M aximo divisor comum

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "M aximo divisor comum"

Transcrição

1 6 M aximo divisor comum 6.1 Conceitua»c~ao e propriedades elementares Se x e a s~ao inteiros, com a 6= 0,ex j a (lembre-se de que \x j a" signi ca \x divide a") ent~ao jxj jaj. Defato,comoa = xc, para algum inteiro c, ec 6= 0(pois a 6= 0), temos jcj 1, e portanto jxj jxjjcj = jxcj = jaj Como jxj jaj, jaj x jaj, sea 6= 0, o conjunto D(a), dos inteiros divisores de a, e limitado superiormente por jaj (e inferiormente por jaj). Se a =0,ent~ao D(a) =D(0) = Z, pois cada inteiro e divisor de zero. Agora, dados dois inteiros a e b, coma 6= 0ou b 6= 0, existe pelo menos um divisor comum de a e b, asaber,1, j a que 1 j a e 1 j b. Al em disso, se x 2 Z e um divisor comum de ambos a e b ent~ao, pela observa»c~ao acima, jxj jaj (se a 6= 0)oujxj jbj (se b 6= 0). Assim sendo, o conjunto dos divisores comuns de a e b, D(a) \ D(b), e limitado superiormente pelo maior dos inteiros jaj e jbj, e portanto possui um m aximo d, sendo d 1, j a que 1 j a e 1 j b. A este inteiro d chamamos m aximo divisor comum de a e b. De ni»c~ao 6.1 Dados dois inteiros a e b, coma 6= 0,oub 6= 0,chama-sem aximo divisor comum de a e b, aointeirod, denotadopormdc(a; b), elemento m aximo do conjunto D(a; b) =D(a) \ D(b). Sea = b =0,de nimosmdc(a; b) = mdc(0; 0) = 0 (muito embora n~ao exista o maior inteiro positivo divisor de 0). Equivalentemente, mdc(a; b) e o inteiro d 0 satisfazendo: 1. d =0,sea = b =0; 2. se a 6= 0ou b 6= 0, d e caracterizado pelas seguintes duas propriedades: (i) d j a e d j b; 46

2 M aximo divisor comum 47 (ii) Para cada x 2 Z, sex j a e x j b ent~ao x d. Exemplo 6.1 mdc(12; 28) = 4, pois D(12) = f 12; 6; 4; 3; 2; 1; 1; 2; 3; 4; 6; 12g, e D(28) = f 28; 14; 7; 4; 2; 1; 1; 2; 4; 7; 14; 28g Assim, D(12; 28) = D(12) \ D(28) = f 4; 3; 2; 1; 1; 2; 3; 4g, que tem m aximo igual a 4, que e om aximo divisor comum de 12 e 28. Os divisores comuns de 28 e 84 s~ao 1; 2; 3; 4; 6; e 12. Portanto, mdc(24; 84) = 12. Analogamente, olhando os conjuntos de divisores comuns, conclu ³mos que mdc(35; 45) = 5, mdc(17; 25) = 1, mdc(0; 8) = 8 e mdc( 9; 15) = 3. Proposi»c~ao 6.1 Sendo a e b inteiros quaisquer, 1. mdc(a; 0) = jaj; 2. mdc(a; b) =mdc(jaj; jbj); 3. mdc(a; b) =mdc(b;a). Demonstra»c~ao. A demonstra»c~ao dos itens 2 e 3 e imediata, j a que, para todo x 2 Z, x j a e x j b, x j b e x j a, x jjaj e x jjbj e assim D(a; b) =D(b;a) =D(jaj; jbj) Demonstra»c~ao do item 1. Se a =0, mdc(a; 0) = mdc(0; 0) = 0 = jaj. Se a 6= 0, jaj divide a. Tamb em jaj divide 0. Agora, para cada x 2 Z, sex j a e x j 0, ent~ao x divide jaj, logo x jaj. Logo, pela de ni»c~ao de mdc, jaj = d =mdc(a; 0). 6.2 O algoritmo euclidiano para o c alculo do mdc Estabeleceremos agora um algoritmo para o c alculo de mdc(a; b), no caso em que a e b s~ao inteiros ambos n~ao nulos, realizado atrav es de uma seqäu^encia nita de divis~oes euclidianas. Antes de enunci a-lo ilustr a-lo-emos atrav es de um exemplo. Considere o problema de calcular mdc(91; 35). Come»camos fazendo

3 M aximo divisor comum Consideramos ent~ao o divisor 35 e o resto 21 dessa primeira divis~ao e efetuamos a divis~ao Euclidiana de 35 por Agora repetimos o processo iniciado acima, isto e, tomamos, na pr oxima divis~ao, 21 como dividendo e 14 como divisor: Finalmente, chegamos µa divis~ao exata Tendo chegado a um resto igual a zero, o algoritmo termina. O ultimo resto n~ao nulo, das divis~oes sucessivas realizadas, e o mdc procurado, ou seja, mdc(91; 35) = 7. Estaremos justi cando este algoritmo no teorema 6.1. Lema 6.1 Sejam a e b dois inteiros, com b 6= 0,esejar o resto da divis~ao Euclidiana de a por b. Ent~ao mdc(a; b) =mdc(b; r). Demonstra»c~ao. Para demonstrar o resultado enunciado no lema, e su ciente provar que todo divisor de a e b e tamb em divisor de b e r, e reciprocamente. Assim sendo, o maior divisor de a e b coincidir a com o maior divisor de b e r. Note que esse \maior divisor" existe, j a queb 6= 0. Temos, por hip otese, a = bq + r, logo r = a bq. Seja x um inteiro divisor de a e b. Ent~ao x j a e x j b ) x j (a qb) ) x j r Logo, x j b e x j r. Logo, D(a; b) ½ D(b; r). Agora, seja x um inteiro divisor de b e r. Ent~ao x j b e x j r ) x j (qb + r) ) x j a Logo, x j b e x j a. Logo, D(b; r) ½ D(a; b). Portanto, D(a;b) =D(b; r), e assim sendo, mdc(a; b)=maxd(a; b)=maxd(b; r) =mdc(b; r).

4 M aximo divisor comum 49 Lema 6.2 Sejam a e b inteiros ambos positivos com a b e de namos uma seqäu^encia de inteiros n~ao negativos da seguinte forma: ² r 1 = a; ² r 2 = b; ² Para cada ³ndice k, comk 2, ser k 6=0, r k+1 e o resto da divis~ao Euclidiana de r k 1 por r k : r k 1 r k r k+1 eser k =0,aseqÄu^encia termina em r k.ent~ao a seqäu^encia r 1 ;r 2 ;::: e nitaetermina em um zero, ou seja, existe um indice n tal que r 1 r 2 >:::>r n > 0 e r n+1 =0. Demonstra»c~ao. r k+1 <r k. Por hip otese, r 1 r 2 e, pela de ni»c~ao de r k+1,parak 2 temos Considere o conjunto de n umeros naturais S = fr 1 ;r 2 ;:::g. Como S ½ N e S 6=, peloprinc ³pio da boa ordena»c~ao dos n umeros naturais, S possui um m ³nimo, o qual denotaremos por r n+1. Pelo que foi observado acima, teremos r 1 r 2 > >r n >r n+1. A rmamos que r n+1 =0. Para justi car isto, basta observar que se r n+1 6=0 ent~ao podemos de nir r n+2 2 S como sendo o resto da divis~ao de r n por r n+1.teremos ent~ao 0 r n+2 <r n+1, contrariando o fato de r n+1 ser m ³nimo de S. Teorema 6.1 (Algoritmo euclidiano para o c alculo do mdc) Sejam a e b inteiros ambos positivos, com a b, e seja r 1 ;r 2 ;::: ;r n ;r n+1 aseqäu^encia de nida pelo lema 6.2, sendo r 1 r 2 >:::>r n >r n+1 =0 Ent~ao r n =mdc(a; b). Demonstra»c~ao. Para cada k 3, r k e o resto da divis~ao de r k 2 por r k 1. Pelo lema 6.1, mdc(r k ;r k 1 )=mdc(r k 1 ;r k 2 )

5 M aximo divisor comum 50 Logo r n =mdc(0;r n ) =mdc(r n+1 ;r n ) (pois r n+1 =0) =mdc(r n ;r n 1 ) (pelo lema 1) = ::: =mdc(r 3 ;r 2 ) =mdc(r 2 ;r 1 ) =mdc(a; b) 6.3 O mdc(a; b) caracterizado como combina»c~ao linear dos inteiros a e b O seguinte teorema, um teorema n~ao intuitivo de nossa introdu»c~ao µa aritm etica dos inteiros, nos d a uma segunda e importante caracteriza»c~ao do m aximo divisor comum. Teorema 6.2 Om aximo divisor comum de dois inteiros a e b, a 6= 0ou b 6= 0, ea menor combina»c~ao linear positiva de a e b, com coe cientes inteiros, ou melhor, e o menor inteiro positivo da forma ma + nb com m e n inteiros. Em outras palavras, se a 6= 0ou b 6= 0,ent~ao mdc(a; b) =minfx 2 Z j x>0 e x = ma + nb; com m; n 2 Zg Demonstra»c~ao. Sejad = ma + nb o menor inteiro positivo que e combina»c~ao linear de a e b, com coe cientes inteiros. A exist^encia de d e garantida pelo principio da boa ordena»c~ao dos inteiros positivos (existe uma combina»c~ao linear de a e b que e positiva: basta considerar jaj + jbj = ( 1)a +( 1)b). Vamos mostrar que d j a e d j b. Pelo algoritmo da divis~ao podemos escrever a = dq + r, paracertosinteirosq e r, com0 r<d. Logo r = a dq = a q(ma + nb) =(1 qm)a (qn)b, eportantor e uma combina»c~ao linear de a e b. Como 0 r<de d e o menor inteiro positivo que e uma combina»c~ao linear de a e b, conclu ³mos que r =0e que portanto d j a. Analogamente, podemos demonstrar que d j b. Para mostrar que d e om aximo divisor comum de a e b precisamos mostrar que qualquer divisor comum c de a e b e menor que ou igual a d.

6 M aximo divisor comum 51 Como d = ma + nb, sec j a e c j b, tem-se imediatamente que c j d, eportanto, c d. Corol ario 6.1 Se a e b s~ao inteiros e d =mdc(a; b), ent~ao existem inteiros r e s tais que d = ra + sb. De ni»c~ao 6.2 Dois inteiros a e b s~ao primos entre si ou relativamente primos se mdc(a; b) =1. Corol ario 6.2 Sendo a e b dois inteiros, a e b s~ao primos entre si se e somente se existem inteiros r e s satisfazendo ra + sb =1. Demonstra»c~ao. ()): Se mdc(a; b) = 1 ent~ao, pelo corol ario 6.1, existem inteiros r e s tais que ra + sb =1. ((): Reciprocamente, se ra+sb =1,ent~ao a 6= 0ou b 6= 0e, al em disso, 1 e amenor combina»c~ao linear positiva de a e b, com coe cientes inteiros. Pelo teorema 6.2, mdc(a; b) =1. Alternativamente, temos tamb em a seguinte demonstra»c~ao. Sendo ra + sb = 1, se x j a e x j b ent~ao x j (ra + sb), eassimx j 1. Logo, x 1. Portanto 1=mdc(a; b). Corol ario 6.3 Sejam a, b e c inteiros, com a 6= 0ou b 6= 0,emdc(a; b) =d. Ent~ao a=d e b=d s~ao inteiros primos entre si, ou seja, mdc a d ; b d =1. Demonstra»c~ao. Sendo mdc(a; b) =d, temos que d j a, d j b e existem inteiros r e s tais que ra + sb = d. Logo, r(a=d)+s(b=d) =1, e portanto os inteiros a=d e b=d s~ao primos entre si. A propriedade rec ³proca e tamb em facilmente deduzida, e ser a deixada para o leitor. Corol ario 6.4 Sejam a; b 2 Z e d =mdc(a; b). Sejam A = fx 2 Z j x = ma + nb; com m; n 2 Zg; e M = fy 2 Z j y = d; com 2 Zg: Ent~ao A = M, isto e, as combina»c~oes lineares ma + nb, comm e n inteiros, coincidem com os inteiros m ultiplos de mdc(a; b).

7 M aximo divisor comum 52 Demonstra»c~ao. Sea = b =0,temosd =0e A = M = f0g. Suponhamos ent~ao a 6= 0 ou b 6= 0. Para provar que A = M, provaremos que A ½ M e M ½ A. (i) A ½ M: Seja x um elemento de A. x 2 A ) x = ma + nb, paracertosinteirosm e n. Sendo d =mdc(a; b), temos que d j a e d j b ) d j (ma + nb) ) d j x ) x = d, para algum inteiro. Portanto, x 2 M. (ii) M ½ A: Seja y um elemento de M. y 2 M ) y = d, para algum inteiro. Pelo teorema 6.2, d = ra + sb, paracertosinteirosr; s. Logo, y = d = (ra + sb) =( r)a +( s)b. Portanto, y 2 A. Por (i) e (ii), temos A = M. Corol ario 6.5 (Caracteriza»c~ao alternativa do mdc) Sendo a e b dois inteiros dados, temos: 8 < (1) d 0 d =mdc(a; b), (2) d j a e d j b : (3) para todo x 2 Z; se x j a e x j b ent~ao x j d Demonstra»c~ao. ()): Note que (1) e (2) j a s~ao propriedades estabelecidas do mdc. Assim s o nos resta demonstrar que d =mdc(a; b) satisfaz µa condi»c~ao (3). Pelo teorema 6.2, d = ra + sb para certos inteiros r e s. Logo, para cada x 2 Z, se x j a e x j b ent~ao x j (ra + sb), logox j d. ((): Suponhamos que a = b =0, e que d e um inteiro satisfazendo as condi»c~oes (1), (2) e (3). Por (3), todo inteiro x que divide a e b deve tamb em dividir d. Agora, x =0 divide a e b, logo divide d. Mas 0 j d, d =0. Logo, pela de ni»c~ao 6.1, d =0=mdc(a; b). Suponhamos agora a 6= 0ou b 6= 0, e que d e um inteiro satisfazendo as condi»c~oes (1), (2) e (3). Por (2), d j a e d j b. Por (1) e (2), d>0.

8 M aximo divisor comum 53 Por (3), se x e um inteiro tal que x j a e x j b, ent~ao, x j d. Logo, como d>0, x d. Portanto, conforme a de ni»c~ao 6.1, d =mdc(a; b). Podemos ter inteiros a, b e c tais que a j bc, masa 6j b e a 6j c. Por exemplo, 6 j (4 15), mas66j 4 e 66j 15. No entanto, h a uma circunst^ancia particular em que podemos garantir que se a divide bc ent~ao a divide um dos fatores b e c. Proposi»c~ao 6.2 Dados inteiros a, b e c, sea j bc, ea e b s~ao primos entre si, ent~ao a j c. Demonstra»c~ao. Como a e b s~ao primos entre si, ra + sb =1para certos inteiros r e s. Logo, rac + sbc = c. Agora, a j (rac) e a j (sbc) (pois a j bc). Logo a j (rac + sbc), eportantoa j c. Proposi»c~ao 6.3 Sejam a e p inteiros, sendo p um n umero primo positivo. Ent~ao a n~ao e divis ³vel por p se e somente se a e p s~ao primos entre si. Demonstra»c~ao. ()) Sejama e p como no enunciado da proposi»c~ao, suponhamos que p 6j a, esejad =mdc(a; p). Ent~ao d>0, d j a e d j p. Como p e primo, temos que d =1ou d = p. Masp6j a e d j a, logo d =1,eportantoa e b s~ao primos entre si. (() Suponhamos agora que a e p s~ao primos entre si, ou seja mdc(a; p) =1. Como p j p, setamb em p j a, ent~ao mdc(a; b) p 2, e temos uma contradi»c~ao. Portanto p6j a. Proposi»c~ao 6.4 Sejam a, b e p inteiros, com p primo. p j b (podendo ser fator de ambos, a e b). Se p j ab ent~ao p j a ou Demonstra»c~ao. Temos que p j a ou p6j a. Se p 6j a, ent~ao, pela proposi»c~ao anterior, p e a s~ao relativamente primos. Como p j ab, pelaproposi»c~ao 6.2, temos que p j b. 6.4 Calculando inteiros r e s tais que mdc(a; b) = ra + sb. Veremos agora como o algoritmo euclidiano, do c alculo do mdc de dois inteiros, pode ser usado para obtermos o mdc como uma combina»c~ao linear desses inteiros.

9 M aximo divisor comum 54 Vimos acima que mdc(91; 35) = 7. Para expressar 7 como combina»c~ao linear de 91 e 35, consideramos as divis~oes euclidianas usadas no c alculo de mdc(91; 35), Lembremo-nos de que ultimo resto n~ao nulo, das divis~oes sucessivas realizadas, e o mdc procurado. As tr^es primeiras divis~oes estabelecem E ent~ao, isolando os restos, temos 91 = = = = = = de onde ent~ao obtemos, passo a passo, cada um dos tr^es restos como combina»c~ao linear de 91 e 35: 21 = , conformej a estabelecido. e nalmente ou seja, 7= ( 5) 35 7= = =35 ( ) =( 1) =( ) [( 1) ] 1 = ( 5) 35 obtendo-se assim 7=mdc(91; 35) como combina»c~ao linear r 91 + s 35, comr e s inteiros. Teorema 6.3 Sejam a e b inteiros ambos positivos com a b, e considere a seqäu^encia de nidanolema6.2,r 1 ;r 2 ;::: ;r n ;r n+1, em que r 1 = a, r 2 = b, r n = d =mdc(a; b) e r n+1 =0.Ent~ao cada r k,para1 k n, pode ser escrito como combina»c~ao linear de a e b.

10 M aximo divisor comum 55 Demonstra»c~ao. Pelo modo como a seqäu^encia e formada, Da ³, r 1 = r 2 q 2 + r 3 r 2 = r 3 q 3 + r 4. r n 2 = r n 1 q n 1 + r n r n 1 = r n q n : r 3 = r 1 r 2 q 2 r 4 = r 2 r 3 q 3. r n = r n 2 r n 1 q n 1 Temos que r 1 = a e r 2 = b s~ao combina»c~oes lineares de a e b. Logo, r 3 = r 1 r 2 q 2 = a bq 2 tamb em e combina»c~ao linear de a e b. que E supondo que r k 1 e r k, k 2, sejam combina»c~oes lineares de a e b, deduzimos r k+1 = r k 1 r k q k ser a tamb em combina»c~ao linear de a e b. Assim, cada r k (1 k n) e combina»c~ao linear de a e b. 6.5 O mdc de tr^es ou mais inteiros De ni»c~ao 6.3 Seja a 1 ;a 2 ;::: ;a n uma cole»c~ao nita de inteiros, n~ao todos nulos. O m aximo divisor comum dessa cole»c~ao e o maior inteiro d que divide simultaneamente todososinteirosdacole»c~ao, e ser a denotadopormdc(a 1 ;a 2 ;::: ;a n ). Se a 1 ;a 2 ;::: ;a n s~ao todos zeros, de nimos mdc(a 1 ;a 2 ;::: ;a n )=0. Por exemplo, mdc(12; 18; 30) = 6 e mdc(10; 15; 25) = 5. Proposi»c~ao 6.5 Se a 1 ;a 2 ;::: ;a n e uma cole»c~ao nita de inteiros, n~ao todos nulos, ent~ao mdc(a 1 ;a 2 ;::: ;a n 1 ;a n )=mdc(a 1 ;a 2 ;::: ;a n 2 ; mdc(a n 1 ;a n ) Demonstra»c~ao. Qualquer divisor comum dos inteiros a 1 ;a 2 ;::: ;a n e, em particular, um divisor de a n 1 e a n, e portanto um divisor comum dos inteiros a 1 ;a 2 ;::: ;a n 2, mdc(a n 1 ;a n ).

11 M aximo divisor comum 56 Reciprocamente, todo divisor comum de a 1, a 2, :::, a n 2,emdc(a n 1 ;a n ), eum divisor comum dos inteiros a 1 ;a 2 ;::: ;a n, pois para dividir mdc(a n 1 ;a n ) ter a necessariamente que dividir a n 1 e a n. Como as duas cole»c~oes possuem o mesmo conjunto de divisores comuns, conclui-se a proposi»c~ao. Por exemplo, mdc(405; 225; 75) = mdc(405; mdc(225; 75)) = mdc(405; 25) = 5: De ni»c~ao 6.4 Dizemos que os inteiros a 1 ;a 2 ;::: ;a n s~ao primos entre si se mdc(a 1 ;a 2 ;::: ;a n )=1. Dizemos que os inteiros a 1 ;a 2 ;::: ;a n s~ao dois a dois primos entre si, quando a i e a j s~ao primos entre si para cada par de inteiros a i e a j. Exemplo 6.2 Considere os inteiros 10, 12 e 15. Como mdc(10; 12; 15) = mdc(10; mdc(12; 15)) = mdc(10; 3) = 1 vemos que esses inteiros s~ao primos entre si. Contudo, os tr^es inteiros n~ao s~ao dois a dois primos entre si, pois mdc(10; 12) = 2, mdc(12; 15) = 3 e mdc(10; 15) = Exerc ³cios 1. Encontre o m aximo divisor comum de cada par de inteiros dados. (a) 15, 35; (b) 0, 111; (c) -12, 18; (d) -25, Sejam a e n inteiros positivos. Determine o m aximo divisor comum de (a) a e na (b) a e a n (c) a e a + n. 3. Mostre que se a, b e c s~ao inteiros positivos, ent~ao mdc(ac; bc) =c mdc(a; b). Sugest~ao. Chame d =mdc(a; b). Lembre-se de que existem inteiros r e s tais que d = ra + sb. Ent~ao cd = r(ac)+s(bc). Da ³, se x j ac e x j bc (x 2 Z), tem-se ent~ao que x j cd. Oresto e por sua conta. 4. Mostre que se a e b s~ao inteiros primos entre si, ent~ao mdc(a + b; a b) =1ou 2. Sugest~ao. Mostre que se d j (a + b) e d j (a b) ent~ao d j 2a e d j 2b. Agora, estude o caso em que d e par, e depois o caso em que d e ³mpar. 5. Mostre que se a e b s~ao primos entre si, ent~ao tamb em s~ao primos entre si os seguintes pares de inteiros: (a) a e b 2 (b) a e b n (n 2 N) (c) a n e b m (m; n 2 N) Sugest~ao. Sendo a e b primos entre si, ra + sb =1para certos inteiros r e s. Fa»ca sb =1 ra eeleveambososmembrosaomesmoexpoente. 6. Mostre que se a e b s~ao inteiros primos entre si, ent~ao mdc(a 2 + b 2 ;a+ b) =1 ou 2. Sugest~ao. Se d divide a 2 +b 2 etamb em a+b, ent~ao d divide (a b)(a+b)+a 2 +b 2. Agora, h a duas possibilidades: (i) d e par; (ii) d e ³mpar.

12 M aximo divisor comum Mostre que se a e b s~ao ambos inteiros pares, n~ao ambos nulos, ent~ao mdc(a; b) = 2mdc(a=2;b=2). 8. Demonstre que se a, b e c s~ao inteiros tais que a j c e b j c, coma e b primos entre si, ent~ao ab j c. Sugest~ao. Temosra + sb =1, para certos inteiros r e s. Logo, rac + sbc = c. Al em disso, como a j c e b j c, existemx; y 2 Z tais que c = ax e c = by. Na combina»c~ao linear rac + sbc, troque o primeiro c por by, e o segundo por ax. 9. Demonstre que se a, b e c s~ao inteiros tais que mdc(a; b) =mdc(a; c) =1,ent~ao mdc(a; bc) =1. Sugest~ao. Existem inteiros r; s; m e n tais que ra + sb =1,e ma + nc =1. Multiplique as igualdades, membro a membro. 10. Encontre o m aximo divisor comum de cada um dos seguintes conjuntos de inteiros dados. (a) 6, 15, 21 (b) -7, 28, -35 (c) 0, 0, Mostre que se k e um inteiro, ent~ao os inteiros 6k 1, 6k +1, 6k +2, 6k +3,e 6k +5s~ao2a2primosentresi. 12. Mostre que se k e um inteiro positivo, ent~ao 3k +2e 5k +3s~ao primos entre si. 13. Use o algoritmo euclidiano para encontrar (a) mdc(45; 75) (b) mdc(666; 1414) (c) mdc(102; 222) (d) mdc(20785; 44350) 14. Para cada par de inteiros do problema anterior, expresse o m aximo divisor comum do par de inteiros como combina»c~ao linear desses inteiros. 15. Para cada cole»c~ao de inteiros dada abaixo, expresse o m aximo divisor comum como uma combina»c~ao linear dos inteiros da cole»c~ao. (a) 6; 10; 15 (b) 70; 98; Seja a 0 ;a 1 ;a 2 ;a 3 ;:::,umaseqäu^encia in nita de inteiros, com a 0 =0, satisfazendo a seguinte propriedade: mdc(a m ;a n ) = mdc(a n ;a r ) sempre que n 6= 0eadivis~ao euclidiana de m por n deixa resto r. Mostre que, para quaisquer dois ³ndices m e n, sendo d =mdc(m; n), temos mdc(a m ;a n )=a d = a mdc(m;n). Sugest~ao. Considere o algoritmo euclidiano para o c alculo de mdc(m; n) e imite o procedimento usado na demonstra»c~ao do teorema Sejam m e n dois inteiros positivos e seja a um inteiro maior que um. Mostre que, sendo d =mdc(m; n), tem-semdc(a m 1;a n 1) = a d 1. Sugest~ao. Mostre que se a divis~ao de m por n deixa resto r, ent~ao todo divisor de a m 1 e a n 1 e tamb em divisor de a n 1 e a r 1, e vice-versa. Use ent~ao o resultadodoexerc ³cio 16.

13 M aximo divisor comum Mostre que se a e b s~ao inteiros tais que ma + nb = 26 para certos inteiros m e n ent~ao mdc(a; b) 2f1; 2; 13; 26g. 19. Descreva, como m ultiplos de um unico inteiro, os elementos do conjunto (a) A = f12m +18n j m; n 2 Zg (b) B = f24m +18n +30p j m; n; p 2 Zg 20. Mostre que existem in nitos pares de inteiros (r; s) satisfazendo Sugest~ao. Mostre que a equa»c~ao r 2+s 3=mdc(2; 3) = 1 x 2+y 3=0 (6.1) tem um n umero in nito de solu»c~oes. Determine uma solu»c~ao da equa»c~ao r 2+s 3=1 (6.2) Mostre ent~ao que os pares de inteiros da forma (x + r; y + s), sendo (x; y) uma solu»c~ao de 6.1, e (r; s) a solu»c~ao encontrada de 6.2, s~ao tamb em solu»c~oesde Mostre que se m e n s~ao inteiros primos entre si, ent~ao existem inteiros x e y tais que 1 mn = x m + y n A partir deste fato, justi que o seguinte argumento: Sendo m e n inteiros positivos primos entre si, se uma circunfer^encia pode ser dividida, com o uso de r egua e compasso, em m arcos congruentes, e tamb em em n arcos congruentes, ent~ao ela tamb em pode ser dividida, com r egua e compasso, em mn arcos congruentes.

Os n umeros inteiros. 1.1 Propriedades b asicas

Os n umeros inteiros. 1.1 Propriedades b asicas 1 Os n umeros inteiros 1.1 Propriedades b asicas Nesta se»c~ao exploraremos propriedades b asicas dos n umeros inteiros, ponto de partida para um estudo sistem atico de suas propriedades. Assumiremos axiomaticamente,

Leia mais

Um Mini-Curso de Aritm etica dos Inteiros

Um Mini-Curso de Aritm etica dos Inteiros 2 Um Mini-Curso de Aritm etica dos Inteiros Neste cap ³tulo reuniremos elementos b asicos da teoria dos n umeros, pr e-requisitos indispens aveis a um primeiro curso de estruturas alg ebricas. 2.1 O Princ

Leia mais

An eis de polin^omios

An eis de polin^omios 2 An eis de polin^omios 2.1 Primeiros conceitos Seja A um anel comutativo, com elemento unidade 1. Express~oes simb olicas da forma p(x) =a 0 + :::+ a n x n = nx a k x k = a n x n + :::+ a 0 k=0 em que

Leia mais

Divisibilidade e o algoritmo da divis~ao em Z

Divisibilidade e o algoritmo da divis~ao em Z 3 Divisibilidade e o algoritmo da divis~ao em Z 31 Divisibilidade Em nossa educa»c~ao b asica, aprendemos que quando um n umero inteiro e dividido por um n umero inteiro n~ao nulo, o quociente pode ou

Leia mais

Equa»c~oes diofantinas lineares

Equa»c~oes diofantinas lineares 7 Equa»c~oes diofantinas lineares Considere o seguinte problema. Se um trabalhador recebe 510 reais em t ³quetes de alimenta»c~ao, com valores de 20 reais ou 50 reais cada t ³quete, de quantas formas pode

Leia mais

Introdução à Teoria dos Números - Notas 4 Máximo Divisor Comum e Algoritmo de Euclides

Introdução à Teoria dos Números - Notas 4 Máximo Divisor Comum e Algoritmo de Euclides Introdução à Teoria dos Números - Notas 4 Máximo Divisor Comum e Algoritmo de Euclides 1 Máximo Divisor Comum Definição 1.1 Sendo a um número inteiro, D a indicará o conjunto de seus divisores positivos,

Leia mais

é uma proposição verdadeira. tal que: 2 n N k, Φ(n) = Φ(n + 1) é uma proposição verdadeira. com n N k, tal que:

é uma proposição verdadeira. tal que: 2 n N k, Φ(n) = Φ(n + 1) é uma proposição verdadeira. com n N k, tal que: Matemática Discreta 2008/09 Vítor Hugo Fernandes Departamento de Matemática FCT/UNL Axioma (Princípio da Boa Ordenação dos Números Naturais) O conjunto parcialmente (totalmente) ordenado (N, ), em que

Leia mais

MATEMÁTICA DISCRETA ARITMÉTICA RACIONAL (6/6) Carlos Luz. EST Setúbal / IPS Maio 2012

MATEMÁTICA DISCRETA ARITMÉTICA RACIONAL (6/6) Carlos Luz. EST Setúbal / IPS Maio 2012 MATEMÁTICA DISCRETA ARITMÉTICA RACIONAL (6/6) Carlos Luz EST Setúbal / IPS 21 27 Maio 2012 Carlos Luz (EST Setúbal / IPS) Aritmética Racional (6/6) 21 27 Maio 2012 1 / 15 Congruências Lineares De nição

Leia mais

O Teorema Fundamental da Aritm etica

O Teorema Fundamental da Aritm etica 8 O Teorema Fudametal da Aritm etica Vimos, o cap ³tulo 5, o teorema 5.1, que estabelece que os primos positivos s~ao os blocos usados para costruir, atrav es de produtos, todos os iteiros positivos maiores

Leia mais

Definição. Diremos que um número inteiro d é um divisor de outro inteiro a, se a é múltiplo de d; ou seja, se a = d c, para algum inteiro c.

Definição. Diremos que um número inteiro d é um divisor de outro inteiro a, se a é múltiplo de d; ou seja, se a = d c, para algum inteiro c. Divisores Definição. Diremos que um número inteiro d é um divisor de outro inteiro a, se a é múltiplo de d; ou seja, se a = d c, para algum inteiro c. Quando a é múltiplo de d dizemos também que a é divisível

Leia mais

Opera»c~oes Bin arias

Opera»c~oes Bin arias 3 Opera»c~oes Bin arias Neste cap ³tulo, faremos mais preciso o conceito de opera»c~ao bin aria, (ou simplesmente opera»c~ao), e introduziremos tamb em a nomenclatura j a consolidada de propriedades not

Leia mais

a = bq + r e 0 r < b.

a = bq + r e 0 r < b. 1 Aritmética dos Inteiros 1.1 Lema da Divisão e o Algoritmo de Euclides Recorde-se que a, o módulo ou valor absoluto de a, designa a se a N a = a se a / N Dados a, b Z denotamos por a b : a divide b ou

Leia mais

MATEMÁTICA DISCRETA ARITMÉTICA RACIONAL (2/6) Carlos Luz. EST Setúbal / IPS Abril 2012

MATEMÁTICA DISCRETA ARITMÉTICA RACIONAL (2/6) Carlos Luz. EST Setúbal / IPS Abril 2012 MATEMÁTICA DISCRETA ARITMÉTICA RACIONAL (2/6) Carlos Luz EST Setúbal / IPS 16 22 Abril 2012 Carlos Luz (EST Setúbal / IPS) Aritmética Racional (2/6) 16 22 Abril 2012 1 / 15 Divisão Inteira Teorema Sendo

Leia mais

Introdução à Teoria dos Números Notas de Aulas 3 Prof Carlos Alberto S Soares

Introdução à Teoria dos Números Notas de Aulas 3 Prof Carlos Alberto S Soares Introdução à Teoria dos Números 2018 - Notas de Aulas 3 Prof Carlos Alberto S Soares 1 Números Primos e o Teorema Fundamental da Aritmética Em notas anteriores já definimos os números primos, isto é, números

Leia mais

a = bq + r e 0 r < b.

a = bq + r e 0 r < b. 1 Aritmética dos Inteiros 1.1 Lema da Divisão e o Algoritmo de Euclides Recorde-se que a, o módulo ou valor absoluto de a, designa a se a N a = a se a / N Dados a, b, c Z denotamos por a b : a divide b

Leia mais

Algoritmo de Euclides Estendido, Relação de Bézout e Equações Diofantinas. Tópicos Adicionais

Algoritmo de Euclides Estendido, Relação de Bézout e Equações Diofantinas. Tópicos Adicionais Algoritmo de Euclides Estendido, Relação de Bézout e Equações Diofantinas Relação de Bézout e Aplicações Tópicos Adicionais Algoritmo de Euclides Estendido, Relação de Bézout e Equações Diofantinas Relação

Leia mais

1 Congruências e aritmética modular

1 Congruências e aritmética modular 1 Congruências e aritmética modular Vamos considerar alguns exemplos de problemas sobre números inteiros como motivação para o que se segue. 1. O que podemos dizer sobre a imagem da função f : Z Z, f(x)

Leia mais

MDC, MMC, Algoritmo de Euclides e o Teorema de Bachet-Bézout

MDC, MMC, Algoritmo de Euclides e o Teorema de Bachet-Bézout Polos Olímpicos de Treinamento Curso de Teoria dos Números - Nível 3 Carlos Gustavo Moreira Aula 3 MDC, MMC, Algoritmo de Euclides e o Teorema de Bachet-Bézout 1 mdc, mmc e Algoritmo de Euclides Dados

Leia mais

Algoritmos. OBMEP Teoria dos números - Parte I. Algoritmo da divisão:

Algoritmos. OBMEP Teoria dos números - Parte I. Algoritmo da divisão: OBMEP Teoria dos números - Parte I Elaine Pimentel 1 o Semestre - 2006 Algoritmos Algoritmo = processo de cálculo baseado em regras formais Especificação de um algoritmo: entrada + instruções + saída Perguntas:

Leia mais

1.1 Propriedades Básicas

1.1 Propriedades Básicas 1.1 Propriedades Básicas 1. Classi que as a rmações em verdadeiras ou falsas, justi cando cada resposta. (a) Se x < 2, então x 2 < 4: (b) Se x 2 < 4, então x < 2: (c) Se 0 x 2, então x 2 4: (d) Se x

Leia mais

Limites (c alculo e signi cado)

Limites (c alculo e signi cado) Unidade 3 Limites c alculo e signi cado) C alculos de ites s~ao importantes ferramentas auxiliares no estudo de fun»c~oes e seus gr a cos. A de ni»c~ao formal de ite e matematicamente so sticada. Faremos

Leia mais

Portal da OBMEP. Material Teórico - Módulo de Divisibilidade. MDC e MMC - Parte 1. Sexto Ano

Portal da OBMEP. Material Teórico - Módulo de Divisibilidade. MDC e MMC - Parte 1. Sexto Ano Material Teórico - Módulo de Divisibilidade MDC e MMC - Parte 1 Sexto Ano Autor: Prof. Angelo Papa Neto Revisor: Prof. Antonio Caminha M. Neto 1 Máximo divisor comum Nesta aula, estudaremos métodos para

Leia mais

Introdução à Teoria dos Números Notas de Aulas 3 Prof Carlos Alberto S Soares

Introdução à Teoria dos Números Notas de Aulas 3 Prof Carlos Alberto S Soares Introdução à Teoria dos Números 2018 - Notas de Aulas 3 Prof Carlos Alberto S Soares 1 Números Primos e o Teorema Fundamental da Aritmética Em notas anteriores já definimos os números primos, isto é, números

Leia mais

Sub-an eis, ideais e an eis quocientes

Sub-an eis, ideais e an eis quocientes 3 Sub-an eis, ideais e an eis quocientes 3.1 Sub-an eis e ideais De ni»c~ao 3.1.1 (Sub-anel de um anel) Seja (A; +; ) um anel e seja B um subconjunto n~ao vazio de A. Dizemos que B e um sub-anel de A se

Leia mais

1. O que podemos dizer sobre a imagem da função. f : Z Z, f(x) = x 2 + x + 1?

1. O que podemos dizer sobre a imagem da função. f : Z Z, f(x) = x 2 + x + 1? 1 Congruências e aritmética modular Vamos considerar alguns exemplos de problemas sobre números inteiros como motivação para o que se segue. 1. O que podemos dizer sobre a imagem da função f : Z Z, f(x)

Leia mais

Existem infinitos números de Carmichael, mas não provaremos isso neste curso.

Existem infinitos números de Carmichael, mas não provaremos isso neste curso. 6 Pseudoprimos 6.1 O Pequeno Teorema de Fermat nos diz que, se n é primo, então temos b n b (mod n) para todo b Z. Portanto, a contrapositiva diz que se temos b n b (mod n) ( ) para algum b Z, então n

Leia mais

Elementos de Matemática Finita

Elementos de Matemática Finita Elementos de Matemática Finita Exercícios Resolvidos - Princípio de Indução; Algoritmo de Euclides 1. Seja ( n) k n! k!(n k)! o coeficiente binomial, para n k 0. Por convenção, assumimos que, para outros

Leia mais

Primeiros conceitos da teoria dos an eis

Primeiros conceitos da teoria dos an eis 1 Primeiros conceitos da teoria dos an eis 1.1 Coisas elementares De ni»c~ao 1.1.1 Um anel e uma estrutura alg ebrica (A; +; ), (isto e, um conjunto n~ao vazio A, juntamente com duas opera»c~oes + e em

Leia mais

Cálculo do MDC e MMC

Cálculo do MDC e MMC META: Apresentar o algoritmo do Cálculo do MMC e do MDC entre dois números OBJETIVOS: Ao fim da aula os alunos deverão ser capazes de: Executar de maneira correta os algoritmos do Cálculo do MMC e do MDC.

Leia mais

Diagonal mais curta. Como d = mx e l = nx, teríamos: l 1 = d l = mx nx = (m n)x = n 1 x. d 1 = a:d + b:l = amx + bnx = (am + bn)x = m 1 x

Diagonal mais curta. Como d = mx e l = nx, teríamos: l 1 = d l = mx nx = (m n)x = n 1 x. d 1 = a:d + b:l = amx + bnx = (am + bn)x = m 1 x Diagonal mais curta Seja P um polígono regular de lados ( > 6), d a medida da sua diagonal mais curta e l a medida do seu lado. Supondo que d e l são comensuráveis, temos d mx e l nx, onde m e n são inteiros

Leia mais

Expansão linear e geradores

Expansão linear e geradores Espaços Vectoriais - ALGA - 004/05 Expansão linear e geradores Se u 1 ; u ; :::; u n são vectores de um espaço vectorial V; como foi visto atrás, alguns vectores de V são combinação linear de u 1 ; u ;

Leia mais

ALGORITMO DE EUCLIDES

ALGORITMO DE EUCLIDES Sumário ALGORITMO DE EUCLIDES Luciana Santos da Silva Martino lulismartino.wordpress.com lulismartino@gmail.com PROFMAT - Colégio Pedro II 25 de agosto de 2017 Sumário 1 Máximo Divisor Comum 2 Algoritmo

Leia mais

Limites. Uma introdu»c~ao intuitiva

Limites. Uma introdu»c~ao intuitiva Aula 4 Limites. Uma introdu»c~ao intuitiva Nos cap ³tulos anteriores, zemos uso de um ite especial para calcular derivadas: f 0 f(+ ) f() () =.!0 Neste cap ³tulo veremos os ites como ferramentas de estudo

Leia mais

Introdução à Teoria dos Números - Notas 4 Tópicos Adicionais II

Introdução à Teoria dos Números - Notas 4 Tópicos Adicionais II 1 Introdução à Teoria dos Números - Notas 4 Tópicos Adicionais II 1 O Anel dos Inteiros Módulo n Consideremos um número natural n 2 fixado Para cada número inteiro a definimos a = {x Z; x a mod n} Como

Leia mais

Notas de Aulas. Prof a Maria Julieta Ventura Carvalho de Araujo. Prof. Frederico Sercio Feitosa (colaborador)

Notas de Aulas. Prof a Maria Julieta Ventura Carvalho de Araujo. Prof. Frederico Sercio Feitosa (colaborador) Notas de Aulas Introdução à Álgebra Prof a Maria Julieta Ventura Carvalho de Araujo Prof. Frederico Sercio Feitosa (colaborador) 2009 ii i Introdução à Álgebra (MAT128) Introdução à Teoria dos Números

Leia mais

NÚMEROS INTEIROS. Álgebra Abstrata - Verão 2012

NÚMEROS INTEIROS. Álgebra Abstrata - Verão 2012 NÚMEROS INTEIROS PROF. FRANCISCO MEDEIROS Álgebra Abstrata - Verão 2012 Faremos, nessas notas, uma breve discussão sobre o conjunto dos números inteiros. O texto é basicamente a seção 3 do capítulo 1 de

Leia mais

1 Congruência. 2. m mmc(n, m) m a b. De 1) e 2) segue que: a b mod n e a b mod m.

1 Congruência. 2. m mmc(n, m) m a b. De 1) e 2) segue que: a b mod n e a b mod m. 1 Congruência Exercício 1.1. Proposição 23. (7) a b mod n e a b mod m a b mod mmc(n, m) De fato, ( ) Se a b mod n n a b, se a b mod n m a b. nm a b, como mmc(n, m) nm então mmc(n, m) a b a b mod mmc(n,

Leia mais

Capítulo Propriedades das operações com vetores

Capítulo Propriedades das operações com vetores Capítulo 6 1. Propriedades das operações com vetores Propriedades da adição de vetores Sejam u, v e w vetores no plano. Valem as seguintes propriedades. Comutatividade: u + v = v + u. Associatividade:

Leia mais

Primeiro Desao Mestre Kame

Primeiro Desao Mestre Kame Primeiro Desao Mestre Kame Alan Anderson 8 de julho de 2017 O propósito dessa lista é gerar uma intuição numérica das demonstrações abstratas do teoremas famosos de Teoria dos números, de modo que alguns

Leia mais

Números Inteiros Algoritmo da Divisão e suas Aplicações

Números Inteiros Algoritmo da Divisão e suas Aplicações Números Inteiros Algoritmo da Divisão e suas Aplicações Diferentemente dos números reais (R), o conjunto dos inteiros (Z) não é fechado para a divisão. Esse não-fechamento faz com que a divisão entre inteiros

Leia mais

MA14 - Aritmética Unidade 15 - Parte 1 Resumo. Congruências

MA14 - Aritmética Unidade 15 - Parte 1 Resumo. Congruências MA14 - Aritmética Unidade 15 - Parte 1 Resumo Congruências Abramo Hefez PROFMAT - SBM Aviso Este material é apenas um resumo de parte do conteúdo da disciplina e o seu estudo não garante o domínio do assunto.

Leia mais

Elementos de Matemática Finita

Elementos de Matemática Finita Elementos de Matemática Finita Exercícios Resolvidos 1 - Algoritmo de Euclides; Indução Matemática; Teorema Fundamental da Aritmética 1. Considere os inteiros a 406 e b 654. (a) Encontre d mdc(a,b), o

Leia mais

Esbo»cando gr a cos: primeiros passos

Esbo»cando gr a cos: primeiros passos Aula 6 Esbo»cando gr a cos: primeiros passos Eiste o processo simples de esbo»car-se o gr a co de uma fun»c~ao cont ³nua ligando-se um n umero nito de pontos P 1 =( 1 ;f( 1 ));::: ;P n =( n ;f( n )), deseugr

Leia mais

Objetivos. em termos de produtos internos de vetores.

Objetivos. em termos de produtos internos de vetores. Aula 5 Produto interno - Aplicações MÓDULO 1 - AULA 5 Objetivos Calcular áreas de paralelogramos e triângulos. Calcular a distância de um ponto a uma reta e entre duas retas. Determinar as bissetrizes

Leia mais

MA14 - Aritmética Unidade 5 Resumo. Máximo Divisor Comum

MA14 - Aritmética Unidade 5 Resumo. Máximo Divisor Comum MA14 - Aritmética Unidade 5 Resumo Máximo Divisor Comum Abramo Hefez PROFMAT - SBM Julho 2013 Aviso Este material é apenas um resumo de parte do conteúdo da disciplina e o seu estudo não garante o domínio

Leia mais

4.1 Cálculo do mdc: algoritmo de Euclides parte 1

4.1 Cálculo do mdc: algoritmo de Euclides parte 1 page 92 92 ENCONTRO 4 4.1 Cálculo do mdc: algoritmo de Euclides parte 1 OAlgoritmodeEuclidesparaocálculodomdcbaseia-senaseguintepropriedade dos números naturais. Observamos que essa propriedade está muito

Leia mais

Algoritmo de Euclides Estendido, Relação de Bézout e Equações Diofantinas. O Algortimo de Euclides Estendido. Tópicos Adicionais

Algoritmo de Euclides Estendido, Relação de Bézout e Equações Diofantinas. O Algortimo de Euclides Estendido. Tópicos Adicionais Algoritmo de Euclides Estendido, elação de Bézout e Equações Diofantinas O Algortimo de Euclides Estendido Tópicos Adicionais Tópicos Adicionais O Algoritmo de Euclides Estendido 1 Exercícios Introdutórios

Leia mais

Fun»c~oes trigonom etricas e o \primeiro limite fundamental"

Fun»c~oes trigonom etricas e o \primeiro limite fundamental Aula Fun»c~oes trigonom etricas e o \primeiro ite fundamental" Nesta aula estaremos fazendo uma pequena revis~ao de fun»c~oes trigonom etricas e apresentando um ite que lhes determina suas derivadas..

Leia mais

Notas sobre teoria dos números - Aritmática Modular (2) Anjolina Grisi de Oliveira

Notas sobre teoria dos números - Aritmática Modular (2) Anjolina Grisi de Oliveira Notas sobre teoria dos números - Aritmática Modular (2) Anjolina Grisi de Oliveira 1 Introdução à Aritmética modular Definição 1 Sejam a e b inteiros positivos. Nós denotamos a mod m como o resto quando

Leia mais

O Plano no Espaço. Sumário

O Plano no Espaço. Sumário 17 Sumário 17.1 Introdução....................... 2 17.2 Equações paramétricas do plano no espaço..... 2 17.3 Equação cartesiana do plano............. 15 17.4 Exercícios........................ 21 1 Unidade

Leia mais

MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL. ENQ Gabarito

MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL. ENQ Gabarito MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL ENQ 2017.1 Gabarito Questão 01 [ 1,25 ] Determine as equações das duas retas tangentes à parábola de equação y = x 2 2x + 4 que passam pelo ponto (2,

Leia mais

Soma de Quadrados. Faculdade de Matemática, UFU, MG

Soma de Quadrados. Faculdade de Matemática, UFU, MG Soma de Quadrados Stela Zumerle Soares 1 Antônio Carlos Nogueira (stelazs@gmailcom (anogueira@ufubr Faculdade de Matemática, UFU, MG 1 Resultados Preliminares Historicamente, um problema que tem recebido

Leia mais

Programa Combinatória Aritmética Racional MATEMÁTICA DISCRETA. Patrícia Ribeiro. Departamento de Matemática, ESTSetúbal 2018/ / 52

Programa Combinatória Aritmética Racional MATEMÁTICA DISCRETA. Patrícia Ribeiro. Departamento de Matemática, ESTSetúbal 2018/ / 52 1 / 52 MATEMÁTICA DISCRETA Patrícia Ribeiro Departamento de Matemática, ESTSetúbal 2018/2019 2 / 52 Programa 1 Combinatória 2 Aritmética Racional 3 Grafos 3 / 52 Capítulo 1 Combinatória 4 / 52 Princípio

Leia mais

MATEMÁTICA 1 MÓDULO 2. Divisibilidade. Professor Matheus Secco

MATEMÁTICA 1 MÓDULO 2. Divisibilidade. Professor Matheus Secco MATEMÁTICA 1 Professor Matheus Secco MÓDULO 2 Divisibilidade 1. DIVISIBILIDADE 1.1 DEFINIÇÃO: Dizemos que o inteiro a é divisível pelo inteiro b (ou ainda que a é múltiplo de b) se existe um inteiro c

Leia mais

Notas sobre teoria dos números (2)

Notas sobre teoria dos números (2) 1 / 29 Notas sobre teoria dos números (2) Fonte: livros do L. Lóvasz e Kenneth Rosen (ref. completa na página) Centro de Informática Universidade Federal de Pernambuco 2007.1 / CIn-UFPE 2 / 29 Maior divisor

Leia mais

Matemática para Ciência de Computadores

Matemática para Ciência de Computadores Matemática para Ciência de Computadores 1 o Ano - LCC & ERSI Luís Antunes lfa@ncc.up.pt DCC-FCUP Complexidade 2002/03 1 Inteiros e divisão Definição: Se a e b são inteiros com a 0, dizemos que a divide

Leia mais

Espaços vectoriais reais

Espaços vectoriais reais ALGA - 00/0 - Espaços Vectoriais 49 Introdução Espaços vectoriais reais O que é que têm em comum o conjunto dos pares ordenados de números reais, o conjunto dos vectores livres no espaço, o conjunto das

Leia mais

UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina CCT - Centro de Ciências Tecnológicas DMAT - Departamento de Matemática

UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina CCT - Centro de Ciências Tecnológicas DMAT - Departamento de Matemática UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina CCT - Centro de Ciências Tecnológicas DMAT - Departamento de Matemática Segunda Lista de Exercícios de ITN: Números Inteiros Prof. Marnei Luis Mandler Segundo

Leia mais

Deriva»c~ao em cadeia e deriva»c~ao impl ³cita

Deriva»c~ao em cadeia e deriva»c~ao impl ³cita Aula 3 Deriva»c~ao em cadeia e deriva»c~ao impl ³cita A regradacadeia e umaregradederiva»c~ao que nos permite calcular a derivada de uma composi»c~ao (ou um encadeamento) de fun»c~oes, tais como f(g(x))

Leia mais

MAT Álgebra I para Licenciatura 2 a Lista de exercícios

MAT Álgebra I para Licenciatura 2 a Lista de exercícios MAT0120 - Álgebra I para Licenciatura 2 a Lista de exercícios 1. Quais são os números de cifras iguais que são divisíveis por 3? Idem, por 9? Idem por 11? 2. Determinar mmc (56, 72) e mmc (119, 272). 3.

Leia mais

Notas de Aulas. Prof a Maria Julieta Ventura Carvalho de Araujo. Prof. Frederico Sercio Feitosa (colaborador)

Notas de Aulas. Prof a Maria Julieta Ventura Carvalho de Araujo. Prof. Frederico Sercio Feitosa (colaborador) Notas de Aulas Introdução à Teoria dos Números Prof a Maria Julieta Ventura Carvalho de Araujo Prof. Frederico Sercio Feitosa (colaborador) Prof a Beatriz Casulari da Motta Ribeiro (colaboradora) 2016

Leia mais

Capítulo 1. Matrizes e Sistema de Equações Lineares. 1.1 Corpos

Capítulo 1. Matrizes e Sistema de Equações Lineares. 1.1 Corpos Capítulo 1 Matrizes e Sistema de Equações Lineares Neste capítulo apresentaremos as principais de nições e resultados sobre matrizes e sistemas de equações lineares que serão necessárias para o desenvolvimento

Leia mais

Roteiro da segunda aula presencial - ME

Roteiro da segunda aula presencial - ME PIF Enumerabilidade Teoria dos Números Congruência Matemática Elementar Departamento de Matemática Universidade Federal da Paraíba 29 de outubro de 2014 PIF Enumerabilidade Teoria dos Números Congruência

Leia mais

MA14 - Aritmética Lista 1. Unidades 1 e 2

MA14 - Aritmética Lista 1. Unidades 1 e 2 MA14 - Aritmética Lista 1 Unidades 1 e 2 Abramo Hefez PROFMAT - SBM 05 a 11 de agosto 2013 Unidade 1 1. Mostre, por indução matemática, que, para todo n N {0}, a) 8 3 2n + 7 b) 9 10 n + 3.4 n+2 + 5 2.

Leia mais

A Reta no Espaço. Sumário

A Reta no Espaço. Sumário 16 A Reta no Espaço Sumário 16.1 Introdução....................... 2 16.2 Equações paramétricas da reta no espaço...... 2 16.3 Equação simétrica da reta no espaço........ 8 16.4 Exercícios........................

Leia mais

Departamento de Matemática

Departamento de Matemática Departamento de Matemática ALGA e Álgebra Linear Folhas Práticas - /6 EAmb/EC/EGI/EM Determinantes (*) Calcule o valor do determinante das seguintes matrizes A = + i, B = i, C = 6 i, D = 6 i i E = 6, F

Leia mais

, com k 1, p 1, p 2,..., p k números primos e α i, β i 0 inteiros, as factorizações de dois números inteiros a, b maiores do que 1.

, com k 1, p 1, p 2,..., p k números primos e α i, β i 0 inteiros, as factorizações de dois números inteiros a, b maiores do que 1. Como seria de esperar, o Teorema Fundamental da Aritmética tem imensas consequências importantes. Por exemplo, dadas factorizações em potências primas de dois inteiros, é imediato reconhecer se um deles

Leia mais

Elementos de Matemática Finita ( ) Exercícios resolvidos

Elementos de Matemática Finita ( ) Exercícios resolvidos Elementos de Matemática Finita (2016-2017) Exercícios resolvidos Ficha 3-2. Em que classes de congruência mod 8 estão os quadrados perfeitos? 4926834923 poderá ser a soma de dois quadrados perfeitos? Resolução:

Leia mais

Teorema (Algoritmo da Divisão)

Teorema (Algoritmo da Divisão) Teorema (Algoritmo da Divisão) Sejam a e b números inteiros, com b > 0. Então existem números inteiros q e r, únicos e tais que a = bq + r, com 0 r < b. Demonstração. Existência: Consideremos S = {a bk

Leia mais

Representação decimal dos números racionais

Representação decimal dos números racionais Representação decimal dos números racionais Alexandre Kirilov Elen Messias Linck 21 de março de 2018 1 Introdução Um número é racional se puder ser escrito na forma a/b, com a e b inteiros e b 0; esta

Leia mais

Matemática Discreta. Fundamentos e Conceitos da Teoria dos Números. Universidade do Estado de Mato Grosso. 4 de setembro de 2017

Matemática Discreta. Fundamentos e Conceitos da Teoria dos Números. Universidade do Estado de Mato Grosso. 4 de setembro de 2017 Matemática Discreta Fundamentos e Conceitos da Teoria dos Números Professora Dr. a Donizete Ritter Universidade do Estado de Mato Grosso 4 de setembro de 2017 Ritter, D. (UNEMAT) Matemática Discreta 4

Leia mais

Aritmética Racional MATEMÁTICA DISCRETA. Patrícia Ribeiro. Departamento de Matemática, ESTSetúbal 2018/ / 42

Aritmética Racional MATEMÁTICA DISCRETA. Patrícia Ribeiro. Departamento de Matemática, ESTSetúbal 2018/ / 42 1 / 42 MATEMÁTICA DISCRETA Patrícia Ribeiro Departamento de Matemática, ESTSetúbal 2018/2019 2 / 42 1 Combinatória 2 3 Grafos 3 / 42 Capítulo 2 4 / 42 Axiomática dos Inteiros Sejam a e b inteiros. Designaremos

Leia mais

CENTRO EDUCACIONAL GIRASSOL TD de Matemática Prof.: Tiago Rodrigues

CENTRO EDUCACIONAL GIRASSOL TD de Matemática Prof.: Tiago Rodrigues CENTRO EUCACIONAL GIRASSOL T de Matemática Prof.: Tiago Rodrigues proftiagorodrigues@gmail.com IVISIBILIAE E RESTO. Introdução O assunto divisibilidade no Conjunto dos Inteiros ( ) é extremamente importante

Leia mais

Representação decimal dos números racionais

Representação decimal dos números racionais Representação decimal dos números racionais Alexandre Kirilov Elen Messias Linck 4 de abril de 2017 1 Introdução Um número é racional se puder ser escrito na forma a/b, com a e b inteiros e b 0; esta é

Leia mais

Números inteiros. Sandro Marcos Guzzo

Números inteiros. Sandro Marcos Guzzo Números inteiros Sandro Marcos Guzzo Cascavel - Pr Agosto de 2013 1 Construção do conjunto dos números inteiros O conjunto dos números inteiros, designado por Z será aqui construído a partir do conjunto

Leia mais

Aula 3 A Reta e a Dependência Linear

Aula 3 A Reta e a Dependência Linear MÓDULO 1 - AULA 3 Aula 3 A Reta e a Dependência Linear Objetivos Determinar a equação paramétrica de uma reta no plano. Compreender o paralelismo entre retas e vetores. Entender a noção de dependência

Leia mais

Derivando fun»c~oes exponenciais e logar ³tmicas

Derivando fun»c~oes exponenciais e logar ³tmicas Aula 0 Derivando fun»c~oes eponenciais e logar ³tmicas Nesta aula estaremos deduzindo as derivadas das fun»c~oes f() =a e g() =log a, sendo a uma constante real, a>0 e a 6=. O que faz do n umero e uma

Leia mais

MA14 - Unidade 1 Divisibilidade Semana de 08/08 a 14/08

MA14 - Unidade 1 Divisibilidade Semana de 08/08 a 14/08 MA14 - Unidade 1 Divisibilidade Semana de 08/08 a 14/08 Neste curso, consideraremos o conjunto dos números naturais como sendo o conjunto N = {0, 1, 2, 3,... }, denotando por N o conjunto N \ {0}. Como

Leia mais

Um Estudo Sobre a Enuberabilidade do Conjunto Q dos Números Racionais

Um Estudo Sobre a Enuberabilidade do Conjunto Q dos Números Racionais UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA Relatório de Pesquisa Um Estudo Sobre a Enuberabilidade do Conjunto Q dos Números Racionais Laís Ribeiro

Leia mais

Lista 3 - Bases Matemáticas

Lista 3 - Bases Matemáticas Lista 3 - Bases Matemáticas (Última versão: 18/6/2017-22:32) Conjuntos 1 Descreva os conjuntos abaixo na forma enumerativa: a) {x N 1 < x < 10} b) {x Z x 2 < 5} c) {x N 3x + 4 10} d) {x N x 2 + x 6 = 0}

Leia mais

Unidade 6. Fun»c~oes trigonom etricas Regras de L'Hopital. 6.1 Pequena revis~ao de trigonometria Trigonometria geom etrica

Unidade 6. Fun»c~oes trigonom etricas Regras de L'Hopital. 6.1 Pequena revis~ao de trigonometria Trigonometria geom etrica Unidade 6 Fun»c~oes trigonom etricas Regras de L'Hopital Agora estaremos fazendo uma pequena revis~ao de fun»c~oes trigonom etricas e apresentando suas derivadas. Estaremos estudando tamb em um m etodo

Leia mais

11.1) Noções Elementares 11.2) MDCs e algoritmos de Euclides 11.3) Aritmética modular 11.4) Aplics da MD: O sistema criptográfico RSA

11.1) Noções Elementares 11.2) MDCs e algoritmos de Euclides 11.3) Aritmética modular 11.4) Aplics da MD: O sistema criptográfico RSA Teoria de Números 11.1) Noções Elementares 11.2) MDCs e algoritmos de Euclides 11.3) Aritmética modular 11.4) Aplics da MD: O sistema criptográfico RSA Material extraído dos livros-textos (Cormen( Cormen)

Leia mais

Introdução à Teoria dos Números - Notas 4 Tópicos Adicionais II

Introdução à Teoria dos Números - Notas 4 Tópicos Adicionais II 1 Introdução à Teoria dos Números - Notas 4 Tópicos Adicionais II. 1 O Anel dos Inteiros Módulo n Consideremos um número natural n 2 fixado. Para cada número inteiro a definimos a = {x Z; x a mod n}. Como

Leia mais

XIX Semana Olímpica de Matemática. Nível 3. Polinômios Ciclotômicos e Congruência Módulo p. Samuel Feitosa

XIX Semana Olímpica de Matemática. Nível 3. Polinômios Ciclotômicos e Congruência Módulo p. Samuel Feitosa XIX Semana Olímpica de Matemática Nível 3 Polinômios Ciclotômicos e Congruência Módulo p Samuel Feitosa O projeto da XIX Semana Olímpica de Matemática foi patrocinado por: Semana Olímpica 2016 Polinômios

Leia mais

Universidade Federal do Espírito Santo Prova de Álgebra II Prof. Lúcio Fassarella DMA/CEUNES/UFES Data: 07/05/2015

Universidade Federal do Espírito Santo Prova de Álgebra II Prof. Lúcio Fassarella DMA/CEUNES/UFES Data: 07/05/2015 Universidade Federal do Espírito Santo Prova de Álgebra II Prof. Lúcio Fassarella DMA/CEUNES/UFES Data: 07/05/2015 Aluno: Matrícula. Nota: : :.Observações: I A prova tem duração de 100 min; não é permitido

Leia mais

Sistemas de equações lineares com três variáveis

Sistemas de equações lineares com três variáveis 18 Sistemas de equações lineares com três variáveis Sumário 18.1 Introdução....................... 18. Sistemas de duas equações lineares........... 18. Sistemas de três equações lineares........... 8

Leia mais

Espaços Euclidianos. Espaços R n. O conjunto R n é definido como o conjunto de todas as n-uplas ordenadas de números reais:

Espaços Euclidianos. Espaços R n. O conjunto R n é definido como o conjunto de todas as n-uplas ordenadas de números reais: Espaços Euclidianos Espaços R n O conjunto R n é definido como o conjunto de todas as n-uplas ordenadas de números reais: R n = {(x 1,..., x n ) : x 1,..., x n R}. R 1 é simplesmente o conjunto R dos números

Leia mais

Se mdc(a,m) = 1, como a é invertível módulo m, a equação. ax b (mod m)

Se mdc(a,m) = 1, como a é invertível módulo m, a equação. ax b (mod m) Polos Olímpicos de Treinamento Curso de Teoria dos Números - Nível 3 Carlos Gustavo Moreira Aula 8 Equações lineares módulo n e o teorema chinês dos restos 1 Equações Lineares Módulo m Se mdc(a,m) = 1,

Leia mais

TEOREMA FUNDAMENTAL DA ARITMÉTICA: APLICAÇÕES

TEOREMA FUNDAMENTAL DA ARITMÉTICA: APLICAÇÕES 4. TEOREMA FUNDAMENTAL DA ARITMÉTICA: APLICAÇÕES 1). Achando os divisores de um número natural 2). Quantidade de divisores de um número natural 3). Decidindo se um número natural divide outro 4). Extrema

Leia mais

Álgebra A - Aula 02 Teorema da fatoração única, Propriedade fundamental dos primos, números primos

Álgebra A - Aula 02 Teorema da fatoração única, Propriedade fundamental dos primos, números primos Álgebra A - Aula 02 Teorema da fatoração única, Propriedade fundamental dos primos, números primos Elaine Pimentel Departamento de Matemática, UFMG, Brazil 2 o Semestre - 2010 Teorema da fatoração única

Leia mais

Matemática Discreta. Introdução à Teoria de Números - Exercícios 1 o ano /2011

Matemática Discreta. Introdução à Teoria de Números - Exercícios 1 o ano /2011 Lic. em Ciências da Computação Matemática Discreta Introdução à Teoria de Números - Exercícios 1 o ano - 2010/2011 1. Determine o quociente e o resto na divisão de: (a) 310156 por 197; (b) 32 por 45; (c)

Leia mais

Avaliação e programa de Álgebra Linear

Avaliação e programa de Álgebra Linear Avaliação e programa de Álgebra Linear o Teste ( de Março): Sistemas de equações lineares e matrizes. Espaços lineares. o Teste ( de Maio): Matriz de mudança de base. Transformações lineares. o Teste (

Leia mais

37ª Olimpíada Brasileira de Matemática GABARITO Segunda Fase

37ª Olimpíada Brasileira de Matemática GABARITO Segunda Fase 37ª Olimpíada Brasileira de Matemática GABARITO Segunda Fase Soluções Nível 3 Segunda Fase Parte A CRITÉRIO DE CORREÇÃO: PARTE A Na parte A serão atribuídos 5 pontos para cada resposta correta e a pontuação

Leia mais

Álgebra A - Aula 01 Algoritmo da divisão de Euclides e Algoritmo Euclideano estendido

Álgebra A - Aula 01 Algoritmo da divisão de Euclides e Algoritmo Euclideano estendido Álgebra A - Aula 01 Algoritmo da divisão de Euclides e Algoritmo Euclideano estendido Elaine Pimentel Departamento de Matemática, UFMG, Brazil 2 o Semestre - 2010 Introdução Objetivo: estudar o método

Leia mais

Matemática I. 1 Propriedades dos números reais

Matemática I. 1 Propriedades dos números reais Matemática I 1 Propriedades dos números reais O conjunto R dos números reais satisfaz algumas propriedades fundamentais: dados quaisquer x, y R, estão definidos a soma x + y e produto xy e tem-se 1 x +

Leia mais

Sistemas de equações lineares

Sistemas de equações lineares Matemática II - / - Sistemas de Equações Lineares Sistemas de equações lineares Introdução Uma equação linear nas incógnitas ou variáveis x ; x ; :::; x n é uma expressão da forma: a x + a x + ::: + a

Leia mais

Definimos a soma de seqüências fazendo as operações coordenada-a-coordenada:

Definimos a soma de seqüências fazendo as operações coordenada-a-coordenada: Aula 8 polinômios (Anterior: chinês. ) 8.1 séries formais Fixemos um anel A. Denotaremos por A N o conjunto de todas as funções de N = {, 1, 2,... } a valores em A. Em termos mais concretos, cada elemento

Leia mais

Teoria da divisibilidade Em k[x]

Teoria da divisibilidade Em k[x] Teoria da divisibilidade Em k[x] META: Obter a propriedade de fatoração única para anéis de polinômios definidos sobre corpos. OBJETIVOS: Ao final da aula o aluno deverá ser capaz de: Estabelecer os principais

Leia mais

Conjuntos Enumer aveis e Conjuntos N~ao Enumer aveis

Conjuntos Enumer aveis e Conjuntos N~ao Enumer aveis 4 Conjuntos Enumer aveis e Conjuntos N~ao Enumer aveis Ade ni»c~ao de Dedekind, de conjunto in nito, e usada ma discuss~ao de propriedades de conjuntos in nitos e de conjuntos nitos. E demonstrado, dentre

Leia mais

Universidade Federal de Santa Maria Departamento de Matemática Curso de Verão Lista 1. Números Naturais

Universidade Federal de Santa Maria Departamento de Matemática Curso de Verão Lista 1. Números Naturais Universidade Federal de Santa Maria Departamento de Matemática Curso de Verão 01 Lista 1 Números Naturais 1. Demonstre por indução as seguintes fórmulas: (a) (b) n (j 1) = n (soma dos n primeiros ímpares).

Leia mais