O despacho recorrido absolveu da instância: erro na forma do processo.
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- Neuza Azambuja de Mendonça
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1 PN ; Ag.: TC VN Gaia, 1º J. (511/00); Ag.e 1 : Carla Cristina Santos Martinez,, Rua Saraiva de Carvalho, 27 5º A 4000 Porto; Ag.as: Cátia Solange Ferreira Xavier, rep. Maria Miquelina da Silva Ferreira 2,. Rua do Vinhal, 38, S. Cosmo, 4420 Gondomar, Raquel Susana Brazão Xavier 3,, Rua 25 de Abril, 90, Lucifal, Sintra. Em Conferencia no Tribunal da Relação do Porto I. Introdução (a) A Ag.e propôs acção declarativa de condenação das Ag.as, herdeiras de José Manuel Romão Xavier, a reconhecerem a existência de bens comuns do casal Carla Cristina/José Manuel, aquando do divórcio entre ambos decretado, mas que o pai das RR. sonegou ao inventário, arquivado por inutilidade. (b) O despacho recorrido absolveu da instância: erro na forma do processo. (c) Do saneador: (1) A Ag.e desistiu foi no processo de inventário, ao que sucedeu a sentença homologatória, transitada; (2) Por isso, o meio processual que agora elegeu, atento o fim da sua pretensão (e sem embargo de estarmos perante caso julgado...), não é o próprio, devendo a questão ser discutida em processo de inventário: vício insanável, pela dissintonia da tramitação; 1 Adv.: Dr. Vitor Simões, Rua S. Catarina, 269, 2º Porto. 2 Adv.: Dr. José Pinto Júnior, Rua do Bom Jardim, 144 4º Porto. 3 Adv.: Dr. H. Trocado Moreira, Rua Ramalho Ortigão, 2 2º dto P. Varzim. 1
2 (3) Assim, a excepção dilatória (nulidade da qual o tribunal pode conhecer oficiosamente), que leva à absolvição da instância, arts. 199º, 202º, 1ª parte, 204º/1, 206º/1, 493º/1.2, 494ºb e 495º CPC. II. CL/Alegações (a) A Ag.e requereu a partilha dos bens do dissolvido casal; (b) O malogrado requerido alegou no inventário que não existiam bens; (c) Entretanto, a recorrente desistiu do inventário; (d) Mas a decisão acerca desses bens seria inevitavelmente remetida para os meios comuns; (e) E assiste-lhe efectivamente a possibilidade de, neste preciso litígio, recorrer aos meios comuns: os direitos das recorridas até aqui estão mais acautelados; (f) E a economia processual aconselha vedar o curso da presente acção, a fim de não a repetir, depois, segundo os termos do inventário; (g) A decisão recorrida pôs em crise o disposto nos arts. 137º CPC e 1350º CC; (h) Deve ser revogada, para seguir a fase da Audiência. III. Contra-alegações (a) A Ag.e requereu a partilha dos bens do casal Carla Cristina/José Manuel Romão Xavier; (b) No decorrer desse processo, o falecido José Xavier apresentou a relação de bens, contra a qual Carla Cristina deduziu reclamação; (c) Durante o incidente, e antes de inquiridas as testemunhas, a recorrente desistiu do pedido; (d) Ora, a desistência do pedido extinguiu o direito à partilha que Carla Cristina tinha, e pretendia fazer valer; (e) Assim, a sentença homologatória vale como caso julgado, excepção dilatória, nos termos do art. 494ºi CPC; 2
3 (f) Por isso, de acordo com o art. 493º/2, o tribunal está impedido de conhecer o mérito da causa, seguindo a absolvição da instância ou a remessa do processo para outro tribunal; (g) Contudo, a recorrente não lançou mão da acção adequada aos objectivos que prossegue; (h) Por conseguinte, nos termos do art. 199º CPC, estamos perante erro na forma do processo; (i) O erro na forma do processo, insanável, gera a nulidade de todo o processado, art. 494ºb CPC; (j) Na sequência, a excepção dilatória que dá lugar à absolvição da instância, art. 493º/1.2 CPC; (k) Deve, pois, ser confirmado o despacho saneador recorrido. IV. Matéria assente (a) Em , faleceu José Manuel Romão Xavier, no estado de divorciado, casado que fora com a Ag.e; (b) Deixou as Ag.as, filhas, como únicas herdeiras; (c) Entretanto, a sentença que decretou o divórcio do casal transitou em julgado, em 01.97, e o cônjuge marido foi declarado único e exclusivo culpado; (d) Na sequência, correu inventário pelo Tribunal de Família e Menores do Porto (PN 613E/95); (e) Ora, no âmbito do inventário José Xavier alegou ter-se desfeito dos bens do casal após a separação, em proveito exclusivo; (f) E as Ag.as não repudiaram nem renunciaram à herança; (g) Contudo, após ter sido ouvido o requerido, , que prestou depoimento de parte, o incidente de carência da relação de bens foi suspenso, e designada a continuação para outra data; (h) No intervalo, a Ag.e, alegando a complexidade da problemática que envolvia divergências sobre a natureza jurídica dos poderes incidentes sobre um imóvel, a ausência de meios de prova idóneos sobre a existência de dinheiros 3
4 comuns e ainda controvérsia acerca da identificação de móveis, tudo exigindo o recurso aos meios comuns, por manifesta economia processual veio declarar que desist[ía] do... pedido de inventário; (i) sentença homologatória:...homologo por sentença a desistência do pedido formulado nos presentes autos de inventário, requerente Carla Cristina Matos Martinez, julgando extinto o direito que através destes autos se pretendia fazer valer. V. Recurso: Pronto para julgamento, art. 705º CPC VI. Sequência: (a) No inventário, trata-se de processo de jurisdição voluntária: a desistência do pedido não tem efeitos preclusivos. Aliás, não prevê a lei civil a renúncia válida à partilha dos bens comuns do casal dissolvido: haveria ofensa da ordem pública, tanto quanto há quando fosse pretendida uma alteração contratual do regime de bens do casamento. (b) Por outro lado, o endereço dos litígios a que a partilha dá lugar, durante o inventário, para os meios comuns, é um poder vinculado do juiz: fundamenta-se na dificuldade, mas esta dificuldade e consequências não é argumento das partes, porque se situa como operador da escolha da competência para a causa, atribuída por lei apenas ao tribunal onde corre o inventário. (c) Contudo, a sentença homologatória da desistência, apresentada pela Ag.e, ainda que não se refira expressamente aos motivos do requerimento não pode ter deixado de os ter presentes e implicitamente aceitado, fazendo-os da decisão em particular e do julgamento global assumido pelo julgador acerca de todo o contexto dos debates. (d) Ora, a Ag.e referiu expressamente a dificuldade dos problemas a encarar e a conveniência dos meios ordinários de condenação para ser dirimido o litígio; por conseguinte, existiu já um pré-julgamento sobre a questão central posta neste recurso: deve ou não seguir-se o processo de inventário (já foi afastada a hipótese do caso julgado). 4
5 (e) Deste modo, tem razão a Ag.e: seguirá o processo ordinário de condenação, que cabe ao pedido tal como formulou, concluído não ter sido caso de aplicar os arts. 199º, 202º, 1ª parte, 204º/1, 206º/1, 493º/1.2, 494ºb e 495º CPC. (f) Tudo visto, vai revogada a decisão recorrida, para prosseguimento da lide. VII. Custas: pelas Ag.as, sucumbentes. 5
Acordam no Tribunal da Relação do Porto
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