Acordam no Tribunal da Relação do Porto. I. Introdução:

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1 PN ; Ag.: Tc. VN Famalicão, 1º J. (760-B.99); Ag.es 1 : Maria Adelina Barbosa de Sousa, Manuel Adriano Barbosa de Sousa, Maria da Conceição Barbosa de Sousa Oliveira, Belmira Barbosa de Sousa; Ag.o 2 : Carlos Lopes de Abreu. Acordam no Tribunal da Relação do Porto I. Introdução: (a) Os Ag.es não se conformam com o indeferimento do pedido de intervenção principal provocada, através do qual pretendiam, nos termos do disposto nos arts. 269/1 e 274 CPC, chamar à posição de reconvintes os RR Maria Helena e marido que se abstiveram em acção proposta contra todos por Carlos Abreu, afinal sem sucesso. (b) Da sentença recorrida: (1) O conceito de terceiro para efeitos deste incidente [de intervenção principal provocada] ou outros exclui quem é parte na causa (ainda que não tenha a qualidade de reconvinte): os co-rr Maria Helena e marido não são terceiros; (2) E a admissibilidade deste incidente, nesta fase processual, dependeria de ter sido proferida decisão a julgar ilegítima a parte requerente por não estar em Juízo determinada pessoa, art. 269 e 326 CPC; 1 Adv.: Dr. João Castro Faria, Avª General Humberto Delgado, 269, 2º Esq., Ap. 546, VN Famalicão [jcastrofaria-5286p@adv.ao.pt]. 2 Adv.: Dr. Machado Ruivo & Associados, Sociedade de Advogados, Rua Camilo Castelo Branco, 120, 4760 VN Famalicão. 1

2 (3) Mas face ao que consta de sentença, temos de concluir que a intervenção requerida não visa assegura a legitimidade dos reconvintes. II. Matéria assente: (1) Maria Adelina, Manuel Adriano, Maria da Conceição e Maria Belmira, RR reconvintes [sucessores habilitados de Manuel José de Sousa, pai], requereram a intervenção principal provocada dos também RR Maria Helena e marido [na mesma linha de sucessão]; (2) Fizeram-no no âmbito do pedido reconvencional que tinham deduzido após ser ter sido proferida a sentença, e antes do trânsito em julgado; (3) Tinha sido decidida a improcedência da reconvenção:. (i) O A. deu o seu aval ao subscritor de 8 livranças em que como tal, subscritora, figurava a R. Ansariz..., Lda; (ii) uma vez que as livranças não obtiveram pagamento, foram objecto da correspondente execução; (iii) No âmbito desta mesma execução, o Banco exequente nomeou à penhora dois prédios rústicos do A. Carlos Lopes de Abreu...; (iv) Ansariz..., Lda, requereu entretanto protecção judicial contra os credores (P.Esp. Recuperação de Empresas); (v) Foi aprovada uma redução do passivo até 20% do total;. (vi) Entretanto os RR Maria Helena e marido tinham transmitido ao A. a sua quota no capital social de Ansariz..., Lda; (vii) Este, para parcial pagamento do respectivo preço, entregou-lhes um cheque no montante de Pte $40, emitido por ele e pelos demais co-titulares da conta a que se referia (Bescl: 608/25617/000.6); (viii) Para além do cheque, aqueles tinham recebido em dinheiro o montante de Pte $00; (ix) O falecido pai dos RR tinha [também] avalizado as livranças ajuizadas; 2

3 (x) Mas no sentido de obstar à venda judicial dos bens penhorados, o A. alcançou, por si só, a resolução do problema do crédito que o Banco exequente exigia... contemplado no acordo a satisfação do montante de Pte $00, efectivamente por si levado a cabo, depois; (xi) A dívida a que se reportam as livranças em causa foi paga, entretanto, por Ansariz..., Lda, nos termos da medida de recuperação aprovada na assembleia de credores; (xii)...e recebeu integral quitação das quantias em dívida; (xiii) Do montante do cheque entregue à R. Maria Helena e ao marido, apenas receberam... a quantia de Pte $00, continuando em dívida o montante de Pte $00; (xiv) Aquele montante de $00 foi pago pelo falecido pai dos RR através de entregas a Maria Helena e marido de carnes, enchidos e outros produtos de Ansariz..., Lda, levados a cabo por Fernando da Silva Moreira em execução da obrigação assumida perante o malogrado Manuel José de Sousa; (xv) [Deste modo,] dado que nenhum facto alegado e provado pelos RR poderá levar à conclusão de direito de terem a haver algo do A.,...a reconvenção terá de soçobrar; (xvi) E é de referir que a quantia dada como provada em (xiii), dela é verdadeira titular (credora) Maria Helena [que não deduziu reconvenção], pelo que os RR nunca poderiam aproveitar-se de tal facto. III. Cls./Alegações: (a) É de admitir o incidente de intervenção principal provocada pelo qual os co-rr reconvintes pretendem fazer intervir a seu lado outros co-rr não reconvintes, tendo sido uns e outros julgados habilitados em lugar de dois RR originariamente demandados na acção; (b) Tal incidente tem cabimento na medida em que, além do mais, vise expurgar do processo ou eventualmente sanar irregularidades ou excepções decorrentes da alegação em sede de recurso da inobservância do disposto no art. 209/1 CC ou da alegação de ilegitimidade por falta de intervenção de alguns dos RR no pedido reconvencional formulado; 3

4 (c) Tendo o A., em sede de recurso, invocado a impossibilidade de proceder o pedido reconvencional atendendo a que, para que tal fosse possível, necessário seria que tal pedido tivesse sido formulado por todos os herdeiros habilitados em lugar de dois dos RR demandados originalmente, era legítimo aos aqui recorrentes lançar mão do incidente de intervenção principal provocada por forma a fazer chamar para o seu lado tais co-rr; (d) Independentemente da discussão do conceito de terceiro para efeito de apreciação do incidente em causa, os co-rr Maria Helena e marido são interessados com direito a intervir, e têm um interesse igual ao dos recorrentes; (e) A regra do art. 269 CPC confere a faculdade de chamamento de uma pessoa caso seja proferida uma decisão considerando ilegítima uma parte por não ter intervindo essa pessoa; mas não impede que tal chamamento se processe antes de ter sido proferida a decisão de ilegitimidade; (f) O incidente de intervenção principal provocada, é admissível neste caso a todo o tempo por se encontrarem verificados os pressupostos dos arts. 320.a, 322/1 e 325 CPC, e pode ser apresentado independentemente de ter sido proferida decisão julgando ilegítima alguma das partes; (g) Foram violadas, portanto, as regras dos arts. 269, 320.a, 322/1 e 325 CPC; (h) Deste modo, deve ser revogada a decisão recorrida e substituída por outra que admita o incidente de intervenção principal provocada em questão. IV. Contra-alegações: não houve. V. Recurso: pronto para julgamento, nos termos do art. 705 CPC. VI. Sequência: (a) Sem qualquer dúvida se tem de concluir que a sentença não julgou os RR partes ilegítimas, e não é assim aplicável a excepção do art. 269/1 CPC: é muito claro o texto do art. 322/1 do mesmo diploma legal. (b) Doutro ponto de vista, perante o insucesso do pedido do A. fica naturalmente prejudicado o pedido reconvencional: através dele pretendiam os RR fazer operar a compensação. 4

5 (c) Ora, não havendo dívida a compensar, a problemática da reconvenção tornou-se desnecessária. (d) De qualquer modo, este esquema decisório não se integra de modo algum na absolvição do A. fundada na ilegitimidade dos reconvintes. (e) Aliás, a sentença, ao referir-se a um remanescente em falta, por parte do A., no pagamento do preço de cessão da quota de Maria Helena e marido, toca tema fora do propósito da defesa dos RR; (f) Com efeito, aquilo que está em jogo é a parte desse mesmo preço que foi satisfeita pelo pai dos RR e a quem estes sucederam: só esta dívida poderia ser compensada com a dívida que o A. alega ter satisfeito em parte pelos RR, habilitados, e segundo a p.i 3. (g) Por conseguinte, visto o art. de lei citado e sobretudo o art. 274/6 CPC, vai inteiramente mantido o despacho sob crítica. VII. Custas: pelos Ag.es, sucumbentes. 3 Alegou ter ficado sub-rogado nos direitos do credor exequente perante os demais obrigados cambiários das livranças em causa. 5