PN ; Ag: TC Porto (1ª Vara, ) Em Conferência no Tribunal da Relação do Porto I. INTRODUÇÃO:
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1 PN ; Ag: TC Porto (1ª Vara, ) Ag.e: Agº: Em Conferência no Tribunal da Relação do Porto I. INTRODUÇÃO: (1) O ag.e discorda da solução dada à oposição por via de embargos de terceiro, que intentou em face da entrega de bem judicialmente vendido e adjudicado. (2) Da sentença recorrida: (a) Na execução apensa foi penhorado e vendido através de propostas em carta fechada um imóvel. (b) Uma vez vendido, foi proferido despacho de adjudicação ao comprador, quem, com base na decisão, requereu procedimento executivo contra os detentores do bem, para entrega efectiva do dito imóvel. (c) Os embargantes pretendem reagir contra a entrega judicial ordenada, tal como acto ofensivo do seu direito e não contra a penhora. (d) Contudo, a entrega n ão tem autonomia e só ocorreu, porque, pese embora o comprador ter adquirido judicialmente o imóvel, não logrou tomar conta dele. (e) deste ponto de vista, pois, a entrega está intimamente ligada e deriva da penhora/venda: não é possível reagir contra ela através de 1 Adv: Dr 2 Adv: 3 Adv: 1
2 embargos de terceiro, artº 353/2 CPC (bem judicialmente vendido e adjudicado.4 II. MATÉRIA ASSE NTE: (a) Em , na execução que corria contra peixe, movida por [PN TVPRT-5] foi penhorado o prédio rústico sito na Quinta da Torre Bela, Formigosa, Oliveira do Douro, VN Gaia, inscrito na matriz predial rústica sob o artº 250 e omisso na C. Reg. P. VN Gaia. (b) Correspondeu-lhe, depois, a descrição /150604, 2ª C. Reg P. V. N. Gaia, com as confrontações Norte e Poente, caminho; Sul- ; nascente Rio Douro, onde foi lavrada a inscrição da penhora referida através da ap. 100/ (c) No jornal de notícias de e no nº de foi publicado anúncio com éditos de 20 dias para citação dos credo res desconhecidos da executada e referindo a penhora do dito prédio, com referência à data em que ocorreu. (d) Modalidade da venda, depois, propostas em carta fechada, abertas em e respectivo edital afixado em e no átrio do tribunal e na junta de freguesia de Oliveira do Douro, anunciada nos nºs do Jornal de Notícias e (e) Aceitação da proposta vencedora po r despacho de (f) Despacho de adjudicação e d e can celamento dos registos de (g) Embargos de terceiro deduzidos pelos recorrentes em : são afinal os proprietários do prédio penhorado, com registo definitivo a favor d eles, que 4 Citou, Código d o Processo Civil anotado, III, p. 616: O prop rietário ou o titular de outro direito rea l de gozo sobre bem penhorado que não tenha lançado mão dos embargos de terceiro oportunamen te, nos termos do artº 351/1 CPC, tem [apenas] ao seu alcance o meio de acção declarativa comum para fa zer valer o seu direito; tb, Curso de Processo de Execuções, 5ª ed, p. 345: No caso de execução de coisa alheia, o dono da coisa pode embargar de terceiro em relação à penhora, mas se o não fizer, designadamente por ter deixado de correr o prazo para embargar ou por só ter tido con hecimento da ofensa o seu direito depois dos seus bens terem sido vendidos ou adjudicados, pode em qualquer altura, antes ou depo is da ven da ou da adju dicação dos bens penhorados, servir-se de acção de reivindicação, que proporá em separad o, sem dependência der acção executiva: vencida a acção, o compra dor ou adjudicatário p erde o direito aos bens que adquirira, para serem restituídos ao seu legítimo proprietário. 2
3 adquiriram de usucapiativa de recobro., contrato sucessivo a contento e posse III. CLS/ALEGAÇÕE S: (1) Os agravantes foram citados em e para entregarem o prédio rústico penhorado, que o não tinha sido ao adjudicatário, porque não foi possível localizar o artº 250 rústico em referência. (2) E dentro do prazo legal, deduziram oposição a esta entrega judicial mediante embargos de terceiro, com as alegadas razões [sinteticamente descritas no último ponto da matéria assente]. (3) Mas foi proferido, sob uma inicial devolução da carta precatória para a entrega, o despacho recorrido. (4) Este despacho infringe, por incorrecta interpretação, as disposições combinadas dos artºs 35 1/1 e 359/1 CPC, o primeiro dos preceitos, que se refere expressamente à entrega de bens que ofenda a posse ou qualquer direito incompatível com a realização da diligência judicial e de que seja titular quem não é parte na causa e o segundo, que permite, autorizados os embargos de terceiro, que possam ser deduzidos a título preventivo antes de realizada, mas depois de ordenada. (5) Ora, aquela expressão legal do artº 351/1 CPC engloba manifestamente a diligência da entrega judicial que estava em curso. (6) E a determinação do direito incompatível faz-se, segundo Lebre de Freitas5, considerando a função e a finalidade concreta da diligência que ofende. (7) Logo, são incompatíveis, neste caso, com a entrega judicial ordenada o direito de propriedade e posse sobre o prédio dos recorrentes, Quinta da Torre Bela. (8) Entretanto, os agravantes são terceiros, pois não fazem parte da causa, estranhos de todo, ao processo de execução. (9) Assim, o artº 353/2 CPC, invocado no despacho recorrido para rejeitar estes embargos, não tem aplicação ao caso em apreço, uma vez que os embargantes não estão a reagir contra a penhora ou adjudicação, mas sim contra a entrega 5 Aut. cit., Código do Processo Civil anotado, I, p
4 judicial de um bem imóvel que lhes pertença exclusivamente e de que estão na posse. (10) Deveriam ser aplicadas, sim, as disposições legais citadas desde início nestas conclusões, com as necessárias adaptações, segundo o comando do artº 359/1 cit. (11) Que ambas seriam manifestamente inúteis, pois a reacção contra a entrega judicial, neste caso, sugeria sempre e necessariamente depois da adjudicação. (12) Deve o despacho ser revogado, para qu e os embargos prossigam. IV. CONTRA-ALEGAÇÕES: não houve. V. RECURSO: Pronto para julgamento, nos termos do artº 705 CPC. VI. SEQUÊNCIA: (1) É manifesto que o recorrente não tem razão, exactamente pelo mesmo motivo que argumenta, mas aplicável ao segmento do artº 353/2, convocado no despacho recorrido: mas nunca depois dos respectivos bens terem sido judicialmente vendidos ou adjudicados. (2) Se os embargos de terceiro têm de ser apresentados em juízo antes da indicada fase pro cessual, se a pretensão do recorrente fosse de admitir, o artº da lei que fixa a oportunidade na dedução dos embargos não teria, na verdade, qualquer efeito útil. (3) A interpretação da entrega que vem referida no artº 351/1 tem de referir-se, pois, à entrega de móveis e, neste caso, estamos é perante imóveis, de que, aliás, os embargantes perderam a posse com a venda e adjudicação judiciais: exercem um mero poder de facto, uma inversão, que só lhes dará vantagem jurídica no ano e dia. (4) Por tudo isto, à face da lei, têm razão o d espacho recorrido e os incisos doutrinais que cita: o remédio é acção de indicação, mas não d eixe de se dizer que a tese do recorrente não serve para o debate de um melhoramento legislativo. (5) Tudo visto, e o artº 353/3 CPC, vai mantido o despacho sob crítica. 4
5 VII. CUSTAS: pelo recorrente, que sucumbiu. 5
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