PN. 1010/99; Ag.: TC Santarém; Ag.e: Ag.o: Acordam no Tribunal da Relação de Évora

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1 PN. 1010/99; Ag.: TC Santarém; Ag.e: Ag.o: Acordam no Tribunal da Relação de Évora 1. BCI., Banco de Comércio e Indústria SA., deu à execução, contra,, L.da, com sede em Estarreja, e, três letras de câmbio nos montantes de Pte $00, Pte $00, Pte $00, com vencimentos em , e , aceites pelo segundo executado, sacadas e endossadas ao exequente pela primeira, e que não foram pagas por qualquer dos intervenientes, nem no vencimento nem posteriormente. 2. Após a penhora, e ordenada a venda extra-judicial dos bens penhorados, o executado depositou a quantia exequenda, sustada por isso a execução. 3. Entretanto, na fase de reclamação de créditos concorreu o Banco Fonsecas & Burnay, SA, ajuizando dívida do executado no montante global de Pte $00, proveniente da concessão de um empréstimo de que não foi satisfeito qualquer reembolso do capital nem pagos os juros, garantido por hipoteca que incidia no prédio penhorado. 4. Também Crédito Predial Português reclamou, , dívida do mesmo executado, no montante de Pte $00, proveniente de letra de câmbio aceite, vencida e não paga, garantida por penhora levada a cabo em execução sustada que incidiu sobre o prédio penhorado na presente. 1

2 5. Por fim, Banco Santander Portugal, SA (sucessor de Banco de Comércio e Indústria, SA), reclamou crédito nas mesmas circunstâncias no montante de Pte $ Foi proferido então (e depois da apresentação da reclamação de Crédito Predial Português) o despacho recorrido, : Atendendo a que a execução está suspensa face ao pagamento voluntário da quantia exequenda (art. 917º CPC), os presentes autos neste momento ficam suspensos também. 7. Concluiu o Ag.e, Crédito Predial Português: (a) Dispõe de penhora ordenada no PN. 9427/94, 1º JC. Lisboa, registada pela inscrição F5 sobre o prédio descrito sob nº 2321; (b) Pendendo sobre ele outras penhoras com registo anterior, sendo a mais antiga a ordenada nestes autos, foi aquele processo sustado nos termos do art. 871º CPC; (c) O Ag.e deduziu aqui a pertinente reclamação de crédito nestes autos, a qual deu entrada em , não tendo todavia sido proferido despacho liminar de admissão ou rejeição, como impõe o art. 866º/1 CPC; (d) Foi proferido porém, em , despacho a suspender a execução nos termos do art. 917º CPC; (e) Por força deste, foi decidida agora suspensão no apenso de reclamação de créditos, em ; (f) Donde resulta que, tendo em conta a lógica do sistema, o passo subsequente consiste em a execução ser julgada extinta; (g) Por ter sido omitida a pronúncia referida em (a), e a acontecer (como tudo indica que aconteça) a extinção da execução, o Ag.e vê coarctado o direito de a fazer prosseguir ao abrigo do art. 920º/2 CPC; 2

3 (h) Não podendo também o Ag.e promover o andamento da sua própria execução uma vez que sobre o bem, e para além da penhora ordenada nestes autos (F2) existem outras duas (F3 e F4), decretadas noutros processos pendentes, não tendo o Ag.e neles reclamado o seu crédito, porque o não podia nem pode fazer, face ao disposto no art. 871º CPC, que manda apresentar a reclamação nos 15 dias contados da notificação do despacho de sustação, no processo com penhora mais antiga; (i) Ao suspender os termos dos presentes autos sem ter proferido despacho a admitir ou rejeitar a reclamação de créditos, foi violado, além do mais, o disposto nos art.s 160º, 866º/1, 920º/2 CPC, e ainda o princípio da economia processual, aflorado designadamente no art. 137º do citado código; (j) Deve ser ordenado que seja proferido despacho da admissão ou rejeição liminar da reclamação. 8. Não houve contra-alegações e o agravo foi sustentado. 9. Corridos os vistos, cumpre apreciar. 10. Deve dar-se por assente face aos documentos juntos nos autos: (a) Está descrito sob o nº 02321/230551, na C. Reg. P. Alpiarça, o prédio urbano R. Alves Gomes, nºs 1/9, R. João Nunes Feliciano, nº 4 e R. Guerra Junqueiro, nºs 8/14, casa de r/c e 1º andar 170m2; casa de r/c, 1º e 2º andares 224m2; casa de r/c 330m2; casa de r/c 60m2; pátio 141m2; terreno para construção 345m2; V.V. Pte $00; parte do art. 1896º e omissa; formado pelos nºs , 115, B - 67; e , 73 vo., B 58; (b) Sobre o mesmo incide a inscrição de aquisição por doação (Ap.13/180293) a favor de, c. com. adq. ; e, c. com. adq. ; (c) E de hipoteca (Ap.15/180293) a favor do Banco Fonsecas & Burnay, SA, Lisboa, para garantia de todas e quaisquer responsabilidades assumidas ou a 3

4 assumir por até Pte $00, juro 15% elevável a 17% em caso de mora, despesas Pte $00, montante máximo Pte $00, abrangendo dois prédios; (d) De penhora, provisória por dúvidas e por natureza (Ap.03/210396), efectuada em , em execução movida pelo CPP, SA, contra, Pte $00, abrangendo dois prédios (F1); (e) De penhora de ½, (Ap.02/050796) efectuada em , execução movida pelo Banco Comércio e Indústria, SA, Lisboa, contra, Pte $00, abrangendo dois prédios (F2); (f) De penhora de ½, provisória por dúvidas e por natureza (Ap.03/151297), ordenada em ; Pte $00; exequente: BCI Banco de Comércio e Indústria, SA; executado: ; abrange dois prédios (F4); (g) De penhora de ½, provisória por dúvidas (Ap.02/090398), efectuada em , execução movida por Crédito Predial Português, SA, contra ; Pte $00, abrangendo dois prédios (F5); (h) Convertida (f) em definitiva (Ap.02/090398); (i) Convertida (g) em definitiva (Ap.03/130398); (j) Nos termos do disposto no art. 871º/1 CPC, foi sustada a execução a que se referem as duas inscrições antecedentes. 11. A execução foi proposta em , logo é aplicável o CPP, na redacção anterior à versão actual. Por isso, condição de possibilidade de exercício do direito conferido ao credor reclamante no art. 920º/2, red. ant. CPC, de fazer prosseguir a execução para ser pago pelo produto dos bens penhorados que não chegaram entretanto a ser vendidos nem adjudicados, e se o requerer até ao trânsito da sentença que declara extinta a execução, não é ter sido admitido liminarmente mas estar já graduado. É certo que o recorrente apresentou a reclamação antes de proferido o despacho de sustação da execução e já estavam documentados os aspectos e circunstâncias que poderiam ter levado entretanto à admissão liminar. 4

5 Todavia o despacho recorrido não se pronunciou sobre o tema. Mas não há a nulidade de omissão de pronúncia, atacada pelo recorrente. Na verdade, não era devida resposta à solicitação, por inútil, dado que o que importaria, segundo o que se disse de início, era antes que a reclamação do crédito tivesse chegado à fase de graduação, que já naturalmente não atingiria. Aliás, a particular configuração do remédio para a litispendência executiva, segundo a anterior redacção do código, não exige, no caso concreto, o prosseguimento da execução, não obstante a satisfação espontânea da dívida exequenda, inicial. É que o recorrente, mediante certidão do despacho que declare extinta a execução, onde não conseguiu porém a cobrança, poderá, nos autos em que ajuizou a dívida exequenda de que é titular activo, obter novo despacho que lhe confira prazo eficaz para reclamar o crédito noutra execução pendente contra o executado, se for caso disso ou fazer levantar a suspensão. Não procede pois o agravo. 12. Atento o exposto, visto o art. 920º/2, red. ant. CPC, decidem negar provimento ao recurso, mantendo inteiramente o despacho recorrido. 13. Custas pelo Ag.e, sucumbente. 5

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