P.º C. P. 65/2008 SJC-CT- Registo das alterações à licença ou à autorização de loteamento pedido pelas Câmaras Municipais. Tributação emolumentar.

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1 P.º C. P. 65/2008 SJC-CT- Registo das alterações à licença ou à autorização de loteamento pedido pelas Câmaras Municipais. Tributação emolumentar. DELIBERAÇÃO 1 A Senhora Conservadora do Registo Predial de.solicita informação relativa à tributação emolumentar devida (ou não) pelo registo das operações de transformação fundiária loteamentos e suas alterações requeridos pelas Câmaras Municipais por força do prescrito no artigo 8.º-B do Código do Registo Predial. Afirma que, em face do disposto nas alíneas a) e d) do citado preceito, as Câmaras Municipais estão obrigadas a promover os registos das operações de transformação fundiária loteamentos e suas alterações por intervirem como sujeitos activos ou passivos. Até à alteração introduzida pelo Decreto-Lei n.º 116/2008, de 4 de Julho, era entendimento do IRN (cita despacho n.º 10/2004, do Presidente do Instituto, publicado no BRN n.º 4/2003, I, pág. 3, e o parecer proferido no proc.º n.º C.P.11/2006DSJ-CT) que o registo das alterações à licença ou à autorização de loteamento, nos termos previstos no n.º 7 do artigo 27.º do RJUE, não estava sujeito ao pagamento de emolumentos. Em face da nova legislação questiona se será de manter esta posição, e a manter-se se será extensiva aos casos em que o registo é peticionado por particulares, ou se, neste caso, deverá ser rejeitado o respectivo pedido se desacompanhado do emolumento. E, se o pedido for formulado pelo Município, ou pelos particulares, fora do prazo legal, o correspondente emolumento é devido em dobro? 2 Em face da natureza e impacto da questão colocada, bem como do novo quadro legislativo que lhe respeita, foi determinada a audição do Conselho Técnico, para emissão de parecer ou deliberação. 1

2 3 Perante os factos descritos na consulta e tendo em conta as alterações legais introduzidas no Regime Jurídico da Urbanização e da Edificação, aprovado pelo Decreto-lei n.º 555/99, de 16 de Dezembro 1, e no Código do Registo Predial 2, bem como no Regulamento Emolumentar dos Registos e do Notariado 3, a posição do Conselho vai expressa na seguinte Deliberação 1 Na sequência das alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 116/2008, de 4 de Julho, no Código do Registo Predial (CRP), a redacção do artigo 2.º, n.º 1, alínea d), passou a submeter a registo «as operações de transformação fundiária resultantes de loteamento, de estruturação de compropriedade e de reparcelamento, bem como as respectivas alterações». A tradução tabular das alterações às referidas operações de transformação fundiária já inscritas (alínea f) do n.º 1 do artigo 95.º) reveste a natureza de averbamento, em face do preceituado na alínea n) do n.º 1 do artigo 101.º do citado Código 4. 2 Pelo pedido de registo de operações de transformação fundiária são devidos os emolumentos previstos no n.º 2.11 do artigo 21.º, do 1 Veja-se a Lei n.º 60/2007, de 4 de Setembro, que procedeu à sua republicação. 2 Cfr. o artigo 1.º do Decreto-Lei n.º 116/2008, de 4 de Julho / Redacção conferida pelo artigo 20.º do citado Decreto-Lei n.º Até à recente Reforma do Registo Predial consagrada no citado Decreto-Lei n.º 116/2008, constava que tanto o registo da emissão do alvará de loteamento como o das alterações à operação de loteamento eram efectuados por inscrição alínea f) do n.º 1 do artigo 95.º do CRP. No entanto, este Conselho já tinha defendido que o registo das alterações deveria revestir a forma de averbamento. 2

3 Regulamento Emolumentar dos Registos e do Notariado (RERN), isto é, 250. Tratando-se de averbamento de alteração às referidas operações deve ser cobrada a quantia de 100, nos termos previstos no n.º 3 do artigo 21.º do RERN. 3 A alteração da licença para a realização da operação urbanística dá lugar a aditamento ao alvará que, no caso de operação de loteamento, deve ser comunicado oficiosamente à conservatória do registo predial competente para efeitos de averbamento, contendo a comunicação os elementos em que se traduz a alteração, por força do preceituado no n.º 7 do artigo 27.º do Decreto-Lei n.º 555/99, de 16 de Dezembro, que aprovou o Regime Jurídico da Urbanização e da Edificação (RJUE). 4 Quando as Câmaras Municipais deliberam a aprovação de alterações à referida licença e as concretizam nos termos previstos no n.º 7 do artigo 27.º do RJUE, não agem nem como sujeitos activos nem como sujeitos passivos da relação jurídica, visto que não se encontram em qualquer dos seus pólos, nem estão a praticar actos que impliquem alterações aos elementos da descrição para os efeitos previstos no n.º 1 do artigo 90.º do CRP, pelo que a sua actuação não se enquadra na previsão consagrada nas alíneas a) e d) do n.º 1 do artigo 8.º-B do citado Código. 5 A obrigatoriedade de as Câmaras Municipais promoverem o averbamento da alteração da licença decorrente do disposto no n.º 7 do citado artigo 27.º, não é extensiva à inscrição das operações de transformação fundiárias resultantes de loteamento, de estruturação de compropriedade e de reparcelamento, prevista na alínea d) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do Registo Predial. Assim, o dever de colaboração entre os Serviços do Estado, para garantia do interesse público, urbanístico e ambiental, que justificou então, tal como hoje, uma interpretação restritiva do referido n.º 3 do 3

4 artigo 21.º do RERN, no sentido de excluir da sua previsão o referido averbamento 5, não lhe é aplicável. 6 Diversa será, contudo, a situação se qualquer desses pedidos de registo for formulado pelos particulares, pois, consabidamente, os actos praticados nos serviços de registo estão sempre sujeitos a tributação 5 No citado despacho 10/2004, publicado no BRN n.º 4/2004, I, pág. 3, fixou-se o entendimento de que o artigo 21.º, n.º 3.3, do RERN, na redacção conferida pelo Decreto-Lei n.º 194/2003, de 23 de Agosto, deveria ser interpretado restritivamente, no sentido de excluir da sua previsão o averbamento de alteração da licença previsto no n.º 7 do artigo 27.º do Decreto-Lei n.º 555/99, na redacção introduzida pelo Decreto-Lei n.º 177/2001, de 4 de Junho. Posteriormente, no parecer proferido pelo Conselho Técnico no proc.º n.º C.P.11/2006DSJ-CT, para cuja fundamentação remetemos (especialmente para o ponto 3 da fundamentação e a conclusão VI), concluiu-se que o registo de alterações à licença ou autorização de loteamento, nos termos previstos no n.º 7 do artigo 27.º do RJUE, não está sujeito a tributação emolumentar. O Regime Jurídico da Urbanização e da Edificação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 555/99, foi alterado pela Lei n.º 60/2007, de 4 de Setembro, tendo a redacção do n.º 7 do artigo 27.º, sido aperfeiçoada no sentido de passar a consignar expressamente que a comunicação deve conter «os elementos em que se traduz a alteração», mas a essência manteve-se intocável. Os artigos 28.º a 33.º, da subsecção IV, referentes à autorização e às suas alterações foram revogados. Acresce ainda, por outro lado, que nem as alterações agora consagradas no Código do Registo Predial (apesar de significativas) nem, reflexamente, as introduzidas no Regulamento Emolumentar dos Registos e do Notariado colidem com a doutrina fixada. Com efeito, da análise sumária do exposto não nos parece que decorra a necessidade de alterar a posição publicada pelos Serviços relativamente à tributação emolumentar do averbamento de alteração da licença efectuado na sequência da comunicação do Município determinado pelo artigo 7.º do artigo 27.º do RJUE, sendo que as razões então invocadas mantêm ainda plena actualidade. 4

5 emolumentar, salvo os casos de gratuitidade ou de isenção previstos na lei cfr. o disposto nos artigos 1.º e 21.º do RERN. 7 O incumprimento da obrigação de registar pelos sujeitos mencionados no n.º 1 do artigo 8.º-B, dentro do prazo legal, determina o pagamento do emolumento em dobro, em face do prescrito no n.º 1 do artigo 8.º-D do Código do Registo Predial. O agravamento emolumentar recai sobre a entidade que está obrigada a promover o registo e não sobre aquela que é responsável pelo pagamento do emolumento, como resulta da análise conjugada do preceituado nos artigos 8.º-B, n.ºs 1 e 2, e 8.º-D, n.º 3, ambos do Código do Registo Predial. 8 No entanto, por determinação do Senhor Presidente deste Instituto 6, as situações em que o pedido de registo seja efectuado após o decurso dos prazos previstos no artigo 8.º-C do CRP, deve ser cobrado o agravamento emolumentar constante do n.º 1 do artigo 8.º-D ao apresentante daquele, independentemente de ser ou não o sujeito obrigado à sua promoção, por força do disposto no n.º 3 do artigo 151.º do CRP. Nestes termos, é entendimento deste Conselho que a doutrina divulgada designadamente a relativa aos pedidos formulados pelas Câmaras Municipais em cumprimento do disposto no n.º 7 do artigo 27.º, do RJUE, deve continuar a ser seguida visto que, mesmo em face da lei vigente, mantém plena actualidade. Deliberação aprovada em sessão do Conselho Técnico de 25 de Setembro de Isabel Ferreira Quelhas Geraldes, relatora. Esta deliberação foi homologada pelo Exmo. Senhor Presidente em Veja-se o Despacho n.º 74/2008, de 18 de Julho. 5

6 POR PROPOSTA DE RECTIFICAÇÃO, foi a presente deliberação alterada quanto ao 2º parágrafo do nº 2, pelo que aquele nº 2 passou a ter a seguinte nova redacção: 2 Pelo pedido de registo de operações de transformação fundiária são devidos os emolumentos previstos no n.º 2.11 do artigo 21.º, do Regulamento Emolumentar dos Registos e do Notariado (RERN), isto é, 250. Tratando-se de averbamento de alteração às referidas operações deve ser cobrada a quantia de 250, nos termos previstos no n.º 2.12 do artigo 21.º do RERN. Esta rectificação mereceu objecto de concordância do Senhor Presidente em