Acordam no Tribunal da Relação do Porto
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- Betty Silva Vidal
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1 PN ; Ag: TC. S. J. Pesqueira; Ag.e2: Ag.os3: Acordam no Tribunal da Relação do Porto 1. A Ag.e não se conforma com a decisão de 1ª instância que ordenou o despejo, por falta de pagamento de rendas durante a pendência, do 1º andar do prédio urbano, Rua General Ramalho Eanes, desc. C. Reg. P. S. J. Pesqueira 00568, pertença dos Ag.os. 2. Concluiu: (a) A R. procedeu ao depósito das rendas em dívida à data da propositura da acção, e das que se foram vencendo na pendência; (b) Esses depósitos foram efectuados pelo valor da renda que a R. sustentava e sustenta ser o valor correcto, e que era substancialmente inferior ao pretendido pela A.; 1 Vistos: Des. Ferreira (385) Des. Paiva (1190). 2 Adv.: Dr.. 3 Adv.: Dra. 1
2 (c) A sentença final viria a dar razão à R., tendo nesta parte sido confirmada pelo TR Porto, cujo Acórdão, que não decretou nem a resolução do contrato de arrendamento, nem o despejo, transitou em julgado; (d) Por outro lado, o art. 58, DL 321B/90, 15.10, só consagra o direito ao despejo imediato nos casos em que o arrendatário não tenha procedido a pagamento da renda ou ao depósito liberatório e momento anterior ao do requerimento inicial do incidente, e não também naqueles em que não tenha sido feita nos autos a prova do pagamento ou do depósito; (e) É que a prova referida nos art. 58/3 RAU é a prova do depósito superveniente à dedução do incidente, depósito esse susceptível de fazer caducar o direito ao despejo imediato, o qual naturalmente tem o facto constitutivo na falta de pagamento da renda, e não na falta de prova desse pagamento; (f) Todos os depósitos a que a R. tempestivamente procedeu cumpriram contudo o preceituado no art. 23 RAU, constando das respectivas guias a identificação do processo a que respeitam; (g) E a CGD enviou ao Tribunal de 1ª instância a prova da realização desses depósitos; (h) Enquanto a Ag.e estava dispensada de notificar a A. dos sucessivos depósitos a que procedeu, art. 25/1 RAU; (i) Ora, tendo a R. efectuado o depósito da renda relativa a 12.97, em p.p., nunca a acção de despejo poderia proceder, como não deveria ter procedido o incidente de despejo imediato; (j) Considerando pois que transitou em julgado o Ac. RP que julgou a acção improcedente, e não declarou resolvido o contrato de arrendamento ajuizado, e que a R. efectuou o depósito da renda, não estando vinculada a notificar a A. desse depósito, não é aplicável ao caso sub judice o art. 58, DL 321B/90 que, com interpretação contrária, entraria em insanável confronto com o disposto no art. 25/1 do mesmo diploma; (k) A decisão recorrida aplicou erradamente aquele preceito do RAU; 2
3 (l) Deve ser revogada, com a procedência do Agravo. 3. Nas Contra-alegações disse-se: (a) O A. pediu, na presente acção, o despejo imediato por falta de pagamento de rendas vencidas na pendência; (b) A R. veio opôr-se, alegando pagamento das mesmas, mas sem fazer a competente prova, art. 58 RAU; (c) Foi proferido o despacho, decretando o despejo imediato, do qual a R. agravou, tendo decidido o TR Porto anular a decisão proferida sobre a matéria de facto, e devendo ser lavrado novo despacho em que fossem tomados em linha de consideração os depósitos de renda eventualmente feitos no prazo de 10 dias a seguir à audiência em foi suscitado aquele incidente; (d) Dentro desta orientação veio a ser proferido o despacho de que agora recorre a mesma R., o qual confirmou o despejo imediato e completo do locado, por falta de prova nos autos do pagamento ou de posse da renda de 12.97; (e) Entretanto, a R. juntou, com as Alegações, um documento para prova desse depósito da renda de 12.97, mas que deveria ter junto até ; (f) E pretende concluir que o inquilino só tem de pagar, e não é obrigado a fazer prova, contra expressa disposição da lei, art. 58/3 RAU; (g) Contudo, o depósito das rendas não é do conhecimento oficioso do tribunal, nem do A., com a prova do depósito sendo tudo simples e claro; (h) Por isso, foi a diligência da R, que deu causa ao anterior e presente recursos, cuja finalidade é apenas a de prolongar indefinidamente a lide, no intuito de prejudicar o A. e de entorpecer a acção da Justiça; (i) Deve ser confirmada a decisão recorrida. 4. Ficou provado: 3
4 (1) Mostram-se juntos aos autos principais duplicados de depósitos das rendas correspondentes ao período de 08.96/10.97, acrescidas do montante devido por indemnização por mora; (2) Do mesmo modo, mas em singelo, quanto às rendas de até a 01.99; (3) No momento do despacho recorrido, não estava junto o duplicado do depósito da renda referente a 12.97; (4) Tinham passado os 10 dias posteriores ao despacho que inicialmente ordenou o despejo imediato, decisão revogada por anterior acórdão do Tribunal da Relação do Porto; (5) Contudo, a R. procedeu ao depósito CGD de Pte $00, montante em singelo da renda correspondente a 12.97, no dia A decisão recorrida baseou-se no art. 58 RAU, e porque a R. não provou, mesmo nos 10 dias subsequentes à Audiência em que o pedido [de despejo imediato] foi formulado, ter depositado a renda de 12.97, a qual se venceu, atenta a matéria assente, no primeiro dia útil do mês 11.97, e portanto na pendência da lide; assim não logrou impedir, por via da caducidade, art. 48/3, cit., a pretensão jurídica do A.: procede o pedido de despejo imediato. 6. O recurso está pronto para julgamento, nos termos do art. 705 CPC. 7. Os autos demonstram que a R. procedeu ao depósito da renda, que a A. recusava receber, na data e na quantia apropriadas, e não tinha, em princípio, de notificar o depósito, justamente por se tratar de caso de recusa. Já proposta, no entanto, a acção de resolução judicial do arrendamento, teria de juntar o duplicado? É certo que a lei impõe o pagamento da renda na pendência sob sanção de despejo imediato. Mas tratando-se de uma faculdade conferida ao A., tem este de alegar e provar. Em caso de confissão, logo a R., e para fazer caducar o direito do A., teria de alegar e provar 4
5 que procedeu a depósito no decêndio. Mas estamos perante toda uma situação completamente diferente. Neste caso, o A. não provou, através da confissão da R.4 que tivesse havido falta ao dever de pagamento da renda na pendência: teria por conseguinte de ter mobilizado meios de prova adequados, de que não há notícia, nem iam aderir ao real, visto não ter na verdade ocorrido a circunstância arguida. Por isso mesmo, também não estamos perante a hipótese de a R., para manter-se no locado, necessitar de alcançar a caducidade do despejo. Logo, beneficia-a a cómoda situação de nada ter de contra-provar, basicamente porque o A. apenas disse, nada comprovou. Não tem pois aplicação o disposto no art. 58 RAU, e no sentido de autorizar o despejo imediato, contudo ordenado na decisão sob crítica. 8. Vista a citada disposição legal, atentas as considerações precedentes, é revogado o despacho recorrido, procedendo o presente agravo. 9. Custas pelo Ag.os, sucumbentes. x I- Na pendência da acção de despejo o R. não tem de provar ter continuado a pagar as rendas, acaso tenha vindo e continuado a depositá-las, sem o dever de comunicar ao senhorio. 4 É claro e meridianamente incontestável, perante os termos do agravo, das alegações e contra-alegações, que a R. não admitiu nunca não ter procedido ao depósito atempado da renda de Dezembro. 5
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