank, Washngton, DC, p Gunnarsson, V., Orazem, P. F., Sanchez, M. A. Chld labor and school achevement n Latn Amerca. Iowa State Unversty: Department of Economcs, 2004, 37p. (Workng Papers Seres, 03023). Harman, A Fertlty and Economc Behavor of Famles n the Phlppnes. RM- 6385, Rand Corporaton, Santa Monca, CA. Heady, C The effect of chld labor on learnng achevement. World Development. v.31, n.2, p Elsever Scence. Ilah, N., P. Orazem e G. Sedlacek The Implcatons of Chld Labor for Adult Wages, Income and Poverty: Retrospectve Evdence from Brazl. Workng paper, IMF. Internatonal Labour Organzaton. Chld labour: targetng the ntolerable. Genebra: ILO, p. Internatonal Labour Organzaton. Every chld counts: new global estmates on chld labour. Genebra: ILO, p. Jensen, P. e H. Nelsen Chld Labour or School Attendance? Evdence from Zamba. Journal of Populaton Economcs. 10:4, pp

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37 Plantação de cana-de-açúcar, Zona da Mata, Pernambuco, Brasl. Foto de Sebastão Salgado. 34

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