DELIBERAÇÃO. b) Qual a tributação emolumentar devida pela inscrição em causa.
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- Herman Álvaro Domingos
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1 P.º n.º CP. 7/2012 SJC-CT Ónus de pagamento das anuidades previstas nos casos de obras de fomento agrícola. Taxas de beneficiação. Taxas de conservação e de exploração. Menção especial da respetiva inscrição predial. Tributação emolumentar. DELIBERAÇÃO 1 Na sequência da informação prestada à Associação de Regantes dos concelhos de...,... e..., que se encontra junta aos autos, a senhora conservadora do registo predial de... vem solicitar ao Instituto dos Registos e do Notariado, I.P., muito em síntese, os seguintes esclarecimentos: a) Em que termos deve ser publicitada a menção especial prevista na alínea u) do n.º 1 do artigo 95.º do CRP, respeitante ao ónus de pagamento das anuidades previstas nos casos de obras de fomento agrícola (cfr. o disposto nos artigos 65.º, n.º 7, e 69.º, n.º 6, do Decreto-Lei n.º 269/82) registável ao abrigo do disposto na alínea s) do n.º 1 do artigo 2.º do citado Código; e b) Qual a tributação emolumentar devida pela inscrição em causa. 1.1 Depois de percorrer os diversos diplomas que regeram, e os que regem, a matéria em apreço, defende, relativamente à questão equacionada na alínea a), que, como menção especial, deverá constar o tipo de anuidades de beneficiação, de conservação e de exploração, ou ambas e não o valor concreto das anuidades em si, uma vez que variando este anualmente a obrigação de atualização do registo tornar-seia incomportável para o promotor. No que concerne à questão emolumentar, conclui pela gratuitidade de tais registos dado que, em face da previsão contida na segunda parte da alínea a) do n.º 1 do artigo 14.º do Regulamento Emolumentar dos Registos e do Notariado, cabem «nos factos não dependentes da vontade dos interessados, cujo registo seja imposto por lei». 2 Com base na proposta do Setor Jurídico e de Contencioso foi superiormente determinada a audição deste Conselho sobre a matéria em causa, pelo que cumpre apreciar. 1
2 II Nestes termos, a pronúncia deste Conselho vai expressa na seguinte Deliberação 1 Por força do disposto nos artigos 65.º, n.º 7, e 69.º, n.º 6, respetivamente, do Decreto-Lei n.º 269/82, de 10 de julho, na redação introduzida pelo Decreto-Lei n.º 86/2002, de 6 de abril, o encargo do pagamento da taxa de beneficiação, bem como o encargo do pagamento das taxas de conservação e de exploração, constituem ónus sujeitos a registo, nos termos e para os efeitos previstos no Código do Registo Predial 1. 1 Afigura-se-nos importante começar por fazer uma breve alusão às associações de regantes, cuja instituição remonta já a 1938, que têm como sócios, designadamente, os proprietários, os usufrutuários e os arrendatários dos terrenos beneficiados pelas obras de fomento hidroagrícola ou das partes destas que lhes forem entregues. Na zona de intervenção da Reforma Agrária, as associações de regantes e beneficiários passaram a ser dirigidas, transitoriamente, por comissões administrativas (cfr. o Decreto-Lei n.º 407-A/75, de 30 de julho). Com vista à normalização destas associações, o Governo considerou indispensável regulamentar a sua constituição e os fins dos órgãos de gestão das obras de fomento agrícola, em geral, pelo que fez publicar o Decreto-Regulamentar n.º 84/82, de 4 de novembro, em cumprimento do prescrito no n.º 1 do artigo 90.º do Decreto-Lei n.º 269/82, de 10 de Julho, que prescrevia o seguinte: «1. A disciplina das associações de beneficiários e juntas de agricultores será objeto de regulamentação complementar a estabelecer por decreto regulamentar». Dentre as atribuições das associações de beneficiários previstas no artigo 4.º do aludido Decreto- Regulamentar importar destacar particularmente as seguintes: b) Assegurar a exploração e conservação das obras de fomento hidroagrícola ou das partes destas que lhes forem entregues; g) Elaborar os mapas de liquidação anual das taxas de exploração e conservação e beneficiação, de harmonia com o disposto no regulamento da respetiva obra, promover a sua afixação e decidir sobre as reclamações ( ); h) Fazer diretamente a cobrança das taxas de exploração e conservação e arrecadar as demais receitas que lhes caibam; j) Remeter às secções de finanças dos concelhos respetivos, para efeitos de cobrança, os mapas de liquidação das taxas de beneficiação e os recibos pertinentes. Por seu turno, o aludido Decreto-Lei n.º 269/82, na redação introduzida pelo Decreto-Lei n.º 86/2002, de 6 de abril, que teve em vista garantir a utilização das obras para os fins para que foram efetivamente construídas, veio estabelecer o respeito pela integridade dos perímetros hidroagrícolas e, concomitantemente, instituir um modelo de gestão mais adequado. Destacamos, do todo, a parte atinente à taxa (única) de conservação e exploração que foi desdobrada em duas: a de conservação, destinada exclusivamente a suportar a conservação da infra-estrutura e que é 2
3 2 De igual modo, decorre também do prescrito na alínea s) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do Registo Predial que o ónus de pagamento das anuidades previstas nos casos de obras de fomento agrícola está sujeito a registo 2. 3 Do aludido registo devem constar, como menção especial, as anuidades asseguradas, em cumprimento do prescrito na alínea u) do n.º 1 do artigo 95.º do Código do Registo Predial 3. paga por todos os proprietários ou usufrutuários dos prédios e parcelas beneficiados; e a de exploração, que se destina unicamente à cobertura das despesas de gestão e exploração sendo paga pelos regantes em função do volume de água consumido (cfr. o disposto nos artigos 61, 66.º e 67.º do aludido diploma). Por força do disposto no n.º 6 do artigo 69.º do Decreto-Lei n.º 269/82, o encargo do pagamento das taxas de conservação e de exploração constitui ónus sujeito a registo, nos termos e para os efeitos previstos no Código do Registo Predial. De igual modo, também o n.º 7 do artigo 65.º do Decreto-Lei em apreço prescreve que o encargo do pagamento da taxa de beneficiação constitui ónus sujeito a registo, nos termos e para os efeitos previstos no Código do Registo Predial. Estes factos surgiram pela primeira vez no nosso ordenamento jurídico com a publicação da Lei n.º 1 949, de 15 de fevereiro de 1937, que teve em vista estruturar a política respeitante ao fomento hidroagrícola, sendo, ao tempo, registáveis sob a designação genérica de ónus reais. Com efeito, a referida anuidade constituí um verdadeiro ónus real sobre o respetivo prédio veja-se, neste sentido, o que escreve CATARINO NUNES, in Código do Registo Predial de 1967, págs. 159 e O Código de Registo Predial, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 224/84, de 6 de julho, prevê, na alínea s) do n.º 1 do artigo 2.º, o registo do ónus de pagamento das anuidades nos casos de obras de fomento agrícola, sendo que os factos sujeitos a registo só produzem efeitos perante terceiros depois da data do respetivo registo como decorre do disposto no n.º 1 do artigo 5.º do citado Código. O Código do Registo Predial, aprovado pelo Decreto-Lei n.º , de 28 de março de 1967, contemplava o registo destes factos na alínea x) do n.º 1 do artigo 2.º nos seguintes termos: «O ónus de pagamento da anuidade denominada taxa de rega e de beneficiação, a que se refere a Lei n.º 1949, de 15 de fevereiro de 1937 ( )». Nos termos do prescrito na alínea t) do n.º 1 do artigo 182.º do Código do Registo Predial referido, deviam constar do extrato da inscrição do referido ónus, como menção especial, as anuidades asseguradas, tal como agora. 3 O artigo 95.º do CRP sob a epígrafe «Requisitos especiais» prescreve na sua alínea u) do n.º 1, que o extrato da inscrição de ónus de pagamento de anuidade em obras de fomento agrícola deve conter como menção especial as anuidades asseguradas. Não obstante sejamos sensíveis ao argumento esgrimido pela senhora conservadora, parece-nos que o legislador terá pretendido que se insiram mesmo as anuidades asseguradas (isto é, as quantias devidas) no extrato da inscrição respetiva, sendo que o elemento literal não pode ser menosprezado na interpretação da lei. Ora, segundo ensina BAPTISTA MACHADO, in Introdução ao Direito e ao Discurso Legitimador, 2008, págs. 181 e segs., o texto é o ponto de partida da interpretação, cabendo-lhe uma função negativa que é a de eliminar aqueles sentidos que não tenham qualquer apoio, ou pelo menos ressonância na letra da lei. 3
4 4 Pelos atos praticados nos serviços de registo são devidos os emolumentos previstos no Regulamento Emolumentar dos Registos e do Notariado, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 322-A/2001, de 14 de dezembro, sem prejuízo dos casos de gratuitidade, isenção ou redução previstos na lei 4. Tal não invalida, contudo, que do extrato da aludida inscrição não deva constar devidamente especificada a natureza da anuidade em causa, vale por dizer, se a anuidade respeita à taxa de beneficiação ou à taxa de conservação ou de exploração, ou se engloba, simultaneamente, estas duas. Porém, o que mais releva e importa por isso ter em consideração é, essencialmente, a natureza dos ónus em causa. De harmonia com o pensamento de HENRIQUE MESQUITA, expresso in Obrigações reais e ónus reais, 1990, pág. 401, «uma das regras basilares que a lei estabelece em matéria de obras de fomento hidroagrícola é a de que os proprietários por estas beneficiados devem reembolsar o Estado das despesas efetuadas com os estudos, elaboração de projetos e execução das obras, por meio de uma anuidade fixa por hectare. Ora, a propósito desta prestação pecuniária dizia-se na alínea b) da Base VI da Lei n.º 1949, de 15 de Fevereiro de 1937 diploma onde se estabeleceram, pela primeira vez, as grandes linhas a que as mencionadas obras deviam obedecer: A referida anuidade constitui ónus real sobre o prédio e a sua importância será cobrada conjuntamente com a contribuição predial, constando de documento separado. As despesas de exploração e de conservação de cada obra serão integralmente suportadas pelos beneficiários mediante o pagamento de uma taxa de exploração ou de conservação vd. o disposto nos artigos 66.º, 67.º, 68.º e 69, n.º 6, do Decreto-Lei n.º 269/82. E mais adiante (págs. 465 e segs.), o autor citado salienta, a propósito das vinculações de conteúdo positivo, no âmbito do direito das coisas, que como ónus real se deve qualificar a obrigação de pagamento da chamada taxa de beneficiação, bem como a taxa de exploração e de conservação, uma e outras devidas pelos proprietários beneficiados com obras de fomento agrícola realizadas pelo Estado. Há toda a conveniência, continua o autor, em que a respetiva cobrança seja assegurada de modo eficaz, e daí que o legislador tenha optado pelo regime dos ónus reais, que conferem, relativamente a cada prestação a pagar pelos proprietários, uma garantia sobre o prédio em função do qual as taxas são devidas. Convocando, para o efeito, DIAS MARQUES, in Direitos Reais, pág. 171, na parte em que qualifica como ónus reais as ditas taxas, sublinha «por um lado, que os obrigados ao pagamento são determinados ex re e não ex persona, e, por outro lado, que os prédios onerados respondem preferencialmente por aquele pagamento até ao montante do respetivo valor e seja qual for o seu proprietário». 4 Como decorre do disposto n.º 1 do artigo 1.º do Regulamento Emolumentar dos Registos e do Notariado (RERN), pelos atos praticados nos serviços de registo são devidos os emolumentos previstos no aludido Regulamento, salvo os casos de gratuitidade, isenção ou redução previstos neste diploma. Por não existir qualquer disposição legal que conceda gratuitidade ou isenção à elaboração da inscrição de ónus de pagamento das anuidades previstas nos casos de obras de fomento agrícola, é devido o emolumento mencionado na verba n.º 2.12 do artigo 21.º do RERN, podendo, contudo, beneficiar da redução consagrada na verba n.º 33 do artigo 28.º do mesmo Regulamento, se for o caso. Consequentemente, não nos parece de acolher o enquadramento legal feito pela senhora conservadora que conduziria à gratuitidade do registo de tais factos, tanto mais que a previsão da alínea a) do n.º 1 do artigo 4
5 5 Pela inscrição de ónus de pagamento de anuidades previstas nos casos de obras de fomento agrícola é devido o emolumento fixado nas verbas n.ºs 1.2 e 2.12 do artigo 21.º do Regulamento Emolumentar dos Registos e do Notariado, podendo, contudo, beneficiar da redução consagrada na verba n.º 33 do artigo 28.º do mesmo Regulamento, se for caso disso 5. Deliberação aprovada em sessão do Conselho Técnico de 24 de maio de Isabel Ferreira Quelhas Geraldes, relatora. Esta deliberação foi homologada pelo Exmo. Senhor Presidente em º do RERN apenas contempla factos a efetuar por averbamento à descrição, não dependentes da vontade dos interessados, cujo registo seja imposto por lei. 5 Os emolumentos devidos por atos de registo previstos no artigo 21.º do RERN, designadamente na sua verba n.º 2.12 (atento ainda o disposto na verba n.º 1.2), podem beneficiar da redução de 60% quando o facto respeite a prédio rústico e o seu valor seja inferior a Deste modo, tratando-se de inscrição de ónus respeitante a um só prédio, o quantitativo emolumentar a despender pela sua elaboração seria, apenas, de
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