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PN 74.011; AP: TC Paços de Ferreira Apes2: Apo3:. Acordam no Tribunal da Relação do Porto 1. Inconformados com a sentença de que apelam, concluem, Actividades Hoteleiras Lda e (a) Nos autos principais, o Apo deu à execução seis letras de câmbio aceites pela Ape, uma no montante de Pte 225 000$00 e cinco no montante de Pte 250 000$00, alegando em síntese: fizeram as mesmas parte de um pagamento em prestações, ao todo, titulado por 16 letras, destinadas à satisfação de Pte 4 000 000$00, remanescente do preço global (Pte 6 350 000$00), relativo a um contrato de trespasse de estabelecimento comercial anteriormente celebrado pelas partes; (b) As seis letras em questão, vencidas e por liquidar, ascendem ao montante conjunto de Pte 1 475 000$00; 1 Vistos: Des. Ferreira de Sousa (230) Des. Paiva Gonçalves (1027). 2 Adv: Dr.. 3 Adv: Dr. 1

(c) Por sua vez, a Ape defendeu que o Apo lhe solicitou o pagamento antecipado do remanescente em débito do trespasse ( Pte 4 000 000$00), titulado pelas referidas 16 letras, cada uma no montante de Pte 250 000$004; (d) E também: (1) após negociações entre as partes, concordaram em diversas deduções e acertos de contas; (2) designadamente envolvendo a quantia de Pte 500 000$00, referente às duas primeiras letras ajuizadas; (3) cujo pagamento não era devido, tal como o Apo reconheceu; (4) e face à falta de cumprimento da obrigação contratual de instalar ar condicionado no estabelecimento; (5) envolvendo ainda Pte 117 000$00; (6) que a Ape pagou ao contabilista; (7) quantia esta referente a contas atrasadas de serviços de contabilidade do estabelecimento;(8) mas da responsabilidade do Apo; (9) envolvendo por fim a quantia de Pte 2 210 000$00; (10) referente à liquidação antecipada pela Ape, em 98.01.07, a dinheiro e pronto pagamento do resto do preço do trespasse; (11) ficando por isso resgatadas todas as letras dadas à execução; ( 12) todavia o Apo negou-se a devolve-las; (e) Por sua vez, o Apo, na contestação dos embargos, alegou: (1) o pagamento de Pte 2 210 000$00 destinava-se não à liquidação das letras, mas antes ao pagamento da quantia de Pte 2 350 000$00 que, na data da escritura de trespasse, não havia sido efectivamente realizado pela Ape; (2) muito embora da dita escritura conste o contrário; (3) aquele pagamento acrescia ao montante titulado pelas letras exequendas; (4) não pago este, por consequência; (f) Foi dado como provado pelo tribunal recorrido: (1) a Ape entregou ao Apo a quantia de Pte 2 210 000$00; (2) entre recorrente e recorrido foi convencionado o pagamento antecipado do remanescente em débito respeitante ao preço do trespasse, no montante de Pte 4 000 000$00; (3) o qual se encontrava titulado por 16 letras de 250 000$00 cada uma, tal como resulta da escritura; (4) e antes da celebração desta, convencionaram que seria deduzido ao pagamento destas letr as a quantia de Pte 500 000$00, 4 Neste particular, vd. escritura de trespasse. 2

referente a uma instalação de ar condicionado; (5) caso o Apo não a levasse a cabo nos quinze dias seguintes a 97.07.28; (6) em 98.01.07, no cumprimento do acordado, e, sócios gerentes da Ape, encontraram-se com o Apo na Agência de da Nova Rede; (7) onde, na presença de e, funcionários do Banco, solicitaram as letras para pagamento; (8) e que aí se encontravam à cobrança; (9) nessa altura, entregou aos referidos funcionários bancários a quantia de Pte 2 210 000$00, em dinheiro; (10) quantia que eles conferiram e entregaram depois a ; (11) para este depositar na caixa do Banco; (12) para a qual se dirigiu, de seguida; (13) com a finalidade de proceder ao depósito; (14) alguns minutos passados voltou ao local onde se encontravam aqueles gerentes da recorrente e os funcionários do Banco; (15) estes últimos entregaram então ao Apo as letras em apreço; (16) que o recorrido, para espanto dos demais, se negou a entregar, dirigindo-se apressadamente para a porta de saída; (g) A sentença recorrida deu como não provado: o pagamento de Pte 2 210 000$00 destinava-se não à liquidação das letras, mas ao pagamento da quantia de Pte 2 350 000$00, de dívida existente aquando da celebração da escritura de trespasse; (h) Considerou por conseguinte como verdadeiro o relato dessa escritura acerca de o Apo, por conta do preço do trespasse, ter já então recebido este dito montante; (i) Por outro lado, no decurso da audiência foi confirmada tanto pela testemunha como pela testemunha, gerente e sub-gerente do balcão de da Nova Rede a ida ao Banco pelos representantes da Ape e pelo Apo, nas circunstâncias comprovadas, afirmando outrossim estarem convictos de que o pagamento a que assistiram se destinava a saldar todas as letras, pelo que o recorrido logo estaria obrigado a entregá-las aos gerentes da recorrente, e mais afirmando que 3

se sentiram usados na concretização por parte deste de um esquema urdido para não entregar as letras5; (j) Também a testemunha afirmou que a Ape lhe pagou uma dívida por serviços de contabilidade da responsabilidade do Apo, e que este pagamento pressupunha uma dedução ao montante em dívida, imputado no remanescente do preço do trespasse6; (k) Tais depoimentos, prestados por testemunhas que conhecem directamente os factos, e que têm que ser consideradas idóneas, já que são estranhas a 5 Foi junta transcrição dos depoimentos gravados:.. Adv: A convicção com que o Sr. ficou mais o seu colega, relativamente à entrega das letras, foi que as letras foram entregues ao Sr. para que ele as devolvesse a quem as pagou? ALM: Sim; quer dizer: se vai lá, diz que vem pagar umas letras que lá estão, e lavava 2 200 c. ( o Sr. estava por detrás deles, que eles sentaram-se à minha frente; ele estava por detrás, de pé), ninguém contestou nada, eu pressupus que terá sido; mas acho que não tinha nada que falar (eu sabia que existia assim um negócio por alto, mas como ele não nos devia nada ) era a única coisa que nos dizia respeito, embora pensássemos que fomos usados para isso; Adv: quando [as letras] foram pedidas, foi expressamente declarado que era para proceder ao depósito para pagamento daquelas letras? ALM: Ninguém disse que queriam fazer um depósito; disseram: queremos pagar as letras que estão aí; e eu é que disse: então faz-se um depósito na conta do Sr. ; faz favor! dei-lhe o número da conta e fizeram um depósito em numerário na conta dele; Adv:O Sr. percebeu a preocupação e o pânico em que ficaram os Srs. da? ALM: Toda a gente percebeu; de quem lá estava no balcão ; estavam transtornados, revoltados... Adv: Quando chegaram lá disseram que iam pagar as letras? AMG: Exactamente; disseram que iam lá para fazer contas para pagar as letras; Adv: Toda a gente em conjunto? AMG: Exactamente; Adv: Quando as letras foram devolvidas, era suposto que fossem entregues a quem as pagou? AMG: Sim agora eu entreguei as letras a quem mas entregou a mim; Adv: Na altura comentaram os dois que se sentiram usados? AMG: Sim; Sim, eu penso que fomos usados; Adv: Porquê isso? AMG: Porque acho que houve má fé de parte do Sr. com aquela situação de usar o banco para fazer um depósito; e depois entrego as letras, e não entregou as letras a quem de direito! Adv: O Sr. ficou absolutamente convencido como as coisas aconteceram, e como lhe foi explicado logo que lá chegaram. Que eles iam saldar as letras? AMG: A sensação com que fiquei, tanto eu como o meu colega, foi essa; Adv: Porque foi isso que lhe foi dito? AMG:E foi isso; eles foram lá e disseram que era para pagar as letras. 6 Foi junto transcrição do depoimento gravado, que corresponde ao teor da conclusão, mas transcrição parcial, por não conter a instância acerca da data em que foi paga ao depoente a quantia dedutível (Vd 3.1) 4

qualquer tipo de relacionamento com a Ape, não foram devidamente valorados pelo tribunal recorrido; (l) Impunha-se que o conteúdo de tais depoimentos conduzissem a considerar como provados os factos alegados pela recorrente; (m) A sentença recorrida, por fim, vai a um extremo limite silogístico, a que a prova coerentemente não pode chegar, redundando numa decisão aritmética que não encontra suporte na experiência do Homem médio comum; (n) Ao dar como não provados os factos alegados pela Ape, referidos em (c) (d) não decidiu correctamente quanto à matéria de facto, que deve ser alterada para que o Acórdão julgue afinal procedentes os embargos; 2. Nas contra-alegações disse-se: (a) A Ape deduziu os presentes embargos de executado, alegando em síntese que o débito exequendo se encontra saldado; (b) Na contestação dos embargos, por sua vez, defendeu-se não ser assim, porque a quantia em numerário entregue a certa altura ao Apo se destinava antes a saldar uma dívida todavia dita saldada na escritura de trespasse, cujo preço, em parte, está representado nas letras ajuizadas; (c) Atendendo à matéria de facto dada como provada e ao ónus da prova, os embargos foram julgados improcedentes, e bem; (d) Na verdade, quer se entenda que o ónus da prova dos embargos de executado não difere do regime geral, quer se entenda que é sempre a embargante quem tem de alegar e provar a inexistência da causa debendi, era à Ape que cabia fazer a prova de que entre embargado e esta última tinha sido feito um acerto de contas no sentido de reduzir o montante em débito, referente ao remanescente do preço do trespasse, para a quantia de Pte 2 210 000$00; (e) Porém a Ape não logrou fazer tal prova; (f) Por sua vez, cabia ao Apo fazer prova de que, apesar de escritura de trespasse constar que o embargado declarou receber parte do preço do trespasse no montante de Pte 2 350 000$00, na verdade não recebeu tal quantia, só vindo 5

a recebe-la mais tarde quando a sócia gerente da embargante lhe entregou justamente esse montante de Pte 2 210 000$00, no dia 98.01.07; (g) Porquanto, atendendo ao disposto no art. 371 CC (força probatória material dos documentos), trata-se de um facto que o suporte refere como atestado pela entidade documentadora com base nas suas percepções, pelo que se tem por plenamente provado até prova em contrário, em incidente de falsidade; (h) Mas, porque se trata de factos do foro interno dos outorgantes, ou de factos exteriores não ocorridos no acto da escritura, onde naturalmente não chega a percepção do funcionário, resulta que se tem por plenamente provado (até prova em contrário) que um dos outorgantes declarou perante o notário querer comprar ou ter já recebido determinado preço, mas não se tem por provado que ele quis realmente comprar, ou que na realidade já recebeu a dita quantia; (i) Competia por conseguinte ao Apo, enquanto parte interessada, fazer a prova do que alegou, como todavia não conseguiu; (j) Assim, e tendo em consideração a matéria comprovada, considerou o julgador verdadeiro o facto de o Apo ter recebido, aquando da celebração da referida escritura pública, e por conta do preço do trespasse, o montante de Pte 2 350 000$00, ficando apenas por liquidar a quantia de Pte 4 000 000$00; (k) Certo é que a referida quantia seria paga mediante 16 letras de câmbio, cada uma no montante de Pte 250 000$00; (l) Dos factos provados consta que a primeira letra de câmbio, com data de vencimento de 97.11.30, no valor de Pte 250 000$00, não foi liquidada pela executada na sua totalidade, mas tão só a quantia de Pte 25 000$00, tendo sido emitida uma letra como reforma da primeira, com emissão de 97.11.30 e vencimento em 97.12.31, no valor de Pte 225 000$00; (m) Temos pois que após a entrega pela sócia gerente da Ape ao Apo da quantia de Pte 2 210 000$00, no dia 98.01.07, e da entrega de Pte 25 000$00, por conta da primeira letra de câmbio, ficou por liquidar o montante de Pte 1 765 000$00; 6

(n) Sendo que o Apo apenas deu à execução seis das letras já vencidas e não pagas, no valor total de Pte 1 475 000$00, montante inferior ao que ainda se encontra por liquidar; (o) A decisão recorrida deve por conseguinte ser confirmada. 3. Ficou provado: (1) O Apo com a falecida esposa e a Ape outorgaram em escritura pública de trespasse, C. Not. Paços de Ferreira, 97.08.27, fls. 79/80 vo., L. 137C; (2) Na aludida escritura, pelo Apo e a falecida mulher foi dito que eram donos e legítimos possuidores do estabelecimento comercial de restaurante, instalado no 1º andar de prédio urbano, Pessô,, Paços de Ferreira, art. 1618 da matriz, e que estava tomado de arrendamento a, pela renda mensal de Pte 142 455$00; (3) Através da mesma, Apo e a falecida esposa trespassaram à Ape o referido estabelecimento com todos os móveis, utensílios, mercadorias, alvarás, licenças e todos os demais elementos constitutivos do mesmo, ficando porém excluído desse trespasse qualquer passivo; (4) O preço que consta na escritura, e relativo ao trespasse, foi de Pte 6 350 000$00; (5) Da escritura em causa resulta o recebimento de parte do preço do trespasse no montante de Pte 2 350 000$00; (6) Entre os Apes e o Apo foi convencionado o pagamento antecipado do valor remanescente em débito do trespasse, no montante de Pte 4 000 000$00, que se encontrava titulado por 16 letras de Pte 250 000$00 cada, como consta da escritura de trespasse; (7) A primeira letra de câmbio, com data de vencimento de 97.11.30, no valor de Pte 250 000$00, não foi liquidada pela Ape na sua totalidade, mas tão só pela quantia de Pte 25 000$00, tendo sido emitida nova letra, como reforma da primeira, com emissão em 97.11.30 e vencimento em 97.12.31, no valor de Pte 225 000$00; 7

(8) Antes da celebração da escritura de trespasse, Apes e Apo convencionaram que seria deduzida ao pagamento das letras a quantia de Pte 500 000$00, referente a um ar condicionado, caso o Apo não o viesse a instalar no prazo de 15 dias a partir de 97.07.28; (9) No dia 98.01.07, em cumprimento do acordado, e o irmão, sócios gerentes da Ape, encontraram-se com o Apo na agência de da Nova Rede; (10) Aquela sócia gerente da Ape levantou, no dia 98.01.07, de conta bancária que lhe pertencia a quantia de Pte 2 300 000$00; (11) Ali, na presença de dois funcionários da agência, e solicitaram as letras que se encontravam à cobrança no banco, para as liquidarem; (12) Nessa altura, entregou aos referidos funcionários bancários a quantia de Pte 2 210 000$00 em dinheiro, que estes conferiram e entregaram de seguida ao Apo, para este depositar na caixa do banco; (13) Logo depois, o Apo dirigiu-se à dita caixa para proceder ao depósito do dinheiro; (14) Passados alguns minutos, voltou da caixa em direcção aos gerentes da Ape e funcionários do banco, tendo-lhe estes entregue nessa altura as letras em apreço; (15) O Apo, para espanto dos demais, negou-se a entregar as letras e dirigiu-se apressadamente para a porta da rua, abandonando o banco; (16) Em 98.01.09, através de advogado, a Ape notificou o Apo, por carta registada A/R, de que deveria de imediato devolver-lhe as letras já que se encontravam saldadas todas as contas, sob pena de responsabilização e eventual procedimento judicial; (17) Na data de celebração e texto da escritura a Ape declarou ter liquidado ao exequente e falecida mulher deste a quantia de Pte 2 350 000$00; (18) Os restantes Pte 4 000 000$00 seriam pagos em 16 prestações mensais tituladas por 16 letras de câmbio entregues pela Ape na data de celebração da 8

escritura, sendo cada uma no valor de Pte 250 000$00, vencendo-se a primeira em 97.11.30, e as restantes no mesmo dia dos subsequentes meses. 3.1 A convicção do tribunal teve por base os documentos juntos, e os depoimentos de e, funcionários da agência da Nova Rede de, para as respostas 3(5)/(11); de, contabilista da Ape que, nessa qualidade, teve conhecimento do acordo para pagamento antecipado das letras com dedução de Pte 500 000$00 quantia relativa a um ar condicionado, mas caso o Apo não o instalasse no estabelecimento 7 8: depuseram com isenção, merecendo credibilidade. 4. A decisão recorrida apresentou os seguintes argumentos: (a) Os Apes alegaram, e a eles cabia fazer a prova, que tinha havido um acerto de contas no sentido de reduzir o montante em débito referente ao preço do trespasse (Pte 4 000 000$00) para o valor de Pte 2 210 000$00; (b) Tal prova não foi produzida, pelo que improcedem os embargos, tanto mais terem sido dadas à execução letras de montante global inferior ao que ainda fica em dívida depois do pagamento daquela última quantia. 5. O recurso está pronto para julgamento. 6. Acrescenta-se à matéria assente, por resultar do exame dos autos, que as letras executadas têm datas de vencimento de 2 x 97.12.31, 98.01.30, 98.02.28, 98.03.30, 98.04.30. 7 Não se apurou se a referida instalação foi levada a cabo, pelo que foi dada como não provada a dedução em causa. 8 O depoente referiu ainda que a Ape lhe pagou Pte 117 000$00, quantia respeitante a contas atrasadas de serviços de contabilidade, sem se poder concluir porém que deveria ser deduzida no pagamento das letras, uma vez que esse acerto teve lugar antes da celebração da escritura. 9

7. Argumentam os recorrentes terem saldado as quantias de montante das letras ajuizadas com o depósito na conta do Apo do numerário de Pte 2 210 000$00, 98.01.07. Na verdade, ficou provado: (1) só mantinha sobre os Apes os créditos titulados por letras referentes ao remanescente do preço do trespasse; (2) a entrega daquela quantia não se deveu a outro motivo que não fosse o pagamento do dito remanescente. Ainda que os Apes não tenham conseguido provar a circunstância de se terem desonerado de todo com o pagamento em causa, certo é que este tem de ser imputado de alguma maneira no pagamento do remanescente do preço do trespasse. Ora, tendo sido dadas à execução as letras de câmbio, aquele débito de referência não pode ser visto senão como uma pluralidade de dívidas, cada uma com um título e uma diversa data de vencer-se, tão autónomas quanto a literalidade e esse faseamento. Teremos por conseguinte que ter por saldadas as letras deste litígio, porque são, segundo as alegações das partes, as mais antigas da série, por dívidas igualmente onerosas e garantidas (art. 784/2 CC). Sob este ponto de vista procede a Apelação. 8. Atento o exposto, e vista a disposição legal citada, decidem revogar a decisão recorrida que substituem por esta de procedência dos embargos de executado, com a consequente extinção da execução. 9. Custas pelo Apo, sucumbente. 10