SEXTA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO Nº 55278/ CLASSE CNJ COMARCA DE PONTES E LACERDA

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Bernardo Lombardi
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1 APELANTES: APELADOS: DAURÍ ALVES MARIANO E OUTRO(s) ALAIR PINHEIRO DA SILVA E OUTRO(s) Número do Protocolo: 55278/2011 Data de Julgamento: EMENTA APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE EXECUÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER - PRELIMINAR ANALISADA COM O MÉRITO - DECISÃO QUE EXCLUIU A CONDENAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA DEPOIS DE CONCRETIZADA A PRESTAÇÃO JURISIDICIONAL - JUÍZO IMPULSIONADO POR SIMPLES PETITÓRIO DA PARTE SUCUMBENTE - ALTERAÇÃO DO JULGADO - IMPOSSIBILIDADE - ERRO MATERIAL - NÃO CONFIGURADO - DECISÃO ANULADA - RECURSO PROVIDO. A correção da decisão com base no artigo 463, I, CPC, não redunda em novo julgamento da causa. No caso, em que foi excluída a condenação do pagamento da verba honorária, houve alteração do julgado, situação que só poderia ter ocorrido por meio de interposição de recurso da parte sucumbente, o que não houve. Fl. 1 de 7

2 APELANTES: APELADOS: DAURÍ ALVES MARIANO E OUTRO(s) ALAIR PINHEIRO DA SILVA E OUTRO(s) RELATÓRIO EXMO. SR. DES. GUIOMAR TEODORO BORGES Egrégia Câmara: Cuida-se de Recurso de Apelação Cível interposto por DAURÍ ALVES MARIANO E OUTROS de sentença que, na Ação de Execução de Obrigação de Fazer que lhe move ALAIR PINHEIRO DA SILVA E OUTRO, homologou a desistência, julgou extinto o processo com base no art. 267, VIII do CPC e excluiu a condenação em sucumbência honorária. Explicam que os autores ajuizaram a ação com o objetivo de desmembramento de loteamento para escrituração e registro de imóvel e que, após a citação e do julgamento da impugnação aos benefícios da gratuidade da justiça, requereram a desistência da ação. Dizem que o pedido de desistência teve a sua anuência, porém pugnaram pela condenação nos honorários de sucumbência, que inicialmente o juízo os deferiu, contudo, reformou parcialmente a sentença e excluiu a condenação em honorários. Sustentam, preliminarmente, a nulidade da segunda parte da sentença (fls. 72), ao argumento de foi proferida depois de concretizada a prestação jurisdicional e em acatamento a simples petitório dos autores de que houve erro material. Assevera que a sentença só poderia ter sido revista por meio de interposição de recurso e que se operou a coisa julgada material para a condenação em honorários. No mérito, requerem o provimento do recurso para reformar a sentença e condenar os apelados ao pagamento das custas judiciais e dos honorários advocatícios em 20% do valor da causa. Fl. 2 de 7

3 Nas contrarrazões (fls. 99/104) os apelados rebatem as alegações e pugnam pelo desprovimento do recurso. É o relatório. À douta Revisão. Fl. 3 de 7

4 VOTO EXMO. SR. DES. GUIOMAR TEODORO BORGES (RELATOR) Egrégia Câmara: Cuida-se de Recurso de Apelação Cível interposto por DAURÍ ALVES MARIANO E OUTROS de sentença que, na Ação de Execução de Obrigação de Fazer que lhe move ALAIR PINHEIRO DA SILVA E OUTRO, homologou a desistência, julgou extinto o processo com base no art. 267, VIII, do CPC e excluiu a condenação da verba honorária. Primeiro, a preliminar de nulidade da sentença será analisada com o mérito, porque com este se confunde. Para melhor esclarecimento faz-se necessário um breve resumo dos fatos. Proposta a ação, foi inicialmente recebida como ação de obrigação de fazer pelo rito ordinário e determinada a citação (fls. 37) Ato contínuo, os requeridos apresentaram contestação (fls. 45/56), que foi declarada intempestiva (Certidão fls. 60). Após, a magistrada verificou o equívoco no recebimento da ação, porquanto se trata de execução de obrigação de fazer e não de ação ordinária. Assim, tornou sem efeito o recebimento da ação como ordinária e ordenou nova citação, agora no rito das obrigações de fazer (fls. 61). A seguir, os autores postularam a desistência da ação (fls. 63) Os executados concordaram com a desistência, mas pleitearam condenação em custas processuais e nos honorários advocatícios em 20% sobre o valor da causa (fls. 64/66). Diante disso, foi homologada por sentença a desistência e condenado os autores ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, na forma postulada pelos executados, no montante de 20% sobre o valor da causa (fls. 67/69). Fl. 4 de 7

5 Na sequência, a magistrada atendeu simples petitório dos autores, que alegaram erro material (fls. 70/71), e excluiu a condenação dos honorários advocatícios (20% sobre o valor da causa), face à inexistência de citação (fls. 72). Feito esse resumo, passa-se à análise do apelo. De todo o processado, conclui-se que os apelantes têm razão. Verifica-se que a magistrada, depois de já concretizada a prestação jurisdicional, impulsionada por simples petitório dos autores, alterou o julgado para excluir a condenação em verba honorária, por entender que houve erro material no decisum. Ocorre que a sentença só poderia ter sido revista por meio de interposição de recurso, o que não ocorreu. Observa-se que os autores não opuseram nem mesmo embargos de declaração. No caso, vê-se que não houve mera correção de erro material. A magistrada modificou completamente a sentença ao afastar a condenação de pagamento da verba honorária. Cabe aqui registrar que a correção de erro material não altera o Julgado. Nesse sentido, veja-se: (...) A correção da decisão mediante o art. 463, I, CPC, jamais pode redundar em novo julgamento da causa -em qualquer hipótese, a tomada de posição do órgão jurisdicional deve continuar a mesma. A correção da decisão não pode dar lugar à solução mais ou menos vantajosa às partes do que aquela já anteriormente constante da decisão. As inexatidões materiais e os erros de cálculos passíveis de correção são aqueles manifestos, sobre os quais não pode haver dúvida a respeito do desacerto sentencial. Inexatidão material constitui erro na redação da decisão -e não no julgamento nela exprimido (...). (in MARINONI, Luiz Guilherme. Código de Processo Civil Comentado Artigo por Artigo, 2ª Ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010, pág. 441) (destaquei) Assim, reconhece-se a nulidade da decisão que afastou a condenação do Fl. 5 de 7

6 pagamento dos honorários advocatícios (fls. 72), porquanto implicou em novo julgamento da causa, sem que houvesse a interposição de recurso da parte sucumbente. Com estas considerações, dá-se provimento ao recurso para manter a sentença inicialmente prolatada (fls. 67/69). É como voto. Fl. 6 de 7

7 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em epígrafe, a SEXTA CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, sob a Presidência do DES. JOSÉ FERREIRA LEITE, por meio da Câmara Julgadora, composta pelo DES. GUIOMAR TEODORO BORGES (Relator), DES. JOSÉ FERREIRA LEITE (Revisor) e DES. JURACY PERSIANI (Vogal), proferiu a seguinte decisão: RECURSO PROVIDO, À UNANIMIDADE. Cuiabá, 11 de janeiro de DESEMBARGADOR JOSÉ FERREIRA LEITE - PRESIDENTE DA SEXTA CÂMARA CÍVEL DESEMBARGADOR GUIOMAR TEODORO BORGES - RELATOR GEACOR Fl. 7 de 7

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