Oktoberbier. Historia e Curiosidades. Guilherme Tambascia. Guia de Cervejas Dalben

Transcrição

1 Oktoberbier Historia e Curiosidades Guilherme Tambascia 1

2 SUMÁRIO Apresentação 4 1 História da cerveja na Alemanha 6 2 Oktoberfest 10 3 Principais cervejarias da escola alemã 13 4 Comidas típicas Alemãs e Cerveja 17 5 Receitas 20 Bibliografia 25 3

3 HOPFEN UND MALZ GOTT ERHALTS (Com lúpulo e malte, Deus protege). - provérbio alemão Conheci a cerveja quando criança, roubando a espuma do copo do meu pai, já era um sinal. Como muitas pessoas, aprendi a beber a cerveja, cerva, gelada, na faculdade, e aos poucos fui tomando gosto, e minha paixão desencadeou quando comecei a colecionar garrafas de cervejas estrangeiras. APRESENTAÇÃO Guilherme Tambascia Mas foi depois que comecei a realmente apreciar, quando em uma viagem ao exterior, percebi que diferente das cervejas comuns, eu conseguia acompanhar um prato principal, tomando uma cerveja especial e, curioso que sou, fui tentar entender os motivos, quando me deparei com uma gama de estilos, sabores, aromas e possibilidades de harmonização. Logo, um amigo me presenteou com um curso de cerveja artesanal em um bar na Vila Mariana, SP. De tão mal-humorado que era o instrutor, o curso se tornou ainda mais legal e pouco tempo depois, fizemos a nossa primeira brassagem, termo usado para a fabricação de cerveja. Em 2016, de fato entrei de cabeça no mundo da cerveja, me formando em sommelier de cervejas pelo Instituto da Cerveja, e relatando várias das minhas experiências em uma página no Instagram, que hoje já reúne centenas de seguidores apaixonados por cerveja. Procuro sempre estar atualizado, lendo (muito) livros e mais livros de diferentes autores do mundo cervejeiro, desde guias de estilo até complexas receitas e harmonizações. Espero, que de alguma maneira, eu possa ajudá-los a desbravar este vasto mundo cervejeiro. Ah, e me sigam lá 4 5 Apresentação

4 1 HISTÓRIA DA CERVEJA NA ALEMANHA Hoje em dia, quando se fala em Alemanha, as primeiras recordações são certamente do famoso 7 x 1 (jogo da Copa do Mundo no Brasil em 2014, em que perdemos para a Alemanha), pessoas loiras, altas e frias, e com certeza, cerveja. Mas, estranhamente, muito da alegria relacionada à bebida se deve exatamente a Alemanha. Será que eles são tão frios mesmo? A Oktoberfest, a mais tradicional festa alemã, famosa pelas danças, música, carne de porco e muitas, mas muitas canecas de cerveja. Além da festa, existem muitas outras tradições cervejeiras do povo germânico, antigamente chamados de bárbaros. A lei da pureza é uma delas, que foi um grande marco na história da bebida. Os registros mais antigos relacionados à cerveja estão ligados à Alemanha, como a ânfora usada na produção de cerveja e a mais antiga instalação para fabricação de cerveja. A cultura alemã, oriunda ainda dos camponeses, manteve características antigas de produção e inclusive de consumo, onde os locais sempre irão dar preferências para as cervejas da região, diminuindo assim ataques de grandes corporações. Para se ter ideia, cada vila, bairro ou cidade tem ao menos uma cervejaria, tendo um total de aproximadamente 1300 cervejarias e mais de 5000 marcas de cerveja História da cerveja na Alemanha

5 Dentro do tradicionalismo alemão, ainda existem cervejas que só são permitidas para a produção em uma determinada região, como as Altbier, de Dusseldorf ou as Kolsch, de Colônia. Outros estilos foram também criados em suas regiões como a Rauchbier de Bamberg, Dortmunder de Dortmund, Berliner Weisse de Berlim, Bock, de Einbeck, além das tradicionais Weizenbier da região da Bavária (ou Baviera). Voltando um pouco na linha do tempo, ainda durante a idade média, o Império Romano avançava e levava o vinho por onde ia conquistando, no entanto, esbarrou no norte europeu, não chegando ao povo germânico ou bárbaros. Entre os séculos VIII e XVI, a cerveja passou por diversos processos de evolução saindo da fabricação caseira até chegar nas características de negócio e indústria. A urbanização, a concentração da população e a concentração do consumo nas cidades ajudaram a transformação da cerveja que era de produção caseira, responsabilidade das donas de casa até se tornar um grande negócio. Grupos de vizinhos e amigos se juntavam na produção e assim houve um aumento de escala para comercialização da bebida, desta maneira, algumas pequenas cervejarias iam se estabelecendo em cidades europeias. O uso do lúpulo na fabricação da cerveja também é de origem alemã. O primeiro registro do uso do ingrediente está no livro Physica sive Subtilitatum, da monja beneditina alemã, Hildegarda von Bingen ( ). Apesar do seu amargor, o uso lúpulo foi escolhido pelas suas propriedades conservantes, que combinado com o álcool, fazia da cerveja uma bebida mais segura do que a própria água, uma vez que na idade média as condições sanitárias não eram das melhores. Começaram então a surgir especialistas na produção da bebida, que cuidavam desde a produção dos ingredientes até a sua comercialização. Como consequência, surgiram as primeiras produções em grande escala, quase que como um protótipo de futuras indústrias, mas o grande momento foi em 1040, quando o mosteiro de Weihenstephan, em Freising, na Alemanha, conseguiu se licenciar para produção comercial da cerveja. Hoje ela se intitula, justificadamente, como a mais antiga cervejaria do mundo. Ao longo dos anos, as cervejarias foram se desenvolvendo e a região germânica foi ganhando maior destaque na produção. Regiões onde hoje são Alemanha, República Tcheca e Áustria já tinham diversas cervejarias. Ainda na idade média, a cerveja era um tanto diferente de como é hoje. Sem muitas técnicas de fabricação, utilizavam a defumação para a secagem dos grãos de cevada, o que acabava dando uma coloração mais escura às cervejas, além de, claro, o aroma defumado. Hoje em dia, a cidade de Bamberg na Alemanha mantém a tradição com o estilo Rauchbier que usa de malte defumado, dando aromas que lembram o bacon. O conceito atual de alcoolismo ainda não existia e a bebida fazia parte da dieta da população, não tendo limites de idade para o seu consumo, sendo normalmente consumida por toda a família. Pela capacidade nutritiva, inclusive, era chamada de pão líquido e era a única coisa que os monges consumiam em seu período de jejum, aperfeiçoando a preparação da bebida. No entanto, com o aumento de produção, houve a intenção de torná-la padronizada, inclusive com o uso de ingredientes que na época competiam com os padeiros na fabricação dos pães. Somado a isto e à vontade de controlar a colheita de impostos, em 23 de abril de 1516, o duque Wilhelm IV, promulgou um dos marcos históricos da cerveja, a lei Reinheitsgebot ou a lei da pureza, que dizia que os únicos ingredientes permitidos para a fabricação eram água, malte e lúpulo, uma vez que a levedura ainda era desconhecida. Posteriormente, foi adicionado a levedura e a permissão do uso de trigo na produção. Em 1516, a lei valia apenas na Baviera, porém em 1906 foi estendida a todo o império alemão. Hoje em dia, muitas cervejarias utilizam-se do rótulo de seguindo a lei da pureza alemã no intuito de indicar que produzem cerveja de qualidade, embora hoje é sabido que muitas delas usam outros ingredientes e também produzem ótimas cervejas, como as belgas, que utilizam diversas especiarias. Mas o assunto agora é a Alemanha, não é mesmo? Outro importante marco na história cervejeira é a criação da cerveja mais consumida no mundo atualmente, a Pilsen. A partir da segunda metade do século XVI, o duque da Baviera Albrecht V proibiu a fabricação de cerveja no verão, portanto a produção se finalizava nos meses de março e começava a ser armazenada a frio para aumentar a durabilidade. Estas passaram a se chamar Lager (significa armazenamento) e logo perceberam que elas ficavam mais claras e leves. Hoje sabe-se que o tipo de levedura e temperatura influenciam diretamente no paladar da bebida. Após tudo isso, em 1642 o uso do coque como forma de secagem dos grãos de cevada, foi descoberto, permitindo que os grãos não tivessem mais o caráter escuro e defumado, favorecendo a criação das cervejas Pale (claras, em inglês). Com a evolução tecnológica, a cerveja foi ficando cada vez mais clara, até que em 5 de outubro de 1842, na cidade de Plzen, na Boêmia, onde hoje é República Tcheca, um cervejeiro Alemão, da cervejaria Plzensky Prazdroj criou a primeira cerveja dourada, de boa carbonatação e extremamente refrescante, cujo nome foi Pilsner (terminação -er quer dizer de de Plzen), dando origem, portanto, ao estilo mais consumido do mundo. Hoje a cerveja ainda é produzida com o nome de Pilsner Urquell (Urquell = Original) e o estilo é o mais vendido e copiado mundo a fora. 1 História da cerveja na Alemanha História da cerveja na Alemanha

6 2 OKTOBERFEST Ainda nos séculos passados, com a proibição da fabricação de cerveja no verão, as últimas cervejas eram produzidas em março e tinham um teor alcóolico levemente maior, assim como uma carga maior de lúpulo para aguentar os meses de armazenamento. Para celebrar o retorno da possibilidade de produção e esvaziar os tanques, uma grande festa para acabar com o estoque era realizada. E coincidentemente ou não, esta cerveja produzida em março, passou a ser conhecida como Marzen (março) e este consumo era no final de setembro, começo de outubro. Este estilo de cerveja, com o passar dos anos também passou a ser conhecido (com pouca variação) como Oktoberfest. No entanto, a tradicional festa Alemã na verdade não é uma festa de cerveja, embora se confunda muito. A festa é uma celebração cultural e gastronômica da região da Baviera, cuja capital é Munique, mas sim, a cerveja é parte não só integrante, como de suma importância. A festa é datada de 1810 no casamento real entre Ludwig I e Therese von Sachsen-Hildburghausen, onde todos os cidadãos de Munique foram convidados para a festa que teve cerca de uma semana de duração, finalizada com uma corrida de cavalos. A festa teve tanto Oktoberfest

7 sucesso que se repetiu no ano posterior e não parou mais. O local da festa, como homenagem à Rainha, passou a se chamar Theresienwiese (gramado de Therese). A festa passou então a ser realizada com o intuito de promover a agricultura e movimentar a economia da região, sendo que a partir de 1819 a população de Munique tornou-se responsável pela organização. Com o passar dos longos dos anos a festa passou a realizada mais cedo para ainda aproveitar os meses quentes de setembro, finalizando nos primeiros dias de outubro. Em 1885, a luz elétrica foi introduzida na festa, em 1892 a cerveja passou a ser servida em canecas de vidro, as tradicionais Mass, e em 1896 foi realizada pela primeira vez em galpão fechado. Em 1910, na comemoração de seu 100º aniversário, mais de 120 mil litros de cerveja foram consumidos e a partir de 1950 o prefeito passou a inaugurar a festa com a abertura do primeiro barril de chope, sendo que, em 1960 foi a última exibição da corrida de cavalos. Apesar do nome, a festa ocorre tradicionalmente em setembro e finaliza no primeiro domingo de outubro, durando 16 dias, exceto os anos em que o primeiro domingo é anterior ao dia 03 de outubro, dia da reunificação da Alemanha, na qual a data é celebrada e a festa é estendida, ou seja, nos anos em que o primeiro domingo de outubro cair no dia 02, a festa terá 17 dias, e no ano em que cair no dia 01, terá 18, exatamente o que ocorreu agora em E haja cerveja para tanta festa! A festa atualmente conta com vários galpões de cervejarias de Munique e estima-se que são consumidos cerca de 7,3 milhões de litros de cerveja em um público que chega a 6 milhões de pessoas. Desde 1810 a festa ocorreu praticamente em todos os anos, com exceção dos anos de guerra como 1813 (guerra com Napoleão), 1866 (guerra com a Prússia), (I Guerra Mundial), 1923 e 1924 por conta da alta inflação, e entre 1939 e 1945, em razão da II Guerra Mundial. Em 1980 um lamentável evento ocorreu ao explodir uma lixeira, matar 13 pessoas e deixar mais de 200 feridas. No mundo todo, outras celebrações em homenagem à tradicional festa alemã são realizadas, sendo que uma das maiores é a brasileira Oktoberfest de Blumenau, em Santa Catarina, que já se consolidou como referência turística da região. 3 PRINCIPAIS CERVEJARIAS DA ESCOLA ALEMÃ 2 Oktoberfest 12 13

8 Como puderam perceber, a Alemanha tem muita história no mundo da cerveja e como não podia ser diferente toda essa história deu origem a uma escola cervejeira. A escola alemã tem como principal característica o uso dos 4 ingredientes básicos da cerveja: água, malte, lúpulo e levedura. Seguindo fielmente a Reinheitsgebot, de 1516, tanto para as cervejas de família Lager ou Ale. Os principais estilos cervejeiros acompanham também a região do país em que são produzidas, criando, em alguns casos, uma certa rivalidade. Os Principais Estilos Da Escola Alemã Pilsen Cerveja clara, de amargor moderado e fácil de beber. Teve origem na República Tcheca, mas apresenta variações tchecas ou alemãs. Helles Cerveja clara, com menor amargor e extremamente consumida na região sul da Alemanha. Dortmunder Cerveja clara, levemente mais encorpada que a Helles e com menor amargor, exclusiva da região de Dortumund. Muncher ou Dunkel Cerveja clássica de Munique, anterior ao avanço tecnológico que foi capaz de deixar a cerveja mais clara. Apresenta características de caramelo e coloração castanha ou marrom claro. Rauchbier Clássica em Bamberg, utiliza maltes defumados, oferecendo características que remetem a alimentos defumados como o bacon. Schwarzbier Escura, porém leve. Apresenta aromas que passam por chocolate e café. Altbier Cerveja exclusiva de Dusseldorf, é levemente amarga com aroma intenso de lúpulo, mas características de caramelo no paladar. Kolsch Pela proximidade, rivaliza com a Altbier, exclusiva de Colônia, é clara, porém muito mais seca e levemente mais ácida que uma Pilsen. Weizenbier Conhecida também como Weissbier (cerveja branca) é a clássica cerveja de trigo bávara. Com grande colarinho, aroma evidente de cravo e banana, servida em copos específicos e brilham os olhos de quem as bebe. Pode ser turva, sem filtração (Hefe-Weissbier), ou límpida e transparente (Kristall- Weissbier). Dunkel-Weizenbier Cerveja de trigo, porém com maltes mais escuro, oferecendo características que remetem mais à banana-passa e caramelo. Berliner-Weisse Típica da região de Berlim, é produzida com lactobacilos para deixá-la mais ácida, normalmente servida com xarope de frutas, como uma espécie de soda. Teor alcóolico baixo e extremamente refrescante. Vienna Lager Clássica de Viena, Áustria, apresenta coloração que varia de dourada a cobre, com intenso aroma de caramelo. Marzen ou Oktoberfest Cerveja histórica, produzida em março para ser consumida em Outrubro, na Oktoberfest, acobreada e com intenso caráter de caramelo. Bock Inventada na cidade de Einbeck, apresenta maior teor alcóolico e caráter evidente de caramelo, bom para dias mais frios. Doppelbock Mais encorpada e alcóolica que a Bock, apresenta notas de nozes e amêndoas. Ótima para dias mais frios ou tomar como aperitivo. 3 Principais Cervejarias da Escola Alemã Principais Cervejarias da Escola Alemã

9 Entre Todos Os Estilos Acima, Se Destacam As Principais Cervejarias Alemãs SCHLENKERLA (Bamberg) Clássica pelo estilo Rauchbier, foi fundada em 1405 e traz a cerveja de volta às origens. SCHNEIDER WEISSE (Kelheim) Especialista em variedades de trigo, já foi eleita a melhor Weizenbier do mundo. WEIHENSTEPAHN (Freising) Mais do que uma cervejaria, é um mosteiro que possui tradição em escola cervejeira com academia de cerveja e os principais cursos de formação, além de deter o rótulo de cervejaria mais antiga do mundo, apresenta rótulos espetaculares. PAULANER (Munique) Famosa pela cerveja de trigo, é mais histórica que se imagina. Fundada em 1634, é referência do estilo Doppelbock e uma das principais cervejarias da Oktoberfest. HOFBRAUS (Munique) Principal cervejaria de Munique e da Oktoberfest, é a maior e mais concorrida tenda da festa, com a cerveja Helles sendo o principal rótulo. É histórica e foi fundada no século XVI. ERDINGER (Erding) Uma das pioneiras e mais famosas cervejas de trigos que chegou ao Brasil, é também uma das mais tradicionais em exportação de cerveja de trigo para o mundo afora. 4 COMIDAS TÍPICAS ALEMÃS E CERVEJA LOWENBRAU (Munique) Datada de 1880, apresenta um tradicional restaurante germânico no centro de Munique e é uma das cervejarias da Oktoberfest AUGUSTINER (Munique) A cervejaria mais antiga de Munique, fundada em 1328, fazia parte do mosteiro dos Augustinos e é hoje uma cervejaria tradicional participante da Oktoberfest. 3 Principais Cervejarias da Escola Alemã 16 17

10 Combinações Típicas Weisswurt com Weizenbier Schlachteplatte com Dunkel ou Bock A Alemanha é um país situado no Norte da Europa e apresenta um clima temperado, com as temperaturas médias variando de 3oC num rigoroso inverno a + 24oC no verão, e uma temperatura média anual em torno dos 9oC, o que define o país como relativamente frio. Para se ter uma ideia de comparação, a temperatura média de Curitiba, que é a capital brasileira mais fria é de 16,5oC e Urupema-SC, a cidade mais fria brasileira, tem a média de 13oC. Exatamente em razão do frio do país, a tradição culinária alemã é de pratos mais gordurosos, que ajudam a combater esse frio, ainda mais em épocas passadas quando ainda não existia um sistema de aquecimento eficiente como os de hoje. Desta forma, a carne mais consumida é a de porco. Para se ter uma ideia, existem mais de 1500 tipos de salsichas na Alemanha. Outra grande tradição germânica é o consumo de batatas, alimento rico em amido. Este, no entanto, começou a ganhar notoriedade no país a partir da guerra dos 30 anos ( ). Outra característica notável do país são os molhos e cozidos temperados com raiz forte, mostarda e outros temperos. Em relação às refeições diárias, o alemão típico costuma ter um café da manhã com bastante carboidrato, ou seja, com diversos pães, baguetes, ou o famoso Pretzel, tradicional massa de origem bávara, geralmente acompanhada de manteiga (butterbrezel) ou de geleias. Não é tão difícil verificar o acompanhamento de cervejas de trigo, as Weizenbier nos cafés da manhã, principalmente na região da Bavária. Já no almoço, o típico alemão opta por bisteca de porco com batata, seja na forma de salada ou guarnição, por vezes com canecas de cervejas Pilsen ou Helles como principal acompanhamento. Em dias mais frios, as refeições são mais gordurosas como por exemplo um joelho de porco, repolho e batata, acompanhado de cervejas de maior corpo como uma bock ou doppelbock. No jantar, por sua vez, as salsichas são o prato da vez. Brancas, vermelhas, mais escuras, a Wurst como é chamada geralmente é acompanhada de pão ou salada. O curioso é que antigamente, para comer a salsicha, os alemães usavam pães para ajudar a segurar, chamado de Bratwurst, sendo assim, o prato é um dos precursores do cachorro-quente. Salsichas brancas, geralmente acompanhadas de repolho com cervejas de trigo que possuem uma alta carbonatação que quebra a gordura e ambas apresentam sabores leves que se equilibram. Eisbein com Helles ou Pilsen Prato completo alemão com batatas, repolho, bisteca suína, joelho de porco e salsichas, acompanhados de cervejas levemente mais tostadas, como uma Dunkel, ou mais encorpadas, para dias mais frios, como uma Bock. Joelho de porco geralmente acompanhado de salada de batatas com cerveja Helles ou Pilsen, com o sabor e leveza da cerveja contrastando com a gordura e atenuando o sabor do porco. 4 Comidas Típicas Alemãs e Cerveja Comidas Típicas Alemãs e Cerveja

11 Costela na cerveja com chocolate Receita de Edu Passarelli - gastrônomo e sommelier de cervejas. 5 RECEITAS Rendimento 4-6 porções Ingredientes 350g de cebola picada 600 ml de Dunkel 1 kg de costela de porco 2 colheres de azeite 2 colheres de manteiga 1 colher de açúcar mascavo 50g de chocolate meio amargo Sal e pimenta branca moída a gosto Preparo Misture a cebola, sal, pimenta e metade da cerveja em um recipiente com tampa e adicione a costela. Feche e reserve na geladeira por 12h, agitando de tempos em tempos. Pré-aquecer um forno a 180oC e levar ao forno a costela marinada em forma previamente untada; Coe a marinada e reserve a cebola e o líquido, adicione o restante da cerveja e refogue em uma panela funda. Com a cebola cozida, diminua o fogo, adicione o açúcar mascavo e a manteiga e deixe reduzir pela metade. Adicione o chocolate e mexa até derreter; Regue a costela com o molho depois de assada por cerca de 90 minutos até ficar macia. Estilo de cerveja recomendada para acompanhar: Dunkel ou Bock Receitas

12 Rendimento 4 porções Ingredientes 1 colher de sementes de cominho; 1 cebola roxa; 1 xícara de iogurte natural; 1 colher de azeite; 4 salsichões brancos; 4 babatas; Kartoffelsalat mit wurst Salada de batata com salsichão Receita de Tatiana Damberg - gastrônoma e produtora culinária Mostarda, pimenta-do-reino e sal a gosto. Preparo Corte as batatas em pedaços e cozinhe até ficarem macias; Escorra e tempere, com azeite, sal, pimenta-do-reino, cominho a cebola em fatias; Leve à geladeira e misture o iogurte antes de servir; Em uma frigideira, aqueça as salsichas e deixa-as dourar; Sirva com a salada e a mostarda para acompanhar. Estilo de cerveja recomendada para acompanhar: Pilsen ou Weizenbier Rendimento 4-6 porções Ingredientes 500g de Kassler (lombo de porco defumado); 20g de banha suína; 2 cebolas; 1 maça; 500g de chucrute; 150g de caldo de carne; Cominho a gosto; 250mL de vinho branco; 800g de batata; 200mL de creme de leite; Sauerkrat mit Kassler Chucrute com lombo Receita de Heiko Grabolle - Chef e gastrônomo Sal a gosto; 1 dente de alho; 100g de bacon; Preparo Refogar a banha, bacon, cebola, alho e maça até a cebola começar a dourar; Acrescentar o chucrute já lavado e escorrido, um pouco de calde de carne e vinho; Adicionar as fatias de kassler, e deixar cozinhar em fogo baixo por aproximadamente 20 minutos; Não deixar o chucrute secar, se necessário adicionar água; Descascar e cozinhar a batata; Servir quente o prato Estilo de cerveja recomendada para acompanhar: Dunkel ou Weizenbier 5 Receitas Receitas

13 Apfelstrudel Receita popular Rendimento 10 porções Ingredientes 2 xícaras de farinha de trigo; ½ xícara de água fria; 150g de manteiga; ½ de maçãs descascadas; 100g de passas; 1 xícara de açúcar; 1 xícara de canela em pó; 100g de farinha de rosca; Suco de 1 limão; 200g de manteiga derretida; 1 gema de ovo para pincelar; Preparo Misture a farinha com água e 150g de manteiga derretida, amasse bem e cubra e reserve; Corte as maçãs em tiras, junte as passas, 1 xícara de açúcar, 1/2 xícara de canela em pó e o suco de limão e reserve; Divida a massa em duas partes; Abra a massa com o rolo sobre a mesa enfarinhada; Depois de bem esticada, passe a massa para um guardanapo bem úmido, a massa deve ficar bem fininha; Depois da massa aberta coloque a metade da farinha de rosca, a metade do recheio e a metade do restante da manteiga polvilhando com um pouco de açúcar e também a canela; Enrole, com auxílio de um guardanapo, como rocambole; Dobre as pontas para baixo, coloque no tabuleiro e pincele com gema; Polvilhe com açúcar e canela e asse em forno moderado; Sirva quente. BIBLIOGRAFIA 5 Receitas 24 25

14 LAROUSSE DA CERVEJA Editora Lafonte LTDA, São Paulo, 2011º THE BEER BIBLE Workman Publishing Co. USA, 2015 A MESA DO MESTRE-CERVEJEIRO Editora SENAC São Paulo, 2012 CERVEJA E COMIDA Publifolha Editora, São Paulo, 2016 O GRANDE LIVRO DA CERVEJA Publifolha Editora, São Paulo, 2014 THE WORLD ATLAS OF BEER Octopus Publishing Group, UK, 2016 CERVEJAS, BREJAS & BIRRAS Leya Editora, São Paulo, BEERS YOU MUST TRY BEFORE YOU DIE Octopus Publishing Group, UK, 2010 AS 100 MELHORES CERVEJAS BRASILEIRAS Leya Editora, São Paulo, 2014 VINHOS VERSUS CERVEJA Editora SENAC São Paulo, 2011 REVISTA WBEER Edição no 18, New Content, São Paulo, Bibliografia

15 Taquaral Barão Geraldo Mansões Sto. Antônio supermercadosdalben.com.br /dalbensupermercados