(a) Os Ag.es impugnam a decisão que homologou a desistência do pedido que declarou extinto o direito que o exequente fazia valer contra os Ag.os.
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- William Cavalheiro Arruda
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1 PN ; Ag.: Tc. SM Feira, 4º J. (399.99); Ag.es 1 : José Salgueiro Felizardo, José Fernandes Camejo e António João Fernandes Camejo; Ag.os: Lusosuber, Produtos de Cortiça e Derivados, SA 2, Pedro Miguel Lopes Freira 3. Em Conferência no Tribunal da Relação do Porto I. Introdução: (a) Os Ag.es impugnam a decisão que homologou a desistência do pedido que declarou extinto o direito que o exequente fazia valer contra os Ag.os. (b) Da sentença recorrida: (1) Nos presentes autos de execução ordinária intentada por Lusosuber... contra Pedro Miguel... nos termos do art. 300/3 CPC, examinado o objecto e a qualidade dos intervenientes na desistência do pedido 4... não sendo necessária a concordância do executado, apesar de pendentes embargos, atento o disposto no art. 918/2 (a contrario) e 296/2 CPC, julgo a mesma válida, pelo que a homologo por sentença; (2) E, consequentemente, declaro extinto o direito que se pretendia fazer valer nesta instância executiva, arts. 295/1 e 287d CPC. 1 Adv.: Dr. Pinto da Silva e Dra. Silvina Rocha, Vergada, Lourosa. 2 Adv.: Dr. Vítor Gamboa, Rua 19, nº 342, 3º, Espinho. 3 Adv.: Dr. Canhoto Antunes, Rua Augusto Cardoso, 83, 3º Esq., ap. 404, Setúbal. 4 Requerimento de fls. 150:......Lusosuber... SA, exequente no processo de execução por quantia certa, com processo ordinário à margem em epígrafe que move contra Pedro Miguel Lopes Freira, vem desistir do pedido formulado no referido processo de execução, julgando-se extinta a execução, nos termos e para os efeitos do disposto nos arts. 295, 918/1 e 287.a CPC. 1
2 II. Cls./Alegações: (a) As penhoras do direito de crédito da Ag.a Lusosuber foram ordenadas respectivamente em , , e ; (b) Posteriormente, no processo 1441A/01, foi proferida sentença de graduação de créditos referente aos créditos dos ora Ag.es, sentença que foi junta aos autos; (c) O requerimento de desistência do pedido da Ag.a Lusosuber foi depois apresentado em , i.é, passados 11 meses da data da primeira penhora, sendo certo que todas as outras penhoras, bem como a sentença de graduação de créditos, são muito anteriores à referida data; (d) Ora, preceitua o art. 820 CC: sendo penhorado algum crédito do devedor, a extinção dele por causa dependente da vontade do executado ou do seu devedor, verificada depois da penhora, é igualmente inoponível à execução; (e) Porque assim é, a desistência do pedido apresentado pela Ag.a Lusosuber em , portanto, muito depois de penhorado o direito de crédito, é inoponível à execução, ou seja, refugiando-nos na letra do referido preceito legal antes da Reforma do DL 199/03, 10.09, é inoponível aos exequentes aqui Ag.es; (f) Logo, s.m.o., a decisão recorrida foi proferida em contrariedade com o citadoa rt. da lei; (g) Termos pelos quais deve ser revogada a decisão recorrida e ordenado o prosseguimento da execução. III. Contra-alegações (Pedro Lopes Freira): (a) O presente Agravo é intempestivo; (b) E os Ag.es não detêm legitimidade para o recurso: não são partes no processo, nem provam que são prejudicados pela decisão recorrida; (c) Nem sequer os seus eventuais créditos se encontram protegidos por penhora efectuada nos autos, e nos termos do art. 856 CPC; (d) Acresce que a presente execução não se funda em título executivo válido, nos termos do art. 46 CPC; 2
3 (e) A desistência da exequente ficou a dever-se ao resultado da perícia efectuada ao título executivo: deu como provável não ter sido emitida pelo Ag.o, mas sim por terceiro; (f) E não é aplicável ao caso dos autos o disposto no art. 820 CC, mas tão somente os arts. 918 e 920 CPC; (g) Entretanto, a desistência da exequente impunha-se em face da inexistência de título executivo; (h) A decisão que homologou a desistência não violou, portanto, o disposto no art. 820 CC, nem qualquer outra disposição legal: deve ser mantida. IV. Contra-alegações (Lusosuber): não houve. V. Matéria assente: (1) Corre a presente execução com base num cheque do montante de Pte $00, subscrito por uma assinatura do nome Pedro Miguel Lopes Freira, de que é portadora a exequente Lusosuber, SA, a qual não logrou cobrá-lo aos balcões do Banco Espírito Santo; (2) Os recorrentes não intervieram nesta execução senão a partir do momento em que interpuseram o presente recurso; (3) Foi-lhes este admitido por despacho (que os Ag.os não impugnaram) com base nos seguintes argumentos: (a) Verifica-se que os recorrentes assumem efectivamente a qualidade de exequentes e credores reclamantes nos autos de execução nº 1141/01, 1º J. Setúbal, a correr termos contra Lusosuber, SA; (b) Aí foi penhorado o direito de crédito dado à execução nestes autos; (c) Os recorrentes não foram directamente notificados da sentença homologatória da desistência, nem tinham que o ser; (d) Por isso, o prazo para recurso conta-se da data em que tiveram conhecimento da decisão, ocorrida sempre posteriormente a , a data que é do despacho proferido na execução 1141/01, ordenando que fossem notificados da sentença proferida nos presentes autos; (e) Cumpriram, então, o prazo para recorrerem como meros prejudicados. 3
4 (4) Os factos referidos no despacho sintetizado constam de documentos juntos e não contestados. VI. Recurso: pronto para julgamento, nos termos do art. 705 CPC. VII. Sequência: (a) A questão prévia da inadmissibilidade do recurso não procede reavaliadas as condições de facto e de direito aduzidas no despacho de recebimento do recurso com o qual se concorda inteiramente: os recorrentes apresentaram o requerimento no decêndio após o conhecimento que tiveram da decisão recorrida; é concebível o prejuízo que alegam proveniente da mesma, e acaso haja contrariedade à lei na homologação da desistência, tomando sobretudo em conta a redacção da parte final do despacho impugnado. (b) Contudo, o exame de mérito da questão proposta não encaminha para a procedência do Agravo. Na verdade, o art. 820 CC limita-se a cominar a ineficácia da extinção voluntária do crédito penhorado com anterioridade, e ineficácia justamente em relação ao exequente que promoveu essa penhora. Por conseguinte, nada obsta a que o devedor/credor, desista do seu crédito perante o seu devedor, aqui, nesta execução, contudo mantendo-se eficaz o crédito perante terceiros, segundo a penhora a que se procedeu de seu natural no âmbito e alcance de processo executivo diferente. Em suma, a desistência apenas extinguiu, se extinguiu 5, o crédito no domínio interno ao relacionamento credor/devedor, mas não no domínio exterior e mais amplo a que foram entretanto chamados os credores do exequente, que passaram a ser interessados directamente protegidos pela disposição legal que invocaram na minuta do recurso. (c) O art. 820 CC opera no entanto como disposição material que se opõe à extinção do crédito penhorado no âmbito próprio da execução em que foi 5 E seguindo a decisão recorrida nesta parte, com a qual se não concorda, mas que não está em jogo: a desistência de execução é uma mera desistência da instância e não do pedido, como logo se vê do art. 918/2 CPC, e que impõe, sem dúvida, a concordância do executado/embargante dada à dita desistência. 4
5 determinada a penhora desse crédito: a decisão recorrida em nada afecta esta situação... inutilizado até, por isso mesmo, o esforço levado aos embargos de executado-outros contra a validade do título da dívida! (d) Deste modo, vista a disposição legal citada, e não havendo qualquer contra-motivo, legitimamente invocável pelos recorrentes, à homologação da desistência, vai confirmado o despacho recorrido. VIII. Custas: pelos Ag.es, sucumbentes. 5
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