Tolerância à dessecação e armazenamento de sementes de Caesalpinia echinata Lam. (pau-brasil), espécie da Mata Atlântica
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- Laís Lopes Filipe
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1 Revist Brsil. Bot., V.25, n.4, p , dez Tolerânci à dessecção e rmzenmento de sementes de Ceslpini echint Lm. (pu-brsil), espécie d Mt Atlântic CLAUDIO J. BARBEDO,2, DENISE A.C. BILIA e RITA DE CÁSSIA L. FIGUEIREDO-RIBEIRO (recebido: 9 de dezembro de 200; ceito: 27 de junho de 2002) ABSTRACT (Desicction tolernce nd storge of seeds of Ceslpini echint Lm. (Brzil Wood), species from the Atlntic Forest). The exploittion of Ceslpini echint reduced mrkedly the originl geogrphic distribution of the species. The knowledge of seed physiology, minly desicction tolernce nd storbility, could be helpful for the conservtion of the species nd future recovery of degrded res of the Atlntic Forest. Desicction study ws performed in four ctegories of seeds selected ccording to colour nd size (I, II, III, nd IV stges), being submitted to drying t 40 ºC nd 50 ºC until 8% wter content ws reched. Freshly hrvested nd dried (9.7%) seeds were stored in cold chmber (7 ± ºC) or in nturl environment (22 ± 7 ºC) using pckges with three different levels of permebility. Results showed tht seeds of C. echint re tolernt to desicction (until 7.6% wet bsis) nd seed sensitivity to drying is dependent on the initil qulity of the seed. Seeds stored in nturl environment lost their vibility in three months while under low tempertures germintion ws 80% fter 8 months. RESUMO (Tolerânci à dessecção e rmzenmento de sementes de Ceslpini echint Lm. (pu-brsil), espécie d Mt Atlântic). A explorção descontrold do pu-brsil reduziu su distribuição originl pequenos remnescentes n tulidde. O conhecimento d fisiologi d unidde de dispersão d espécie pode contribuir pr mplição de seu cultivo, uso rcionl e conservção. A sensibilidde ds sementes à dessecção foi vlid em sementes recém-colhids, seprds em qutro ctegoris (estádios I, II, III e IV), segundo vlição visul de tmnho e cor. Sementes de cd estádio form submetids secgem 40 C e 50 C, té que o teor de águ tingisse 8% (bse úmid). A cpcidde de mnutenção d vibilidde ds sementes durnte o rmzenmento foi vlid em diferentes emblgens (permeável, semi-permeável e impermeável), em mbiente nturl (22 ± 7 C) ou em câmr fri (7 ± C), com sementes submetids ou não secgem inicil, que reduziu o teor de águ pr 9,7%. Os resultdos permitirm concluir que s sementes de C. echint são tolerntes à dessecção, ms sensibilidde à secgem pode ser influencid pel qulidde inicil ds sementes. Qundo rmzends sob condições normis de mbiente podem perder vibilidde em menos de três meses. Sob tempertur bix foi possível mnter vibilidde ds sementes por té 8 meses, com germinção superior 80%. A espécie em estudo comport-se como ortodox, tolerndo dessecção té tingir 7,6% de águ, o que pode fcilitr o rmzenmento e mplir o potencil de conservção, pr fins de reposição ds populções nturis. Key words - Drying, longevity, orthodox seeds, vibility Introdução A diversidde biológic vem trindo tenção dos mis vridos setores d sociedde nos últimos nos, gerndo divergêncis de opinião. Contudo, ind há crênci de informções científics pr subsidir plnos e ções de conservção d diversidde biológic, principlmente em áres com mior bundânci e diversidde de grupos ecológicos. Estim-se que s florests tropicis contenhm, pelo menos, 50% de tods s espécies d superfície terrestre, não obstnte cubrm pens 7% d mesm. Apesr d su importânci, s espécies dess zon ecológic estão sendo exurids mis rpidmente do que s de qulquer outr região do plnet (Myers. Instituto de Botânic, Cix Postl 4005, São Pulo, SP, Brsil. 2. Autor pr correspondênci: cbrbedo@uol.com.br 997). A Mt Atlântic é um dos bioms tropicis mis ricos em espécies, com lt incidênci de endemismo (Peixoto 99/992). Devido à lt diversidde florístic, está incluído entre os cinco miores ecossistems do mundo, em número de espécies, sendo considerdo um hot spot de biodiversidde. No entnto, pouco se conhece sobre o ciclo de vid de inúmers espécies e, conseqüentemente, su importânci pr mnutenção desse complexo mosico de ecossistems. Su destruição pr fins diversos, ind verificd nos dis tuis, precis ser revertid pr que diversidde poss ser conservd (Joly et l. 999). A explorção descontrold de Ceslpini echint Lm. (Leguminose - Ceslpinioidee), conhecid populrmente como pu-brsil, é um dos clássicos exemplos de distúrbio cusdo à Mt Atlântic, inicido logo pós ocupção d cost brsileir pelos colonizdores portugueses, reduzindo
2 432 C.J. Brbedo et l.: Secgem e rmzenmento de sementes de pu-brsil su distribuição originl pequenos remnescentes n tulidde (Mello-Filho 99/992, Crdoso et l. 998). Incluem-se no potencil de utilizção dess espécie, rborizção urbn e fbricção de instrumentos musicis (Rmlho 978, Aguir & Brbos 985, Sores 985). A plnt tem potencil ornmentl (figur ) devido à su belez e rridde, presentndo porte elegnte, cop rredondd, folhs verde-brilhntes e flores em ccho mrelo-ouro (figurs 2-3), suvemente perfumds (Aguir & Pinho 996). Segundo Minieri (960), mdeir de pu-brsil é pesd, dur e present cerne de colorção vermelh qundo recém-cortd. Est espécie está em perigo de extinção devido o extrtivismo exgerdo e lcuns no conhecimento referente su multiplicção. Tnto pr preservção qunto pr utilizção rcionl do pu-brsil, produção, beneficimento e mnutenção de sementes com elevdo potencil fisiológico ssumem ppel fundmentl. Pr isso, torn-se necessário o controle de lterções que ocorrem durnte o rmzenmento e eventul necessidde ou sensibilidde ds sementes o processo de dessecção (Kermode 990, Crvlho & Nkgw 2000), sendo importnte quntificr o processo (Wlters 2000). A despeito ds informções existentes sobre bix cpcidde de rmzenmento ds sementes de Ceslpini echint (Aguir & Brbos 985), situndo- como de bix longevidde, tecnologi de sementes tem, ind, spectos importntes serem esclrecidos qunto o rmzenmento em condições proprids, visndo conservção d qulidde de sementes dess espécie. Durnte o período de formção e mturção de sementes, águ ssume ppel crucil e seu teor permnece elevdo té o finl do desenvolvimento. Ao finl d mturção, dois tipos de comportmento podem ser verificdos: s sementes ortodoxs, que não só tolerm dessecção ms, provvelmente, dependem desse processo pr redirecionr seu cminho metbólico em direção à germinção; em contrste, s sementes reclcitrntes não pens são independentes dess secgem pr dquirir cpcidde germintiv como, ind, presentm limites de tolerânci à dessecção. Ess diferenç no comportmento ds sementes pode ser considerd como resultdo do processo de seleção nturl, em concordânci com s condições mbientis ds regiões de origem d espécie (Kermode & Bewley 985, Kermode 990, Brbedo & Mrcos-Filho 998 e referêncis incluíds). Resposts diferentes de sementes de espécies d fmíli Leguminose à desidrtção já são conhecids (Roberts 973, Pritchrd et l. 995, Bili et l. 999) e o estudo d tolerânci à dessecção ds sementes de pu-brsil, bem como s condições ideis pr o seu rmzenmento, poderão permitir mplição do período de uso ds sementes lém d époc em que s mesms são produzids, contribuindo pr conservção e preservção d espécie. O presente trblho objetivou nlisr tolerânci à dessecção desss sementes e o seu potencil de rmzenmento sob condições nturis ou controlds. Mteril e métodos As sementes de Ceslpini echint Lm. (figur 4) utilizds neste trblho form procedentes de 200 plnts cultivds em rboreto homogêneo, implntdo em 978 n Reserv Ecológic e Estção Experimentl de Moji-Guçu, Mogi-Guçu, SP ( S, W). Os frutos form colhidos diretmente ds árvores durnte um semn, prtir de 25//999, coincidindo com o início d deiscênci nturl. Após colheit, form deixdos o sol pr liberção ds sementes, s quis form rmzends em scos de ppel, em mbiente nturl, por 0 dis. Sementes dnificds por insetos (figur 5) form identificds e descrtds. O mteril restnte foi homogeneizdo e seprdo, segundo vlição visul de cor e tmnho, em qutro ctegoris, denominds estádios I, II, III e IV. Em seguid, s sementes de cd ctegori form homogeneizds e crcterizds qunto o teor de águ, conteúdo de mtéri sec, dimensões (mior e menor diâmetro e espessur) e germinção. Tolerânci à dessecção - Visndo vlir o nível de sensibilidde ds sementes de C. echint à dessecção, os mteriis correspondentes cd estádio form submetidos secgem em estufs com circulção forçd de r, regulds pr 40 ºC e 50 ºC. Pr cd estádio e em mbs s temperturs de secgem, efetuou-se o controle de perd de peso procurndo-se reduzir o teor de águ ds sementes té 8%, vlor considerdo dequdo pr rmzenmento de sementes ortodoxs (Crneiro & Aguir 993, Crvlho 994, Crvlho & Nkgw 2000). Dess form, lém d mostr testemunh (nível inicil de águ), obtiverm-se, pr cd tempertur, três níveis de secgem, denomindos nível, nível 2 e nível 3. Após tingir cd nível de secgem estbelecido, form vlidos o teor de águ, o conteúdo de mtéri sec e germinção, trvés do registro do número de sementes que presentrm riz primári e ds que resultrm em plântuls normis. O teor de águ e o conteúdo de mtéri sec form vlidos pelo método d estuf 05 ± 3 ºC por 24 hors (Brsil 992), utilizndo-se qutro repetições de 0 sementes cd. A germinção ds sementes foi vlid trvés de teste conduzido em gerbox, sobre ppel (Brsil 992), utilizndo-se qutro repetições de 6
3 Revist Brsil. Bot., V.25, n.4, p , dez sementes cd, em germindores (Biomtic tipo 400) reguldos pr 25 ºC, com luz do mbiente de lbortório. A vlição d germinção foi relizd 0 dis pós instlção do teste, sendo registrdos o número de sementes que presentrm riz primári com, no mínimo, cm (figur 6) e o número de plântuls com sistem rdiculr desenvolvido e o primeiro pr de folhs visível (figur 7). Esses ddos form utilizdos, respectivmente, pr o cálculo d cpcidde germintiv e d de produzir plântuls normis. O delinemento experimentl empregdo foi o inteirmente csulizdo, constituindo-se um esquem ftoril (estádio tempertur de secgem nível de secgem). Os resultdos form submetidos à nálise de vriânci (F, 0,05) e s médis form comprds pelo teste de Tukey, 5% de probbilidde. Armzenmento de sementes - Amostrs de sementes do estádio III (em mior proporção no lote originl) form dividids em dus prtes, sendo um dels submetid à secgem prévi em estuf, 40 ºC, té tingir, proximdmente, 9,5% de águ. A seguir, s sementes dos dois sublotes, com secgem prévi e sem secgem prévi (controle), form rmzends em dois mbientes distintos e em três tipos de emblgens: rmzenmento em mbiente nturl de lbortório (22 ± 7 ºC) e em câmr fri (7 ± ºC), mbos em emblgem permeável (scos de ppel Krft), semi-permeável (scos de cloreto de polivinil - PVC, de 0,4 mm, com 0 furos de mm de diâmetro e com extremidde pens dobrd) e impermeável (frscos de vidro Figurs -7. Aspectos geris de Ceslpini echint.. specto gerl d árvore; 2. inflorescêncis; 3. detlhe d flor; 4. sementes mdurs; 5. sementes mdurs tcds por insetos; 6. fses iniciis d germinção d semente; 7. plântul norml. Fotogrfis originis cedids pelo Dr. Edison Pulo Chu (Instituto de Botânic, SP).
4 434 C.J. Brbedo et l.: Secgem e rmzenmento de sementes de pu-brsil hermeticmente fechdos com tmp de metl). Além d vlição inicil, form relizds mis qutro vlições do potencil fisiológico ds sementes durnte o rmzenmento, os três, seis, 2 e 8 meses. Os prâmetros vlidos form os mesmos descritos nteriormente. O delinemento experimentl foi o inteirmente csulizdo, constituindo-se um ftoril (trtmento prévio mbiente emblgem), com qutro repetições. Os resultdos form submetidos à nálise de vriânci (F, 0,05) e s médis form comprds entre si pelo teste de Tukey, 5% de probbilidde. Resultdos e Discussão A seprção visul em qutro estádios foi bsed no tmnho e n colorção ds sementes. As sementes do estádio I presentvm colorção prdo-clr, levemente esverded, e tinhm espessur de proximdmente 0,2 cm. As representntes do estádio II presentvm colorção prdo-escur e espessur de proximdmente 0,25 cm, semelhnte à ds sementes dos estádios III e IV (figur 8). Ests possuím mior uniformidde de espessur (figur 8) e diferencirm-se pel colorção, prdo-escur uniforme no estádio III e com tons púrpur no estádio IV. A seprção dos qutro estádios resultou em diferençs mensuráveis no teor de águ, no conteúdo de mtéri sec e n germinção ds sementes, conforme Dimensões de sementes (cm),6,4,2 0,8 0,6 0,4 0,2 0 b b b b I II III IV Estádios Figur 8. Dimensões de sementes de Ceslpini echint pr cd ctegori (estádios I IV). Coluns prets: mior diâmetro; coluns cinzs: menor diâmetro; coluns vzis: espessur. Letrs iguis não diferem entre si pelo teste de Tukey, 5%. pode ser observdo n tbel e n figur 9. Com bse nesss crcterístics, estbeleceu-se que o estádio I correspondi sementes ind imturs, com tmnho e conteúdo de mtéri sec menores e vlores inferiores de germinção. As sementes do estádio II, embor presentndo vlores superiores às do I, continhm mtéri sec inferior às dos estádios III e IV, o que pode indicr um estádio intermediário de mturção. As sementes dos estádios III e IV, despeito d diferenç n colorção extern e no conteúdo de águ, não presentrm diferençs qunto à mtéri sec, dimensões e porcentgem de germinção. Entretnto, o número de plântuls normis desenvolvids prtir de sementes do estádio III foi significtivmente superior o estádio IV, indicndo que o estádio III correspondi sementes fisiologicmente mdurs (figur 9). A identificção do estádio de mturidde fisiológic ds sementes e, conseqüentemente, o momento idel pr colheit são condições essenciis pr conservção d vibilidde durnte o rmzenmento (Brbedo & Cicero 2000). Tolerânci à dessecção - Atrvés do compnhmento d secgem ds sementes de Ceslpini echint do lote originl, ns primeirs 0 hors, verificou-se que perd de águ pr secgem relizd 50 ºC foi mis rápid, permitindo que s sementes tingissem teor de águ inferior 8% pós três hors de trtmento. Por outro ldo, 40 ºC s sementes tmbém presentrm sensível diminuição n velocidde de perd de águ, pós s primeirs três hors, lém de presentrem mior resistênci à redução desse teor pr vlores inferiores 8% (figur 0). O teor finl de águ em cd nível de secgem não foi influencido pel tempertur de secgem (tbel ). Além disso, não se observrm diferençs mrcntes entre os estádios, dentro de cd nível de secgem. Esses resultdos erm desejáveis, com vists à pdronizção do vlor finl ser tingido em cd trtmento. Assim, os teores iniciis de águ, vrindo de 2,4% 3,8%, conforme o estádio, form reduzidos pr vlores entre 9,%-9,9% no primeiro nível de secgem, 8,0%-8,9% no segundo e 7,6%-7,9% no terceiro (tbel ), com pequens vrições entre os diferentes estádios. As miores diferençs form encontrds entre os estádios I e IV, no primeiro e no segundo nível de secgem, ou sej, 0,8% e 0,9%, respectivmente. Durnte secgem, o conteúdo de mtéri sec ds sementes prticmente não foi lterdo (tbel ). A nálise esttístic indicou que vrição n tempertur de secgem, entre 40 C e 50 C, não presentou interção significtiv entre este e os demis
5 Revist Brsil. Bot., V.25, n.4, p , dez Tbel. Teor de águ (%) e conteúdo de mtéri sec (g.semente - ) de sementes de Ceslpini echint, de qutro ctegoris (estádios I IV), inicil e pós três níveis (períodos) de secgem 40 ºC/50 ºC. C.V. (%) = coeficiente de vrição. Estádios Nível de secgem Médis Inicil 2 3 Teor de águ Estádio I 3,7 A 9, bb 8,0 bc 7,6 C 9,6 Estádio II 2,4 ba 9,2 bb 8, bc 7,8 C 9,4 Estádio III 2,4 ba 9,4 bb 8,3 bc 7,8 C 9,5 Estádio IV 3,8 A 9,9 B 8,9 C 7,9 D 0, Médis 3, 9,4 8,3 7,8 C.V. (%) 3,60 Conteúdo de mtéri sec Estádio I 0,50 ca 0,60 ca 0,63 ca 0,48 da 0,55 Estádio II 0,224 ba 0,225 ba 0,23 ba 0,23 ca 0,223 Estádio III 0,280 A 0,265 AB 0,27 AB 0,247 bb 0,266 Estádio IV 0,262 A 0,280 A 0,266 A 0,273 A 0,270 Médis 0,229 0,232 0,233 0,220 C.V. (%) 8,42 Médis seguids pel mesm letr não diferem entre si pelo teste de Tukey, 5%; minúsculs comprm s coluns, miúsculs s linhs. ftores, nem efeito isoldo sobre germinção. Em todos os estádios nlisdos, s sementes de Ceslpini echint mostrrm cpcidde de suportr secgem, germinndo mesmo qundo o teor de águ g.sementes - 0,3 0,25 0,2 0,5 0, 0,05 0 c c b b I II III IV Estádios Figur 9. Teor de águ (%, linh contínu), conteúdo de mtéri sec (g.semente -, coluns prets) e germinção (% de sementes que originrm riz primári, coluns vzis; % de sementes que originrm plântuls normis, coluns cinzs) de sementes de Ceslpini echint de diferentes ctegoris (estádios I IV). Letrs iguis não diferem entre si pelo teste de Tukey, 5%. b b % foi reduzido pr 7,6% 7,9% (tbels e 2), o que corresponde o comportmento de sementes ortodoxs (Roberts 973). C. echint é espécie de florest úmid e, neste biom, estim-se que cerc de 70% ds espécies produzem sementes com comportmento reclcitrnte ou intermediário. Entre ests, incluem-se Ing uruguensis (ingá), Theobrom cco (ccu), Heve brsiliensis (seringueir), Bertolleti excels (cstnhdo-prá), Euterpe edulis (plmiteiro) e Pullini cupn (gurná) - (Andrde & Pereir 997, Brbedo & Bili 998, Berjk & Pmmenter 2000). É importnte slientr que, pesr d redução significtiv n cpcidde de produzir plântuls normis (tbel 2), qundo o teor de águ foi reduzido pr vlores inferiores 9% (tbel ), cpcidde germintiv prticmente não foi fetd té o nível 2 de secgem, principlmente pr s sementes do estádio IV. Além disso, pr o estádio I, o nível de secgem chegou promover umento numérico nos vlores de germinção, comportmento crcterístico de sementes ortodoxs imturs (Crvlho & Nkgw 2000). A diferenç observd n tolerânci à dessecção ds sementes dos estádios III e IV (tbel 2) sugere que presentem diferençs iniciis de vigor, embor não detectáveis ns vlições iniciis relizds, reltivs dimensões, conteúdo de mtéri sec e germinção. Tl diferenç poderi indicr, tmbém, diferenç no estádio de mturção entre els. A cpcidde de sementes ortodoxs resistirem à dessecção durnte
6 436 C.J. Brbedo et l.: Secgem e rmzenmento de sementes de pu-brsil Teor de águ (%) R 2 = 0,947 R 2 = 0, Período de secgem (h) Figur 0. Teor de águ (%, em bse úmid) de sementes de Ceslpini echint submetids secgem 40 C ( ) e 50 C (Ο), por períodos de té 8 hors. fse de mturção gerlmente é dquirid durnte fse de cúmulo de reservs, estndo diretmente ssocid à tx de dessecção (Pmmenter & Berjk 2000). Armzenmento de sementes - O teor de águ ds sementes durnte o rmzenmento não presentou modificções expressivs. De modo gerl, s sementes rmzends em câmr fri presentrm teor de águ entre 8,0% e 0,0%, enqunto ns rmzends em mbiente nturl de lbortório, os vlores oscilrm entre,5% e 2,5%. Ns tbels 3, 4, 5 e 6 são presentdos os resultdos de germinção reltivos os trtmentos cujos efeitos e interções form significtivos. Após três meses de rmzenmento em câmr fri (7 ± C) s sementes de Ceslpini echint presentrm vlores elevdos de germinção (tbels 3 e 4). Por outro ldo, s sementes rmzends em mbiente nturl, independentemente do tipo de emblgem utilizd ou de secgem prévi o rmzenmento, presentrm redução centud n cpcidde germintiv (tbel 3) e, prticmente, perderm cpcidde de produzir plântuls normis (tbel 4). As sementes de C. echint não perderm cpcidde germintiv e de desenvolver plântuls normis mesmo pós seis meses de rmzenmento em Tbel 2. Germinção (% de sementes que originrm riz primári e que desenvolverm plântuls normis) de Ceslpini echint de diferentes ctegoris (estádios I IV), em função do nível de secgem ds sementes 40 ºC/50 ºC. C.V. (%) = coeficiente de vrição. Estádios Nível de secgem Médis Inicil 2 3 Riz primári Estádio I 25 cab 42 ba 38 ba 6 bb 30,2 Estádio II 8 A 67 AB 65 AB 50 B 6,0 Estádio III 72 bab 74 A 65 AB 55 B 66,5 Estádio IV 62 ba 76 A 73 A 60 A 67,8 Médis 60,0 64,86 60,2 45,2 C.V. (%) 7,02 Plântuls normis Estádio I ,0 b Estádio II ,5 Estádio III ,8 Estádio IV ,8 Médis 6,8 A 9,5 A 5,5 A 6,2 B C.V. (%) 53,84 Médis seguids pel mesm letr não diferem entre si pelo teste de Tukey, 5%; minúsculs comprm s coluns, miúsculs s linhs.
7 Revist Brsil. Bot., V.25, n.4, p , dez Tbel 3. Germinção (% de sementes que originrm riz primári) de Ceslpini echint, submetids ou não à secgem rtificil, pós três e seis meses de rmzenmento em câmr fri (7 ± C) e mbiente nturl (22 ± 7 C) e em três tipos de emblgem (permeável, semi-permeável ou impermeável). C.V. (%) = coeficiente de vrição. Emblgem 2 Período de rmzenmento Ambiente 3 meses 6 meses CS SS CS SS Permeável 32 bb 3 45 A 42 ba 44 A Semi-permeável 36 ba 35 A 38 ba 43 A Impermeável 53 A 40 A 47 A 36 B Nturl 6,4 b,0 b Câmr fri 73,7 82,7 C.V. (%) 29,95 22,83 CS: com secgem prévi, SS: sem secgem prévi; 2 tipo de emblgem utilizd pr o rmzenmento. 3 Médis seguids pel mesm letr não diferem entre si pelo teste de Tukey, 5%; minúsculs comprm s coluns, miúsculs s linhs. câmr fri, principlmente qundo condicionds em emblgens permeável ou semi-permeável (tbels 3 e 4). Os resultdos obtidos indicm que os principis efeitos sobre cpcidde de conservção do potencil fisiológico ds sementes de Ceslpini echint form ocsiondos pelo mbiente, neste cso pel redução d tempertur. O rmzenmento de sementes sob bixs temperturs é benéfico pr muits espécies, lgums vezes essencil, ms é prejudicil outrs (King & Roberts 982, Chin et l. 989, Andrde & Pereir 997, Normh et l. 997, Sunilkumr & Sudhkr 998, Bili et l. 999). A espécie em estudo toler o rmzenmento sob bix tempertur, que sbidmente reduz o metbolismo de sementes e de muitos microrgnismos que ocorrem durnte o rmzenmento; isto pode ter contribuído pr mnutenção d vibilidde ds sementes de Ceslpini echint por períodos prolongdos (té 8 meses de rmzenmento). Os efeitos d emblgem e d secgem prévi o rmzenmento, embor existentes, pouco contribuírm pr lterr os vlores iniciis (tbels 3 e 4). Contudo, pós 2 e 8 meses de rmzenmento os efeitos desses dois ftores começrm interferir significtivmente sobre germinção ds sementes, conforme pode ser observdo ns tbels 5 e 6. Aos 2 meses de rmzenmento (tbel 5), germinção ds sementes rmzends em mbiente nturl foi nul, independentemente dos demis ftores (emblgem e secgem prévi). Pr s sementes rmzends em câmr fri obtiverm-se diferentes comportmentos em relção às emblgens e à relizção ou não de secgem prévi o rmzenmento. Assim, qundo houve secgem prévi, emblgem impermeável mostrou-se mis dequd pr mnter cpcidde germintiv ds sementes em níveis semelhntes os iniciis (tbel 2), ms prejudicou cpcidde ds mesms de originrem plântuls normis. Ao contrário, o rmzenmento em emblgem permeável, despeito d evidente redução n cpcidde germintiv ds sementes, resultou em mior número de plântuls normis que o rmzenmento em emblgem impermeável. Em relção às sementes não submetids à secgem, emblgem permeável mostrou-se mis dequd pr o rmzenmento ds sementes de Ceslpini echint (tbel 5). A secgem prévi e o tipo de emblgem tmbém interferirm nos resultdos de germinção os 8 meses de rmzenmento (tbel 6). Assim, qundo submetids à secgem, s sementes não modificrm seu comportmento ns diferentes emblgens, enqunto que, qundo não submetids à secgem prévi, Tbel 4. Germinção (% de sementes que originrm plântuls normis) de Ceslpini echint, prtir de sementes submetids ou não à secgem rtificil, pós três e seis meses de rmzenmento em câmr fri (7 ± C) e mbiente nturl (22 ± 7 C) e em três tipos de emblgem (permeável, semi-permeável ou impermeável). C.V. (%) = coeficiente de vrição. Ambiente Armzenmento 3 meses 6 meses 2 CS SS Permeável Semi-permeável Impermeável Nturl ba 3 0 ba 0 ba 0 ba 0 ba Câmr fri 22 B 34 A 37 A 22 AB 4 B C.V.(%) 44,96 65,56 Interção significtiv pens pr secgem x mbiente. CS: com secgem prévi, SS: sem secgem prévi. 2 Interção significtiv pens pr emblgem x mbiente; 3 minúsculs ns coluns, miúsculs ns linhs; Tukey, 5%.
8 438 C.J. Brbedo et l.: Secgem e rmzenmento de sementes de pu-brsil Tbel 5. Germinção (% de sementes que originrm riz primári e que desenvolverm plântuls normis) de Ceslpini echint, submetids ou não à secgem prévi, pós 2 meses de rmzenmento em câmr fri (7 ± C) e mbiente nturl (22 ± 7 C) e em três tipos de emblgem. C.V. (%) = coeficiente de vrição. Emblgem Com secgem prévi Sem secgem prévi Ambiente nturl Câmr fri Ambiente nturl Câmr fri Riz primári Permeável 0 B 2 77 b A b 0 B 94 A Semi-permeável 0 B 75 b A 0 B 75 b A Impermeável 0 B 90 A 0 B 60 b A b C.V.(%) 28,78 Plântuls normis Permeável 0 B 0 b A 0 B 7 A Semi-permeável 0 B 2 A 0 A 4 b A b Impermeável 0 A 4 b A 0 A 0 b A C.V. (%) 74,68 Tipo de emblgem utilizd pr o rmzenmento; 2 letrs minúsculs comprm coluns; miúsculs, linhs entre mbientes, dentro de cd secgem; itálics, linhs entre secgens, dentro de cd mbiente; Tukey, 5%. mntiverm elevd cpcidde germintiv qundo condicionds em emblgem permeável, prticmente não germinndo qundo rmzend em emblgem impermeável. Após 8 meses de rmzenmento, 8% ds sementes condicionds em emblgem permeável e mntids em câmr fri mntiverm cpcidde germintiv e 9% dels cpcidde de desenvolver plântuls normis (tbel 6). Estes resultdos demonstrm que, contrrimente à descrição existente n litertur sobre bix longevidde de sementes de Ceslpini echint (Aguir & Brbos 985), ests podem ser rmzends por, no mínimo, 8 meses com bo conservção d su vibilidde. Contudo, deve-se slientr importânci d qulidde inicil do lote e do emprego de emblgens permeáveis pr que se obtenh tl conservção. Finlmente, s sementes d espécie em estudo comportm-se como ortodoxs, tolerndo dessecção té bixo conteúdo de águ (7,6%), o que pode fcilitr ind mis seu rmzenmento e mplir su conservção pr fins de reposição ds populções nturis, dizimds pelo histórico extrtivismo observdo desde os tempos d colonizção do Brsil. Agrdecimentos Agrdecemos à Fpesp pelo poio finnceiro o projeto (Proc. 2000/ ) e o CNPq pels bolss de produtividde em pesquis concedids C.J. Brbedo e R.C.L. Figueiredo-Ribeiro. Agrdecemos, tmbém, o Dr. Edison Pulo Chu pels fotogrfis de C. echint e os funcionários d Reserv Biológic e Estção Experimentl de Moji-Guçu (SP) pelo fornecimento ds sementes. Tbel 6. Germinção (% de sementes que originrm riz primári e que desenvolverm plântuls normis) de Ceslpini echint, submetids ou não à secgem prévi, pós 8 meses de rmzenmento em câmr fri (7 ± C) e em mbiente nturl (22 ± 7 C) e em três tipos de emblgem. C.V. (%) = coeficiente de vrição. Emblgem Riz primári (%) Plântuls normis Com secgem Sem secgem (%) AN CF AN CF AN CF Permeável 0 B 2 79 A 0 B 8 A 0B 9A Semi-permeável 0 B 79 A 0 B 54 b A b 0A 2bA Impermeável 0 B 73 A 0 A 6 c A b 0A 0bA C.V. (%) 32,7 74,68 AN: mbiente nturl, CF: câmr fri; 2 médis seguids pel mesm letr não diferem entre si pelo teste de Tukey, 5%; minúsculs comprm s coluns, miúsculs s linhs, itálics s secgens.
9 Revist Brsil. Bot., V.25, n.4, p , dez Referêncis bibliográfics AGUIAR, F.F.A. & BARBOSA, J.M Estudo de conservção e longevidde de sementes de pu-brsil (Ceslpini echint Lm.). Ecossistem 0: AGUIAR, F.F.A. & PINHO, R.A.996. Pu-brsil: Ceslpini echint Lm. 2 ed. Instituto de Botânic, São Pulo. Folheto 8. ANDRADE, A.C.S. & PEREIRA, T.S Comportmento de rmzenmento de sementes de plmiteiro (Euterpe edulis Mrt.). Pesquis Agropecuári Brsileir 32: BARBEDO, C.J. & BILIA, D.A.C Evolution of reserch on reclcitrnt seeds. Scienti Agricol 55 (ed. especil): BARBEDO, C.J. & CICERO, S.M Effects of initil qulity, low temperture nd ABA on the storge of seeds of Ing uruguensis, tropicl species with reclcitrnt seeds. Seed Science nd Technology 28: BARBEDO, C.J. & MARCOS-FILHO, J Tolerânci à dessecção de sementes. Act Botnic Brsilic 2: BERJAK, P. & PAMMENTER, N Wht ultrestructure hs told us bout reclcitrnt seeds. Revist Brsileir de Fisiologi Vegetl 2 (Edição especil): BILIA, D.A.C., MARCOS-FILHO, J. & NOVEMBRE, A.D.C.L Desicction tolernce nd seed storbility of Ing uruguensis (Hook. et Arn.). Seed Science nd Technology 27: BRASIL, 992. Ministério d Agricultur e Reform Agrári. Regrs pr nálise de sementes. Brsíli. CARDOSO, M.A., PROVAN, J., POWELL,W., FERREIRA, P.C.G. & DE OLIVEIRA, D.E High genetic differentition mong remnnt popultions of the endngered Ceslpini echint Lm. (Leguminose Ceslpinoidee). Moleculr Ecology 7: CARNEIRO, J.G.A. & AGUIAR, I.B Armzenmento de sementes. In Sementes florestis tropicis (I.B. Aguir, F.C.M. Piñ-Rodrigues & M.B. Figlioli, eds.). Abrtes, Brsíli. p CARVALHO, N.M A secgem de sementes. Funep, Jboticbl. CARVALHO, N.M. & NAKAGAWA, J Sementes: ciênci, tecnologi e produção. 4 ed. Funep, Jboticbl. CHIN, H.F., KRISHNAPILLAY, B. & STANWOOD, P.C Seed moisture: reclcitrnt vs. orthodox seeds. In Seed moisture (P.C. Stnwood & M.B. McDonld, eds.). Crop Science Society of Americ, Mdison. p JOLY, C.A., AIDAR, M.P.M., KLINK, C.A., MCGRATH, D.G., MOREIRA, A.G., MOUTINHO, P., NEPSTAD, D.C., OLIVEIRA, A.A., POTT, A., RODAL, M.J.N. & SAMPAIO, E.V.S.B Evolution of the Brzilin phytogeogrphy clssifiction systems: implictions for biodiversity conservtion. Ciênci e Cultur 5: KERMODE, A.R Regultory mechnisms involved in the trnsition from seed development to germintion. Criticl Reviews in Plnt Sciences 9: KERMODE, A.R. & BEWLEY, J.D The role of mturtion drying in the trnsition from seed development to germintion. II. Acquisition of desicction-tolernce nd germinbility during development of Ricinus communis L. seeds. Journl of Experimentl Botny 36: KING, M.W. & ROBERTS, E.H The imbibed storge of coco (Theobrom cco) seeds. Seed Science nd Technology 0: MAINIERI, C Estudo mcro e microscópico de mdeirs conhecids por pu-brsil. IPT, São Pulo. Publicção 62. MELLO-FILHO, L.E. 99/992. A Florest Atlântic. In Florest Atlântic/textos científicos. (S. Monteiro & L. Kz, coord.). Edições Alumbrmento, Rio de Jneiro. p.7-2. MYERS, N Florests tropicis e sus espécies. Sumindo, sumindo...? In Biodiversidde (E.O.Wilson, ed.). Nov Fronteir, Rio de Jneiro. p NORMAH, M.N., RAMIYA, S.D. & GINTANGGA, M Desicction sensitivity of reclcitrnt seeds - study on tropicl fruit species. Seed Science Reserch 7: PAMMENTER, N. & BERJAK, P Aspects of reclcitrnt seed physiology. Revist Brsileir de Fisiologi Vegetl 2 (Edição especil): PEIXOTO, A.L. 99/992. A vegetção d Cost Atlântic. In Florest Atlântic - textos científicos (S. Monteiro & L. Kz, coord.). Edições Alumbrmento, Rio de Jneiro. p PRITCHARD, H.W., HAYE, A.J., WRIGHT, W.J. & STEADMAN, K.J A comprtive study of seed vibility in Ing species: desicction tolernce in reltion to the physicl chrcteristics nd chemicl composition of the embryo. Seed Science nd Technology 23: RAMALHO, R.S Pu-brsil (Ceslpini echint Lm.). Universidde Federl de Viços, Viços. Boletim de Extensão 2. p.-. ROBERTS, E.H Predicting the storge life of seeds. Seed Science nd Technology : SOARES, C.M.C Pu-brsil: árvore ncionl. 2 ed. Universidde Federl Rurl de Pernmbuco/Estção Ecológic do Tpcurá, Recife. SUNILKUMAR, K.K. & SUDHAKARA, K Effect of temperture, medi nd fungicide on the storge behviour of Hope prviflor seeds. Seed Science nd Technology 26: WALTERS, C Levels of reclcitrnce in seeds. Revist Brsileir de Fisiologi Vegetl 2 (Edição especil):7-2.
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