OS EFEITOS DE UM ATO DE CONCENTRAÇÃO, A INTERAÇÃO ESTRATÉGICA ENTRE FIRMAS E A POLÍTICA ANTITRUSTE: SIMULAÇÕES, EVIDÊNCIAS, ANÁLISES E CRÍTICAS.

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1 MARINA MOREIRA DA GAMA OS EFEITOS DE UM ATO DE CONCENTRAÇÃO, A INTERAÇÃO ESTRATÉGICA ENTRE FIRMAS E A POLÍTICA ANTITRUSTE: SIMULAÇÕES, EVIDÊNCIAS, ANÁLISES E CRÍTICAS. Belo Horzonte, MG UFMG/ CEDEPLAR 2010

2 MARINA MOREIRA DA GAMA OS EFEITOS DE UM ATO DE CONCENTRAÇÃO, A INTERAÇÃO ESTRATÉGICA ENTRE FIRMAS E A POLÍTICA ANTITRUSTE: SIMULAÇÕES, EVIDÊNCIAS, ANÁLISES E CRÍTICAS. Tese apresentada ao curso de doutorado do Centro de Desenvolvmento e Planejamento Regonal da Faculdade de Cêncas Econômcas da Unversdade Federal de Mnas Geras, como requsto parcal à obtenção do Título de Doutora em Economa. Orentador: Professor Dr. Rcardo Machado Ruz Belo Horzonte, MG Centro de Desenvolvmento e Planejamento Regonal Faculdade de Cêncas Econômcas UFMG Março de 2010

3 FOLHA DE APROVAÇÃO BANCA EXAMINADORA João Luz Pondé José Mara Slvera Edson Domngues Fláva Chen Rcardo Machado Ruz Belo Horzonte, 26 de Março de 2010

4 v AGRADECIMENTOS Gostara de agradecer a todos que contrbuíram para a consecução deste trabalho. Agradeço a mnha famíla pelo apoo ncondconal. Aos meus amgos, fca a desculpa pela ausênca em momentos mportantes. Aos funconáros e professores do CEDEPLAR, agradeço pelo servço e ensno prestados, sempre de alta qualdade. À Capes e Fapemg, pelo fnancamento de meus estudos. Aos meus alunos, o meu obrgado pela convvênca saudável e produtva. Fnalmente, agradeço à professora Mônca Vegas pelo acompanhamento nsttuconal, profssonal e acadêmco, aos professores Massmo Motta, Marco Valente e Marco Antono Rbas Cavaler pela ajuda pontual na tese, e aos professores João Luz Pondé, José Mara Slvera, Edson Domngues e Fláva Chen pelas ótmas contrbuções fetas no âmbto da defesa da tese. Fnalmente, agradeço ao amgo, professor, orentador, conselhero, Rcardo Machado Ruz, pelo suporte ncondconal necessáro para a realzação de um doutorado. No mas, erros, omssões e problemas são de mnha ntera responsabldade.

5 v SUMÁRIO Lstas... v Resumo... x Abstract... x 1 Motvação Os Efetos de um Ato de Concentração no Mercado A Interação Estratégca entre as frmas de um Mercado A Tese Os Efetos de um Ato de Concentração O Efeto Unlateral de um Ato de Concentração O Método Quanttatvo de Avalação de Fusões As Etapas da Smulação de Fusão A Demanda A Demanda Logt A Demanda AIDS A Oferta O Modelo de Cournot O Modelo de Bertrand As Implcações da Merger Smulaton O Resultado Não-Cooperatvo A Smulação de Fusão Procedmentos para a Smulação Os Modelos Smulados O Modelo PCAIDS O Modelo ALM As Smulações Ilustratvas Mercado com Frmas Smétrcas Mercado com Frmas Assmétrcas... 52

6 v 4 A Emergênca da Cooperação A Teora da Cooperação Emergênca da Cooperação A Smulação da Emergênca da Cooperação O Algortmo Genétco e a economa Evoluconára O Algortmo Genétco Entendendo a Smulação Cenáros e Resultados A Evolução da Cooperação A Cooperação entre Empresas Os Fatores de Mercados Relevantes para a Cooperação Varável Estrutural: Número de Competdores Varável Estrutural: as Barreras à Mobldade Varável Estrutural: a Freqüênca da Interação Varável Estrutural: Transparênca e Smplcdade Outra Varáves: Smetra de Mercado Implcações para a Polítca Anttruste Smulando a Evolução da Cooperação O Modelo Básco de Interação Estratégca Comportamento da Frma e Oferta Demanda da Frma e Solução de Mercado Smulação e Resultados Mercados de Frmas Assmétrcas Mercados de Frmas Smétrcas Consderações Fnas Referêncas Bblográfcas Anexos (Rotnas)

7 v LISTAS Fguras Fgura 2.1 Forma Funconal da Demanda e seu Efeto sobre o Preço Fgura 4.1 O Processo AG Fgura 4.2 O Processo de Recombnação Fgura 4.3 O Processo de Mutação Quadros Quadro 4.1 Dlema dos Prsoneros Quadro 4.2 Etapas da Smulação Quadro 4.3 Matrz de Pay-Off Quadro 4.4 Matrz de Pay-Off Quadro 4.5 Matrz de Pay-Off Quadro 5.1 Dlema Dos Prsoneros Gráfcos Gráfco 4.1 Resultados Gráfco 5.1 Partcpação de Mercado pré e pós Smulação Gráfco 5.2 Partcpação e Preço Gráfco 5.3 Partcpação de Mercado pré e pós Smulação Gráfco 5.4 Partcpação e Preço Tabelas Tabela 1.1 Síntese dos Resultados Dssertação Tabela 3.1 Três Frmas Smétrcas: Fusão A e B Tabela 3.2 Cnco Frmas Smétrcas: Fusão A e B Tabela 3.3 Dez Frmas Smétrcas: Fusão A e B Tabela 3.4 Três Frmas Assmétrcas: Fusão A e B Tabela 3.5 Três Frmas Assmétrcas: Fusão A e C... 53

8 v Tabela 3.6 Três Frmas Assmétrcas: Fusão B e C Tabela 3.7 Cnco Frmas Assmétrcas: Fusão A e B Tabela 3.8 Cnco Frmas Assmétrcas: Fusão A e C Tabela 3.9 Cnco Frmas Assmétrcas: Fusão A e D Tabela 3.10 Cnco Frmas Assmétrcas: Fusão A e E Tabela 3.11 Cnco Frmas Assmétrcas: Fusão C e D Tabela 3.12 Cnco Frmas Assmétrcas: Fusão D e E Tabela 4.1 Comportamentos Codfcados Tabela 5.1 Varáves pós-smulação Tabela 5.2 Varáves pós-smulação Tabela 5.3 Resultados Frmas Assmétrcas Tabela 5.4 Resultados Frmas Assmétrcas

9 x RESUMO Esta tese tratou de dos assuntos, os efetos de um ato de concentração e a nteração estratégca entre frmas, com o objetvo de, em prmero lugar, estudar as causas e as conseqüêncas desses efetos e sugerr métodos para a sua mensuração, e, em segundo lugar, fazer alguma contrbução sobre o modo com a nteração entre frmas é tratado em Organzação Industral. Nos capítulos ncas fo possível, para o efeto unlateral, apresentar um método, a smulação de fusão, que devdo aos resultados quanttatvos (aumento de preços), faclta o julgamento e a cração de jursprudênca na admnstração públca, mas que é passível de crítca: sensbldade dos resultados ao tpo de sstema de demanda e modelo de olgopólo utlzados e gnorânca da possbldade de comportamento colusvo. Dado este últmo problema, no quarto capítulo, o que fzemos fo uma tentatva de aprofundar o estudo da cooperação entre frmas utlzando um algortmo genétco, com o qual smulamos o Dlema dos Prsoneros Iteratvo, obtendo como resultado a emergênca da cooperação, devdo ao ganho de confança da frma em sua rval depos de númeras e repetdas nterações de mercado. Depos, no qunto capítulo, partndo de um modelo básco para tratamento da nteração estratégca entre frmas de cunho evoluconáro e de uma smulação computaconal baseada em agentes construídos bottom-up, mostramos quão mportantes são as varáves estruturas e de conduta de um mercado para a emergênca e evolução da cooperação. E mas, o que constatamos fo que, dados os resultados smlares dos efetos unlateras e coordenados, em termos de aumento de preço e lucratvdade, uma análse mnucosa da nteração estratégca entre frmas em um mercado deve ser realzada para evdencar a possbldade da colusão em um mercado. Palavras-Chave: efetos de ato de concentração; nteração estratégca; smulação computaconal.

10 x ABSTRACT Ths thess addressed two ssues, the merger s effects and the strategc nteracton among frms, n order to, frstly, study the causes and consequences of these effects and suggest methods to measure them, and secondly, make a contrbuton on how strategc nteracton s treated n Industral Organzaton. In the openng chapters was possble to present the method that measures the unlateral effects, the merger smulaton, and show that, besdes ts quanttatve results that facltate the anttrust tral, t s open to crtcsm: the result s senstvty to the demand system and olgopoly model chosen and the gnorance of the possblty of collusve behavor. Because of that, on the forth chapter, we made an attempt to deepen the cooperaton s study usng a genetc algorthm to smulate the Iteratve Prsoner's Dlemma, whch results n terms of the emergence of cooperaton due to a mutual confdence gan between players after numerous and repeated nteractons. Then, n the ffth chapter, a basc evolutonary model of strategc nteracton among frms and a computer smulaton based on agents bult bottom-up show how mportant are structural and conduct varables to analyze the emergence and evoluton of cooperaton. Then, gven the unlateral and coordnated effects smlar fndngs n terms of prce and proftablty ncreases, a closer examnaton of the strategc nteracton among frms n a market should be held to hghlght the colluson possblty. Key-Words: merger effects; strategc nteracton; computer smulaton.

11 1 1. MOTIVAÇÃO Esta tese trata de dos temas em Organzação Industral: os efetos de um ato de concentração e a nteração estratégca entre as frmas no mercado. A prmera parte desta tese aborda os efetos de um ato de concentração como objeto de pesqusa dentro da polítca anttruste ao nvés da análse das causas e das conseqüêncas de prátcas antcompettvas, por exemplo. Isto porque aquela categora é a de maor ncdênca em órgãos anttruste, nclusve no CADE (Conselho Admnstratvo de Defesa Econômca) 1, mas também porque a mensuração dos efetos de uma fusão anda não é uma práxs na análse de defesa da concorrênca naconal. Esta últma afrmação derva dos resultados obtdos em mnha dssertação de mestrado sobre a prátca anttruste no Brasl (GAMA, 2005). Com o objetvo de analsar a consstênca teórca de 330 atos de concentração julgados pelo CADE entre 1994 e 2004, escolhdos devdo à maor possbldade de aplcação de teora econômca anttruste 2, o referdo trabalho chegou à conclusão da não exstênca de uma generalzada aplcação teórca para a delmtação de mercado relevante na avalação do exercíco de poder de mercado e cômputo do efeto líqudo da concentração. Tabela Síntese dos resultados de dssertação sobre a aplcação de teora econômca anttruste no julgamento de atos de concentração no Brasl entre 1994 e Casos e aplcação de teora Nº Casos % 1. Analsados Substtubldade da Demanda (de 330) Emprego de Teste na Dmensão Produto (de 205) 1.2 Substtubldade da Oferta (de 330) 2. Concentração do Mercado (de 330) e Análse da Vabldade da Importação (de 189) 2.3 Análse das Barreras à Entrada (de 189) 2.4 Efcêncas Alegadas (de 189) Emprego de Método Quanttatvo 5 5 (de 98) Fonte: GAMA, Segundo Marna Gama, entre 1994 e 2004 foram julgados 3200 atos de concentração (ACs) e apenas 930 prátcas antcompettvas (PAs) [GAMA, 2005]. Mas especfcamente, em 2008 foram aprecados 638 ACs e 58 PAs [CADE, 2009]. 2 Consdera-se Teora Econômca Anttruste a teora mcroeconômca tradconal que balzou a legslação anttruste estadundense, consderada paradgmátca.

12 2 Dos 330 casos analsados e segundo o procedmento metodológco para exame de uma fusão, sugerdo pelo gua para análse de ato de concentração braslero 3, na delmtação de mercado relevante, somente em 62% destes fo analsada a substtubldade da demanda e em 47% a da oferta. E, dentre os casos que analsaram a substtubldade da demanda para delmtar o mercado relevante do ponto de vsta do consumo (dmensão do produto e geográfca), somente em 14% houve o emprego de algum dos testes ndcados pela teora anttruste e pelo gua braslero (cálculo das elastcdades, teste do monopolsta hpotétco ou correlação de preços no tempo). Consderando os 189 casos com possbldade de exercíco de poder de mercado como o total (57% dos 330 casos e com concentração de mercado acma do nível consderado antcompettvo pelas autordades anttruste 4 ), a análse da contestabldade de poder de mercado va mportação fo feta em 33% dos casos e va entrada em 60%. As efcêncas foram argüdas em 98 dos julgados com possbldade de exercíco de poder de mercado (52%), mas somente em 5% destes houve o emprego de algum método quanttatvo para cômputo da efcênca econômca líquda, sendo que em nenhum dos casos este método fo para a exclusva mensuração do efeto unlateral da fusão. Dentre todos os problemas apontados neste trabalho, um especfcamente chamou a atenção: a dfculdade encontrada para se quantfcar o efeto líqudo de um ato de concentração, sto é, em como mensurar se a fusão resultará em aumento ou redução de preço de mercado. Como a estmatva das reduções de custos, que possbltara o cômputo da geração de efcênca compensatóra, é de ntera responsabldade e de conhecmento prvado das partes envolvdas, e os dados sobre os preços podem ser de dfícl obtenção, a aplcação dos modelos, devdo sobretudo à necessdade de se estmar resultados de mercado pós-fusão (redução de custo e aumento de preços), não é medata. Tal dfculdade não passou despercebda por Olver Wllamson, que sugeru o reconhecmento, a pror, de métodos de obtenção das economas de recursos antes de qualquer análse anttruste para que possíves aumentos de preços em decorrênca de uma fusão pudessem ser compensados (WILLIAMSON, 1968). Deste modo, o estudo do efeto de 3 Edtado pela Secretara de Acompanhamento Econômco do Mnstéro da Fazenda e muto smlar ao Horzontal Merger Gudelnes estadundense. 4 Bascamente HHI maor que 1800 pontos e CR4 maor que 75% do mercado.

13 3 um ato de concentração e do método para a sua mensuração é de extrema relevânca para a defesa da concorrênca em geral, e para a braslera em específco. A conclusão é que uma avalação consstente de um ato de concentração, que consdere apropradamente o mpacto da concentração nos preços de mercado, requer a avalação completa da operação e a verfcação, concomtante à análse estruturalsta do mercado, da possbldade da geração do efeto de um ato de concentração. Isto é, o estudo do efeto de um ato de concentração e do método de sua mensuração é de extrema relevânca para os órgãos de defesa da concorrênca, sendo, portanto, um dos pontos a serem abordados nesta tese Os Efetos de um Ato de Concentração no Mercado Atos de concentração são consderados antcompettvos pela teora econômca anttruste quando possbltam a geração de dos efetos 5 (MOTTA, 2004). O prmero se refere à possbldade da nova empresa resultante da concentração exercer poder de mercado e unlateralmente aumentar preços relatvamente ao nível pré-concentração, fato conhecdo como efeto unlateral (nos EUA) ou domnânca una de mercado, de uma únca empresa (Europa). O segundo se refere ao aumento da possbldade de colusão entre as frmas do mercado, mplcando um efeto coordenado (nos EUA) ou domnânca conjunta de mercado, de váras empresas (na Europa). Destarte, consderações sobre o resultado dessas concentrações dependem tanto de fatores estruturas do mercado, ou seja, específcos da estrutura ndustral, como também de fatores estratégcos, ou seja, específcos da frma e que refletem o modo como ela atua no mercado. O efeto antcompettvo de um ato de concentração é o que envolve o aumento do preço de mercado pelas frmas fusonadas ndependente do fato destas possuírem anterormente posção domnante antes da operação (MOTTA, 2004). Quando este efeto antcompettvo é unlateral, o aumento do preço só ocorre devdo ao ganho de poder de mercado pelas frmas fusonadas resultante da operação, o que permte o aumento lucratvo dos seus preços pós-ato relatvamente aos preços pré-ato consderando que suas rvas não alteram de estratéga, sto é, mantém a estratéga não-cooperatva, ou seja, a maxmzação do lucro ndvdual (WERDEN e FROEB, 2006). Neste caso, os outros competdores respondem também tomando decsões unlateras, podendo nclusve aumentar preços, dado que houve aumento na demanda de seus produtos resultante do aumento de preços da frma fundda (IVALDI et al, 2004). O que 5 A análse de atos de concentração é preventva, deve ocorrer antes da geração dos efetos adversos da fusão, ver Paula Forgon, 1999, e Marna Gama, 2005.

14 4 ocorre, na verdade, é que a fusão de duas empresas em um mercado cujos bens possuem alta substtubldade reduz as elastcdades cruzadas entre as demandas das empresas. Desta forma, espera-se que uma fusão entre frmas leve a um aumento de preços, resultando na dmnução do excedente do consumdor, caso o ato não seja capaz de gerar efcêncas ou promover a novação, permtr a entrada ou a recolocação de produto por rval. Se sso acontecer, o aumento de preço poderá ser compensado e anulado pela entrada de novos produtos, produtores ou por mudança na elastcdade cruzada das demandas que nduza um movmento baxsta nos preços dos concorrentes. O exercíco unlateral de poder de mercado por uma frma recém concentrada, embora seja consderado o prncpal efeto de um ato de concentração, não é o únco. Dentre os efetos não-unlateras, o efeto coordenado, ou a colusão de frmas em preços ou quantdades, é o que merece maor destaque por resultar em uma mudança comportamental das frmas, que passam a buscar propostadamente a coordenação, em decorrênca de uma mudança estrutural do mercado (SCHEFFMAN e COLEMAN, 2003). O efeto coordenado ocorre quando o aumento unlateral de preço pela frma fundda não é lucratvo a não ser que haja acomodação pelas frmas rvas (sto é, aumento do preço também) e a evdênca ndque que esta acomodação seja sufcente (sto é, que o aumento de preço não seja apenas unlateralmente lucratvo). O aumento de preço e/ou o controle da quantdade ofertada só é possível como resultado de um processo de nteração coordenada entre as frmas do mercado, com alteração de uma estratéga não-cooperatva para uma estratéga cooperatva. Então, no efeto coordenado, não apenas a frma concentrada aumenta preço, mas as outras empresas também o fazem, por que há, pelo menos presumdamente, algum tpo de colusão tácta (IVALDI et al, 2004). A questão mportante sobre os efetos de um ato de concentração é como eles se dferem, já que ambos mplcam nteração estratégca entre um número reduzdo de frmas, cada qual sufcentemente grande de forma a nfluencar o mercado, mas que não agem sem consderar a reação da sua rval. Eles se dferem exatamente nesta consderação sobre a reação das empresas competdoras no mercado. Na domnânca una, as frmas consderam a reação de suas rvas como dada e não aberta à nfluênca pelas ações das própras frmas. De tal modo, poder de mercado pode resultar de seu comportamento, desde que algumas ou todas as frmas deste mercado sejam capazes de aumentar preços lucratvamente acma do nível compettvo.

15 5 Isto é vável em decorrênca de uma vantagem compettva tanto em função de uma dferencação tecnológca, de produto ou das altas barreras à entrada. Já domnânca conjunta também pode supor altas barreras à entrada, dferencação tecnológca ou vantagem compettva, mas ocorre nclusve na ausênca de poder de mercado sgnfcatvo e em decorrênca smplesmente de uma coordenação voluntára em preços ou em quantdades. A questão central para analsar o mpacto coordenado de um ato de concentração é saber por que uma concentração gera acomodação quando ela era nexstente ou porque torna esta acomodação mas efetva, quando já exstente. Assm, ao se falar em efeto coordenado necessaramente é consderar que a nteração estratégca entre as frmas de mercado é a varável chave para a colusão, na medda em que um ato de concentração estmula uma mudança no comportamento das empresas, de um estado de decsão ndvdual não cooperatvo para um de decsão conjunta cooperatvo. É neste fato que se dferenca efeto unlateral e coordenado e na qual a polítca anttruste devera depostar seus esforços de tal modo a dentfcar em que condções a fusão gerara modfcações nas ações esperadas das frmas do mercado. Uma avalação consstente de um ato de concentração, que consdere apropradamente o mpacto da concentração nos preços de mercado, requer a análse completa do caso e a verfcação, conjunta e de forma nterlgada, da possbldade da geração do efeto unlateral e do efeto coordenado. E mas, como em ambos os casos o entendmento do modus operand de cada frma é fundamental para saber qual o efeto predomnante, a nteração estratégca entre as empresas passa a ser fator decsvo para a geração de efetos antcompettvos em decorrênca de fusão. É por sso que estudaremos esses dos assuntos A Interação Estratégca entre Frmas no Mercado A escolha da nteração estratégca entre frmas como o foco da análse sobre os efetos antcompettvos de um ato de concentração reca no fato deste tema não ser tratado de forma sstemátca em organzação ndustral com vés estruturalsta, apesar de ser um dos determnantes da competção nos mercados 6. Inclusve quando se refere à polítca anttruste, não pensar sstematcamente na nteração estratégca entre os agentes é esquecer que um resultado colusvo possa emergr de uma mudança na estrutura do mercado, sto é, que fusões 6 A nteração estratégca entre frmas é tratada de forma mas recorrente na teora dos jogos, que, no entanto, pouco peso dá aos fatores estruturas de mercado.

16 6 e aqusções representam mudanças estruturas na ndústra que condconam, em grande medda, a capacdade das frmas em sustentarem comportamentos não concorrencas. A nteração estratégca entre frmas pressupõe uma relação entre estrutura de mercado e as ações tomadas pelas empresas. Esta relação entre conduta da frma e estrutura de mercado tem fundamentação teórca no chamado modelo Estrutura-Conduta-Desempenho (ECD), tal como fo desenvolvdo pela Escola de Harvard na década de Este modelo derva das característcas das confgurações do mercado conclusões sobre a sua performance, supondo para sso que as condutas das empresas são decsvamente condconadas por fatores estruturas. Na clássca nterpretação de Joe Ban, exstem três elementos báscos que caracterzam uma estrutura de mercado: ) a concentração (número de frmas nteragndo no mercado, que é resultado em grande medda da estrutura técnca-econômca); ) o grau de dferencação de produto, que determna uma curva de demanda decrescente, sua elastcdade própra e a ntensdade do poder de mercado (a la Edward Chamberln, 1933); e ) as condções de entrada (nclundo a mobldade do captal de Caves e Porter, 1977 e a contestabldade do poder de mercado de Balmol et al, 1989). Consdera-se que em um mercado concentrado (estrutura), no qual as empresas têm poder de decdr o preço cobrado, este e as margens de lucro serão maores (desempenho), por que as empresas apresentam elevado grau de coordenação (conduta) [BAIN, 1956]. Anda, para esta análse estruturalsta, quanto maores as barreras à entrada, maor a possbldade de colusão e elevação dos preços e melhor o desempenho das frmas em termos de lucratvdade, o que é corroborado pela teora de que em mercados olgopolzados as grandes frmas escolhem o nível de preço que mantém alguns competdores (ou um grupo deles) fora do mercado, preço este chamado de preço-lmte (SYLOS-LABINI, 1957). Assm, os argumentos em torno da concentração, barreras à entrada e preço-lmte consderam que há uma domnânca dos fatores estruturas sobre os estratégcos na determnação dos preços. 7 A prmera referênca do modelo ECD fo feta por Mason (1939), para quem as estruturas de mercados são dferentes, acarretando em padrões de comportamento concorrencal dferentes (crítca à economa neoclássca), assm, é necessáro entender as fontes de poder de mercado ao nvés de buscar compreender como os preços são determnados.

17 7 As déas de Paolo Sylos-Labn (1957), enfatzando o comportamento das frmas ncubentes, e as de Joe Ban (1956), enfatzando a exstênca de barreras à entrada como determnante de colusão, forneceram subsídos para formulações sobre a relação dreta entre concentração e lucratvdade, baseando-se na exstênca de barreras à entrada e na tendênca à olgopolzação do mercado. Isto é, a estrutura nfluencando a conduta e determnando o desempenho (SCHERER e ROSS, 1980). Dversos autores buscaram mensurar econometrcamente a relação entre estrutura e desempenho ao longo dos anos 50 e 60, e dentre eles pode-se destacar Ban (1956), Gort (1962) e Mann (1966). O problema desta vsão, salentado por seus prncpas crítcos, os teórcos da dta Escola de Chcago, é que a concentração não deve ser a varável prncpal e decsva a ser consderada na análse anttruste. Isto porque a concentração em s não é um mal, desde que seja vsta em termos da efcênca econômca (produção ao menor custo, como em Demzets, 1973). Robert Bork acredta que a polítca anttruste carrega consgo um paradoxo, pos smultaneamente preserva e combate a concorrênca, já que a concentração pode levar ao aumento do preço do mercado, mas também a um ganho de efcênca técnca (BORK, 1978). Estruturas concentradas, se resultarem em uma economa de recursos que compense seus efetos antcompettvos (economas de escala e escopo), não podem ser consderadas nefcentes (PELTZMAN, 1989). Assm, esta escola propõe a análse do efeto líqudo resultante da comparação entre os ganhos de efcênca gerados redução de custos, e as possíves ou reas perdas decorrentes de efetos antcompettvos - aumento de preços (WILLIAMSON, 1969). Desta forma, não mas se sustenta que a concentração seja uma ndcação segura para a conduta dos competdores e por sso justfcatva para ntervenção governamental va aplcação de legslação anttruste. Teorcamente, a concentração reflete apenas o número de concorrentes em um mercado e a desgualdade de tamanho entre eles, pouco se podendo afrmar sobre a relação com as nterações estratégcas, nclusve da relação entre concentração e poder de mercado. Em poucas palavras, a concentração ndustral é uma condção necessára para a acumulação assmétrca de poder de mercado, e por conseqüênca para a possbldade de seu exercíco de forma ant-compettva; mas de modo algum é condção sufcente. (POSSAS et al, 1995:21). Nesta lnha de pensamento, pode-se afrmar que, apesar do modelo ECD pressupor que a exstênca de uma relação de causaldade entre as varáves de estrutura, conduta e

18 8 desempenho (como em mutas versões do modelo de Cournot), os testes econométrcos realzados entre concentração e varáves que refletem o desempenho da frma, como lucratvdade (markup), são nconclusvos, nclusve quando tratam da dreção da causaldade 8. Tal relação, se exstr, não pode ser consderada como de causaldade dreta (POSSAS, 1985:138 e ss, e POSSAS et al, 1995). Segundo Jean Trole, a exstênca ou não de uma relação entre quasquer varáves deve ser nterpretada como correlação e não como relação causal (TIROLE, 1988). No caso, lucratvdade e concentração são conjunta e smultaneamente determnadas pelas condções báscas e exógenas de mercado e pelo comportamento das frmas. Rchard Caves reafrma esta endogena como a prncpal lmtação do modelo ECD, além da falta de uma aprecação mas sstemátca do comportamento da frma, de sua estratéga (CAVES, 1998). Outra questão desta vsão a ser apontada é a falta de mportânca atrbuída às condutas das empresas no processo de concorrênca (POSSAS et al, 1995, e KUPFER e HASENCLEVER, 2002: ntrodução). O essencal a destacar é que as estruturas de mercado são varáves em grande medda endógenas ao processo compettvo, e que sua evolução temporal só pode ser adequadamente analsada no contexto da nteração dnâmca entre conduta e estrutura de mercado (POSSAS, 1985 e 2009; CAVES, 1998). Assm, uma mudança na confguração estrutural do mercado, como por exemplo, uma concentração, pode alterar a conduta empregada pelas empresas naquele mercado, como por exemplo, o ensejo do efeto coordenado. Uma das soluções encontrada para mtgar esta lmtação fo o acete da exstênca de causaldades menos rígdas no modelo ECD, ncorporando o fato de que exste uma relação nteratva entre estrutura, conduta e desempenho (SCHERER e ROSS, 1980; TIROLE, 1988). A outra solução surgu com a análse dos olgopólos por meo da Teora dos Jogos, que passou a formular comportamentos entre frmas que ajustam preços, quantdades ou outras varáves, de forma não-cooperatva ou compettva (TIROLE, 1988, SHAPIRO, 1989, e MOTTA, 2004). Desde o níco dos anos 90 as análses de ndústra, nclusve a anttruste, conclam os precetos estruturalstas com os modelos de olgopólos baseados em jogos de uma rodada não-cooperatvos (MOTTA, 2004). Nesta estrutura teórca, assume-se que os agentes se 8 ver a resenha de Gerosk (1988) sobre a aplcação empírca do modelo ECD.

19 9 comportam raconalmente e maxmzam suas funções lucro, sem qualquer forma de adaptação ou aprendzado. Os modelos de olgopólo que buscam captar a nteração estratégca entre frmas se baseam na premssa de que cada frma em competção no mercado determna o preço de seu produto ou a quantdade produzda com o objetvo de maxmzar o seu lucro enquanto aguarda uma nteração estratégca não-cooperatva com suas rvas (TIROLE, 1988, e WERDEN e FROEB, 2006). O equlíbro é atngdo quando nenhuma frma consegue aumentar seus lucros mudando unlateralmente o preço ou a quantdade ofertada. Este equlíbro pode ser nterpretado como o resultado da nteração entre as decsões sobre preço e/ ou quantdade de cada frma e suas expectatvas sobre a reação, va determnação do preço e/ ou quantdade, de suas rvas (IVALDI ET AL, 2004). A dfculdade é exatamente consderar a reação da rval como uma decsão que ocorre uma únca vez e smultaneamente no mercado, ou consderar a varação conjectural da empresa, sto é, a conjectura que ela faz a respeto da reação de suas rvas após estas terem tomado uma decsão sobre preço ou quantdade, como estátca (GIOCOLI, 2005). O conceto por trás das curvas de reação é dnâmco, envolve a nteração entre frmas ao longo do tempo, como um processo de ação e reação de escolha de uma estratégca que pode ser alterada de acordo com o desempenho das frmas no mercado (SHAPIRO, 1989), de forma adaptatva (ARTHUR, 1994). Como afrma George Stgler, dotar a frma de pleno conhecmento sobre a reação de sua rval não é lógco (STIGLER, 1960:24), e Jean Trole, determnar um equlíbro estátco para um problema dnâmco é smplesmente questonável (TIROLE, 1988:244). É sobre esta nteração que pretendemos fazer algumas consderações. Partmos do pressuposto que a nteração estratégca entre empresas é um processo dnâmco e adaptatvo, que ao mesmo tempo nfluenca a estrutura e por ela é nfluencado. Desta forma, apesar dos avanços trazdos pela Teora dos Jogos para a análse de olgopólos e nteração entre frmas em um mercado, anda resta consderar a nteração estratégca entre as frmas como dnâmca e não centrada em funções de reação estátcas cuja parametrzação resde, no lmte, em algum fator estrutural do mercado A Tese Esta tese trata dos efetos de um ato de concentração e da nteração estratégca entre frmas. Mas como conclar estes dos temas tão vastos em organzação ndustral? Smples: uma fusão é capaz de alterar o padrão de competção em um mercado ao alterar o modo como as

20 10 frmas nteragem entre s. Isto posto, o que se objetva com esta tese é, em prmero lugar, estudar as causas e as conseqüêncas dos efetos unlateral e coordenado de um ato de concentração e, em segundo lugar, fazer uma contrbução, sobretudo teórca, sobre o modo com a nteração entre frmas é tratado em Organzação Industral, ntroduzndo a nterdependênca estratégca como o resultado de um processo dnâmco, de adaptação entre agentes heterogêneos. A relevânca dsto é, no prmero caso, auxlar a avalação de ato de concentração pelas autordades anttruste, e no segundo, propcar o tratamento adequado para uma questão a nterdependênca estratégca entre frmas, que consderamos extremamente relevante para o entendmento dos mercados. Para tanto, a tese está dvdda em cnco capítulos, nclundo esta motvação e segudos pelas consderações fnas. O segundo capítulo faz uma descrção das causas e das conseqüêncas para a competção em um mercado relaconadas ao efeto unlateral de um ato de concentração, segudas de uma revsão teórca do método quanttatvo de avalação do efeto unlateral de um ato de concentração mas dfunddo na Lteratura e nas prátcas anttruste, a merger smulaton. A smulação de fusão é uma smulação computaconal que utlza os valores de preços e quantdades estmados para uma função de demanda prevamente escolhda, os coloca em um modelo de olgopólo estátco, cuja varável estratégca de escolha da frma pode ser preço ou quantdade, e, partndo do equlíbro pré-concentração recupera os parâmetros estruturas (elastcdades) e smula o novo equlíbro em preços para o mercado. O tercero capítulo da tese apresenta lustrações de casos hpotétcos de fusão e aqusção para modelos de smulação que se valem de estruturas de demanda e oferta varadas, mas que por requererem um número reduzdo de nformações, são consderados parcmonosos e prátcos: função de demanda AIDS calbrada e Logt, e oferta com varável estratégca preço e quantdade e produtos dferencados. A escolha destes modelos de smulação de fusão reca na necessdade em auxlar os órgãos de defesa da concorrênca naconas na aplcação mas corrquera de métodos quanttatvos de avalação de atos de concentração. Por sso, a necessdade de se lustrar o uso da smulação de fusão por meo de métodos mas palatáves e de fácl mplantação pela admnstração públca. Os resultados das smulações computaconas para mercados smétrcos e assmétrcos corroboram pela hpótese teórca de que tanto a curvatura da curva de oferta quanto a escolha da varável estratégca da empresa preço ou quantdade - afetam o nível de preço pós-fusão. Isto é, a smulação de fusão é sensível às estruturas de oferta e de demanda escolhdas para comporem o modelo.

21 11 O capítulo quatro da tese trata da emergênca da cooperação para o nco do entendmento tanto do efeto coordenado de um ato de concentração quanto da mportânca da nterdependênca estratégca entre frmas para a compreensão do funconamento de um mercado. Prmeramente, recaptula o paradgma Consenso Detecção Punção (CDP), que determna as três condções necessáras para que um conluo seja efetvo: ) estabelecmento de um acordo sobre um ponto focal; ) montoramento para detectar possível tração ao acordo; e ) determnação de um esquema de punção para as frmas que não cumprrem o acerto. Isto mplca que o benefco de longo prazo com a coordenação é maor do que o ganho nstantâneo com o desvo. Segundo, busca esclarecer em que condções a cooperação entre frmas pode emergr. Isto é, com base no paradgma CDP e utlzando o Dlema dos Prsoneros Iteratvo assocado a um mecansmo de seleção da estratéga ótma (o Algortmo Genétco), concluímos que a emergênca da cooperação além de possível, é provável de ocorrer em mercados olgopolzados. As smulações computaconas realzadas apontam as condções de emergênca da cooperação e nos permtem realzar consderações mportantes sobre a nteração estratégca entre frmas em um mercado. Fnalmente, o qunto capítulo da tese utlza um modelo smples para smular um mercado com frmas heterogêneas e adaptatvas em que a nterdependênca estratégca entre elas é a chave para a evolução da cooperação. Tal modelo possu duas funções: ) verfcar de que forma atuam os fatores facltadores da coordenação entre empresas, com foco para aqueles mas estruturas (número de competdores, barreras à entrada e smetra entre competdores); e ) compreender que a cooperação entre empresas, resultantes ou não de um ato de concentração, só é possível a partr de uma alteração da nteração estratégca entre frmas no mercado. Mas especfcamente, o que fazemos é, por meo de uma modelagem baseada em agentes construídos bottom-up, smular computaconalmente o funconamento de um mercado complexo, composto por frmas heterogêneas, que tomam suas decsões com base em regras e rotnas e nteragem entre s em um processo de competção adaptatvo, em que as escolhas bem suceddas são mantdas e as fracassadas alteradas. As smulações computaconas mostram que, devdo ao resultado smlar nas varáves de mercado (aumento do preço médo, e da lucratvdade das empresas), para se dentfcar a ocorrênca de um efeto unlateral ou de um efeto coordenado é mprescndível uma análse da trajetóra da conduta das frmas, mas especfcamente, da nteração estratégca entre elas.

22 12 2. OS EFEITOS DE UM ATO DE CONCENTRAÇÃO O prncpal efeto antcompettvo de um ato de concentração é conhecdo como efeto unlateral, que se refere à possbldade da nova empresa resultante de uma fusão ou aqusção exercer poder de mercado e unlateralmente aumentar preços com relação ao nível préconcentração, ou produzr uma quantdade menor ou agr de forma menos compettva do que as frmas rvas, enquanto estas não alteram de estratéga. O efeto unlateral se dfere do coordenado, pos neste a fusão nduz as empresas do mercado a alterarem suas estratégas, o que resulta em algo smlar a uma colusão tácta. É chamado de unlateral pelo fato da frma concentrada e suas rvas manterem suas decsões como comportamento ndvdual. O objetvo deste capítulo da tese é estudar o método quanttatvo de avalação do efeto unlateral de um ato de concentração mas dfunddo nas prátcas anttruste, a denomnada merger smulaton. E, para tanto, está dvddo em cnco seções, além desta ntrodução e de uma conclusão. A prmera seção explca a mplcação do efeto unlateral para o mercado, evdencando a relação deste com a estratéga não-cooperatva adotada pelas empresas. A segunda seção faz uma revsão teórca e empírca do método quanttatvo de avalação do efeto unlateral de um ato de concentração, a smulação de fusão. A tercera dscorre sobre as etapas consttutvas do método e dscute as alternatvas exstentes para a sua estmação. A quarta e últma seção analsa suas mplcações para o anttruste, abordando suas vantagens e desvantagens O Efeto Unlateral de um Ato de Concentração O efeto unlateral de um ato de concentração basea-se no argumento de que, quando a concentração em um mercado é alta o sufcente, surgem condções para que um resultado não-cooperatvo se verfque, mesmo que as frmas fusonadas não sejam consderadas ndvdualmente domnantes antes da concentração (WERDEN, 2004). A frma fusonada pode exercer poder de mercado e aumentar preços por meo de uma decsão unlateral e acabar sendo seguda por algumas ou todas as suas rvas, que também tomam decsões unlateras e aumentam seus preços smplesmente pelo fato de que o número de bens competndo no mercado dmnuu, caso não ocorra entrada nova ou reposconamento de marca por frma estabelecda no mercado. Este é o efeto unlateral de um ato de concentração, que pode ser dvddo em quatro subefetos (IVALDI et al, 2004).

23 13 Suponha que a frma e j concentrem, mas sem gerar efcêncas (economas de escala ou escopo) ou ncentvos à entrada e reposconamento de marca, o prmero subefeto do ato de concentração é a coordenação nterna das estratégas de preços das frmas concentradas, de tal manera que o lucro conjunto seja maxmzado. No caso de produtos substtutos, o preço sobe. A razão para este fato é que a entdade fusonada agora rá computar os prós e contras de um aumento de preço em um produto, por exemplo, o produto, consderando o fato que este aumento nduzrá a substtução do produto pelo j (fato conhecdo como elastcdade preço cruzada da demanda 9 ). Isto reduz o custo monetáro da perda de consumdores do produto, pos parte da demanda perdda é compensada pelo ganho adconal de vendas do produto j. Assm, o ncentvo para o aumento unlateral de preço pela frma concentrada rá depender da chamada dverson rato 10 (SHAPIRO, 1996), que nada mas é do que a proporção das vendas perdda por uma das frmas quando ela aumenta o preço e que se desloca para a outra frma partcpante da concentração (WERDEN, 1996). O resultado é que, dado os preços dos produtos rvas, a frma concentrada rá aumentar os preços de seus produtos. Este efeto é tanto mas forte quanto mas substtuíves forem os produtos das frmas concentradas (quanto maor for elastcdade cruzada da demanda entre estes produtos), pos uma parcela maor da redução da demanda do produto rá ser transferda para o produto j, quando o preço do produto aumenta. Mas se os produtos das rvas forem melhores substtutos do que o produto da frma concentrada sem aumento de preço, este efeto é mas fraco. O mportante é a substtubldade relatva entre o produto da frma concentrada que teve aumento de preço e os produtos das rvas. Caso o produto da frma fusonada que aumentou seu preço e de suas rvas sejam perfetamente substtuíves, a fusão não causará aumento generalzado de preços no mercado. Em um caso lmte, que Jean Trole chama de paradoxo de Bertrand, o mercado sera smlar ao de concorrênca perfeta e as frmas precfcaram ao custo margnal (TIROLE, 1988). O segundo subefeto está relaconado com a reação dos competdores. Uma dstnção que pode ser feta sobre a reação de uma frma, atva ou passva, mas que depende do fato das estratégas serem complementares ou substtutas. Uma estratéga complementar é aquela que nduz uma resposta smlar de suas rvas, e uma estratéga é substtuta se nduz uma resposta 9 Dada por ε = Qj / P P / Q j 10 As razões de desvo nformam a fração de vendas perdda pelo produto A que são capturadas pelo produto B, em decorrênca de um aumento de preço em A (e equvalente à dvsão da elastcdade cruzada entre A e B pela elastcdade de A). Quando há a fusão de A e B, este aumento de preço passa a ser sempre lucratvo.

24 14 oposta dos concorrentes, mantendo constante outras característcas do mercado. Escolhas de capacdade são tpcamente estratégas substtutas: se uma frma expandr sua produção total, então a escolha ótma das frmas remanescentes é, por sua vez, reduzr a capacdade que mantêm, ou ao menos, não aumentá-la. Escolhas sobre produção são estratégas substtutas porque, quanto maor for o nível de capacdade que uma frma espera que a sua rval escolha, menor o nível que rá escolher para s mesma. Aumentar a capacdade em resposta a um nível de capacdade esperado maor por parte das suas rvas só faz sentdo como parte de uma estratéga de alta rvaldade entre frmas. Escolhas sobre preços, por sua vez, são estratégas complementares: se uma frma aumenta o preço do produto que produz, então, a escolha ótma das frmas remanescentes é aumentar seus preços também, geralmente por um montante menor, ou pelo menos, não reduz-los. Escolhas em preços são estratégas complementares porque quanto mas alto for o preço que uma frma espera que sua rval escolha, maor será o preço que ela própra rá escolher. Reduzr o preço em resposta a um aumento no preço das concorrentes só faz sentdo como parte de uma estratéga de ntensa guerra de preços de uma das frmas, algo pouco comum e para o qual um aumento unlateral de preços não é um estímulo, muto pelo contráro. A natureza da estratéga anda gera outros ncentvos para que as frmas concentrem. No caso da competção va preço, a complementardade estratégca mplca que a concentração será sempre lucratva, mesmo na ausênca de ganhos de efcênca. Isto ocorre, pos as frmas que concentram elmnam a concorrênca que hava entre elas e nduz aos outros competdores a aumentarem seus preços também (a matrz de elastcdades cruzadas tende a ter valores médos maores). Em contraste, no caso da competção por quantdades, a substtubldade estratégca mplca que a concentração poderá ser não-lucratva na ausênca de ganhos de efcênca (economas de escala ou escopo). O tercero subefeto se refere ao efeto retroatvo à frma concentrada. Sabendo que suas rvas rão aumentar os preços de seus produtos após o aumento de seus própros preços, a frma concentrada aumentará seus preços mas do que o prevsto anterormente. O fato de conhecer a reação de seus competdores magnífca o efeto de um ato de concentração sobre os preços. Assm, o aumento do preço dos produtos da frma concentrada é maor do que o ótmo no período pré-ato de concentração.

25 15 O quarto subefeto é resultante do equlíbro de mercado. Sabendo da reação que a frma concentrada rá ter ao prever suas própras ações, as frmas rvas também aumentam mas anda seus preços. Os efetos de coordenação nterna e de reação dos competdores se reforçam, gerando um aumento global de todos os preços do mercado, além de nduzr a redução das vendas da frma concentrada e aumento das vendas de suas rvas. O resultado de mercado é ntensfcado, pos se assume que as competdoras reagem à concentração mudando seus preços. Seja como for, esta reação à fusão, decorrente da nteração estratégca entre frmas, funcona como um catalsador do aumento de preços no mercado, que será restrngdo apenas quando alcançado o preço-lmte que nduz entrada O Método de Quanttatvo de Avalação de Fusões A déa de mensurar o efeto unlateral de um ato de concentração surgu na década de 1960 com o trabalho de Olver Wllamson sobre cálculo da efcênca econômca líquda de uma fusão (WILLIAMSON, 1969), e ganhou força na década de 1980 com a dscussão de Carl Shapro sobre a mportânca das dversos ratos para as concentrações (SHAPIRO, 1980). Mas passou a ser ncorporada na análse anttruste somente nos últmos anos, sobretudo após os trabalhos de 1990 de Joseph Farrell e Carl Shapro sobre a smulação de preços após um ato de concentração tendo como base um modelo de olgopólo de Cournot (FARRELL e SHAPIRO, 1990), e de 1994 da dupla Gregory Werden e Luke Froeb, na época representantes de uma das agêncas anttruste estadundense 11, a respeto de um modelo calbrado de demanda, gerador de uma matrz de elastcdades smétrca, que juntamente com um padrão de competção a la Bertrand e produtos dferencados, gerava preços e quantdades a serem smulados para o pós-fusão entre duas empresas para quasquer mercados (WERDEN e FROEB, 1994). Os ctados trabalhos sobre smulação de fusão e os avanços na área de econometra e de coleta de nformações (mcrodados e dados de scanner) facltaram a mensuração do efeto unlateral do ato de concentração. Desta forma, até níco dos anos noventa, a avalação da possbldade do exercíco de poder de mercado pela frma fusonada era feta de forma mas qualtatva, quçá dscrconára, por meo de bascamente de pesqusas sobre as condções de mercado 12 e sobre as possíves mudanças nos market shares das frmas (WILLIG, 1991), nformações estas geralmente 11 No Department of Justce. 12 Determnação de quas dos produtos X, Y e Z da empresa fusonada competem com os produtos das empresas rvas, ou a determnação do grau de substtução entre os produtos.

26 16 produzdas pelas própras empresas envolvdas na fusão [HOSKEN et al, 2002]. Com base estruturalsta, tanto o US Horzontal Merger Gudelnes, de 1982, e suas versões seguntes (1984 e 1992), quanto o Gua de Análse de Atos de Concentração Horzontas braslero, de 2001, avalam um ato de concentração partndo da delmtação do mercado relevante e cálculo de índces de concentração, para uma posteror análse compensatóra da possbldade de ganho e aumento de poder de mercado decorrente da operação. Não há, nestes documentos, menção a métodos de mensuração do efeto de um ato de concentração. Desta forma, o efeto de uma fusão sera avalado por meo de uma espéce de rotero estruturalsta padronzado (OLIVEIRA e RODAS, 2004) sem, no entanto, ser quantfcado. A prmera etapa desta análse estruturalsta padronzada consste na delmtação do mercado relevante 13. Exclusvamente crado para a análse anttruste, o Teste do Monopolsta Hpotétco (TMH) fo desenvolvdo a partr de um modelo de concorrênca de dsputa em capacdades, cujas frmas produzem um produto homogêneo (modelo de olgopólo de Cournot), o que torna a possbldade de um suposto monopolsta mpor um aumento de preço, geralmente de 5% 14, sem ncorrer em perda sgnfcatva de suas vendas, mas fácl de ser mensurado. Na prátca, como mercados de produtos homogêneos são raros 15, o mercado relevante é delmtado por meo da verfcação da substtubldade entre os bens: caso sejam substtutos, fazem parte do mesmo mercado. O cálculo das elastcdades própra e cruzadas passa a ser fundamental. Após a delmtação do mercado relevante, a avalação do ato recaía pesadamente sobre meddas de concentração ndustral, tal como partcpação de mercados ou índces de concentração como o HHI ou os CR, e assm pressupor o exercíco unlateral de poder de mercado. Os crtéros para dentfcar se uma concentração gera o controle de parcela de mercado sufcentemente alta são dferentes entre os países 16. O SBDC consdera que uma concentração gera o controle de parcela de mercado sufcentemente alta para vablzar o exercíco unlateral do poder de mercado sempre que resultar em uma partcpação gual ou superor a 20% do mercado relevante (art. 20, 2º, da Le nº 8.884/94), pos supõem que o 13 Conceto especfcamente utlzado na área anttruste, que é defndo como o menor espaço econômco, em termos de produto e geográfco, no qual o poder de mercado é possível de ser exercdo por uma frma atuando de forma solada ou grupo de empresas agndo de forma coordenada, durante certo período de tempo. 14 Os EUA consderam 5% o aumento máxmo possível de ser mposto por um monopolsta hpotétco, enquanto no Brasl este é estendível para 10% e 15%. 15 Dsto decorre o pouco uso do TMH pss lters (WILLIG, 1991). 16 Estes crtéros são arbtráros, pos a teora econômca não prescreve qual o nível de concentração crítco para o exercíco de poder de mercado (talvez por que ele não exsta).

27 17 efeto unlateral é correlaconado com a posção domnante de uma frma 17. Quanto ao índce de Herfndahl-Hrschman, o HHI, o crtéro utlzado é o norte-amercano (GUIDELINES, 1997), que dvde o espectro de concentração de mercado em faxas, sendo o ponto focal o mercado que atngr 1800 pontos 18. O uso do HHI reflete o mpacto da concentração no exercíco unlateral de poder de mercado por uma frma. Isto ocorre pos este índce tem sua relevânca teórca fundamentada no modelo de olgopólo de Cournot, já que se a margem de uma frma for proporconal a sua partcpação de mercado, a margem méda do mercado como um todo (ponderada pela partcpação das frmas) será proporconal ao HHI: m k. s o que mplca que s. m k. ( s ) 2 k. HHI. Segundo Denns Carlton, o tradconal uso do HHI para mensurar a concentração de um mercado, delmtado prevamente pelo TMH, nada mas é do que uma smulação de fusão bastante elementar, já que aquele índce consdera o produto homogêneo, para a especfcação da demanda, e um comportamento de Cournot (escolha estratégca da frma quantdade), para a especfcação da oferta (CARLTON, 1994). Destarte, a análse do efeto de uma fusão, constatado que um mercado concentrou, de forma crítca, parte do pressuposto de que haverá necessaramente exercíco de poder de mercado que, se não contestado (por entrada de nova empresa, ou sua ameaça, possbldade de mportação ou alta rvaldade no mercado relevante) 19, levará ao aumento do preço, ndependente de outros fatores, como a nteração estratégca entre as empresas do mercado ao longo do tempo (sto é, a curva de reação da frma é determnada pela estrutura de mercado, sendo consderada constante). Dado que haverá aumento de preço, resta saber se este poderá ser compensado por uma redução nos custos margnas da nova empresa (geração das efcêncas econômcas). É possível nferr que a análse anttruste baseada no modelo ECD consttuu a base teórca para a mensuração quanttatva do efeto unlateral antcompettvo de um ato de concentração, como enfatzado por Gregory Werden e Luke Froeb, merger polcy developed wthout any fondaton n economc theory, but rather wth a general abhorrence of ndustral concentraton (WERDEN e FROEB, 2006). Embora anda não houvesse o uso explícto de 17 Repare que posção domnante para o legslador está relaconado com partcpação de mercado e não com grau de substtução dos produtos 18 Ver Vscus et al, 2000, e o Gua, Sobre a teora dos mercados contestáves, ver Baumol et al, 1989.

28 18 um modelo para captar este efeto, ele era nferdo ndretamente por meo da delmtação do mercado relevante e verfcação da possbldade de exercíco de mercado. Portanto, certo uso de smulação para avalação do efeto unlateral de uma fusão já estara, de certa forma, ncorporado às análses anttruste há bastante tempo, embora a nomenclatura efeto unlateral somente tenha entrado na pauta anttruste estadundense com a publcação do gua em Vsto sso, apesar da análse anttruste padrão possbltar a avalação ndreta do efeto de uma fusão, faza-se necessáro a formulação de um método mas prátco, e quçá célere, que facltasse a tomada de decsão por parte dos agentes dos órgãos anttruste. Isto é, faza-se necessáro a formulação de um método quanttatvo que pudesse calcular dretamente o aumento de preços possível no mercado relevante em análse. Dado que o objetvo últmo da análse quanttatva do efeto unlateral de um ato de concentração sera estmar qual sera o aumento dos preços na ndústra após a concentração, então porque não utlzar dretamente os valores de preços e quantdades dsponíves, colocá-los em um modelo de olgopólo estátco e, partndo do equlíbro pré-concentração, recuperar os parâmetros estruturas (elastcdades e cstos margnas pré e pós-fusão) e smular qual sera o novo equlíbro em preços? Os modelos de smulação para fusões e aqusções - merger smulatons - buscam estmar os efetos nos preços decorrentes de uma concentração por meo de duas etapas. A prmera (front-end) consste na escolha de uma curva de demanda da ndústra em partcular e sua posteror estmação. A segunda (back-end) trata da submssão dos parâmetros resultantes da etapa anteror ao modelo de olgopólo que rá ser smulado para prever os preços e as quantdades pós-ato de concentração (WERDEN, 1997) As Etapas da Smulação de Fusão Como dto anterormente, a smulação de fusão utlza os dados pré-fusão das elastcdades da demanda gerados a partr da especfcação de uma função de demanda qualquer para estmar preços e quantdades no pós-fusão, tendo como base um modelo de olgopólo em preços ou quantdades. Não consdera, no entanto, mudanças na estrutura de oferta e de demanda, nem a alteração da nteração estratégca entre as empresas.

29 A Demanda A escolha da função de demanda é a prmera etapa da smulação e a que causa maor dvergênca nos trabalhos teórcos e empírcos (CROOKE et al, 1999; HOSKEN et al, 2002; HUSE e SALVO, 2005). É a curvatura da função de demanda que determna se o produto é mas ou menos elástco, a relação com os produtos substtutos, e se um provável aumento de preço é vável em um mercado. E mas, cada especfcação da demanda gera uma necessdade de nformação sobre o comportamento do consumdor para que ela seja estmada (BRESNAHAN, 1987, e HOSKEN et al, 2002), sto é, cada especfcação de demanda requsta certa quantdade de dados para a sua estmação. A dentfcação da função de demanda reca na dstnção se ela se refere a bens homogêneos ou dferencados. Uma demanda por produtos homogêneos é aquela na qual o consumdor não atrbu dferença, em qualquer dmensão, dos produtos ofertados. Já por demanda por bens dferencados entendem-se comumente a dstnção do consumdor pelas característcas técncas ou subjetvas do produto, mas também pela sua posção geográfca (HOTELLING, 1929). A função de demanda para um produto homogêneo é tpcamente especfcada em trabalhos empírcos por: Q D P, Y,, E (2.1.) no qual Q é a demanda pelo bem, P é um vetor de preços de todos os bens no mercado (bens nternos), Y é um vetor de varáves exógenas que deslocam a curva de demanda, α são parâmetros a serem estmados e E é o erro econométrco. No caso de produtos dferencados, o vetor de preços de todos os bens nternos P pode ser escrto como (P ; P - ), no qual destacase o preço do bem (o bem própro) e os preços dos bens substtutos ou complementares a (os bens cruzados). Assm, a demanda por produtos dferencados é o caso mas geral da especfcação (2.1.), podendo ser rescrta como: Q D P, P, Y,, E (2.2.) Pela expressão acma vê-se claramente que um desafo presente na estmação de demanda por produtos dferencados é o elevado número de parâmetros a serem estmados. Com J bens, o número de elastcdades-preço (própras e cruzadas) a ser estmado é da ordem de J 2, de modo

30 20 que mesmo um sstema de demanda extremamente restrtvo consstra em um grande número de parâmetros a serem estmados (por contraste, há apenas uma elastcdade-preço a ser estmada em um mercado de produto homogêneo) [HUSE e SALVO, 2005]. Dsto derva a necessdade, ou não, de grande quantdade de nformação sobre o comportamento do consumdor para que a demanda seja estmada (BRESNAHAN, 1987, e HOSKEN et al, 2002). Exstem dos tpos de sstemas de demanda por produtos dferencados. O prmero é aquele em que um consumdor representatvo atrbu utldade dreta ao consumo dos produtos ofertados no mercado. Neste caso, para cada produto do mercado deverá haver uma especfcação de demanda, gerando um sstema com mutos parâmetros. Este elevado número de parâmetros não mpõe lmtações teórcas, mas prejudca a análse empírca. São exemplos o LES (Lnear Expendture System) e o AIDS (Almost Ideal Demand System). O segundo tpo de sstema de demanda é chamado de escolha dscreta e assume que a escolha do produto se dá de forma ndreta a partr das preferêncas dos consumdores pelos atrbutos do produto e não pelo produto em s. A vantagem do mapeamento ndreto das escolhas do consumdor pelos atrbutos é que o espaço de atrbutos usualmente possu dmensão (número de parâmetros) menor que o espaço de produtos. Logo, haverá redução do número de parâmetros a serem determnados emprcamente. Os modelos de escolha dscreta rompem a relação entre número de produtos e número de parâmetros, permtndo aplcação em mercados caracterzados pela presença de mutas varedades (DeSOUZA, 2009). Não nteressa o quão elevada seja a quantdade de produtos, o número de parâmetros a ser estmado será o mesmo. São exemplos o Logt, o Logt Agrupado (BERRY, 1994), e o Logt com Coefcentes Aleatóros (o chamado modelo BLP, de BERRY, LEVINSOHN e PAKES, 1995) A Demanda Logt O sstema de demanda Logt 20 (MCFADDEN, 1974), que tem por base um modelo de utldade randômco no qual os consumdores fazem uma escolha dscreta entre um número exaustvo de alternatvas de produtos nternos ao mercado, sto é, produtos consderados 20 Uma descrção sobre funções de demanda pode ser encontrada em Crooke et al, 1999, Hosken et al, 2002, e em Huse e Salvo, 2005.

31 21 substtutos próxmos, seleconando aquela que lhe traz maor utldade (WERDEN e FROEB, 1994; BERRY, 1994). A função de utldade ndreta do consumdor para a escolha j é: u j p v (2.3.) j j j No qual a utldade do produto j para o consumdor é uma função do preço do produto p j, e de um parâmetro α, que mede a dferença de qualdade entre os dferentes produtos de acordo com seus atrbutos. O coefcente β reflete a sensbldade do consumdor a uma mudança de preço (substtubldade entre alternatvas), e é constante para todos os consumdores e produtos. Por fm, v j mede o desvo de utldade do consumdor da utldade méda gerada pelo consumo de j. Ao assumr uma determnada dstrbução para v j 21, é possível uma forma analítca para a probabldade de escolha do produto j em um determnado mercado. Isto é, a probabldade dos consumdores daquele mercado escolherem o produto j, é: j p j e j ( P) n (2.4.) p k1 e k k Este modelo descreve a escolha de um consumdor para qualquer produto. No contexto da smulação de fusão, o conjunto de alternatvas do consumdor é restrngdo pela categorzação dos produtos de nteresse como nternos ao mercado (bens substtutos próxmos) e pela agregação de todos os outros bens como externos ao mercado. Em partcular, seja o produto n o bem externo e assuma p n = 0 como o preço assocado a uma utldade constante. Partcpações de mercado são então defndas para os bens nternos tal que o share s j guale a probabldade de escolha do produto j, sto é, s j = π j / (1 π n ). A demanda do produto j, então, é determnada pelo seu share, s j. Nos modelos de demanda dscreta, a partcpação de mercado de um produto j corresponde à partcpação da quantdade vendda de j em relação à quantdade vendda de todos os produtos do mercado. 21 f ( v j ) exp[ exp( vj )]

32 22 Sejam ε jj as elastcdades preço-própra da demanda, ε jk as elastcdades cruzadas e ε a elastcdade de mercado. Seja P o preço médo ponderado pelas partcpações de mercado. A matrz de elastcdades própra e cruzada da demanda é dada por: p (1 ) [ P(1 s ) s ] p / P jj jk j p ( ) ( P ) s p j j j j j j / P j j (2.5.) A elastcdade de mercado é ε = βp(1 s I ), no qual s I é a partcpação de mercado conjunta dos produtos nternos ao mercado. A ponderação das elastcdades cruzadas com respeto a um preço em partcular, P, é uma conseqüênca dreta do prncípo da Independênca de Alternatvas Irrelevantes 22 (IIA em nglês), de acordo com a qual a probabldade de escolha de quasquer duas alternatvas (equação 2.4.) não é afetada pela probabldade de escolha de nenhuma outra alternatva 23. Isto mplca que o consumdor passa a consumr outros produtos em reação ao aumento de preço de um produto qualquer em proporção à partcpação de mercado relatva destes produtos. Assm, dado um aumento no preço do produto l, P 1, o consumdor representatvo va manter constante a razão entre as quantdades consumdas q j = q k, para todo j e para todo k dferente de l. Ou seja, dado um aumento do preço de um bem, espera-se que consumdores comprem maores quantdades dos produtos mas parecdos com ele (WERDEN e FROEB, 2006). A smplfcação da hpótese de proporconaldade pode ser lustrada com o exemplo de Roy Epsten e Danel Rubnfeld: suponha que exsta um mercado com três produtos: o produto 1, com 40% do mercado, o produto 2, também com 40% do mercado, e o produto 3 com 20% do mercado, e que haja um aumento do preço do produto 1, P 1, afetando a partcpação de mercado de todos os três produtos. Sendo o efeto do aumento do preço do produto 1 na partcpação de mercado de 1 chamado de b 11, e os efetos cruzados da mudança de P 1 sobre as partcpações dos produtos 2 e 3 de b 21 e b 31 respectvamente, um aumento de P 1 aumentará a partcpação de mercado o produto 2 duas vezes mas do que o aumento da partcpação de mercado do produto 3 (EPSTEIN e RUBINFELD, 2001). 22 Ver Ben-Akva e Lerman, 1991: Para duas alternatvas e j, do subconjunto S do conjunto de escolhas A, S/ j S PROB A j A PROB /

33 23 A margem de lucro µ do produto j pode ser defnda como: p c / p 1/ j=1,..., J-1 (2.6.) j j j j jj que, rearranjando, pode ser reescrta como j p j c j P. P 1 s j s j (2.7.) mplcando que a margem da frma é crescente no seu market share (s j ), já que P 0, e decrescente tanto na substtutbldade entre os bens nternos (β), como na substtutbldade entre bens nternos e o bem externos (ε). Na verdade, esta relação é smlar ao índce de Lerner 24 (NEVO, 2000 e HUSE e SALVO, 2006) Assm, a hpótese IIA sugere também que dos produtos que possuam a mesma partcpação de mercado geram a mesma margem de lucro, o que leva ao paradoxo Cvc-FordKa, descrto por Sérgo Aquno: no ano de 2008 as vendas do Honda Cvc e do FordKa foram guas no mercado braslero ( undades cada modelo), sto é, ambos possuíam a mesma partcpação de mercado e, portanto, possuram a mesma margem (DeSOUZA, 2009). Segundo Jerry Hausman e Gregory Leonard, a rgdez do sstema de demanda Logt, dada pela adoção, a pror, de um padrão para a matrz de elastcdades, restrnge a sua performance na smulação de fusão (HAUSMAN e LEONARD, 1997). Mas em defesa do modelo Logt, Gregory Werden e Luke Froeb ctam o argumento de Wllg e outros (1991) de que a propredade IIA é justfcada em uma stuação em que as marcas fusonadas não estão stuadas a uma dstânca partcularmente próxma ou partcularmente dstante no espaço de característcas do produto, o que acaba refletndo a sugestão do Merger Gudelnes 25 de que a partcpação de mercado pode ser usada como medda da atratvdade relatva dos produtos das frmas fusonadas como prmera e segunda opções dos consumdores 26, o que exclura, por exemplo, mercados de automóves e tecnologa em geral (WERDEN e FROEB, 2006). E mas, em vrtude do papel central de shares no modelo Logt, este modelo de demanda serve, 24 Pelo Índce de Lerner : L = (P j -c j )/ P j = 1 /ξ 25 Ver Horzontal Merger Gudelnes, 1997, ponto Dscussões ncas sobre o uso da proporconaldade na defesa da concorrênca estão em Wllg, 1991: ; e Shapro, 1996:23.

34 24 portanto, como um fltro comparável ao fltro oferecdo pelas market shares na análse anttruste tradconal (WERDEN e FROEB, 2006) A Demanda AIDS A demanda AIDS 27 é nterpretada como uma aproxmação de prmera ordem de qualquer sstema de demanda, e por sso não faz os pressupostos estruturas da demanda Logt. Aqu, a partcpação de mercado de cada produto é uma função lnear do logartmo dos preços dos N bens do mercado e do gasto real neste mercado (DEATON e MUELLBAUER, 1980). Em contraste com a Logt, os shares estão expressos em termos de receta, já que o modelo fo dervado da análse do gasto do consumdor. A demanda é estmada de forma lnear em dos estágos, um superor, que representa a escolha do mercado a ser analsado, e um nferor, que representa a escolha dos produtos que compõem o mercado defndo no estágo superor 28. Desta forma, defne-se o estágo superor como: ln Q n b ln P ln x (2.8.) n n n Na qual x n é o total de gasto dos consumdores no mercado e P é o índce de preços do mercado. Já o segundo estágo defne a partcpação do produto como a razão entre a receta da marca e a receta do mercado, sto é, s n = x n / x n, de tal forma que: s n n b ln p h ln( x / P ) (2.9.) j1 j jn n n Cada coefcente própro b especfca o efeto do preço de determnado produto na sua partcpação de mercado. Estes coefcentes são negatvos, já que um aumento no preço do produto devera reduz sua partcpação de mercado. Já os efetos cruzados, b j devem ter snas postvos, pos estes termos estão relaconados com as elastcdades cruzadas entre os produtos. 27 Uma descrção pode ser encontrada em Deaton e Muellbauer, 1980, e Huse e Salvo (2006). 28 Por exemplo, no mercado de automóves o prmero estágo sera carro de passeo e o segundo estágo sera carro popular.

35 25 Conforme Agnus Deaton e John Muellbauer, o sstema de demanda AIDS mplca que a matrz B possu duas propredades: homogenedade e adção (DEATON e MUELLBAUER, 1980). A propredade de homogenedade sugere que, se todas as frmas efetuarem um aumento dêntco em seus preços, as partcpações de mercado de cada uma delas permanecerão nalteradas. A propredade de adção mplca que a soma das partcpações de mercado de todas as frmas seja sempre gual à undade. Desta forma, os elementos da matrz B (b e b j, as elastcdades própra e cruzadas) podem ser escrtos faclmente como função da matrz de elastcdades da ndústra, Є, da segunte forma: b 1 s ( 1) s (2.10.) j b s j s j ( 1) A grande vantagem deste sstema de demanda é a sua flexbldade, entendda como a capacdade do modelo em acomodar qualquer padrão de substtução entre os produtos do mercado, mas sua prncpal desvantagem é a necessdade, para a sua estmação, de uma gama muto alta de parâmetros 29 (HAUSMAN e LEONARD, 2005). Danel Hosken, Danel O Bren, Davd Scheffman e Mchael Vta, afrmam que, em mutos casos de smulação de fusão apresentados às Agêncas (de anttruste, como FTC e DOJ), são usados sstemas de demanda com a especfcação da AIDS, mas com algum tpo de calbração que reduza o número de parâmetros necessáros para sua estmação (HOSKEN ET AL, 2002). Desta forma, o sstema de demanda AIDS sofreu calbração e fo chamado de PCAIDS (Proportonaly Calbrated AIDS). Proposto por Roy Epsten e Danel Rubnfeld, parte da mesma hpótese da demanda Logt de proporconaldade entre as elastcdades-preço cruzadas e os market shares das frmas (EPSTEIN e RUBINFELD, 2001). Assm, os market shares defnem as probabldades de vendas ncrementas para cada um dos competdores. Isso permte o cálculo dos efetos unlateras de uma fusão necesstando-se conhecer o valor de market shares, da elastcdade preço-própra da ndústra e da elastcdade preço-própra de um dos produtos do mercado, para que, então, se obtenha a todas de elastcdades do mercado. 29 Por exemplo, para um mercado com w produtos, no mínmo são necessáros (w 2 +3w-4)/2 parâmetros (HAUSMAN e LEONARD, 2005).

36 A Oferta Um ato de concentração gera efetos de curto prazo em olgopólos. Para analsá-los, supõe-se que a cesta de produtos oferecda e as tecnologas empregadas para produz-la não são afetadas pelo ato de concentração. Nos mercados olgopolístcos, as ofertas são nterrelaconadas: uma mudança no preço ou quantdade de produção de uma frma mplca em ajustamentos pelas empresas rvas. Deste modo, quando uma frma está prestes a tomar uma decsão de mercado, ela conjectura sobre os possíves ajustamentos das demas competdoras do mercado. Os modelos de olgopólo podem se dferencar pelo esquema de competção, pelo crtéro de decsão que as frmas adotam (preço ou quantdade) e por estarem em um mercado cujos produtos podem ser homogêneos ou dferencados. Exstem dos modelos de olgopólo mas utlzados na análse de atos de concentração horzontas (KAPLOW e SHAPIRO 2007 e WERDEN e FROEB, 2006): o modelo com demanda por produto homogêneo e cuja varável estratégca de escolha da frma é quantdade (fechamento de Cournot) e o modelo com demanda por produto dferencado e cuja varável estratégca de escolha da frma é o preço (fechamento Bertrant para produtos dferencados 30 ) 31. Cada um de adapta melhor a um mercado em específco e sua escolha dependerá exclusvamente do conhecmento sobre as condções de oferta. No modelo de olgopólo cuja varável estratégca de escolha da frma é a quantdade, a empresa concentrada restrnge o seu produto e força um aumento de preços. Em resposta, os competdores rvas aumentam sua produção, dado o maor preço de mercado. A frma fundda tem poder de mercado sufcente para achar lucratvo reduzr a produção tal que a produção do mercado seja restrngda, mesmo com o aumento da produção das rvas. Assm, resta saber qual será a redução na produção pela empresa concentrada necessára para causar aumento de preços e anda assm ser lucratva, dada a resposta ótma das competdoras. 30 O modelo de Bertrand clássco sera aquele cuja demanda é por produtos homogêneos. 31 Em alguns mercados as trocas são fetas de forma parecda com lelões. Geralmente são mercados nos quas os produtos são venddos em uma freqüênca menor, mas de forma repetda no tempo, ou cujo consumdor especfca as necessdades partculares para cada produto (produtos dferencados técnca e espacalmente ou atvos específcos na lnguagem da teora dos Custos de Transação). Os ofertantes submetem suas ofertas, que se acetas levam à transação. Exemplos ncluem os mercados de softwares para uso específco de um equpamento (como o usado nos equpamentos de mneração) ou servços de longo prazo contratados pelo setor publco (saúde/ hosptas). Se a fusão ocorre em mercados com estas característcas, o lelão, mutas vezes, é tdo como a melhor opção de modelo de olgopólo [KLEMPERER, 2008; FROEB, 1996 e WERDEN E FROEB, 2006].

37 27 Exemplos ncluem os mercados de recursos naturas (cmento, petróleo e gás natural) ou de eletrcdade e avação, por exemplo (SHAPIRO, 1989). No modelo de olgopólo cuja varável estratégca de escolha da frma é o preço, a frma fundda aumenta um ou mas de seus preços. O resultado é que a demanda das empresas rvas aumenta, e estes competdores reagem unlateralmente a este aumento de demanda com um aumento das suas vendas (geralmente acompanhado por algum aumento de preços, que não é, no entanto uma acomodação, mas o resultado unlateral de maxmzação do lucro dado o aumento da demanda). Aqu, o grau de substtução entre os produtos é anda mas relevante. Duas frmas, 1 e 2, por exemplo, podem ser grandes competdoras ou não em um dado mercado. Como conseqüênca, se elas se fundrem, a empresa 1 anda terá ncentvo de aumentar preços, pos boa parte da demanda que perder se deslocará para a empresa 2. A fusão será tanto mas danosa para a competção quanto maor for o grau de substtução dos produtos das empresas 1 e 2. Neste tpo de competção necessaramente haverá aumento unlateral de preços, mesmo que pequeno (WERDEN e FROEB, 2006) O Modelo de Cournot: varável estratégca de escolha quantdade. Consdere um mercado com n competdores, cada qual produzndo produtos altamente substtuíves. Cada frma é caracterzada por uma função de produção e de custo, e o custo varável da produção é consderado constante para cada frma, o que sgnfca que o custo margnal e o custo varável médo são guas (os custos fxos são rrelevantes para a analse de curto prazo). As vendas da frma dependem do preço do produto P e das conjecturas sobre a quantdade que acredta que suas rvas rão produzr. A função de demanda da frma é dada por: Q D P; q ) (2.11.) ( 1 Esta função mostra as vendas da frma para o preço P. Ela depende do preço do mercado e das conjecturas sobre quantdade total produzda. Uma fusão faz com que as frmas concentradas reduzam a produção em relação à soma da produção das empresas antes da fusão, sto é, faz com que as frmas aumentem preços acma de P. A redução da quantdade produzda e o aumento de preço geram, em um prmero momento, aumento da mesma varável pelas rvas, mas não na mesma ntensdade, o que fará com que, no total, a

38 28 quantdade produzda caa e o preço aumente. O resultado nevtável é o aumento do preço de mercado P O Modelo de Bertrand: varável estratégca de escolha preço Consdere um mercado com n competdores, cada qual produzndo um produto dferencado. Os produtos produzdos são substtutos, mesmo que mperfetos. Cada frma é caracterzada por uma função de produção e de custo, e o custo varável da produção é consderado constante para cada frma, o que sgnfca que o custo margnal e o custo varável médo são guas (os custos fxos são rrelevantes para a análse de curto prazo). As vendas da frma dependem não apenas do preço do produto que produz p, mas também dos preços dos produtos das outras frmas do mercado. A função de demanda da frma é dada por: Q D p ; p ) (2.12.) ( 1 Esta função mostra as vendas da frma para quasquer preços. Ela depende do preço de todos os produtos do mercado. E mas, qualquer mudança no preço de um produto nduz alguma substtução pelos consumdores, que afeta a demanda de todos os produtos. As vendas de uma frma decrescem quando o preço sobe, refletndo o fato de que alguns consumdores daquela frma reagrão ao aumento de preço dexando de consumr aquele produto especfco, fato mensurado pela elastcdade preço própra da demanda 33, e passando a consumr produto smlar, fato mensurado pela elastcdade preço-cruzada da demanda 34. Quanto mas substtuíves forem os produtos de um mercado, maor será a elastcdade preço-própra e preço-cruzada da demanda, para qualquer nível de preço e mas perto o preço se encontrará do custo margnal. Se uma das empresas sob o ato de concentração aumentar o preço de seu produto, alguma parte da sua perda nas vendas será capturada pelo bem da outra empresa sob concentração, já que se pressupõe que estes bens sejam substtutos (as dverson rato de Carl Shapro, 1996). 32 Do modelo de Cournot chega-se a segunte expressão: P C q P m s / margnas forem constantes m HHI / do mercado (concentração e a elastcdade do mercado)[tirole, 1988]. 33 Dada por: ξ = Q / P * P / Q Q / P * P / Q 34 Dada por η = j j /, e se os custos, sto é, a margem entre preço e custo é determnada pela estrutura

39 29 Segundo o US Horzontal Merger Gudelnes some of the sales loss due to the prce rse merely wll be dverted to the product of the merged partner and [...] capturng such sales loss through merger may make the prce ncrease proftable even though t would not have been proftable pre-merger. (GUIDELINES, 1997: seção 2.21). Em outras palavras, o ato de concentração torna a curva de demanda resdual das empresas envolvdas na fusão menos elástca. Resumdamente, vmos que em ambos os casos de modelos de olgopólo a concentração resulta em aumentos de preços no mercado, a não ser que a demanda resdual seja sufcentemente elástca, haja redução sgnfcatva dos custos varáves (geração de efcêncas), ou reação dos competdores, dentro (recolocação de produto) e fora (nova entrada) do mercado, que mpeçam o aumento de preços. Os modelos mplcam sempre um efeto antcompettvo a um ato de concentração, um resultado clássco das abordagens pressuposto estruturalstas típcos da escola de Harvard As Implcações da Smulação de Fusão A smulação de fusão possu um atratvo para a autordade anttruste: fácl aplcabldade, e, portanto, alta pratcdade. Os órgãos de defesa da concorrênca, sobretudo aqueles nfluencados pelas prátcas estadundenses 35, acredtam que, quanto mas rápda e formalzada matematcamente a análse de um ato de concentração melhor por gerar menores dscrconaredades. Mas a smulação de fusão não é uma solução mecânca para a análse de uma concentração, muto menos uma resposta para a dscrconaredade do julgamento de uma fusão: a merger smulaton apresenta problemas e envolve escolhas. Escolhas e problemas relaconados com a frente da demanda e a frente da oferta e que podem ser dvddos em três blocos: dependênca da forma funconal da demanda; a consderação do custo margnal como constante nter e ntra frmas, e a smplcdade do modelo comportamental. A escolha de uma forma funconal de demanda é necessára para possbltar a estmação de parâmetros (elastcdades) que serão utlzados para a smulação de fusão, mas apresenta dos reveses: 1) capturar adequadamente o padrão de substtução entre os produtos do mercado, 35 Talvez devdo ao fato dos EUA terem sdos poneros no tratamento do assunto.

40 30 sto é, capturar com adequação o comportamento do consumdor, e 2) apresentar sgnfcatva heterogenedade nos resultados da smulação. Sobre a adequação ao comportamento do consumdor, quando estas funções possuem grande flexbldade e conseguem refletr mas apropradamente o padrão de substtubldade dos produtos, requerem uma gama muto grande de dados, fato notoramente conhecdo pela dfícl obtenção. Por outro lado, se de fácl aplcabldade, por exgrem pouca nformação, algumas funções de demanda são muto rígdas, não condzendo com a concorrênca de mercado 36. É precso avalar o mercado prevamente à escolha da função de demanda que rá retratar o padrão de substtubldade entre os seus produtos, para que haja boa adequação do sstema de demanda à realdade concorrencal. Esta avalação pode ser feta por meo de um levantamento detalhado do comportamento da demanda, nclundo a defnção do tpo de consumo (específco, de massa), dos produtos concorrentes do mercado (defnção do mercado relevante), seu grau de substtução (elastcdades) e da nteração entre os consumdores, sto é, da capacdade que os consumdores possuem em coordenar ou não suas estratégas de compras 37. Uma possível solução para a rgdez da matrz de elastcdades sera a adoção, nclusve nos sstemas de demanda aqu apresentados AIDS calbrado e Logt, de grupos de produtos 38 (os famosos nests)[epstein e RUBINFELD, 2004]. Isto é adequadamente aplcavél a város mercados onde é razoável supor que os consumdores percebem grupos ou segmentos de produtos com alto grau de substtução entre os produtos neles contdo. Por exemplo, no já comentado caso braslero do Cvc e do FordKa, ambos possuem a mesma partcpação de mercado e, portanto, possuram a mesma margem. Mas sso não sgnfca que esses carros possuam o mesmo share em seu grupo, sedans e populares: undades no mercado de sedans deve sgnfcar muto mas do que no mercado de populares (DeSOUZA, 2009), mplcando uma margem menor para o FordKa, caso eles fossem consderados em seus respectvos grupos. 36 Tanto a demanda AIDS calbrada quanto a Logt geram uma matrz de elastcdades pecular, o que torna rígdo o padrão de substtução por elas representado. 37 A conduta dos consumdores raramente é analsada como parte determnante do funconamento de um mercado e não-neutra, a não ser nos raros casos de monopsôno ou olgopsôno de empresas compradores de nsumos. 38 A maor flexbldade aqu ocorre pela adoção de parâmetro de agrupamento que suavza a hpótese da substtução por proporconaldade à partcpação de mercado, mplcando o aumento relatvo da substtubldade entre algumas marcas, do mesmo grupo, e a redução relatva entre outras, de grupos dferentes.

41 31 Sobre como a escolha da função de demanda pode afetar sensvelmente a magntude dos efetos de um ato de concentração sobre preços, basta lembrar um ponto básco: funções de demanda menos elástcas permtem aumentos de preços maores. O nível de preços de mercado pós-concentração é extremamente sensível à função de demanda escolhda prevamente. Phlp Crooke, Luke Froeb, Steven Tschantz e Gregory Werden, em trabalho semnal sobre a sensbldade da forma funconal em relação a resultados de smulações, utlzam as quatro formas de demanda mas usuas para captar o efeto unlateral de um ato de concentração: a AIDS, a soelástca, a lnear e a Logt, e constatam que, devdo às curvaturas dferencadas, as duas últmas geram preços prevstos menores do que as duas prmeras. Segundo estes autores, dado que supostamente as quatro curvas de demanda compartlhem os mesmos preços e quantdades compettvos no ponto abaxo e à dreta da Fgura 2.1 (o ponto no qual o preço guala o custo margnal), e sendo que todas as demandas têm a mesma elastcdade neste ponto (especfcamente 2), um possível aumento decorrente ao ganho de poder de mercado de uma frma, dada uma concentração, que no lmte gerara um monopólo, levara a dferentes preços de equlíbro pós-ato, ou os pontos mostrados no lado mas ao alto e a esquerda da fgura abaxo (CROOKE et al, 1999). Fgura 2.1: Exemplos da relação entre a forma funconal da demanda e seu efeto sobre o preço. Fonte: Crooke et al, Outro problema encontrado na smulação de fusão é a utlzação de uma função custo lnear, ou adoção do custo margnal constante, smplfcação teórca para facltar a estmação dos preços pós ato de concentração, já que a estmatva de uma função custo mas complexa não é trval (HUSE e SALVO, 2005). Como os dados da estrutura de custos são de propredade das frmas, a estmação dreta da função custo passa a ser uma tarefa mas dfícl. Entretanto, é

42 32 mportante que se saba quas os rscos envolvdos em nferr mplctamente o custo margnal e quas as suas conseqüêncas para a smulação. As condções de oferta da frma, para além da nteração estratégca, resdem na determnação da função de produção e da função custo, que captem os ganhos ou as perdas técncas entre as mesmas, como os ganhos de escala, escopo ou snerga. E mas, caso seja usada uma função custo lnear sem dferencação para as frmas do mercado, está sendo adotada a hpótese de tecnologas constantes e smétrcas, não possbltando ncorporar ao modelo de olgopólo as dferenças tecnológcas e novatvas entre empresas, que são responsáves por mudanças no seu comportamento em sua nteração estratégca com as rvas. Dferenças técncas (assmetras) entre frmas é ponto fundamental para que ocorra novação, mudança tecnológca e evolução do mercado (SCHUMPETER, 1934; NELSON e WINTER, 1982). Fnalmente, para além da não dferencação técnca entre frmas, exste o problema da não dferencação técnca entre ndústras: utlzar um modelo de olgopólo padronzado para dferentes mercados que produzem bens com característcas produtvas dstntas é homogenezar a tecnologa de produção. Por exemplo, se valer de um modelo de olgopólo de Bertrand para representar a competção no mercado de cereas matnas, em que a tecnologa de produção é dfundda e trval, pode ser razoável, não se podendo dzer o mesmo o uso de tal modelo para o mercado de servços hosptalares ou tratores agrícolas. O tercero problema a ser menconado anda refere-se ao uso ao modelo comportamental e também possu duas mplcações: 1) dferenças nos resultados de preços nas smulações, e 2) não ncorporação de dnâmca. Uma vcsstude relacona-se à dferença entre os preços de equlíbro pós-fusão para os tpos de modelo comportamental dsponíves para uso na smulação de atos de concentração. É esperado que os preços prevstos pelo modelo de Cournot sejam mas altos que os preços prevstos pelo modelo de Bertrand ou Lelão, para o mesmo mercado, assm estes mercados são dtos serem mas compettvos (CARLTON e PERLOFF, 2000), mas geralmente não se dscute a relevânca do uso de um tpo ou outro na modelagem. A outra vcsstude relacona-se à smplcdade dos modelos comportamentas utlzados em smulações de fusão. Isto porque, por um lado, o comportamento da frma va muto além da escolha estratégca de preço ou quantdade, englobando conjuntamente ou não outras varáves (como P&D, gastos com propaganda ou custo de oportundade do captal). Por outro

43 33 lado, a maora dos modelos que são usados em smulação de fusões utlza um modelo estátco de olgopólo para fazerem comparações entre posções de equlíbro em dos momentos no tempo. O comportamento das frmas é complexo e dnâmco, sujeto à hpóteses ad hoc e mutas vezes ndetermnável (POSSAS, 2009: 11). Por fm, uma questão também central é como o padrão de competção entre as empresas se altera como resultado da fusão. Smulações de fusão assumem que o padrão de competção permanece o mesmo pré- e pós-fusão, de tal forma que o únco efeto na oferta é a redução do número de competdores, e o conseqüente aumento de preços, um resultado clássco do modelo de Cournot. Entretanto, uma prmera conclusão que pode ser feta é exatamente deduzr que o vgor da competção dmnu em decorrênca não da redução do número de competdores em s, mas do fato de que as empresas poderam passar a consderar a nterdependênca estratégca com aprendzado. Isto é, um ato de concentração pode transformar as estratégas das empresas de não cooperatva para cooperatva, estmulando um conluo, tácto ou explcto smplesmente porque esta passa a ser a estratéga mas lucratva para as frmas no longo prazo. Portanto, para além do aumento de preço pós-fusão dada a redução do número de frmas ndependentes quando se assume que o padrão de competção se mantém o mesmo (efeto unlateral), devese consderar o aumento de preço decorrente de uma alteração no padrão de competção e na estratéga adotada pelas empresas. No caso desta alteração das estratégas das frmas for no sentdo da cooperação, deve-se consderar o aumento do preço em decorrênca do níco de um conluo entre as empresas (efeto coordenado). Conclusão A relevânca do uso da smulação de fusão como método de avalação dos efetos de um ato de concentração é clara: pratcdade. Com ela a admnstração públca pode tomar suas decsões sobre a competção dos mercados de forma mas célere, no entanto não menos dscrconára, devdo as escolhas que a envolvem, do que o método tradconal estruturalsta. Por sso, a smulação de fusão, apesar de grande utldade para as autordades anttruste, não pode ser consderada evdênca rrestrta de restrção à competção. Isto é, o efeto antcompettvo captado pela smulação deve ser um ndcatvo do efeto unlateral de um ato de concentração, mas não deve obrgar a decsão a ser tomada pelos órgãos de defesa da

44 34 concorrênca. Isto porque a smulação de fusão apresenta mutos problemas, problemas este relaconados aos modelos de oferta e demanda que a compõem. É por sso que devera ser utlzado em conjunto com um estudo pormenorzado da estrutura de mercado e da relação nteratva entre seus agentes. É o que propõe a Dalbert Dscplne (WERDEN, FROEB e SCHEFFMAN, 2004), ou a constante busca da consstênca entre os determnantes factuas da ndústra em análse e os modelos estruturas que podem ser empregados na smulação. Segundo Gregory Werden, Luke Froeb e Davd Scheffman, every modelng choce n a merger smulaton apt to matter sgnfcantly be accompaned ether by some sort of justfcaton or by a senstvty analyss ndcatng ts mpact (WERDEN, FROEB e SCHEFFMAN, 2004).

45 35 3. O RESULTADO NÃO-COOPERATIVO As estmatvas do efeto unlateral de um ato de concentração eram fetas até recentemente com base no modelo estruturalsta pela constatação de exercíco de poder de mercado com o cálculo de índces de concentração após a devda delmtação do mercado relevante. Método mas prátco e célere fo desenvolvdo: a smulação de fusão é a forma de avalação de ato de concentração capaz de prever o aumento de preço decorrente e ou a redução de custo compensatóra de uma fusão utlzando-se os dados estmados de uma função de demanda proposta e smulados em um modelo de olgopólo prevamente ndcado, consderando um comportamento não-cooperatvo entre as frmas do mercado. A polêmca em torno desta metodologa se concentra na sensbldade dos resultados em relação às escolhas prévas. O que fazemos neste capítulo é, além de explcar tal metodologa, lustrar seus problemas por meo de smulações para mercados hpotétcos que alternam duas funções de demanda, a AIDS calbrada e a Logt, em dos modelos de olgopólo para bens dferencados, o modelo cuja escolha estratégca é quantdade, tpo Cournot, e o modelo de escolha estratégca preço, tpo Bertrand. Para tanto, ele está dvddo em três partes, além desta ntrodução e de uma conclusão. A prmera parte recaptula o mecansmo de smulações de fusão, evdencando sua prncpal vantagem: a pratcdade. A segunda parte apresenta a metodologa empregada, descrevendo os sstemas de demanda e oferta empregados e exemplos de casos em que foram utlzados. A tercera parte traz os resultados de dos tpos de mercados, os smétrcos e os assmétrcos A Smulação de Fusão As smulações de fusão são fetas consderando os preços e as quantdades dsponíves préfusão para que, na seqüênca, sejam estmadas as elastcdades-preço dos produtos do mercado e, com um modelo escolhdo de olgopólo, seja, então, possível encontrar os resultados em preços e quantdades do pós- fusão. Elas envolvem escolhas em todas as suas etapas e seus resultados são sensíves a cada uma delas. Prmero porque os resultados da smulação de fusão dependem do número de empresas atuantes. Uma delmtação muto abrangente do mercado relevante mplcará menor mportânca da empresa fusonada. Depos, os dados de preços e quantdades são coletados no mercado em funconamento, mas a estmação das elastcdades-preço da demanda, e a própra forma funconal da demanda,

46 36 envolve escolhas entre dferentes alternatvas. E mas, o número de elastcdades própra e cruzadas em um mercado com bens dferencados é o quadrado do número de bens substtutos que este mercado apresenta, o que faz com que, segundo Gregory Werden e Luke Froeb, the art of demand estmaton s achevng necessary and desrable parameter parsmony wthout sacrfcng crtcal flexblty (WERDEN e FROEB, 2006:19). Anda é possível destacar que o modelo de olgopólo escolhdo, ou seja, o padrão de comportamento das empresas, é sempre uma smplfcação da realdade. Os estudos de organzação ndustral apontam para múltplas dmensões da concorrênca e nteração entre empresas, que nem sempre podem ser mensuradas, ou por falta de nformação dsponível ou pela não dfusão de uma estrutura teórca alternatva. Para Máro Luz Possas, este últmo ponto é a maor dstorção da smulação de fusão: consderar que a mudança estrutural do mercado dada pela concentração não altera a nteração estratégca entre frmas, sto é, não altera suas curvas de reação, em dreção à cooperação (POSSAS, 2009). Como uma mportante característca nsttuconal do sstema de defesa da concorrênca (SDC) estadundense e braslero, entre outros, é o pouco tempo conceddo à análse dos efetos de uma fusão (o que dfculta a mplementação de métodos mas demandantes em termos de técnca e de dados), modelos parcmonosos e de cálculo rápdo de estmação de demandas, anda que sob o rsco de serem consderados demasadamente smples e um tanto que lmtados, ganharam relevânca nos últmos anos. Com base nsso, Roy Epsten e Danel Rubnfeld propuseram um modelo de smulação baseado em um sstema de demanda muto utlzado em mcroeconômca, o Almost Ideal Demand System (o AIDS, ver Deaton e Muellbauer, 1980), e o calbraram, chamando-o de PCAIDS 39 (Proportonaly Calbrated Almost Ideal Demand System)[EPSTEIN e RUBINFELD, 2004). Já Gregory Werden e Luke Froeb (1994), ntroduzram na análse anttruste norte-amercana o ALM 40 (Anttrust Logt Model), um modelo de smulação para produtos dferencados que se basea em uma função de demanda do tpo Logt. A smulação de fusões que utlza tanto o sstema de demanda PCAIDS quanto o ALM parte da hpótese fundamental de proporconaldade entre as elastcdades-preço cruzadas e os market shares das frmas (hpótese IIA), que reduz o número de parâmetros necessáros para a smulação. Segundo Roy Epsten e Danel Rubnfeld: 39 Adotado, por exemplo, pelo SDC da Nova Zelânda. 40 Adotado, por exemplo, pelo SDC estadundense.

47 37 The structure of the ALM and PCAIDS ncorporates an assumpton that greatly reduces the number of unknown parameters. Specfcally, the crossprce elastctes for all goods wth respect to the prce of any one other good are the same. Formally, εj = εkj, where the ε.s are the cross-prce and own-prce elastctes. Economsts refer to ths assumpton as the Independence of Irrelevant Alternatves (IIA) property (EPSTEIN e RUBINFELD, 2004:12) Procedmentos para a Smulação Computaconal Como vsto, a prmera etapa da smulação computaconal consste na escolha de uma curva de demanda em partcular e sua posteror estmação, sendo que a segunda se refere à submssão dos parâmetros resultantes da etapa anteror ao modelo de olgopólo que rá ser smulado para prever os preços e as quantdades pós-ato de concentração. Este trabalho optou pela utlzação de dos sstemas de demanda, o PCAIDS e o ALM devdo, únca e exclusvamente, a sua pratcdade. A demanda prevamente estmada será confrontada com dos modelos de olgopólo consderando bens dferencados, um com varável estratégca quantdade (Cournot), e outro cuja varável estratégca é o preço (Bertrand). Embora exstam mercados com produtos homogêneos que requstam análse anttruste, neste trabalho re lustrar o método de smulação de fusão consderando bens com dferencação de produto. Suponha um mercado com n frmas, cada uma delas produzndo um tpo de produto, ndexados por = 1,..., n, com custo margnal constante para as frmas, e agndo como competdoras em um modelo de olgopólo com estratéga de escolha da frma preço (Bertrand para produtos dferencados 41 ). Ao estabelecer o preço, cada frma há de equlbrar dos efetos dstntos sobre seu lucro decorrentes de um acréscmo (nfntesmal) no preço de seu produto. Por um lado, um aumento de preço resulta em um aumento de lucro a ser realzado de consumdores que contnuarão comprando seu produto, apesar do aumento de preço. Estes consumdores são os chamados consumdores nfra-margnas, por desfrutarem de um excedente sufcentemente alto no consumo deste produto a ponto de contnuarem comprando-o anda que a um preço 41 A extensão para o modelo de Cournot para bens dferencados é a mesma, com a exceção de que a varável de escolha da frma passa a ser quantdade e a função demanda passa a ser a função de demanda nversa dervada em quantdade.

48 38 mas alto. Por outro lado, o aumento de preço fará com que alguns consumdores - os chamados consumdores margnas - dexem de consumr o produto da frma em questão, seja porque rão optar agora por consumr um outro produto (marca) ou porque dexarão de comprar produtos neste mercado (ou seja, optarão agora pelo produto externo). Claramente, enquanto o prmero efeto sobre o lucro é postvo, o segundo efeto é negatvo: o preço escolhdo pela frma em equlíbro é aquele que o prmero efeto equvale ou domna o segundo. Estes podem ser vstos medatamente a partr do problema de otmzação da frma e a correspondente condção de prmera ordem (HUSE e SALVO, 2005). Assm, cada frma f resolve o segunte problema de otmzação: Máx f P DP P, Y,, E CMgf Qf, (3.1) j No qual o f é o lucro da frma f propretára do produto, P é o preço, e CMgf é o custo margnal (assumndo que seja constante, ou seja, que não vare em função de quantdade no ntervalo relevante). A Condção de Prmera Ordem (CPO) determna a solução do modelo e o preço a ser cobrado: / Qf Qf f P Qf P CMgf 0 (3.2) P P O segundo termo captura a perda de vendas para os consumdores margnas (o termo é negatvo para funções de demanda decrescentes em preço, e no qual há uma margem P Cmgf/ P postva), e o prmero termo reflete o efeto do aumento de preço na vendas para os consumdores nfra-margnas remanescentes. A CPO (3.2) pode ser reescrta como: P CMgf Qf / P 0 Qf (3.3) Que, rearranjando e consderando que s representa a partcpação do produto produzdo por cada uma das frmas no mercado relevante, e destacando-se a margem líquda m obtda pela frma com a venda do produto e a elastcdade preço-própra da demanda ε do bem, fca: 1 * 0 s (3.4) m

49 39 Observe que, se tvermos os valores da elastcdade da demanda pelo produto podemos obter mplctamente o valor do custo margnal da frma a partr de (3.3). Este ponto é crucal nos modelos de smulação de fusões, como veremos adante. O equlíbro pré-concentração é dado por um sstema de equações composto de uma CPO para cada produto. A CPO ndca que no caso de frmas propretáras de apenas um produto no mercado com alta margem estará assocado a uma baxa elastcdade preço-própra da demanda. Isto é, se, no equlíbro, um produto usufru de alta margem é porque a proporção de consumdores margnas necessára a compensar o efeto nframargnal postvo de um aumento de preços é baxa. Ou seja, quanto maor a margem preço-custo, menor é a proporção de vendas margnas necessára para tornar o acréscmo de preço não-lucratvo. Fca claro, a partr dessas consderações que, em condções normas são os consumdores margnas, e não os consumdores nframargnas leas, que a frma consdera ao fxar seus preços. Assm, o que restrnge o aumento de preços são as alternatvas dos consumdores ao se depararem com este aumento: o quão atraente é a opção de dexar de comprar o produto (ou reduzr sua compra) cujo preço está sendo acrescdo, seja para dexar de consumr no mercado (ou seja, optar por consumr o produto externo) ou optar pelo consumo de produtos rvas, ou substtutos. Desta forma, a exstênca de produtos substtutos restrnge o preço de um produto: quanto maor a proporção de consumdores margnas prestes a trocar sua decsão de consumo por um produto rval, maor é a substtubldade, ou a proxmdade entre o produto cujo preço está sendo acrescdo e os produtos-destno dos consumdores margnas. Enquanto a elastcdade preço-própra da demanda captura a proporção de consumdores margnas, a elastcdade-preço cruzada reflete a proxmdade entre dos produtos. Coeterbus parbus, quanto maor for a proporção de consumdores margnas do produto j que trocar pelo produto quando o produto j sofrer um acréscmo de preço, maor será o valor de ε j. Uma fusão entre frmas propretáras de produtos sufcentemente próxmos poderá, assm, levar a um aumento não-desprezível de preços, na medda em que uma parcela mportante da restrção compettva antes mposta pelo(s) produto(s) substtuto(s) é elmnada. Consdere uma concentração entre duas frmas da ndústra que produzam os bens e j, no entanto que mantenha todas as demas característcas dos produtos (ou seja, a fusão não pode

50 40 estmular a entrada, nem o reposconamento de produtos pelas frmas exstentes). O novo problema de otmzação é: Máx f P DP, P, Y,, E Cf Qf P * DP, P, Y,, E Cf Qf (3.5), j j j j j j Uma concentração entre frmas propretáras de produtos sufcentemente próxmos poderá, assm, levar a um aumento não-desprezível de preços, na medda em que uma parcela mportante da restrção compettva antes mposta pelo(s) produto(s) substtuto(s) é elmnada. Na fusão entre as empresas 1 e 2, propretáras de produtos substtutos e j, respectvamente, a frma propretára do produto que, antes da concentração, não aumentava o preço do produto além de certo patamar, devdo à exstênca de um sufcente número de consumdores margnas prestes a trocarem o produto pelo produto j, após a fusão já não perderá as vendas advndas destes consumdores caso eleve o preço do produto. A resposta ótma à fusão na ausênca de alterações de custo (não geração de efcêncas econômcas) será então o aumento do preço do produto (e muto provavelmente aumentar também o preço do produto j). A atenuação (ou nternalzação) das restrções compettvas advnda do ato de concentração, com o conseqüente aumento de preços, é o efeto unlateral de um ato de concentração sobre preços. As CPOs para este problema são: P CMg' f Qf / P P CMg' f * Qf / P 0 Qf (3.6) j j j P CMg' f Qf / P P CMg' f * Qf / P 0 Qf (3.7) j j j j j j No qual CMg f corresponde ao respectvo custo margnal pós-fusão. Uma rápda comparação entre a CPO da frma concentrada (3.6 e 3.7, respectvamente em relação ao preço do produto e ao preço do produto j) e a CPO da frma quando ndependente (3.3) aponta para a presença de um tercero termo, referente ao efeto cruzado: alguns consumdores margnas do produto, deparados com um aumento no preço do produto, trocarão sua decsão de consumo pelo produto j, e essa troca que ocorre em favor do produto j já não conta como uma perda para a frma fusonada quando esta estabelece o preço do produto. Em outras palavras, ao ser nternalzada pela concentração, esta troca não mas restrnge a precfcação de. A CPO pode ser reescrta em termos de margens e elastcdades:

51 41 s s P / P 0 * m * s * m * * (3.8) j j j j s j s j P / P 0 * m * s * m * * (3.9) j jj j j j As CPO das n-2 frmas remanescentes, cada uma detendo apenas um produto (no caso representatvo, w), anda são dadas pela expressão (3.4), a qual podemos reescrever como: s s * m * 0 (3.10) w w w ww Assm, como na stuação pré-concentração, os preços em equlíbro dos n produtos satsfarão smultaneamente o sstema composto por n equações dado por (3.6) para o produto e (3.7) para o produto j, conforme menconado, e n-2 equações do tpo de (3.9) para os n-2 produtos remanescentes. Este sstema pode ser expresso em formato matrcal: s B'* z 0 (3.11) No qual s é um vetor de dmensão nx1 de partcpação no valor dos produtos (market share), B é uma matrz de dmensão nxn de elastcdades cujos elementos fora da dagonal equvalem a zero a não ser pelas elastcdades cruzadas referentes aos produtos e j, e z é um vetor de dmensão nx1 referente às margens de preço-custo multplcadas pela partcpação de mercado da frma. O sstema acma smplesmente emplha as condções de prmera ordem de todos os produtos no mercado e acomoda quasquer outras estruturas de mercado com a alteração da matrz de elastcdades e manutenção das funções de reação das frmas. Uma fusão envolve, ncalmente, calbrar uma função de demanda específca para um conjunto de preços, quantdades e elastcdades da demanda pré-fusão, e posterormente resolvendo as condções de prmera ordem para o custo margnal. Os valores das varáves pós-fusão são nferdos usando as mesmas condções de prmera ordem, supondo que a concentração não acarretou na geração de efcênca nem no estímulo à entrada. Das equações acma é possível dzer que exste uma relação dreta entre margem e o nverso da elastcdade de demanda 42. Por exemplo, se a frma for monopolsta no mercado e a 42 Como vsto, P C q P m s / /

52 42 elastcdade for gual a 2, então, o preço será duas vezes maor que o custo margnal. É esta fórmula que permte que o custo margnal seja nferdo e utlzado na smulação quando duas frmas se concentram. Então, os preços pós-fusão são calculados naturalmente estando-se de posse da matrz de elastcdades e do custo margnal (consderado constante no processo 43 ) nferdo ndretamente por (3.6 ou 3.7). O nteressante, no entanto, é que a frma fusonada agora controla ambos os preços, do produto 1, P 1, e do seu substtuto, o produto 2, P 2, de tal forma que ao determnar P 1 ela poderá ajustar P 2 a fm de nfluencar a demanda do bem 1 e, conseqüentemente, do bem 2. Internalzar esta nterdependênca dá a frma fusonada o ncentvo e a habldade de aumentar P 1 sem ncorrer no custo de perda de consumdores para o produto 2, pos agora ela também produz o produto 2. Resumdamente, dado o sstema de equações que caracterza o equlíbro de preços desta ndústra, os algortmos utlzados na smulação de fusões seguem as seguntes etapas: ) escolha do número de frmas que competem na ndústra, bem como suas partcpações de mercado (em receta ou quantdade, dependendo do modelo) e preços; ) escolha subjetva do sstema de demanda (em geral, utlza-se Logt ou AIDS calbrada); ) com os dados de preços e quantdades determna-se a matrz de elastcdades da ndústra ou estma-se dretamente o sstema de demanda escolhdo; v) a partr do equlíbro pré-fusão (3.3), nferese, por meo de um modelo de olgopólo escolhdo de forma também subjetva, os custos margnas de cada frma; v) com os dados de custo margnal resolve-se, em função dos preços, o sstema que caracterza o equlíbro pós-fusão ((3.2) para as frmas fora da fusão e (3.5) para as partcpantes) Os Modelos Smulados Computaconalmente Neste trabalho, como já fo dto, smulamos alguns mercados de produtos dferencados para as demandas AIDS calbrada e Logt, alternando olgopólos de Cournot (estratéga de escolha da frma quantdade) e de Bertrand (estratéga de escolha da frma preço). Em ambos os modelos de smulação de fusão assume-se que cada produto é venddo por uma únca frma, cada qual com custo margnal constante, sem a presença de custos fxos. Economas de escala e/ou escopo não são computadas na smulação computaconal, havendo apenas a ndcação da redução de custos margnas compensatóros para aumento de preço. Por fm, assume-se que as característcas do produto são fxas, o que mpossblta a geração de efetos de qualquer 43 Ver Hausman e Leonard, 1997, pg 21.

53 43 tpo exceto de preço. Em partcular, a fusão não leva a entrada (nclusve concorrênca potencal) ou ao reposconamento de produtos no mercado ou novação, por exemplo O Modelo PCAIDS O modelo de smulação PCAIDS supõem que as frmas competem em um olgopólo de produtos dferencados e varável estratégca de escolha da frma preço, e que o sstema de demanda seja uma AIDS calbrada. O método PCAIDS permte que todos os termos da matrz B da equação 3.11 sejam escrtos como função apenas da elastcdade de uma das frmas e da elastcdade do mercado. Este resultado é decorrente da hpótese que os termos da matrz B são proporconas entre s, da segunte forma: b j s s j b jj / 1 (3.11.) Supondo que um dos elementos da dagonal seja conhecdo, por exemplo, o termo b 11, então, a relação entre ele e os demas termos da dagonal da matrz B é dada por: b s / 1 s1 1 s / s1 b11 (3.12.) Isto é, com o conhecmento de um termo da matrz é possível nferr os demas. Uma vez encontrada a matrz B, o próxmo passo é encontrar as margens pré-fusão do sstema acma, por meo da nversão da (transposta) da matrz de elastcdades B, de forma a obter o vetor de markup x share de valor ou Z, conforme segue: w = - (B ) -1.s (3.13.) As margens pós-concentração podem ser calculadas a partr da dvsão elemento-porelemento do vetor z por s, ou seja: µ = P CMg f / P = Z / s (3.14.) Assm, em posse dos valores de partcpação de mercado dos produtos e de todas as elastcdades de necessáras, calculam-se as margens pré-concentração para os produtos e j, usando (3.14.), já que antes da concentração proposta estes produtos pertencam ncalmente

54 44 a frmas monoprodutoras. Depos, aproxmando os shares e as elastcdades pós-concentração por seus respectvos valores pré-concentração, as prmeras duas equações do sstema de condções de prmera ordem, referentes à stuação após a concentração, são encontradas por meo das equações abaxo. Com relação ao efeto da concentração sobre preços, assumndo ncalmente que a fusão não alterará custos margnas, ou seja que efcêncas não são prevstas CMg f = CMgf, temos, a partr das margens para o produto, que: CMgf = (1- μ pre ). P pre (3.15.) CMg f = CMgf = (1- μ pos ). P pos (3.16.) e, portanto, o aumento de preço para o produto, ΔP, é dado por: ΔP = P pos / P pre = (1 μ pre )/(1 μ pos ) (3.17.) Poneramente, Jerry Hausman, Gregory Leonard e Douglas Zona (1994) smularam alguns mercados hpotétcos de bebdas (especfcamente cerveja) para os EUA utlzando uma demanda do tpo AIDS. Mas tarde, os mesmos Jerry Hausman e Gregory Leonard (1997) se valeram da mesma AIDS para smular fusões no mercado de produtos de hgene pessoal no caso da fusão Kmberly-Clark nos EUA. Já Cory Capps, Davd Dranove e Mark Satterthwate usaram anda este sstema de demanda para analsar atos de concentração hpotétcos para o mercado de molhos de tomate nos EUA (CAPPS et al, 2003). Smulações de fusões também foram fetas utlzando uma demanda calbrada do tpo PCAIDS. Roy Epsten e Danel Rubnfeld (2002) o propuseram e o usaram para smular os casos de fusões estadundenses da Kmberly-Clark de 1995 (Mercado de hgene pessoal) e da Henz de 2001 (mercado de comda para bebês). Mas tarde, os mesmos autores usaram um PCAIDS agrupado para smular um mercado hpotétco de cerveja já analsado por Jerry Hausman, Gregory Leonard e Douglas Zona em O Modelo ALM No modelo de smulação ALM também supõem-se que as frmas competem em um olgopólo de produtos dferencados e varável estratégca de escolha da frma preço, e que o

55 45 sstema de demanda seja uma Logt. De posse dos parâmetros de demanda da frma (equação 2.5.), calcula-se os efetos da fusão nos preços e partcpações, resolvendo as condções de prmera ordem para a maxmzação de lucro de acordo com as equações abaxo. Assm, pela CPO pré-fusão, sabemos que a margem para a frma j é: p c / p 1/ j=1,..., J-1 (3.18.) j j j j jj que, rearranjando, com o uso da equação 2.5, pode ser reescrta como j p j c j P. P 1 s j s j (3.19.) mplcando que a margem da frma é crescente no seu market share (s j ), já que P 0, e decrescente tanto na substtutbldade entre os bens nterores (β), como na substtutbldade entre bens nterores e o bem exteror (ε). Assm, a equação acma permte recuperar os custos margnas pré-fusão em termos de varáves observadas ou prevamente determnadas. Para se obter a estmatva de preços para o equlíbro pós-fusão, utlzam-se as estmatvas de custo margnal pré-fusão (podendo-se anda nclur estmatvas de ganhos de efcênca). Suponha que as frmas j e k se fundem, formando a frma m. A CPO da frma m é dada em função da sua margem de lucro µ: p j c j p k c k P P 1 sm sm (3.20.) na qual s m é o market share combnado das frmas j e k, pré-fusão. A prmera aplcação do modelo ALM fo feta no caso do mercado de pães de forma estadundense, com a fusão da Interstate Bakeres e Contnental Bakng de Estas empresas eram líderes no mercado de pão de forma branco, competndo com outras grandes empresas do mercado de comda que produzam pães e pequenas empresas locas (padaras). O problema maor para a competção se encontrava nas áreas de Los Angeles e Chcago, nas quas as empresas em fusão eram pratcamente monopolstas de vendas. Utlzando dados de scanner, Gregory Werden conseguu estmar a elastcdade do mercado (ε) e a matrz β, o que resultou em um aumento de preço prevsto pela smulação para as frmas nestas regões de aproxmadamente 10% (WERDEN, 2000). As empresas sob fusão alegaram que a competção

56 46 de produtoras locas e de pães de outro tpo seram capazes de prevenr o aumento de preços. A fusão fo aprovada. Em outro ato de concentração, agora entre a segunda e a tercera empresa de telecomuncação de longa dstanca dos Estados Undos, Gregory Werden, Luke Froeb e Davd Scheffman, utlzando dados públcos sobre o mercado, smularam algumas stuações com o modelo ALM para dos ntervalos de elastcdades de mercado dferentes (um mas nelástco que o outro). O aumento de preços prevstos fo sgnfcatvo, mas a fusão não ocorreu por desstênca das partes, depos da decsão do departamento de justça estadundense em levar o caso para a corte suprema (WERDEN e FROEB, 2006). Outras smulações de fusões utlzaram o modelo ALM Agrupado, que permte que alguns produtos do mercado sejam tratados como substtutos próxmos. Gregory Werden e Luke Froeb (1994) smularam fusões hpotétcas para o mercado de carreto de longa dstânca nos EUA. Roger Feldman (1994) smulou o ato de concentração entre duas operadoras de planos de saúde no mesmo país. Mark Ivald e Frank Verboven (2005) smularam a fusão da Volvo com a Scana no mercado de camnhões pesados na Europa. E Jerry Hausman (2005) a crtcou. Em defesa das empresas em operação, Andrew Joskow e Robert Wllg smularam a fusão da Echostar, que envolveu duas empresas de transmssão televsva por satélte estadundense (ABA, 2002: ). Por fm, com base no modelo de demanda Logt de Coefcentes Aleatóros (O BLP), Avv Nevo (2000) analsou o mercado de cereas matnas para stuações hpotétcas e para o caso de fusão da Kraft de Martn Gaynor e Wllan Vogt (2003) utlzaram uma abordagem smlar para smular um caso de fusão de hosptas, enquanto Jean-Perre Dubé (2005) se valeu de mcrodados para smular casos hpotétcos e reas de fusões no mercado de refrgerantes. Por fm, o modelo de Jors Pnkse e Margaret Slade (2004) fo usado para smular atos de concentração no mercado de bebdas (especfcamente cervejas) no Reno Undo. No Brasl, a prmera experênca de utlzação pelo SBDC de algo parecdo com a quantfcação do efeto de uma fusão fo feta no ato de concentração envolvendo a Brahma e a Antártca (AmBev), em 2000, embora o uso de smulação de fusão tenha sdo bastante modesto, com foco na demanda e perda de bem-estar (CYSNE et al, 2001). Só em 2004, no

57 47 caso Nestlé-Garoto, o CADE se deparou com o uso de smulações, tanto fetas pelas requerentes quanto pela mpugnante, para a tomada de decsões 44. Atualmente, alguns poucos casos de ato de concentração julgados pelo CADE se valeram do uso de smulações de fusão para a formulação de decsão (Brasken, CVDR, entre outros) 45. De forma geral, o que se pôde observar nos últmos anos foram tentatvas varadas de tornar operaconal a análse do efeto unlateral de um ato de concentração, mas a avalação de seu desempenho, como mecansmo de suporte à análse anttruste, anda se encontra ncpente. Segundo Orley Ashenfelter e Danel Hosken: t seems that the evaluaton of merger smulaton models by a comparson of predcted and actual outcomes s n ts nfancy. In vew of the extensve use to whch these models are put, a careful evaluaton of ther effectveness seems long over due (ASHENFELTER e HOSKEN, 2008:36). Mas, para Gregory Werden, Luke Froeb e Davd Scheffman, este método, mesmo com análse de seu desempenho anda em construção e suas sabdas lmtações, vem para facltar o cômputo do efeto unlateral (WERDEN, FROEB e SCHEFFMAN, 2004) Por fm, apesar da smulação de fusão atualmente ser freqüentemente usada na análse anttruste, até hoje exstem poucos trabalhos que procuram rever ex-post quão bem suceddo tem sdo este método na prevsão dos efetos em preços em um mercado (WERDEN ET AL, 2004; ASHENFELTER e HOSKEN, 2008). Um dos poucos trabalhos de avalação da smulação de fusão fo feto por Avv Nevo, em 2000, para dos atos de concentração do já referdo mercado de cereas matnas nos Estados Undos. Utlzando um modelo de olgopólo do tpo Bertrand e uma demanda Logt com coefcentes aleatóros (a là BLP), o autor calculou as efcêncas econômcas necessáras para compensar o possível aumento de preço. Com dados pós-fusão, ele fo capaz de avalar o desempenho do modelo e da sensbldade de suas hpóteses. Chegou à conclusão de que, para o caso analsado, os resultados da smulação de fusão se aproxmaram muto dos resultados de mercado (NEVO, 2000). Um segundo trabalho, já menconado, conduzdo por Jors Pnske e Margaret Slade, tratou de duas fusões na ndústra de bebdas do Reno Undo 46. As autoras usaram uma função de demanda Logt Agrupada, que permte coefcentes mas flexíves, e um modelo de olgopólo específco para o mercado de bebdas, ao nvés do usual modelo de Bertrand 44 Ver Gama, 2005 e Guerero, Em 2006 fo lançado lvro sobre os métodos quanttatvos aplcados ao anttruste (FIÚSA e SEROA DA MOTTA, 2006). Mas, maor dscussão sobre o assunto anda se faz necessára. 46 A fusão da Courage/ Scottsh com a Newcastlle, de 1995, e da Bass/ Caelberg com a Tetley, de 1997, esta últma probda pelo governo nglês.

58 48 (PINSKE e SLADE, 2004). Resumdamente, os resultados mostraram que os modelos utlzados para ambas as concentrações produzam efetos em preços muto smlares aos encontrados nos mercados no pós-fusão. Um tercero trabalho, de Crag Peters, estmou os efetos unlateras para cnco dferentes fusões estadundenses que ocorreram no mercado de avação entre os anos de 1986 e 1987, e os comparou aos preços observados entre o fnal dos anos noventa e nco dos anos dos ml. Ele empregou uma base de dados extensa e, estmando uma função de demanda do tpo Logt Agrupada em um modelo de olgopólo cuja estratéga de decsão da frma é quantdade, mas estátco (um período) 47, chegou a resultados não tão próxmos daqueles encontrados na realdade (PETERS, 2003). E, anda, num artgo sobre os efetos ex-post das fusões de hosptas ocorrdas nos EUA entre 1989 e 1996, Leemore Dafny chegou à conclusão, relatvamente próxma aquela encontrada com o uso dos dados reas do mercado, de que o aumento de preços nesses casos se dá com maor ntensdade nas empresas rvas mas substtutas, que no caso são as espaconalmente mas próxmas das empresas em fusão (DAFNY, 2005). Logo, o que é possível de ser dto é que as smulações de fusão se mostram efcentes como uma ndcação de um resultado antcompettvo em um mercado, mas de forma alguma podem ser consderadas evdêncas rrestrtas dele para a tomada de decsão por um órgão anttruste. Isto porque elas se adaptam bem mas em algumas ndústras específcas do que em outras. É precso sempre certo bom senso e dosmetra no seu uso pelas autordades de defesa da concorrênca. A modelagem econômca deve ser utlzada apenas como um ndíco do aumento antcompettvo de preços em um mercado em decorrênca de um ato de concentração, complementar e não substtuta à analse estrutural de mercado As Smulações Computaconas Ilustratvas Como vsto, exstem váras possbldades de modelos de smulação para atos de concentração. Aqu escolhemos uma que utlza o sstema de demanda PCAIDS e o Logt pela pratcdade. As smulações serão executadas para modelos de olgopólo com produtos dferencados e estratéga de escolha da frma preço e quantdade. As suposções para todas as smulações que serão fetas são que: ) não haja geração de efcênca econômca (economa 47 Geralmente, para mercados de avação se utlza modelos de olgopólo de dos períodos, com escolha em quantdades no prmero e preços no segundo (KREPS e SCHEIKMAN, 1983; WERDEN ET AL, 2004)

59 49 de escala ou escopo) ocasonada pela fusão 48, ) não haja entrada, novação ou recolocação de produto; ) a fusão ocorra entre apenas duas empresas do mercado, e v) a elastcdade do mercado seja menor do que a elastcdade cruzadas dos produtos (marcas), smplesmente porque substtur marcas é mas fácl do que substtur mercados. Devdo à falta de um banco de dados dsponível, calculamos as elastcdades (própras e cruzadas) por meo de uma calbração e da suposção de que estas são proporconas aos market shares das empresas, dados os preços ncas. A matrz de elastcdades é gual para os dos sstemas de demanda. Para todas as smulações utlzamos o programa MatLab e uma elastcdade do mercado de - 1,5 e de um produto ou marca de - 3, Os prncpas resultados das smulações rodadas estão expostos a segur 51. Para cada mercado, uma análse dos resultados é feta com o cálculo do aumento médo de preço para cada tdo de demanda e padrão concorrencal, consderando todos os concorrentes, e o cálculo do índce de concentração HHI antes e depos da ocorrênca do ato de concentração. Usamos como referênca para o aumento de preço o Teste do Monopolsta Hpotétco (TMH), que caracterza como posção domnante em um mercado, no gua de fusão horzontal estadundense, a empresa que consegue mprmr um aumento de preço acma de 5% (GUIDELINES, 1997), e no gua braslero, aquela que mprme aumento acma de 10% ou 15% (GUIA, 2001). Quanto ao HHI, o crtéro utlzado é o estadundense, que dvde o espectro de concentração de mercado em três grupos de varação do índce e duas stuações decorrentes da concentração: stuação segura e stuação de alerta É mportante frsar que atualmente a consderação das efcêncas econômcas na análse anttruste é dscrconára, pos o ganho de produtvdade não é ncorporado no modelo de olgopólo endogenamente, sto é, o progresso técnco não gera uma mudança na função de reação das frmas e de suas estratégas. 49 Valores aleatóros, mas smlares à sugestão de Epsten e Rubnfeld, Outras elastcdades foram usadas para verfcar a sensbldade desta varável no resultado fnal (1,0 e 2,0). 51 Parte dos resultados já fo publcado em um estudo prelmnar [Gama e Cavaler, 2006]. 52 Tabela - Os crtéros estadundenses do HHI para a aprovação de fusão e aqusção. Varações de Pontos do HHI - X X < < X < 100 X > 100 HHI > 1800 Stuação Segura Stuação Alerta Stuação Alerta 1000<HHI<1800 Stuação Segura Stuação Segura Stuação Alerta HHI < 1000 Stuação Segura Stuação Segura Stuação Segura Fonte: GUIDELINES, 1997.

60 Mercados com Frmas Smétrcas Incalmente smulamos mercados smétrcos, com três, cnco e dez frmas. As lnhas das tabelas representam as frmas do mercado, e as colunas, as varações de preço pós-fusão e a redução do custo margnal das frmas fusonadas, em percentagem, necessára para compensar o possível aumento de preço ocasonado pela concentração (varação do CMgf ), sto é, a efcênca necessára que a frma precsa gerar, em termos de redução de custo margnal, para mpedr aumentos de preços no mercado. 1) Mercado com três frmas smétrcas Tabela 3.1 Resultado da smulação para mercado hpotétco com três frmas smétrcas e fusão entre as frmas A e B PCAIDS ALM COURNOT BERTRAND COURNOT BERTRAND FIRMAS %P %C % P % C %P %C %P %C A 14,09-18, ,53-14, B 14,09-18, ,53-14, C 4, , Fonte: Elaboração própra. Como o mercado é smétrco, as três frmas possuem a mesma parcela de mercado (aproxmadamente 33%) e os resultados são dêntcos para as frmas A e B. A smulação de fusão prevê um aumento de preço de 10,7% e 9,8% em méda para a demanda AIDS e competção em quantdade e preço respectvamente, e de 8,8% e 9,8% para a Logt, caso não haja geração de efcêncas compensatóras. Este aumento de preço da frma é maor do que os 5% permtdo a um suposto monopolsta hpotétco nos EUA, mas se enquadra na extensão braslera para 10% e 15%. Quanto ao HHI, este passou de 3267 pontos (mercado concentrado) para 5445 pontos (mercado concentrado), com varação de 2178 pontos, cando na stuação de alerta, segundo os padrões estadundenses. Neste caso, utlzando ambos os métodos, tanto a merger smulaton quanto a análse tradconal estruturalsta va análse de índces de concentração, apontaram para o mesmo problema: a fusão gera grande possbldade de exercíco de poder de mercado, como prevsto teorcamente. Agora, suponha que um mesmo ato de concentração seja analsado por uma smulação de fusão que utlza um modelo de olgopólo de Cournot e uma demanda AIDS calbrada e outro

61 51 que utlza um modelo de Bertrand e uma demanda Logt. Caso o percentual de 10% de possbldade permtda de aumento de preço fosse utlzado, havera nconsstênca e reprovação da fusão no prmero caso e aprovação no segundo, como pode ser vsto pelos números em negrto na tabela acma. 2) Mercado com cnco frmas smétrcas Tabela 3.2 Resultado da smulação para mercado com três frmas smétrcas e fusão entre as frmas A e B PCAIDS ALM COURNOT BERTRAND COURNOT BERTRAND FIRMAS %P %C % P % C %P %C %P %C A 5,43-8, ,44-7,18 3,94-6,38 B 5,43-8, ,44-7,18 3,94-6,38 C, D, e E 1, ,01 0 0,90 0 Fonte: Elaboração própra. Em um mercado com cnco frmas smétrcas, cada uma com uma parcela de mercado de 20%, o provável aumento de preço ocasonado por uma concentração entre duas frmas sera de no máxmo 5%, se não houvesse geração de efcênca. Um aumento médo de preço de 2,9% e 2,2% para a demanda AIDS e competção em quantdade e preço respectvamente, e de 2,0% e 1,8% no caso da Logt, não gerando maores preocupações para a autordade anttruste, se consderarmos como padrão de segurança anttruste os 5% de aumento de preço que não caracterzam posção domnante. Caso uma análse estruturalsta fosse feta concomtante à smulação, como o HHI passou de pontos para pontos, varando 800 pontos, o órgão anttruste devera se preocupar com este mercado. Verfca-se aqu uma tensão entre análse va smulação de fusão e análse estruturalsta de mercado com base em índces de concentração. Novamente, suponha que um mesmo ato de concentração seja analsado por uma smulação de fusão que utlza um modelo de olgopólo de Cournot e uma demanda AIDS calbrada e outro que utlza um modelo de Bertrand e uma demanda Logt. Caso o percentual de 5% de aumento de preço que caracterza a posção domnante da frma fosse utlzado, havera nconsstênca e reprovação da fusão no prmero caso e aprovação no segundo, como pode ser vsto pelos números em negrto na tabela acma.

62 52 3) Mercado com dez frmas smétrcas Tabela Resultado da smulação para mercado com três frmas smétrcas e fusão entre as frmas de A e B PCAIDS ALM COURNOT BERTRAND COURNOT BERTRAND FIRMAS %P %C % P % C %P %C %P %C A 2,18-3, ,78-2,49 1,58-2,22 B 2,18-3, ,78-2,49 1,58-2,22 Demas 0, ,23-2,49 0,20 0 Fonte: Elaboração própra. Em um mercado com dez frmas smétrcas, cada uma com uma parcela de mercado de 10%, o provável aumento de preço ocasonado por uma concentração entre duas frmas sera de, no máxmo 2%, se não houvesse geração de efcênca, também segundo as convenções anttruste, está dentro da normaldade. Neste caso, ambas as análses, a smulação e a estrutural, têm a mesma prevsão quanto à concentração: não há grandes rscos ao mercado. Isto porque, um aumento de preço médo de aproxmadamente 0,65% (AIDS) e 0,5 (Logt) não é alarmante, como também não o é uma varação de HHI de 200 pontos em um mercado prevamente não concentrado Mercado com Frmas Assmétrcas Agora smularemos dos mercados assmétrcos, o prmero com três frmas e o segundo com cnco frmas. Igualmente à análse anteror, as tabelas representam as frmas dos mercados, os possíves aumentos de preços e a redução do custo margnal das frmas fusonadas, em percentagem, necessára para compensar o possível aumento de preço ocasonado pela concentração (varação do CMg), tanto para as demandas AIDS e Logt, quando para os padrões de competção em preço e quantdade. Para cada mercado, também é calculado o aumento médo de preço para cada tdo de demanda e padrão concorrencal, consderando todos os concorrentes, e o índce de concentração HHI antes e depos da ocorrênca do ato de concentração.

63 53 4) Mercado com três frmas com partcpações guas a 20, 30 e 50% do mercado Tabela Resultado da smulação para mercado com três frmas assmétrcas e fusão entre as frmas A e B PCAIDS ALM COURNOT BERTRAND COURNOT BERTRAND FIRMAS %P %C % P % C %P %C %P %C A (20%) 14,04-17,52 12,76-15,93 11,48-14,34 10,21-12,74 B (30%) 11,14-13,65 10,13-12,41 9,12-11,17 8,10-9,93 C (50%) 4,06 0,00 3,69 0 3,32 0,00 2,95 0,00 Fonte: Elaboração própra. Em um mercado assmétrco com três frmas, a fusão envolvendo as duas menores empresas gera uma varação méda de preço de 9,7% e 8,9% para a AIDS (respectvamente, na competção em quantdade e preço), 8,0% e 7,1% para a Logt (dem), o que já começa a despertar o nteresse das autordades anttruste. A varação no HHI é de pontos, em um mercado consderado concentrado antes da fusão (o HHI vara de pontos para pontos). O maor aumento de preço se dá na frma com a menor partcpação de mercado. A frma concorrente, apesar de não partcpar da concentração, tem o preço do seu produto elevado também. Da mesma forma que feto anterormente, se esta fusão fosse analsada por uma smulação que utlzasse um modelo de olgopólo de Cournot e uma demanda AIDS calbrada e outro que utlzasse um modelo de Bertrand e uma demanda Logt, e o percentual de 10% de aumento de preço que caracterza a posção domnante no Brasl fosse utlzado, havera nconsstênca e reprovação da fusão no prmero caso e aprovação no segundo, como pode ser vsto pelos números em negrto na tabela acma. Tabela Resultado da smulação para mercado com três frmas assmétrcas e fusão entre as frmas A e C PCAIDS ALM COURNOT BERTRAND COURNOT BERTRAND FIRMAS %P %C % P % C %P %C %P %C A (20%) 40,23-39,23 36,57-35,66 32,91-32,09 29,26-28,53 B (30%) 10,32 0,00 9,38 0 8,44 0,00 7,50 0,00 C (50%) 27,40-25,42 24,91-23,11 22,42-20,80 19,93-18,49 Fonte: Elaboração própra.

64 54 Se a fusão ocorrer entre a maor e a menor frma do mercado, o aumento de preço é muto mas consderável na frma com a menor partcpação de mercado, como pode ser vsto no caso acma. O preço médo aumenta no mercado com a demanda AIDS 26% e 23,5% (competção em quantdade e preço respectvamente), e no Logt 21% e 20%, sendo que para o produto da frma A, com maor market share, chega a aumentar preço, em méda, 35%. A varação de HHI também é grande: o índce passa de para 5.800, gerando uma varação de pontos. Tabela Resultado da smulação para mercado com três frmas assmétrcas e fusão entre as frmas B e C PCAIDS ALM COURNOT BERTRAND COURNOT BERTRAND FIRMAS %P %C % P % C %P %C %P %C A (20%) 21,05 0,00 19, ,23 0,00 15,31 0,00 B (30%) 73,69-52,94 66,99-48,13 60,29-43,32 53,59-38,50 C (50%) 59,14-43,79 53,76-39,81 48,38-35,83 43,01-31,85 Fonte: Elaboração própra. Mas, se a fusão ocorrer entre as duas maores frmas do mercado, o resultado é o mas alarmante para a concorrênca dentre nossas smulações em mercados com três frmas: o preço médo do mercado aumenta 51% e 46% no mercado com demanda AIDS e 42% e 37% no mercado representado pela Logt e competção em quantdade e preço, respectvamente. O preço do produto fusonado com a maor partcpação de mercado chega a aumentar, em méda, 64%. O HHI passa para pontos, gerando uma varação de pontos. 5) Mercado com cnco frmas com partcpações guas a 5, 10, 15, 20 e 30% do mercado. Tabela Resultado da smulação para mercado com cnco frmas assmétrcas e fusão entre as frmas A e B PCAIDS ALM COURNOT BERTRAND COURNOT BERTRAND FIRMAS %P %C % P % C %P %C %P %C A (05%) 1,95-3,11 1,77-2,83 1,59-2,55 1,42-2,26 B (10%) 1,02-2,19 0,93-1,99 0,84-1,79 0,74-1,59 C (15%) 0,13 0,00 0,12 0 0,11 0,00 0,10 0,00 D (20%) 0,14 0,00 0,13 0 0,12 0,00 0,10 0,00 E (30%) 0,14 0,00 0,13 0 0,12 0,00 0,10 0,00 Fonte: Elaboração própra.

65 55 Tabela 3.8: Resultado da smulação para mercado com cnco frmas assmétrcas e fusão entre as frmas A e C PCAIDS ALM COURNOT BERTRAND COURNOT BERTRAND FIRMAS %P %C % P % C %P %C %P %C A (05%) 4,48-4,35 4,07-3,95 3,66-3,56 3,26-3,16 B (10%) 0,17 0,00 0,15 0 0,14 0,00 0,12 0,00 C (15%) 1,12-1,86 1,02-1,69 0,92-1,52 0,82-1,35 D (20%) 0,17 0,00 0,15 0 0,14 0,00 0,12 0,00 E (30%) 0,18 0,00 0,16 0 0,14 0,00 0,13 0,00 Fonte: Elaboração própra. Em um mercado assmétrco com cnco frmas, caso a fusão ocorra entre frmas que conjuntamente não ultrapassem 20% do mercado, não haverá preocupação quanto a um provável exercíco de poder de mercado, pos o aumento de preço sera nsgnfcante. Outro fato observável é que, se a fusão envolver uma frma com partcpação de mercado pequena, o aumento de preço não será alto (varando de 1% a 4%, em méda), mesmo que se a frma fusonada ultrapassar os 20% de partcpação de mercado mpostos na Le como referênca de posção domnante em um mercado (tabelas abaxo). Tabela Resultado da smulação para mercado com cnco frmas assmétrcas e fusão entre as frmas A e D PCAIDS ALM COURNOT BERTRAND COURNOT BERTRAND FIRMAS %P %C % P % C %P %C %P %C A (05%) 5,51-6,38 5,01-5,80 4,51-5,22 4,01-4,64 B (10%) 0,23 0,00 0,21 0 0,19 0,00 0,17 0,00 C (15%) 0,24 0,00 0,22 0 0,20 0,00 0,18 0,00 D (20%) 1,45-2,22 1,32-2,02 1,19-1,82 1,06-1,62 E (30%) 0,26 0,00 0,24 0 0,22 0,00 0,19 0,00 Fonte: Elaboração própra. No caso desta fusão envolver uma empresa com partcpação de mercado maor do que 20%, apesar da concentração ser caracterzada pela possbldade de exercíco de poder de mercado, o aumento de preço não ultrapassa, em méda, os 5% requerdo pelo Gua para consderar a operação ant-compettva. O HHI orgnal deste mercado era de 1650 pontos, aumentando para 2250 pontos, com a fusão de C e D (15% e 20% do mercado respectvamente) e para 2850 pontos, com a fusão de D e E (20% e 30% do mercado respectvamente).

66 56 Tabela Resultado da smulação para mercado com cnco frmas assmétrcas e fusão entre as frmas A e E PCAIDS ALM COURNOT BERTRAND COURNOT BERTRAND FIRMAS %P %C % P % C %P %C %P %C A (05%) 5,51-6,38 5,65-6,00 4,51-5,22 4,01-4,64 B (10%) 0,23 0,00 0,21 0 0,19 0,00 0,17 0,00 C (15%) 0,24 0,00 0,22 0 0,20 0,00 0,18 0,00 D (20%) 1,45-2,22 1,03-2,00 1,19-1,82 1,06-1,62 E (30%) 0,26 0,00 0,27 0 0,22 0,00 0,19 0,00 Fonte: Elaboração própra. Novamente, se esta fusão fosse analsada por uma smulação que utlzasse um modelo de olgopólo de Cournot e uma demanda AIDS calbrada e outro que utlzasse um modelo de Bertrand e uma demanda Logt, e o percentual de 5% de possbldade permtda de aumento de preço fosse utlzado, havera nconsstênca e reprovação da fusão no prmero caso e aprovação no segundo, como pode ser vsto pelos números em negrto na tabela acma. Tabela Resultado da smulação para mercado com cnco frmas assmétrcas e fusão entre as frmas C e D PCAIDS ALM COURNOT BERTRAND COURNOT BERTRAND FIRMAS %P %C % P % C %P %C %P %C A (05%) 0,22 0,00 0,20 0 0,18 0,00 0,16 0,00 B (10%) 0,23 0,00 0,21 0 0,19 0,00 0,17 0,00 C (15%) 8,50-10,82 7,73-9,84 6,96-8,86 6,18-7,87 D (20%) 6,73-7,90 6,12-7,18 5,51-6,46 4,90-5,74 E (30%) 0,25 0,00 0,23 0 0,21 0,00 0,18 0,00 Fonte: Elaboração própra. Tabela Resultado da smulação para mercado com cnco frmas assmétrcas e fusão entre as frmas D e E PCAIDS ALM COURNOT BERTRAND COURNOT BERTRAND FIRMAS %P %C % P % C %P %C %P %C A (05%) 0,23 0,00 0,21 0 0,19 0,00 0,17 0,00 B (10%) 0,24 0,00 0,22 0 0,20 0,00 0,18 0,00 C (15%) 0,24 0,00 0,22 0 0,20 0,00 0,18 0,00 D (20%) 13,56-16,26 12,33-14,78 11,10-13,30 9,86-11,82 E (30%) 9,89-12,33 8,99-11,21 8,09-10,09 7,19-8,97 Fonte: Elaboração própra.

67 57 Analsando as tabelas 10 e 11, em que a frma fusonada passa a ter 35% do mercado em ambos os casos, consegumos lustrar que o aumento de preço é maor se os produtos funddos forem bons substtutos, sto é, se as frmas possuírem partcpações de mercado parecas. Na tabela 12 o aumento de preços é mas sgnfcatvo porque a partcpação de mercado das frmas é maor. Como as elastcdades nestas smulações são dadas pela proporconaldade com as partcpações de mercado, quanto maor os market shares das frmas fusonadas separadamente, maor a elastcdade-preço cruzada entre elas e maor o aumento de preço fnal. Desta forma, concluímos que fusões em mercados smétrcos são menos danosas do que em mercados assmétrcos: quanto menor a dspersão entre as partcpações de mercado das frmas, menor o aumento dos preços no mercado. E mas: ) quanto menor o número de frmas em um mercado, menor o aumento esperado no nível de preços do mesmo; ) quanto menor a partcpação de mercado de uma das empresas fusonadas, maor o aumento esperado de seus preços comparatvamente às demas frmas; ) quanto mas substtuíves entre s forem os produtos das frmas fusonadas, maor será o aumento de preço da frma fusonada; v) quanto mas substtuíves forem os produtos da empresa fusonada e de suas rvas, menor o aumento de preço da entdade fusonada; v) empresas que não partcpam da fusão apresentam também elevação no seu preço, sendo esta elevação maor quanto maor for a partcpação de mercado da empresa rval; e v) fusões entre frmas com partcpações de mercado muto dstntas e/ ou entre frmas em que uma das empresas fusonadas tenha partcpação de mercado muto pequena, não geram grandes rscos à concorrênca por não resultarem em um aumento de preço sgnfcatvo. Por fm, fcou claro que, a depender das especfcações de demanda e de oferta do modelo de smulação de fusão, o resultado, em termos de aumento de preços, é sgnfcatvamente dferente. Como evdencado em negrto, em algumas das tabelas de resultado apresentadas, se valendo do mesmo sstema de demanda, o aumento no caso da smulação que utlza modelo de olgopólo de Cournot é maor do que a que utlza o modelo de Bertrand. E no caso de uma smulação com o mesmo modelo para a competção, mas sstemas de demanda dferentes, a que usa uma demanda AIDS calbrada resulta em maores aumentos de preços do que a que usa uma demanda Logt.

68 58 De forma geral, em que pesem as dferenças de ambos os modelos, eles geram comportamentos das empresas no mercado smlar devdo, sobretudo, à adoção da hpótese IIA. Nestes modelos, a fusão provoca um aumento generalzado dos preços no mercado, nclusve das frmas que não partcparam da concentração, mas a magntude deste aumento é dferente para as dversas frmas. Prmero, empresas com maores partcpações de mercado aumentam relatvamente mas os preços de seus produtos do que as outras empresas. Segundo, se as empresas envolvdas na fusão apresentam dferentes partcpações de mercado, a concentração gerará dferentes resultados quanto aos aumentos de preços, sendo este aumento tanto mas desgual quanto mas assmétrca forem as frmas. Tercero, o preço da frma partcpante da fusão que tenha o menor market share aumenta relatvamente mas do que o da frma com maor partcpação, smplesmente porque a maor frma já possu grande atratvo para seu produto, consegundo naturalmente capturar mas consumdores do que a menor frma. Por fm, os preços das frmas fusonadas aumentam mas do que aquele das frmas não partcpantes da fusão (PIONER e PINHEIRO, 2005; EPSTEIN e RUBINFELD, 2004). Mas, embora ambos os modelos apresentem este comportamento smlar devdo ao uso de uma matrz de elastcdades muto pecular (smétrca), que parte do pressuposto de que quando o preço de um produto é aumentado os consumdores desvam sua demanda em dreção a produtos substtutos proporconalmente ao seu share, o que mutas vezes pode não refletr o padrão de substtubldade do mercado, eles apresentam dvergêncas. O modelo que se vale de uma AIDS superestma os efetos de um ato de concentração se tomados como parâmetro os resultados obtdos por aquele que utlza uma demanda do tpo Logt (Crooke et al, 1999). Isto ocorre porque na AIDS as varações no preço são menos sensíves do que em uma especfcação Logt, levando às frmas apresentem menor substtubldade de seus bens. Cada forma funconal convenconalmente utlzada em smulações de atos de concentração tem propredades nerentes a sua curvatura, estas relaconadas ao efeto de uma mudança no preço de um produto nas suas elastcdades própra e cruzadas. Werden, Froeb e Tschantz (2007) argumentam, à luz do ALM, que a demanda Logt tende a gerar predções de aumentos de preços modestos em smulação de atos de concentração. Por sso, como uma demanda do tpo Logt torna-se mas elástca com o aumento dos preços, uma frma com poder de mercado aumenta menos seus preços com esta curva de demanda do que com uma demanda do tpo AIDS.

69 59 A escolha do modelo de oferta também nfluenca o resultado da smulação de fusão: a concorrênca a la Bertrand é mas agressva do que a la Cournot, sto é, as frmas precfcam valores mas baxos quando competem em preços do que quando competem em quantdade. Não há como falar que um modelo é melhor do que o outro. Se a capacdade de produção é uma varável que pode ser alterada rapdamente pela frma, a forma de competção pode estar mas próxma da de Bertrand. Caso contráro, um modelo de Cournot sera mas realsta. CONCLUSÃO A adoção de modelos de smulação de fusão em um prmero estágo de avalação de um ato de concentração é requerda pela convenênca e pratcdade, mas devera ser feta com a cênca de suas mutas lmtações. Este método á apenas um nstrumento dentro da análse de avalação de fusão, nstrumento ndcatvo de possbldade de exercíco de poder de mercado e que devera ser sempre utlzado em conjunto com um estudo pormenorzado da estrutura de mercado e da relação nteratva entre seus agentes. E mas, a smulação de fusão capta o efeto unlateral, que não ncorpora a possbldade de alteração na estratéga entre empresas em decorrênca de uma mudança estrutural (concentração), como no caso do efeto coordenado. Massmo Motta propõe duas questões chaves que um órgão anttruste deve nvestgar antes de aprovar uma fusão: 1) Quas os efetos unlateras da fusão? Ou seja, é precso saber se as frmas envolvdas na fusão rão aumentar preços de forma sgnfcatva após a autorzação da mesma. E, posterormente, 2) A fusão tende a tornar as condções mas propícas para a ocorrênca de efetos coordenados (pró-colusvos)? Ou seja, é precso saber se a fusão alterara as condções de concorrênca na ndústra nvestgada a ponto de tornar a colusão (tácta ou explícta) entre as frmas o resultado mas provável (MOTTA, 2004:119). Já o braslero Máro Possas acredta que: esses exercícos de smulação comparam duas stuações estátcas de equlíbro, antes e depos da operação, com base em alguns pressupostos smplfcadores, em especal que preços e quantdades pré-fusão também sejam de equlíbro e que ambos os equlíbros, formalmente equlíbros não-cooperatvos de Nash, sejam de Bertrand (concorrênca em preços, quantdades determnadas endogenamente), de forma a comportar a stuação mas usual de produtos não-homogêneos e preços dferencados. Mas a premssa a meu ver crucal - a ser questonada adante, numa crítca

70 60 externa ou metodológca a esses modelos - é a de abstração delberada de efetos coordenados antcompettvos da fusão, ao concentrar-se exclusvamente nos possíves efetos unlateras das frmas fusonadas e suas rvas; como se a possbldade de que a operação eleve a probabldade de colusão devesse ser sstematcamente descartada. (POSSAS, 2009:11). A ocorrênca de uma colusão como resultado de um ato de concentração porque houve uma alteração estrutural no mercado que modfcou a forma com que as empresas nteragam deve ser consderada. O problema é que sua detecção e a sua avalação não são trvas. Por sso mesmo, é precso aprofundar analtcamente, nclusve em termos quanttatvos, a abordagem dos efetos coordenados de fusões e aqusções, que têm sdo dexados ndevdamente em segundo plano em função do foco quase exclusvo posto na modelagem dos efetos unlateras (POSSAS, 2009:14). A emergênca da cooperação e sua evolução dependem de dversas condções e fatores. É o que veremos nos próxmos capítulos.

71 61 4. A EMERGÊNCIA DA COOPERAÇÃO O efeto coordenado nada mas é do que a emergênca da cooperação entre frmas em decorrênca de um ato de concentração que tenha sdo capaz de alterar a nteração estratégca entre as empresas de um mercado. Estudar a emergênca da cooperação é o prmero passo a ser dado em dreção da determnação das causas e conseqüêncas do efeto coordenado de uma fusão e da mportânca da nteração estratégca entre agentes para a desenvoltura de um mercado. A cooperação é resultado de um processo adaptatvo no qual as frmas escolhem as estratégas que rão utlzar e aprendem tanto com seus sucessos e erros quanto com aqueles de suas rvas. Mas ela não é plausível em ambentes em que a nteração estratégca entre os agentes é esparsa: no caso do Dlema dos Prsoneros não é a solução de equlíbro, mas pode emergr se esta nteração ocorrer de forma repetda e reterada no tempo, tal qual acontece no Dlema dos Prsoneros Iteratvo. Neste capítulo estudamos como a cooperação entre frmas pode emergr: é necessáro consderar que exsta nteração estratégca entre frmas que co-evoluem em um mercado. Para tanto, fzemos tal qual Robert Axelrod (1997) e usamos um mecansmo de seleção, chamado de Algortmo Genétco, para encontrar a solução cooperatva dentre nfntas alternatvas (estratégas), em um Dlema dos Prsoneros Iteratvo. Com o resultado obtdo fo possível determnar algumas das condções da emergênca da cooperação. Então, este capítulo está dvddo em quatro partes, além desta apresentação e de uma conclusão. Na prmera e segunda partes fazemos uma revsão teórca da cooperação e uma análse da possbldade da sua emergênca. Na parte três, com fundamentação teórca no paradgma Consenso-Detecção- Punção e prátca no Dlema dos Prsoneros Iteratvo, apresentamos uma smulação computaconal capaz de capturar as condções da emergênca da cooperação. Na quarta parte, mostramos e analsamos os resultados A Teora da Cooperação A orgem da dscussão sobre cooperação em Organzação Industral advém de Edward Chamberln, que ntroduzu o conceto de colusão tácta como um comportamento raconal de frmas que nteragem em um olgopólo:

72 62 If each seller seeks hs maxmum proft ratonally and ntellgently, he wll realze that when there are only two or a few sellers hs own move has a consderable effect upon hs compettors, and that makes t dle to suppose that they wll accept wthout retalaton the losses he forces upon them. Snce the result of a cut by any one s nevtably to decrease hs own proft, no one wll cut, and although the sellers are entrely ndependent, the equlbrum result s the same as though there were a monopolstc agreement. (CHAMBERLIN, 1933:22) A colusão tácta é uma conduta de mercado que permte às frmas obterem lucros supranormas, no qual lucro normal sera aquele resultante do mercado com rvaldade ndvdual. Esse tpo de conduta concertada ocorre quando as frmas nteragem repetdamente em um mercado e passam a reconhecer a nterdependênca de suas ações, fazendo com que uma revsão estratégca surja em dreção à maxmzação conjunta de lucros. Como a coordenação entre as empresas busca sempre alguma forma de cooperação no sentdo de aumentar os lucros conjuntos do mercado, os resultados dessa nteração se aproxmam dos resultados de monopólo, ou seja, causam elevação dos preços e redução das quantdades ofertadas. Segundo Rchard Posner the ultmate ssue n revewng a merger under the anttrust laws s whether the challenged acquston s lkely to hurt consumers, as by makng t easer for the frms n the market to collude, expressly or tactly, and thereby forces prces above or farther above the compettve level (POSNER, 1989:54). A colusão, seja ela tácta ou explícta, passa por um esforço conjunto entre as frmas, que, em prmero lugar, se nca com o estabelecmento de um acordo ou consenso que precsa ser alcançado. Este acordo fxa um determnado preço a ser pratcado por todas as empresas e que está acma daquele que é consderado compettvo. O problema é que as frmas têm um ncentvo à trapaça, ou desvo do acordo. Isto porque desvar do acordo e reduzr o preço pratcado, mesmo que rrsoramente, aumenta sgnfcatvamente as vendas da empresa tradora. Em segundo lugar, para que o acordo perssta, é precso haver métodos de montoramento da conduta concertada e da detecção do desvo. Detectar o desvo de forma mas rápda sgnfca ter prejuízos por menos tempo. E em tercero lugar, uma vez detectada a trapaça, uma punção aos agentes que desvaram do acordo deve ser crível e aplcada para que a tração não se suceda novamente e o conluo possa ser restabelecdo (STIGLER, 1964; JACQUEMIN e SLADE, 1989).

73 63 O paradgma CDP (Consenso-Detecção-Punção), então permte que as empresas mantenham maores preços ao estabelecer, nformalmente, que qualquer desvo do consenso estabelecdo rá dsparar um conjunto de ações de punção, como a redução do preço ao nível compettvo, que fará com que os lucram caam. Esta retalação se refere à reação das empresas a um desvo do acordo de coordenação sobre preços ou quantdades. Para ser sustentável, a ameaça de punção precsa ser crível e custosa para compensar os benefícos de curto prazo trazdos pelo desvo ao acordo, sto é deve mplcar uma sgnfcante perda de lucratvdade para a frma tradora, comparada com a possbldade de lucro caso mantvesse a colusão (STIGLER, 1964). Esta retalação pode sgnfcar uma guerra de preço apenas temporára, provocando a queda do lucro abaxo do padrão normal por algum período, ou mas duradoura, como ocorreu no mercado de transporte de cargas e passageros de trens nos EUA nos anos de 1880 (SCHERER e ROSS, 1980). Destarte, a característca comum aos mecansmos de punção é que eles precsam ser efetvos na prevenção à tração, o que acarreta em duas condções: ) a perda de lucratvdade mposta para a frma que desvou do acordo como retalação deve ser sufcentemente grande para prevenr trações; e ) precsa ser do maor nteresse das frmas sustentar a retalação a partr do momento em que um desvo tenha ocorrdo; Portanto, como dto, para que a colusão seja possível, as frmas partcpantes do acordo devem estar aptas a alcançarem três objetvos. O prmero é alcançar um consenso sobre o tpo de acomodação (aumentar preços dretamente, alocar consumdores ou reduzr capacdades) e sobre a coordenação da produção (quanto aumentar os preços, quas consumdores serão alocados para quas frmas e em quanto a capacdade será restrngda). Para que sto seja vável, as frmas precsam ter ncentvos comuns, relaconados a custos e capacdades. Este últmo ponto é o de maor problema: quanto maor for a assmetra entre as frmas no mercado, mas dfícl é de se alcançar o consenso. Isto se deve pelo ncentvo ao desvo: frmas com menores custos ou menores partcpações de mercado têm menos a perder. Então, o segundo requsto para a coordenação é que as frmas partcpantes do conluo sejam capazes de detectar estes desvos. Se a trapaça de uma frma não puder ser detectada, o ncentvo unlateral para trapacear não é punível. O montoramento do mercado é fundamental. Fnalmente, se exste consenso e os desvos podem ser detectados, é precso que haja um método vável e crível de punção, já que se o desvo não for pundo, o ncentvo de trapacear prevalecerá e o acordo não poderá ser restabelecdo. A punção é somente crível se

74 64 for do nteresse unlateral da frma utlzá-la como reprmenda à trapaça. Com a punção crível, passa a ser do nteresse unlateral da frma sustentar o acordo A Emergênca da Cooperação Atualmente, a reprodução da cooperação entre agentes econômcos é baseado na teora dos jogos 53, uma teora sobre tomadas de decsão, na qual se busca desenvolver formulações que proporconem a escolha da estratéga de um jogador (agente econômco) mas adequada em determnado momento. Uma estratéga é um plano de ação completo que descreve o que um jogador deve fazer tendo em vsta as crcunstâncas envolvdas. Como as estratégas de cada envolvdo repercutem nos ganhos ou perdas ndvduas, elas precsam levar em conta o que cada jogador fez ou fará, sto é, a nteração estratégca entre jogadores. O jogo mas conhecdo que formula a decsão sobre cooperação é o chamado Dlema dos Prsoneros 54, cuja matrz de payoff básca e mas popular é apresentada abaxo, em que C responde pela estratéga cooperação e D ndca a estratéga defecção. Formalmente, numa versão com dos partcpantes e uma rodada, cada um opta em toda rodada por cooperar (C) ou não-cooperar (D). O jogador ganha X no caso de ambos jogarem C, e Y no caso de ambos jogarem D. Por outro lado, no caso de um jogador escolher C e o outro D, o jogador que cooperou recebe Z e o que não cooperou recebe W, no qual W > X > Y > Z e X > ½ (W + Z). Isto sgnfca que um agente tem um ncentvo muto grande para a defecção, com a perspectva de ganhar W. Mas o resultado coletvo sera maor se ambos cooperassem, pos 2X > W + Z. Quadro 4.1 Matrz de Pay-Off do Dlema dos Prsoneros C D C X; X Z; W D W; Z Y;Y Fonte: Elaboração própra Como bem se sabe, o Dlema dos Prsoneros tem uma solução bem determnada: como para cada um dos jogadores a defecção é a estratéga domnante, o equlíbro do jogo, de 53 Sobre o assunto ver Fredman, 1971 e 1977, e Gbbons, O dlema do prsonero fo elaborado por volta de 1950 por Merrll Flood e Melvn Dresher e formalzado pouco tempo depos por A.W. Tucker. Veja o excelente lvro de Axelrod (1984).

75 65 Nash, se dá na combnação de estratégas (D; D). Este resultado é nefcente, já que um movmento smultâneo para (C; C) traz um ganho para ambos (um ótmo, no sentdo de Pareto). É este o dlema entre o conflto e a cooperação, que ocorre bascamente devdo ao jogo possur apenas uma rodada, pos se for repetdo nfntamente, entretanto, exste uma possbldade para que os agentes estabeleçam mecansmos que suportem a cooperação mútua e ambos ganharem X. Com a nteração repetda entre os agentes, a confança no rval pode ser estabelecda com o tempo, crando a possbldade de coordenação de ações. Este jogo em que as nterações entre os dos agentes são repetdas no tempo é chamado, por Robert Axelrod, de Dlema dos Prsoneros Iteratvo (AXELROD, 1997). Anterormente fo vsto que não há possbldade da cooperação (solução C;C) emergr de uma stuação de nteração smultânea entre dos agentes. O equlíbro ocorre quando ambos os agentes não cooperam (solução D;D), mesmo sendo este um resultado subótmo. Entretanto, exste uma possbldade para que os agentes estabeleçam mecansmos que suportem a cooperação mútua e ambos ganhem mas: repetr a nteração entre os agentes um número ndetermnado de vezes para que o resultado advndo da confança mútua sobreponha o benefco unlateral, o chamado Dlema dos Prsoneros Iteratvo (AXELROD, 1984). O Dlema dos Prsoneros Iteratvo (DPI) é uma varação do jogo descrto no quadro 4.1 em que dos agentes jogam repetdamente o Dlema dos Prsoneros (DP), cuja estratéga domnante de não cooperar é decorrente do fato de o jogo ter apenas uma únca rodada. A chave do DPI é que os dos jogadores podem jogar entre s váras vezes, o que permte a ambos desenvolverem estratégas baseadas em suas nterações prévas. Assm, um movmento hoje de um dos jogadores afeta o comportamento de amanhã de seu oponente e todo o resultado esperado do jogo. Isto remove a estratéga domnante de não cooperar e permte o uso de estratégas mas complexas, de acordo com a hstóra do jogo e buscando a maxmzação do retorno acumulado. Desta forma, sob certas crcunstâncas, a cooperação pode emergr. Este é o nosso objetvo: desvendar sob quas crcunstâncas a cooperação emerge como uma escolha plausível de agentes econômcos. Uma tentatva para desvendar a emergênca da cooperação fo feta em 1984, quando Robert Axelrod apresentou no lvro The Evoluton of Cooperaton uma descrção da manera pela

76 66 qual o DP fo repetdo por váras rodadas. O autor organzou um expermento no qual realzou dos torneos para se jogar o DP: no prmero, 14 estratégas para soluconar o dlema foram escrtas por especalstas em teora dos jogos, e no segundo, 62 estratégas. As estratégas eram as mas dversas, mas a vencedora fo uma muto smples, a Tt for Tat (TfT), em que a cooperação é atngda com base na recprocdade, já que cada jogador coopera no prmero movmento e nos seguntes repete o movmento anteror da estratéga com a qual estver emparelhada (a estratéga do rval). A razão pelo sucesso da TfT pode ser explcada pelo paradgma CDP: contém as condções de necessdade da cooperação. Como vsto anterormente, um conluo tácto bem suceddo está baseado em três plares: ) consenso entre as empresas partcpantes da colusão; ) fácl detecção de condutas de desrespeto ao acordo (desvo); e ) punção em caso de desvo crível. As característcas que fzeram de TfT a estratéga vencedora foram: ) ncar a partda com um movmento de cooperação (estabelecer um ponto focal); ) dexar de cooperar medatamente após um ato não-cooperatvo da outra estratéga (retalação nstantânea); ) voltar a cooperar após a cooperação por outra estratéga (perdão medato). A TfT é uma mstura bem sucedda entre consenso, detecção e punção e que permte a ocorrênca da cooperação. A proxmdade entre ndvíduos, anda que egoístas, e as nterações repetdas, permtem tanto o estabelecmento de um ponto focal quanto o surgmento da recprocdade num segundo momento, pós tração, desde que os agentes sejam dotados de certa raconaldade, que levem eles a adotarem rotnas reconhecíves pelos rvas, o que estabelece confança mútua. Assm, é possível dscrmnar, no nstante segunte a um desvo ou a uma cooperação, aqueles que antes cooperaram ou não. Desta forma, a estratéga vencedora evta confltos desnecessáros, enquanto todos agem de modo recíproco, respondendo de medato às deserções não motvadas, mas logo esquecendo as provocações passadas após o retorno à cooperação. A transparênca das ntenções e, por consegunte, a facldade de dentfcação do padrão de conduta dos agentes, estmula o cumprmento dos compromssos assumdos, assm, tactamente, pelo consenso mplícto. Pode-se dzer, então, que a emergênca da cooperação basea-se na nvestgação de como ndvíduos que vsam à satsfação de seus própros nteresses podem cooperar entre s, sem mecansmos de ncentvos ou punção externos ao ambente em que nteragem, apoada

77 67 fortemente na recprocdade. Robert Axelrod evdencou que a cooperação é possível como resultado da repetda nteração estratégca entre agentes (AXELROD, 1984). A emergênca da cooperação decorre de um hstórco de comportamentos estratégcos dos agentes que consga reproduzr o paradgma CDP: estar dsposto a estabelecer um acordo, detectar desvos e punr os agentes tradores. O nteressante da emergênca da cooperação é que ela não derva de apenas uma estratéga determnada ex-ante pelo agente econômco, mas de um comportamento, dentre nfntos, capaz de refletr o paradgma CDP num determnado ambente e tempo de nteração entre agentes. Com esta déa em mente, o mesmo Robert Axelrod, em um artgo posteror, utlzou um nstrumento de seleção de melhores alternatvas chamado de Algortmo Genétco - AG 55, para verfcar a robustez da obtenção de uma estratéga cooperatva (que reflta o paradgma CDP) em seus torneos (AXELROD, 1997). A escolha de um AG para captar a emergênca da cooperação reca no fato de este ser um mecansmo efcente de busca da melhor resposta em ambentes complexos, sto é, ele é capaz de seleconar a melhor estratéga dentro de um rol de estratégas dversas capazes de refletr um determnado comportamento (HOLLAND, 1975), que no caso é a cooperação. E mas, o AG consegue smular um processo evoluconáro no qual a adaptação e o aprendzado são capazes de ocorrer (MILLER, 1986 e 1994). O autor empregou o AG para seleconar a melhor estratéga dentro de um rol mensurável de alternatvas que os agentes podem adotar em uma stuação de DPI. Este mecansmo de seleção utlza o resultado médo das rodadas do DP como crtéro de avalação das estratégas, mas ncorpora o elemento novação no mecansmo de aprendzado dos agentes. O AG levou à formação de um conjunto de estratégas vencedoras muto adaptadas e com um resultado em termos de pay-off muto próxmo ao ótmo possível de ser obtdo. Na maora das smulações, as estratégas seleconadas possuíam o mesmo mecansmo de recprocdade da estratéga TfT, vencedora do expermento concreto (AXELROD, 1984:21) A Smulação da Emergênca da Cooperação Para compreender a emergênca da cooperação por meo do DPI é precso o uso de um método que consga tanto captar a evolução da nteração estratégca entre os agentes quanto propcar uma solução ótma e estável num ambente de ncerteza e raconaldade lmtada. 55 O AG será vsto na próxma seção.

78 68 Isto é, é precso escolher um mecansmo que consga apreender a emergênca da cooperação e que esta solução seja a melhor e a mas durável para os agentes em um determnado ambente e com certa hstóra de nteração. Este mecansmo é o Algortmo Genétco - AG, cuja metodologa e aplcação são apresentadas nas próxmas seções O Algortmo Genétco e a Economa Evoluconára Essa tese, tal qual Robert Axelrod, optou pelo uso de um algortmo evoluconáro para desvendar sob quas crcunstancas a cooperação emerge smplesmente porque esta é uma ferramenta efcaz de busca dentre alternatvas em um ambente de ncerteza e raconaldade lmtada (ALCHIAN, 1950:217 e AXELROD, 1984:37). Um algortmo evoluconáro é uma técnca de busca nsprada na bologa que utlza o conceto de sobrevvênca do mas apto, sto é, é um nstrumento que selecona o ndvíduo mas hábl em uma população, para então reproduzí-lo e mutá-lo. O emprego da metáfora da seleção natural pelos economstas evoluconáros tem níco com o artgo de 1950 de Armen Alchan. De forma smlar ao trabalho ponero de Darwn (1859), a análse proposta por Alchan se concentra sobre o processo pelo qual o sstema selecona os ndvíduos mas aptos, sugerndo hpóteses prelmnares para os mecansmos de cração de varedade na população e transmssão de característcas entre gerações. A transmssão de característcas é genétca e geraconal. A cração de varedade ocorre por meo da permuta e da mutação. Aqu é mportante frsar que, apesar dos organsmos se reproduzem abundantemente, há uma constânca (nérca) das populações ao longo do tempo, mplcando uma luta pela sobrevvênca dos mas aptos por meo da seleção natural. Os sobrevventes na dsputa pela vda são aqueles exemplares melhor adaptados em seus ambentes e, portanto, com maor possbldade de se reproduzrem em maor número, tornado a característca que o dexou mas apto mas comum a cada geração, até que estvesse presente em todos os membros de uma espéce. Exstram duas formas de varação genétca: uma parte é resultado de mutações em genes ndvduas, mas não é sufcente para explcar toda a varedade de formas observada na natureza, e a outra parte da varação é resultado de processos de recombnação genétca através da mtação e da reprodução. Além da mutação, a mtação e a recombnação são fundamentas: a mtação permte a dfusão de prátcas bem-suceddas pela população de

79 69 agentes, da mesma forma que a reprodução aumenta a freqüênca estatístca de genes bemadaptados na população de ndvíduos e a mutação ntroduz o elemento surpresa. Na analoga com a economa, as frmas tomam os lucros realzados (e não lucros máxmos) como medda de aptdão (ftness) em relação ao mercado (ambente) em que atuam. Frmas com comportamentos não adaptados vão à falênca e são substtuídas por outras com comportamentos novos, que serão postos em teste pelo mercado. A busca por lucros postvos num ambente de ncerteza é a forma pela qual Alchan tenta ntroduzr fontes de varabldade endógenas em seu modelo. Ele argumenta que, sem nformação completa, comportamento adaptatvo, mtatvo e baseado em tentatva-e-erro são escolhas raconas (ALCHIAN, 1950: 81). Sempre que frmas bem-suceddas fossem observadas, os elementos comuns a esses casos de sucesso seram assocados a ações bem-suceddas e copadas por outros em sua própra busca por lucros. Surgram aí prátcas baseadas em convenção markups, por exemplo, que embora parecendo à prmera vsta tradções sem base raconal, representaram na realdade a adoção de regras mtatvas coerentes com um ambente onde predomna a ncerteza. No aprmoramento da economa evoluconára feta por Nelson e Wnter em 1982, a correspondênca fundamental entre lucratvdade e aptdão é mantda, mas há o desenvolvmento da déa de tratar regras e hábtos de comportamento como guas de ação para as frmas frente a uma realdade permeada de ncerteza. Essas regras de comportamento - as rotnas, assumem assm o papel de análogos do genótpo na seleção econômca. As frmas passam a ser enxergadas assm como organzações que materalzam a nformação codfcada nas rotnas, atuando em favor de sua manutenção e propagação. Na lnguagem de Nelson e Wnter, as rotnas comportamentas seram os replcadores a estratéga que va ser replcada, as frmas seram nteragentes, a lucratvdade, a aptdão e o ambente, o mercado O Algortmo Genétco Incalmente descrto por John Holland (1975) 56, os algortmos genétcos foram elaborados para soluconar problemas de otmzação e seleção dos ótmos locas (BIETHAHN & NISSEN, 1995), até o uso, por John Mller (1986) e Robert Axelrod (1984), para seleção de estratégas em jogos evoluconáros, notadamente o Dlema dos Prsoneros. A partr daí, os 56 Ver Mtchell, 1996, Goldberg, 1989, ou Holland (1992) para uma resenha sobre o assunto.

80 70 algortmos genétcos passaram a ser usados com mas freqüênca em problemas econômcos de seleção em ambentes complexos 57. Desta forma, em algumas pesqusas econômcas, algortmos genétcos foram utlzados para modelar o comportamento e a nteração de agentes heterogêneos com raconaldade lmtada, sobretudo se possuíssem um comportamento adaptatvo, dando nsghts sobre a dnâmca e característcas de um determnado mercado (ALKEMADE, 2004). Segundo John Holland (1975), um agente possu comportamento adaptatvo se a ele pode ser atrbuído um valor relaconado à sua performance no ambente em que nterage, e assm este agente se comportará de forma a aumentar este valor no tempo. O AG, então, é um processo estocástco no qual um conjunto ncal (população) de rotnas codfcadas (cromossomos 58 ), é transformado em outro conjunto, melhor, em repetdas rodadas. Em cada rodada do AG ocorrem bascamente dos processos, a geração de varedade e a restrção de varedade. O processo de geração de varedade consste na cração de novos comportamentos rotnas, pelos agentes econômcos por meo da reprodução, ou aprendzado pela mtação, recombnação, que é o aprendzado pela comuncação, e a mutação, o aprendzado pela novação. Todos estes processos, ou operadores genétcos, utlzam rotnas antgas para encontrarem novas rotnas. O processo de restrção de varedade é comandado pelo operador genétco seleção. Prmero, a seleção avala o sucesso de cada rotna no ambente de nteração das estratégas o mercado, depos ela selecona somente as melhores rotnas, que rão fazer parte da nova população em um novo período. O processo se repete até que algum tpo de convergênca seja atngdo. 57 Um volume do Computatonal Economcs de 1995 fo dedcado exclusvamente às aplcaçoes de algortmos genétcos em economa, (Vol. l8, n Segmento de genes codfcados em números bnáros - zeros e uns. No caso do comportamento TfT, sendo C = 0 e D = 1, o cromossomo sera:

81 SELEÇÃO RECOMBINAÇÃO E MUTAÇÃO 71 FIGURA 4.1.: O Processo AG INÍCIO POPULAÇÃO REPETE O PROCESSO REPRODUÇÃO POPULAÇÃO DE PAIS POPULAÇÃO DE FILHOS (NOVA GERAÇÃO) Fonte: Elaboração própra. A seleção escolhe qual materal genétco rá ser reproduzdo na próxma geração. Quanto mas apto for o cromossomo, maor sua a chance de reprodução. O mas conhecdo esquema de seleção é aquele que é proporconal ao desempenho ou resultado (roulette whell selecton): a cada cromossomo é atrbuída uma parte do resultado fnal, sendo o tamanho da parte proporconal ao seu desempenho. Por exemplo, se um cromossomo tem desempenho duas vezes mas alto do que outro com desempenho médo na população (sto é, se um comportamento de uma frma resulta em lucratvdade duas vezes maor do que outra frma), ele terá uma probabldade de ser escolhdo para a reprodução duas vezes mas alta do que o cromossomo médo. Para cada comportamento da frma é determnada um resultado s (t), acumulado ao fm de cada período t, para determnar o desempenho do seu comportamento. n s ( t) r p r t 1, ( ) (5.1.) Sendo p,r (t) o resultado obtdo em uma rodada do Dlema dos Prsoneros pela frma na nteração n. A probabldade de um cromossomo j ser seleconado para a reprodução é dada por:

82 72 prob s ( t) j ( j) n (5.2.) 1 s ( t) A reprodução ocorre sobre uma parte ou o total da população ncal de cromossomos e é a repetção ou a clonagem dos cromossomos com os melhores desempenhos para composção da nova geração de cromossomos. Como dto, apenas os melhores cromossomos são seleconados com probabldade crescente de acordo com seu desempenho. Os melhores cromossomos possuem maor chance de serem seleconados e, devdo ao fato de poderem ser reproduzdos mas de uma vez, se espalham mas rapdamente dentro da população 59. A reprodução é fnalzada apenas quando todos os cromossomos consderados runs terem sdo substtuídos pelos bons e uma nova população de n cromossomos seja formada para que a recombnação e a mutação possam ocorrer, ou quando o número x 60 de cromossomos, prevamente determnado para sofrer reprodução, for alcançado. A recombnação é uma das formas de ntrodução de varedade no processo e é também chamada de operação de crossover. É a recombnação de cromossomos já exstentes (pas) para dar cração a novos cromossomos (flhos) e que ocorre com uma probabldade fxa, Pr (por exemplo 1:10). Cada flho recebe materal genétco de cada um dos pas. Exstem nfntas formas com as quas este operador pode ser aplcado em uma população de cromossomos. As três formas mas conhecdas de ocorrênca de crossover são as operações de um-ponto, de dos pontos e de três-pontos. Em um crossover de um-ponto, um ponto no cromossomo é seleconado aleatoramente para dvdr o cromossomo em duas partes e dos cromossomos de mesmo tamanho da nova geração (flhos) são crados por meo de uma recombnação das partes ndvduas dos cromossomos da geração mas antga (pas). O crossover de dos-pontos e o de três-pontos operam da mesma forma, exceto que dos ou três pontos no cromossomo, respectvamente, são seleconados para realzar a recombnação. A fgura abaxo representa o processo de recombnação de um-ponto. 59 Por exemplo, um cromossomo cujo desempenho seja gual ao da méda populaconal reproduz uma únca vez, um cromossomo com desempenho acma da méda, duas vezes, e um abaxo, nenhuma vez. 60 (x < n)

83 73 FIGURA 4.2.: O Processo de Recombnação GENITOR 1: RECOMBINAÇÃO FILHO 1: FILHO 2: GENITOR 2: Fonte: Elaboração própra. A mutação é a outra forma de ntrodução de varedade pelo processo de mudança aleatóra de um gene do cromossomo por outro, ou de um número bnáro por outro (por exemplo, a troca do 1 pelo 0 no bt número 6 de um certo cromossomo), em cada geração com uma probabldade fxa e baxa, Pm (por exemplo, 1:100 por cromossomo). A mutação é fundamental se a população de cromossomos for pequena, porque a mutação prevne uma convergênca prematura do modelo (HOLLAND, 1975). É devdo à mutação também que o processo não alcança um estado estaconáro, dado que sempre um novo elemento estará sendo ntroduzdo no modelo (GOLBERG, 1989). O que pode acontecer é uma espéce de convergênca de cromossomos vencedores, stuação quando os cromossomos se establzam no ambente de nteração, smplesmente porque possuem desempenho melhor do que qualquer outra cromossomo novador. A fgura abaxo descreve o processo de mutação. FIGURA 4.3.: O Processo de Mutação. MUTAÇÃO GENITOR: FILHO: Fonte: Elaboração própra. Assm, o prmero passo de um mecansmo do tpo AG é, portanto, gerar uma população ncal de n cromossomos compostos por números bnáros, que representam comportamentos de frmas que serão testados em um ambente, o mercado. O segundo passo é calcular o desempenho de cada cromossomo e reproduzr aqueles com o melhor desempenho para formar uma população de n melhores cromossomos. O tercero passo é escolher os pares de cromossomos da população anteror de acordo com uma dada probabldade para que srvam

84 74 de pas para uma geração futura de cromossomos. O quarto passo é, também com certa probabldade, mutar o par de cromossomos pas em um determnado número bnáro. Fnalmente, o últmo passo é formar uma nova população com os novos cromossomos escolhdos, reproduzdos, recombnados e mutados (MICHELL, 1996) Entendendo a Smulação Computaconal Nesta seção smulamos computaconalmente um mercado com duas frmas que possuem apenas duas opções de estratégas: cooperar C (estabelecer um preço mas alto do que a méda de mercado, p + ) ou não cooperar D (estabelecer um preço mas baxo do que a méda de mercado, p - )[AXELROD, 1984]. A suposção de que exstam somente duas escolhas possíves para cada rodada, sempre cooperar ou sempre não-cooperar, é altamente restrtva, porém, como o objetvo desta parte da tese é consegur fazer consderações sobre condções de mercado e de dnâmca que ensejam um comportamento colusvo, ela faz sentdo. Estas duas frmas dvdem os consumdores de seus produtos smlares, consumdores estes que optam pelo produto de menor preço. A cada nteração de mercado, ou rodada nos termos da smulação, a frma escolhe sua estratéga, C ou D, que, dada a estratéga escolhda pela outra frma, lhe confere certo resultado em termos de vendas e lucratvdade para aquela nteração. Ao fnal de um determnado número de nterações no mercado, a frma conseguu estabelecer um padrão de comportamento, uma rotna, que lhe confere certa lucratvdade, dada a rotna da sua rval. A rotna da frma em um mercado no período t ( t n r 1 r ) será determnada pelas estratégas (cooperar ou não-cooperar) que adotou nas nterações de mercado passadas (nas n rodadas passadas), consderando também as estratégas adotadas pela sua rval. É esta seqüênca de estratégas escolhdas pelas frmas em um mercado que nos possblta fazer algumas consderações sobre a emergênca de um comportamento colusvo (VILÁ, 2008 e 2009). Para capturar a dnâmca de mercado deve-se consderar o hstórco de rotnas de cada frma em cada período t, e aquele de sua rval, pos partmos do pressuposto que há uma nteração estratégca entre elas. Este hstórco é dado pelas escolhas estratégcas fetas pelas frmas a cada nteração de mercado (a cada rodada r), na qual cada frma pode escolher entre cooperar ou não-cooperar. Por exemplo, uma empresa poderá ncar uma nteração r no mercado

85 75 cooperando, e então, a cada nteração subseqüente, r+1, r+2, etc., poderá optar por mtar a estratéga da sua rval no passado, gerando um comportamento do tpo TfT, que lhe trará certo resultado em termos de lucratvdade ao fnal de n nterações (VILÁ, 2008 e 2009). Desta forma, o modelo deverá ser capaz de capturar a seqüênca de estratégas adotadas pelas duas frmas no mercado ao longo de suas nterações, seqüênca esta que resulta em um comportamento específco no período t (uma rotna) e que determnará seu desempenho em termos de lucratvdade. Desta forma, é possível representar o comportamento da frma em um mercado em determnado período por um conjunto de decsões estratégcas fetas em cada nteração entre frmas. Supondo-se que cada frma, A e B, possua apenas duas estratégas (C ou D), então na prmera nteração entre elas, temos as seguntes quatro possbldades de ações, dado que a frma A realzou o prmero movmento: Caso 1: CC Caso 2: CD Caso 3: DC Caso 4: DD No prmero caso, ambas as frmas cooperam e no segundo caso, enquanto a frma A coopera, a frma B desva. Para que se consga determnar qual o próxmo movmento da frma A, é precso estabelecer uma regra smples de comportamento, uma rotna que especfque a estratéga a ser adotada para cada caso ocorrdo. Desta forma, uma regra de ação para a frma A podera ser: Se CC (caso 1) então C Se CD (caso 2) então D Se DC (caso 3) então C Se DD (caso 4) então D Se os casos são ordenados de forma canônca, a rotna fnal da frma A podera ser expressa pelo conjunto de letras CDCD. Consdere um tornero do tpo do DPI que ncorpora as três nterações passadas da frma A e B (três jogos passados) para a tomada de decsão estratégca da frma A hoje, então haverá 64 possbldades de ações (AXELROD, 1997):

86 76 Caso 1: CC CC CC Caso 2: CC CC CD Caso 3: CC CC DC Caso 4: CC CC DD... Caso 64: DD DD DD Então, estes 64 casos são capazes de codfcar a rotna da frma A decorrente de três nterações com a frma B em um jogo do tpo DP. Assm, para representar uma rotna que codfque três nterações estratégcas entre duas frmas é necessáro um conjunto de letras com 64 elementos. Mas, para dar níco à construção desta combnação de 64 elementos representatvo de uma rotna de uma frma em um mercado, é precso utlzar mas ses letras que codfquem três movmentos hpotétcos passados 61. Isto é, para se construr um conjunto de letras que represente uma rotna de uma frma que decorra de três nterações estratégcas consecutvas, deverá ser utlzado um conjunto de letras com 70 elementos. Como cada elemento do conjunto de letras pode ser C ou D, o número total de rotnas possíves para as frmas, representados por esses conjuntos de letras, é de 2 70, mpossível de ser analsado e atrbuído desempenho manualmente. Por sso, a necessdade do uso de um mecansmo efcente de seleção ou busca da melhor rotna em ambentes complexos, como o AG (AXELROD, 1987). Para usar um conjunto de letras como representante de uma rotna, a frma A grava cada ação tomada no jogo anteror (por exemplo, CD), encontra o número deste caso na tabela de casos representatvos mostrada abaxo (para CD, =2), e realza a ação, em termos de escolha estratégca, para o próxmo jogo (para =2, a ação é D). A tabela abaxo fo montada de forma a ordenar, na coluna ação, as estratégas escolhdas pelas frmas A, dado o hstórco de estratégas escolhdas por ela, A, e pela sua rval, B, tal que: a prmera ação de A seja a sua prmera escolha estratégca (=0, C ou D); a segunda ação de A seja aquela resultante da resposta da rval, a frma B, à sua prmera escolha (=1 ou =2); a tercera ação, a dervada do prmero par de estratégas escolhdas por A e B (=3, ou =4, ou =5, ou =6); e, por fm, a quarta ação, a dervada de um tro de estratégas de A e de B (= 7 ou,..., =70). 61 Esta déa é de Robert Axelrod (1984, 1987).

87 77 Tabela 4.1: Exemplo do códgo de uma rotna para o comportamento TfT da frma A Bt HISTÓRIA AÇÃO Bt HISTÓRIA AÇÃO Bt HISTÓRIA AÇÃO 0 1 ação C 24 CD CC CD D 48 DC DC CD D 1 Rval C C 25 CD CC DC C 49 DC DC DC C 2 Rval D D 26 CD CC DD D 50 DC DC DD D 3 Rval CC C 27 CD CD CC C 51 DC DD CC C 4 Rval CD D 28 CD CD CD D 52 DC DD CD D 5 Rval DC C 29 CD CD DC C 53 DC DD DC C 6 Rval DD D 30 CD CD DD D 54 DC DD DD D 7 CC CC CC C 31 CD DC CC C 55 DD CC CC C 8 CC CC CD D 32 CD DC CD D 56 DD CC CD D 9 CC CC DC C 33 CD DC DC C 57 DD CC DC C 10 CC CC DD D 34 CD DC DD D 58 DD CC DD D 11 CC CD CC C 35 CD DD CC C 59 DD CD CC C 12 CC CD CD D 36 CD DD CD D 60 DD CD CD D 13 CC CD DC C 37 CD DD DC C 61 DD CD DC C 14 CC CD DD D 38 CD DD DD D 62 DD CD DD D 15 CC DC CC C 39 DC CC CC C 63 DD DC CC C 16 CC DC CD D 40 DC CC CD D 64 DD DC CD D 17 CC DC DC C 41 DC CC DC C 65 DD DC DC C 18 CC DC CC C 42 DC CC DD D 66 DD DC DD D 19 CC DD CC C 43 DC CD CC C 67 DD DD CC C 20 CC DD CD D 44 DC CD CD D 68 DD DD CD D 21 CC DD DC C 45 DC CD DC C 69 DD DD DC C 22 CC DD DD D 46 DC CD DD D 70 DD DD DD D 23 CD CC CC C 47 DC DC CC C Fonte: Elaboração própra. A tabela acma mostra, por exemplo, como um comportamento do tpo TfT pode ser codfcado por meo do esquema conjunto de letras apresentado. O resultado é um códgo com 70 letras (64 representando as três nterações de mercado atuas e 6 representando os três movmentos ncas do jogo) que representa uma rotna para a frma A: CDCDCDCDCDCDCDCDCDCDCDCDCDCDCDCDCDCDCDCDCDCDCDCDCDCD CDCDCDCDCDCDCDCDCD 4.4. Cenáros Smulados e Resultados Como o objetvo desta tese é estudar quas as condções de emergênca da cooperação e com sso obter nsghts sobre a nterdependênca estratégca entre empresas e não estudar o funconamento dos mecansmos do AG, optamos por crar cenáros em que tas condções possam ser analsadas 62. Por sso, a escolha em se testar a nfluênca da dferença entre os ganhos com a cooperação e a defecção para frmas em uma stuação do tpo do DP faz mas sentdo, pos retrata o cerne do paradgma CDP. Isto é, o que fazemos aqu é crar três cenáros dversos em que, por meo da análse da dferença entre os ganhos e as perdas da cooperação para duas frmas em uma stuação de DP, possamos apreender algo sobre a nterdependênca estratégca entre elas. Neste sentdo, traçamos nossa prmera dferença com 62 Esta déa é smlar a do economsta espanhol Xaver Vlá (VILÀ, 2009).

88 78 o trabalho de Robert Axelrod (1987): ênfase maor nas condções da emergênca da cooperação e não na efcênca do nstrumento de seleção (o AG) 63. Suponha duas frmas jogando o Dlema dos Prsoneros, do qual gera-se uma matrz de payoff como a do Quadro 4.2. Quadro 4.2 Matrz de Pay-Off do Dlema dos Prsoneros C D C X; X Z; W D W; Z Y;Y Fonte: Elaboração própra Se uma frma desva smultaneamente ao desvo de sua rval, de tal forma que ambas ganhem Y, por exemplo, o resultado fnal para a empresa será Yr depos de r períodos de nteração (rodadas) no mercado. Da mesma forma, se ambas as frmas cooperarem, o resultado será de Xr, após r rodadas. Por exemplo, se uma frma com rotna CCDDDC encontra outra frma com rotna DCCDDD, o resultado da prmera sera Z+X+W+Y+Y+Z e o da segunda W+X+Z+Y+Y+W. O que fazemos aqu é estudar como o dferencal entre os ganhos e perdas com a cooperação nfluem na sua emergênca, o que nos permte entender algo sobre a mportânca da nterdependênca estratégca entre frmas para a obtenção de resultados ótmos ou não. Os ganhos e as do jogo remetem ao aumento do valor de X em relação a W de nosso jogo representado pelo quadro 4.2. Como vsto, a cooperação é possível de ocorrer se 2X > W+Z. O que se espera obter é que quanto maor a dstânca entre os valores X e W menor o benefco com a cooperação e, desta forma, menos provável será a sua ocorrênca. Análse smlar já fo feta por alguns autores preocupados com a robustez do trabalho de Axelrod e que nvestgaram a possbldade da escolha dos pay-offs para as dversas frmas estar nfluencando os resultados da smulação de um jogo de cooperação como o nosso. O autor D. B. Fogel (1993) encontrou que, quanto menor o valor de W maor a chance de a cooperação prosperar e Olver Krchkamp (1995), na mesma lnha, corroborou com a hpótese de que a cooperação é mas fácl de emergr quanto mas rrelevante for o valor de W no jogo. Isto é, 63 Na verdade, o objetvo de Robert Axelrod era ratfcar os resultados de seus torneos.

89 79 para ambos os autores, quanto menor o ganho com a defecção, maor a chance de a cooperação prosperar. No entanto, os autores não fazem em seus trabalhos uma análse sobre a relevânca da cooperação e sua nfluenca sobre os resultados de mercado nem sobre a nteração estratégca entre agentes. Para esta smulação 64, feta em LSD 65, cramos um conjunto ncal aleatóro de 50 rotnas para serem testadas por duas frmas, A e B, por período. Cada período t é composto por 70 rodadas e a cada rodada uma rotna é escolhdo para cada uma das frmas para que essas nterajam em um jogo do tpo DP e gerem um determnado resultado. Após 2500 nterações ou encontros 66, todas as rotnas foram confrontadas duas a duas e lhe foram atrbuídos resultados para que o desempenho relatvo de cada uma pudesse ser calculado. Como cada rotna fo testada mas de uma vez e com dferentes pares, uma méda de seu desempenho fo feta para o cômputo fnal. Isto é, o desempenho de cada rotna usada por cada frma fo dado por meo de uma méda das 70 rodadas de seus 1275 encontros. Aqu está a segunda dferença com o trabalho de Robert Axelrod: este autor confronta 20 estratégas pré-estabelecdas aleatoramente com oto estratégas fxas dervadas de seus torneos concretos (AXELROD, 1984:38) 67. No fnal de um período, então, um novo conjunto de rotnas que a frma pode utlzar é formado pelos operadores do algortmo genétco seleção, reprodução, recombnação e mutação. Das 50 rotnas ncas, 30 são seleconadas de acordo com seu desempenho para reprodução e as 20 restantes para recombnação e mutação. Essas 20 rotnas sofrerão a recombnação de um-ponto, com probabldade de 20:50, sendo escolhdas aleatoramente para pareamento, e dentre elas apenas 01 sofrerá a mutação, que também ocorre de forma aleatora, com probabldade de 1: Para o alcance convergênca de rotnas, foram necessáros 50 períodos por cenáros smulados 69. A segur mostramos as etapas das smulações. 64 Sobre detalhes da metodologa e construção da smulação ver Goldberg, 1989 e Mchell, Laboratory for Smulaton Development. Ver Valente, Pela smetra da matrz de pay-off o confronto de 50 comportamentos/ estratégas dos-a-dos gera apenas 1275 resultados úncos. 67 O que fazemos é um tpo de co-evolução de comportamentos, o que aumenta a complexdade do ambente de nteração, pos o desempenho de uma estratéga dexa de ser absoluto e passa a ser relatvo e dependente da estratéga utlzada pelo outro jogador (MILLER, 1996). 68 Outras probabldades foram testadas sem alteração do resultado (25:50 e 5:50, combnados). 69 Na verdade a convergênca já ocorre a partr da vgésma geração.

90 80 Quadro 4.3.: Etapas da Smulação Computaconal I. Geração aleatóra de 50 cromossomos ndexados por, em t = 1; II. Confrontar, dos-a-dos, os 50 cromossomos e determnar seu resultado, s (t). III. Seleconar os 30 cromossomos com melhor desempenho, de acordo com a probabldade dada por 5.2, para reprodução; IV. Crar 20 novos cromossomos a partr de 20 pas escolhdos aleatoramente na população ncal segundo o esquema abaxo: a. Escolher aleatoramente dos cromossomos pas para recombnação e orgnar 20 novos cromossomos flhos ; b. Dentre os vnte novos cromossomos gerados pela recombnação, flhos, mutar aleatoramente um; V. Incrementar t em 1 (próxma geração), e repetr os passos a partr de II. Fonte: Elaboração própra. A escolha dos parâmetros do algortmo genétco fo feta depos de uma análse de sensbldade que confrmou que os resultados obtdos se mantveram mesmo com varações das taxas de probabldade de recombnação e mutação e também do número de cromossomos na população ncal. Já a escolha da matrz de pay-off fo dtada pela lteratura em jogos repetdos, que desde o trabalho de Robert Axelrod (1984) atrbu ao X valor de 3, ao W valor de 5, ao Y valor de 1e ao Z valor de 0. Com esta matrz de pay-off, o autor chegou ao resultado aproxmado de cooperação, já que obteve como melhores estratégas escolhdas pelo seu AG uma estratéga com base na recprocdade, do tpo TfT (AXELROD, 1984). Quadro 4.4 Matrz de Pay-Off de DP Básco C D C 3; 3 0; 5 D 5; 0 1;1 Fonte: Elaboração própra A nossa experênca com o AG mostrou que além de ser um ótmo seleconar de melhores alternatvas entre uma gama muto extensa de possbldades, ele é um mecansmo altamente especalzado em desenvolver adaptações nos agentes em ambentes complexos (raconaldade lmtada e ncerteza).

91 81 Smulação 1: X = 3 e W = 6 Nesta prmera smulação, na qual o resultado para o agente que desvar, dada a cooperação de seu concorrente, é de W = 6, e aquele em que ambos cooperam é de X = 3 para cada um, a cooperação não emerge, já que as empresas adotam um comportamento de desvo ndependente do que a oponente fzer. Isto porque o benefíco em cooperar não é tão atraente para fazer com que as empresas abram mão da possbldade de maor ganho com a defecção, caso as rvas estejam cooperando. O pay-off médo obtdo ao longo das 50 gerações fo de 1.15., com convergênca para 1.00 após vnte gerações. Quadro 4.5: Matrz de Pay-Off da Smulação 1 C D C 3; 3 0; 6 D 6; 0 1;1 Fonte: Elaboração própra. Smulação 2: X = 3 e W = 5 Nesta segunda smulação, na qual o resultado de desvo é de W = 5, e aquele em que ambas as empresas cooperam é de X = 3, a cooperação também não emerge, mas fo possível detectar a convergênca para estratégas baseadas na recprocdade, como a TfT, e que revelam duas característcas sobre o comportamento dos agentes: ) as empresas sabem se defender contra trações; e ) as empresas são capazes de explorar os benefícos da cooperação mútua. O payoff médo obtdo fo de 2.50, com convergênca para 2.65 após vnte gerações. Quadro 4.6: Matrz de Pay-Off da Smulação 2 C D C 3; 3 0; 5 D 5; 0 1;1 Fonte: Elaboração própra.

92 82 Smulação 3: X = 3 e W = 4 Nesta tercera e últma smulação, na qual o resultado em que um agente desva enquanto o outro coopera, recebendo W = 4, e aquele em que ambas cooperam é de X= 3, a cooperação é o comportamento mas adotado pela frmas, pos cooperar traz um pay-off relatvamente mas benéfco para as frmas ao longo do tempo. O pay-off médo obtdo fo de 2.85, com convergênca para 3.00 após, aproxmadamente, vnte gerações. Quadro 4.7: Matrz de Pay-Off da Smulação 3 C D C 3; 3 0; 4 D 4; 0 1;1 Fonte: Elaboração própra. Os resultados da smulação para os três cenáros são mostrados no gráfco abaxo. Como vsto, a estratéga de defecção e de recprocdade predomnam nos dos prmeros cenáros em que o benefíco com a mútua cooperação anda não é alto o sufcente para persuadr os agentes a adotarem o comportamento sempre cooperar. O pay-off médo do prmero cenáro (S1) fo 1.15, evdencando o resultado não-cooperatvo em que ambos agentes recebem Y=1. No caso do segundo cenáro (S2), o pay-off médo fo de 2.50, evdencando a escolha de estratégas com base na recprocdade. Segundo John Mller (1996), a estratéga TfT atngra um resultado médo de 2.75, enquanto que um resultado médo entre 2.25 e 2.75 representara a escolha de estratégas mstas, com alguma base de recprocdade, mas sem benefco sufcente para a emergênca da cooperação (alguns períodos de desvo em que ambos os agentes recebem Y=1 e mutos períodos de cooperação, em que recebem X=3). Por fm, a cooperação emerje no tercero cenáro (S3), com pay-off médo de 2.85, mas convergênca para 3.00 a partr da vgésma geração (X=3).

93 PAY-OFF 83 Gráfco 4.1: Resultado do pay-off médo das smulações 1, 2 e 3 para os 50 períodos. RESULTADOS S1, S2, S3 3,5 3 2,5 2 1,5 1 0, GERAÇÃO S1 S2 S3 Fonte: elaboração própra. O gráfco acma nos mostra que a estratéga vencedora das prmeras gerações das três smulações (S1, S2 e S3) é uma estratéga msta com base na recprocdade e pay-off médo de 2,25. No entanto, até a décma geração o que se percebe, com o declíno acentuado do pay-off médo, é que regras menos cooperatvas desempenham melhor do que regras mas cooperatvas. Isto ocorre porque nas prmeras nterações entre agentes exstem poucas estratégas recíprocas-postvas, sto é, com capacdade de responder a uma cooperação cooperando. Então, quando a estratéga em confronto do agente rval é o tpo recíprocanegatva (responde a uma defecção desvando), a melhor resposta do agente é escolher uma estratéga de desvo. Incalmente, na prmera população, as estratégas são geradas aleatoramente, o que faz com que a melhor resposta em tal ambente seja desvar. A nãocooperação é a regra para as nterações ncas. O problema é que o desvo mútuo faz com que os jogadores recebam pay-offs cada vez menores, chegando a 1.05 para S1, 1.35 para S2 e 1.50 para S3. Assm, devdo à obtenção de resultados medíocres, após aproxmadamente dez gerações, a tendênca ao desvo começa a se reverter para a segunda e tercera smulações: alguns jogadores passam a escolher estratégas de recprocdade postva, possbltando um resultado em termos de pay-off alto, ao mesmo tempo em que são capazes de desvar ao encontrar jogadas baseadas em estratégas do tpo recíproca-negatva, não se dexando explorar pelo jogador rval. O pay-off médo da população começa a se elevar quanto mas presentes forem as estratégas postvas na população de estratégas. Enquanto sempre desvar é uma estratéga

94 84 ótma em ambentes randômcos, com o passar das gerações e a formação de uma população de estratégas com melhores desempenhos, uma estratéga novadora que consegur atngr a cooperação mútua poderá ter bom resultado. Portanto, o ambente com prevalênca de desvo e da não-cooperação e não-recprocdade benéfca reverte-se para um ambente no qual é possível dscrmnar as estratégas recíprocas postvas daquelas negatvas. Como esta recprocdade postva desempenha muto bem em um ambente de baxo pay-off médo, acaba sendo dssemnada na população de estratégas resultando cada vez mas em mas cooperação, maor efcênca e resultados postvos. A conclusão obtda com a nossa smulação fo a emergênca da cooperação: a cooperação entre frmas além de possível é provável quando a nteração estratégca entre eles é freqüente. Quando se possblta aos agentes nteragrem entre s e aprenderem com seus erros e seus acertos, mesmo em ambentes complexos, de raconaldade lmtada e ncerteza, a cooperação é a melhor solução para as frmas que buscam maxmzar lucros: o AG nos mostrou que a cooperação emerge como estratéga ótma quando os agentes nteragem reteradamente até perceberem que o benefco da mútua cooperação é maor do que o do desvo. Desta forma, uma clara lção pode ser trada deste expermento. Prmero, que a emergênca da cooperação é provável se consderarmos que o benefco de cooperar é maor do que o de desvar e que a nteração entre agentes acontece repetdamente no tempo. Segundo, que o comportamento mas raconal para um agente enfrentando um problema do tpo do Dlema dos Prsoneros Iterado é agr com recprocdade: nas prmeras nterações os agentes são cautelosos e adotam estratégas não cooperatvas, mas com o passar das nterações e com o ganho de confança no rval, o agente é capaz de empregar uma estratéga cooperatva buscando ser segudo ou smplesmente responder com cooperação a uma estratéga cooperatva, sem, no entanto, se dexar ser explorado, já que é capaz de punr o desvo do rval com gual attude. Por fm, que não se pode compreender um ambente de nteração entre agentes (ou um mercado com nteração entre frmas) consderando-se estas relações de forma espaçada ou solada. Por exemplo, se analsarmos as prmeras gerações do nosso DPI encontraríamos uma população de estratégas não-cooperatvas como as mas bem suceddas para aquele ambente gerado de forma randômca, ao passo que se analsarmos as últmas gerações apenas, a emergênca da cooperação sera tda como trval para qualquer DPI com matrz de pay-off em

95 85 que 2X > W+Z. É precso entender o processo e a dnâmca da nterdependênca estratégca para entender a emergênca da cooperação. Isto é, somente com a análse da trajetóra da varável conduta da empresa é que consegumos entender o real funconamento de um mercado que mmetza o problema do Dlema dos Prsoneros, o conflto entre competção e cooperação. As frmas ncam suas nterações de mercado com receo do comportamento de suas rvas e vão adqurndo confança com o desenvolvmento do processo de concorrênca, no qual o aprendzado e a adaptação são fundamentas e ensnam às empresas aprovetarem as stuações de conluo e a se defenderem das stuações de competção. Conclusão O que vmos neste capítulo é que a emergênca da cooperação é possível e provável. Ela é possível quando as empresas de um mercado nteragem entre s e passam de uma relação de desconfança, traduzda pelo desvo, a uma relação de confança, traduzda pela cooperação. Ela é provável quando as empresas passam a se benefcar do acordo. Mas, dada a possbldade da colusão, o que deve ser feto é uma análse do processo de nteração estratégca entre as frmas no mercado, consderando também o tpo de estrutura de mercado, os ncentvos de desvo e punção e o grau de smetra das frmas. Esta análse servrá de embasamento teórco e empírco para a avalação dos efetos coordenados decorrentes de um ato de concentração. O problema é que anda resta muto a ser feto. Atualmente, a avalação anttruste da coordenação entre empresas resultante de um ato de concentração é dscrconára, baseada em uma lsta de checagem de tens facltadores de colusão e muto raramente com fundamentação em alguma modelagem que consdere a nteração estratégca entre as frmas de forma dnâmca, adaptatva, enfm, evoluconára. Isto é, quando a coordenação entre frmas é analsada, raramente se consdera que a competção no mercado é um processo dnâmco de aprendzagem e evolução no qual a nteração estratégca entre frmas é determnada pelas condções de mercado. Exste, assm, uma dfculdade de capturar a dnâmca e a evolução da cooperação. No próxmo capítulo será apresentada uma metodologa que consdera a competção de mercado um processo evolutvo e com sto buscamos entender um pouco melhor sobre a evolução da cooperação.

96 86 5. A EVOLUÇÃO DA COOPERAÇÃO Ao se falar em efeto coordenado necessaramente é consderar que a nteração estratégca entre as frmas de um mercado é a varável chave para a colusão, na medda em que um ato de concentração estmula uma mudança no comportamento das empresas, de um estado de decsão ndvdual não cooperatvo para um de decsão conjunta cooperatvo. Assm, a questão fundamental por trás da análse dos efetos coordenados é consderar a nteração estratégca entre frmas como decorrente de um processo compettvo que envolve tanto a conduta das empresas como a estrutura do mercado. O objetvo deste capítulo é, portanto, analsar a emergênca da cooperação e sua evolução por meo de um modelo baseado em agentes construídos bottom-up capaz de captar a conduta empresaral para dferentes estruturas de mercados, com ênfase naquelas que geram resultados colusvos. Para tanto está dvddo em quatro seções, além desta ntrodução e uma conclusão. A prmera seção faz referênca à teora da cooperação entre empresas e a segunda elenca os fatores facltadores da colusão. A tercera seção explca o modelo e a metodologa utlzados para captar a evolução da cooperação e a nteração estratégca entre empresas, enquanto a quarta seção apresenta as smulações computaconas e seus resultados A Cooperação entre Empresas A déa da colusão como resultado da nterdependênca estratégca entre frmas ganhou ênfase em 1964 com o estudo de George Stgler, que usou nsghts da teora dos jogos para deduzr as condções de mercado que conduzram à coordenação em preços. O conluo tácto, então, passou a ser modelado como um equlíbro de um jogo repetdo nfntas vezes, o que permte comparar os ganhos medatos de um desvo com as perdas recebdas pela punção sofrda, caso o comportamento não-cooperatvo seja dentfcado pelas frmas rvas. A questão relevante para a colusão é a ncorporação do conceto de nteração estratégca entre frmas, sto é, do fato de que cada frma consdera, para a sua tomada de decsão, a nterdependênca com as suas rvas (STIGLER, 1964). Jean Trole também apontou para a relevânca da nteração estratégca em mercados olgopolstas, sobretudo para a geração da cooperação entre frmas concorrentes (TIROLE, 1988). A utlzação de um de um jogo dnâmco é capaz de captar de forma mas precsa as nterações estratégcas entre as frmas de

97 87 um mercado e assm constatar se estas nterações serão coordenadas resultando em conluo ou não. A colusão surge da nteração dnâmca entre frmas em um mercado. Ao decdr entre cooperar com a manutenção de um preço de colusão ou desvar do acordo, as empresas precsam conjecturar sobre a conduta futura de suas rvas com base no comportamento passado e expectatva do comportamento futuro. A colusão emerge quando as frmas conjecturam que qualquer tentatva de redução de preços será seguda por uma retalação dos competdores. Como a retalação acontece no futuro enquanto que os desvos geram lucros medatos, a habldade para a coordenação tácta depende da mportânca relatva dos lucros correntes comparados com os lucros futuros (TIROLE, 1988). O jogo repetdo nfntamente utlzado para a análse do conluo consdera que o resultado compettvo é aquele dervado do comportamento de maxmzação de lucro das frmas em um jogo estátco, ou o seu equlíbro de Nash. Este jogo deve ter a estrutura do já referdo Dlema dos Prsoneros, no qual se as frmas agrem de forma cooperatva (C), dvdem o mercado e obtém lucro de monopólo ou smlar 70, M. Quando agem de forma não- 2 cooperatva a empresa aufere, soznha, o lucro de monopólo, enquanto sua rval, se estver cooperando, nada ganha. Se ambas não cooperarem (D), restam-lhe lucros menores, compettvos, π C. Quadro 5.1: matrz de pay-off típca do Dlema dos Prsoneros C D M M C ; 0; π M 2 2 D π M ; 0 π C ;π C Fonte: Elaboração própra. Se o jogo fosse estátco, de apenas uma rodada, o resultado sera o equlíbro de Nash, (D;D). Se o jogo fosse repetdo, mas fnto, as frmas ram prever que na últma rodada as estratégas escolhdas seram as não cooperatvas, (D;D), e desta forma, antecparam este resultado nevtável, gerando a mesma solução do jogo estátco. Mas, caso o jogo fosse repetdo 70 Lucro auferdo com o estabelecmento de um preço lmte que mpeça a entrada de nova empresa no mercado.

98 88 nfntamente, os jogadores poderam consderar o horzonte nfnto e comparar ganhos futuros com perdas presentes. A colusão, então, pode ser sustentada se as frmas atrburem peso sufcente aos lucros futuros advndos da cooperação, peso este refletdo pelo fator de desconto ntertemporal δ (fator de desconto não pequeno, 0<δ,<1), em detrmento das perdas com a punção ao desvo no presente. Para exemplfcar, baseado em Jean Trole, 1988, e Marc Ivalde e outros, 2004, suponha que duas frmas produzam um bem homogêneo com o mesmo custo margnal c. A competção va preço estabelecera que P = c e lucro zero para as frmas. Mas as frmas engajam em um acordo para sustentar um preço de monopólo ou preço-lmte P M > c, dvdndo o mercado e ganhando cada uma metade de π M = (P M c) D(P M ), ao estabelecer que qualquer desvo sobre o preço de colusão gerará uma guerra de preços e a reversão para P = c e lucro zero. Se as frmas possuem o mesmo fator de desconto ntertemporal sobre o futuro δ (δ = 1/1-, em que é a taxa de juros), então, o lucro da colusão será: 2 M 2 M 2 2 M... 2 M 2 (1...) (5.1.) Se, por outro lado, uma das frmas desvar do acordo, capturará todo o mercado e receberá o lucro de colusão ou de monopolsta π M, mas a guerra de preços que segurá a esta conduta tradora elmnará qualquer possbldade de lucro futuro. Então, a frma rá sustentar o preço de colusão se: 2 M 2 (1...) M (5.2.) Isto é, se: * 1 (5.3.) 2 Neste exemplo smples, as frmas são capazes de manter a colusão quando o peso posto na lucratvdade futura está acma de um valor referênca, δ*, que revela, em últma nstânca, as característcas do mercado quanto à sustentabldade da colusão. Por sso, se as frmas valorzam mas o futuro (sto é, se são mas pacentes), a colusão poderá ser sustentada

99 89 (TIROLE, 1988). Se o fator de desconto de um mercado como este for maor do que o valorreferênca, qualquer preço de colusão poderá ser sustentado, nclusve o preço de monopólo. Mas se o fator de desconto for menor do que o valor de referênca, a colusão não será sustentável e a competção renará com preço sendo cobrado ao nível do custo margnal (IVALDI et al, 2004). A colusão é mas fácl de ser sustentada quando o fator de desconto referênca é baxo e a sua determnação ndca a facldade ou não de um acordo entre frmas. Com o objetvo de mensurar como as característcas do mercado nfluem na possbldade de colusão, deve-se observar como estas característcas afetam o valor crítco. Um fator de mercado facltador de coordenação rá reduzr o fator de desconto crítco, enquanto que as característcas de mercado que dfcultam a colusão rão aumentá-lo. Desta forma, exstem duas condções necessáras, dervadas do paradgma CDP, para que um conluo seja efcaz no seu objetvo de elevar os lucros de seus partcpantes: ) os ganhos com o desvo não superam as perdas potencas; e ) as frmas preferem retalar a acomodar um potencal desvo (MOTTA, 2004). Algumas condções de mercado afetam as condções necessáras descrtas e nfluencam na sustentação do conluo, agndo de forma a facltar ou dfcultar uma colusão (MATSUMURA e MELLO, 2005). Estes fatores são estudados abaxo Os Fatores de Mercado Relevantes para a Cooperação Mutos fatores são facltadores de colusão. Prmero exstem algumas varáves estruturas que tornam a coordenação em preços ou quantdades mas provável, como o número de competdores, barreras à entrada, a nteração dnâmca entre frmas e a transparênca do mercado. Segundo, exstem característcas da demanda que podem afetar a colusão: crescmento, estagnação ou declíno do mercado e dferencação de produto. Tercero, há característcas típcas de oferta que são mas propícas para a realzação de um acordo, tal como a taxa de novação do mercado, establdade da tecnologa e smetra de capacdade, produção e custos (STIGLER, 1964). Nas próxmas págnas dscorrere sobre algumas delas.

100 Varável Estrutural: o Número de Competdores Se uma fusão elmna um dos competdores sgnfcantes do mercado, a colusão se torna mas sustentável. Isto porque quando menor o número de competdores, mas fácl é encontrar um ponto focal 71 (um consenso tácto e fácl de ser captado sobre o preço venddo ou a quantdade ofertada), partcularmente se as frmas são smétrcas. Além da facldade do consenso e estabelecmento do ponto focal, um menor número de competdores aumenta a receta esperada da empresa sob colusão na dvsão do lucro e torna o desvo mas fácl de ser detectado, pos a perda em vendas das rvas será mas sgnfcatva. Jonathan Baker chamou o número reduzdo de empresas como fato facltador de cooperação de Hstóra do Jantar, já que do mesmo modo que a exstênca de poucas frmas faclta a coordenação, agendar um jantar para quatro pessoas é mas fácl do que para cnco, dada a dsponbldade de horáro das pessoas. Em ambos os casos, quanto maor o número de agentes, maores as dvergêncas quanto ao ponto focal (datas para o encontro, para Baker). Para ele, é por este motvo também que fca dfícl montorar frmas que quebram o acordo quando o número de frmas é alto (BAKER, 2002, pg. 139). Veja o exemplo com n frmas (TIROLE, 1988): n M 2 M 1 M M M n n n (5.4.) * n 1 1 (5.5.) n O valor crítco agora depende do número de frmas, sendo maor quando maor o número de competdores. A sustentabldade da colusão é, por sua vez, progressvamente menor. Mas, por outro lado, é mportante lembrar que a fusão aumenta o ganho para cada frma com o desvo do conluo, pos ao cortar preços, a empresa rouba partcpação de mercado de todos seus competdores, e se agora cada uma possur uma parcela maor de mercado, dado o aumento da concentração, ganha relatvamente mas do que antes. E mas, se a concentração 71 A teora dos pontos focas é um método de comuncação sutl para a coordenação em preços ou quantdades desenvolvda por Thomas Schellng (1969).

101 91 reduzr o número de frmas, mas aumentar sua assmetra, o resultado será ambíguo, como veremos mas adante Varável Estrutural: as Barreras à Mobldade A colusão é dfícl de ser sustentada se não exstem barreras à entrada ou saída no mercado (lvre mobldade e/ ou alta possbldade de entrada potencal). Isto porque, prmero, na ausênca de barreras à entrada, qualquer tentatva de manter preços acma do nível compettvo estmulara a entrada de um novo competdor e corroera a possbldade de lucro de colusão. Segundo, a lvre saída ou a nexstênca de custos rrecuperáves 73 (BAUMOL et al, 1989) torna as empresas não comprometdas com o mercado, provocando estratégas htand-run (TIROLE, 1988). Tercero, a possbldade de entrada futura (entrada potencal) reduzra o escopo para a retalação e lmtara a sustentabldade do acordo. A déa básca é a de que as frmas têm pouco a perder com a retalação futura se nova entrada é possível e provável de ocorrer (se a contestabldade é alta). Suponha, no nosso exemplo anteror de duopólo e produto homogêneo (TIROLE, 1988, e IVALDI et al, 2004), que a probabldade de entrada de uma frma seja μ e que P=c. Caso a entrada não ocorra, ambas as frmas poderão coludr, estabelecendo o preço que leva ao lucro de monopólo ou colusão π M, enquanto que retalando, quando uma das frmas desvar do preço de monopólo ou colusão, leva à obtenção de P=c e lucro zero. Então: 2 M * M M M M 2 M (5.6.) O valor crítco δ* neste caso aumenta com a probabldade de entrada μ: mas fácl a entrada, mas dfícl de se sustentar a colusão. Mercados com altas barreras à entrada são mas susceptíves à coordenação entre empresas. Barreras à entrada estão relaconadas, sobretudo, 72 Portanto, uma fusão que torna a dstrbução de atvos mas smétrca pode gerar mas ncentvos ao conluo, o que torna a utlzação do HHI um pobre prevsor dos efetos coordenados (Kuhn, 2004). 73 Atvos específcos para a teora dos custos de transação.

102 92 com dferencação de produto e vantagens absolutas de custos 74. No caso da exstênca de capacdade ocosa, o resultado é ambíguo pos, se por um lado, a frma que opera com capacdade ocosa possu maor ncentvo para desvar, por outro, se as rvas também operarem da mesma forma, a punção será ntensa Varável Estrutural: a Freqüênca da Interação A freqüênca da nteração entre as empresas de um mercado é muto relevante para a colusão, já que as frmas acham mas fácl sustentar uma coordenação de preços quando nteragem repettvamente em um mercado. Isto porque as frmas podem reagr mas rapdamente quando conhecem suas rvas. F. Mke Scherer e Davd Ross já lustraram este fato pela medda do governo estadundense de prevenção à colusão va a compra de vacnas em grande quantdade para evtar a realzação de lelões peródcos, lmtando a nteração entre os lctantes (SCHERER e ROSS, 1980). Para capturar esta déa, suponha o mesmo duopólo no qual as frmas nterajam apenas a cada T períodos. Uma nteração mas freqüente sgnfca menos períodos de espera para o desvo ou retorno à cooperação (IVALDI et al, 2004). Então, a colusão se sustentará se: 2 M * T 1 2T 1 2 T 1/ T... M (5.7.) O valor crítco aumenta com T: quando as frmas nteragem espaçadamente (maor T), o custo percebdo de uma retalação futura é menor e a colusão mas dfícl de ser sustentada. Quando a nteração é mas freqüente (menor T), a retalação acontece mas rapdamente. O mesmo pode ser dto para o ajuste de preços. 74 Há uma controvérsa entre os tpos de barreras à entrada propostas por Ban (1956) e Stgler (1964), baseada no fato da barrera ser nerente à ndústra (economa de escala) ou da frma (assmetra de custos).

103 Varável Estrutural: a Transparênca e Smplcdade de Mercado A colusão é mas fácl de ocorrer quando as frmas são capazes de observar os preços e as quantdades das competdoras do mercado, sto é, quando o mercado é transparente. Isto porque a plena nformação sobre o mercado é requerda para tornar o consenso vável, detectar os desvos e dar vabldade às punções. Por exemplo, se as transações tpcamente envolvem termos muto complexos, que não estão padronzados e varam entre os consumdores, a coordenação de preços torna-se dfícl. Ou anda, quando uma concentração vertcal entre um fabrcante e o seu dstrbudor permte que este últmo tenha melhor acesso às estratégas do mercado em relação a todos os outros competdores, o que lhe dá uma vantagem sobre os demas, a coordenação torna-se dfícl. A ncerteza afeta o mercado, pos caso houvesse total smplcdade e transparênca qualquer desvo sera detectado pelos rvas, que perceberam a redução em suas partcpações de mercado. O Gudelnes, explctamente, dscute a questão da smplcdade e transparênca do mercado como fatores determnantes do alcance do consenso, detecção e punção de um acordo entre frmas. Segundo ele, as mperfeções (complexdades) causam uma queda na lucratvdade de se abdcar dos termos da coordenação, podendo até tornar o conluo não desejável (GUIDELINES, 1997, p. 27, tradução lvre). Quando o mercado é transparente e smples, é dfícl para uma frma desvar da coordenação sem que as rvas tomem conhecmento do ocorrdo e reajam. Além dsso, a análse destes dos fatores ajuda na determnação do tpo de coordenação que é mas plausível de ocorrer no mercado que está sendo analsado. Os métodos possíves de coordenação são: ) coordenação de preço; ) alocação de consumdores; ) coordenação de capacdade. Se a estrutura de preços de um mercado é muto complexa, a coordenação de preço pode se tornar mas trabalhosa. Já a alocação de consumdores só se torna vável se exste consstênca no consumo e nformação sufcente sobre quas os competdores ofertam para quas consumdores. Smlarmente, em alguns casos, a coordenação de capacdade é possível, enquanto em outros não é uma mportante restrção à competção (SCHEFFMAN e COLEMAN, 2003). Assm, fca claro que a análse da smplcdade e transparênca de um mercado é relevante para se defnr em que medda a nteração coordenada das frmas já é exstente ou está para

104 94 ser crada como resultado de um ato de concentração. A relevânca da transparênca e smplcdade para a coordenação pode ser lustrada com um modelo exemplfcatvo de Jean Trole (1988), baseado no artgo de Green e Porter (1984), os prmeros autores (e pratcamente úncos 75 ), a ncluírem a transparênca e smplcdade em uma análse de conluo. Suponha um duopólo, em que cada frma observa apenas seu preço e vendas, e que em algum momento a demanda acabe (guale a zero), fazendo com que, a certa altura, a frma seja ncapaz de vender, por azar ou tração de algum rval, mpossbltando coordenação futura. O melhor esquema de colusão consste em: ) começar com o preço de monopólo e mantê-lo enquanto cada frma sustenta sua partcpação de mercado; ) se não for capaz de vender, a frma nca uma guerra de preços por tempo lmtado, mas precsamente por T períodos, até reverter para o preço de monopólo. A guerra de preços é necessára para deter futuras trações, mas pode ser desencadeada smplesmente por um choque de demanda (que mplca a redução na transparênca e smplcdade de mercado). Empresas possuem o ncentvo para lmtar a duração da retalação, tornando-a apenas sufcente para dscplnar a colusão tácta. Mas precsamente, denotando de η a probabldade do choque de demanda e de V o lucro esperado da empresa, tem-se que: V M 2 (5.8.) T 1 1 V V No qual os dos termos correspondem respectvamente ao que acontece com ou sem o choque de demanda: na ausênca do choque, cada frma ganha metade do lucro de colusão e espera manter o preço para o próxmo período; mas se o choque ocorre, cada frma é mpossbltada de vender e precfca ao custo margnal pelos próxmos T períodos, até retornar ao preço de monopólo no período T+2. A colusão se sustenta se: V M 2 (5.9.) T 1 M T 1 1 V V 1 V 75 Abreu, Pearce e Stachett (1985) também modelaram a mportânca da transparênca e smplcdade para a colusão.

105 95 Na qual o lado dreto reflete o fato que quebrar o acordo faz com que a frma obtenha todo o ganho de mercado no período corrente e na ausênca de um choque de demanda, mas que desencadea uma guerra de preços. A equação acma é equvalente a: M 1 T V (5.10.) 2 O que requer que a guerra de preços seja longa o bastante, já que o lado esquerdo da equação decresce quando T cresce. Uma guerra de preços nfnta (T nfnto) mantera a coordenação entre empresas se: (5.11.) O que requer que a probabldade de choque de demanda não seja grande 76 (ou que haja uma maor transparênca e smplcdade de mercado). Se esta condção for satsfeta, o esquema ótmo de colusão consste em obter-se o lucro de monopólo, ajustando a duração da guerra de preços necessára para equvaler à condção de não-desvo (equação 4.2.). E mas, quando choques de demanda são mas prováves (nterpretado como uma redução da transparênca e smplcdade do mercado), o valor de V é reduzdo, mplcando que guerras de preços mas longas são requerdas para dscplnar os potencas tradores. Com relação à transparênca e à smplcdade, o mportante não é o que as frmas observam dretamente, mas quas nformações as frmas podem nferr dos dados de mercado. Quando o mercado é estável, nferr desvos do comportamento coordenado é mas fácl e requer menos nformações de mercado do que quando o mercado é nstável Outras Varáves: Smetra de Mercado Fator determnante para a colusão é o grau de smetra do mercado. Quanto mas smétrco mas fácl é a ocorrênca da colusão. Isto porque a smetra, em termos de partcpação de mercado, custos, ou outras varáves, torna mas provável a concordânca em relação ao ponto focal do conluo e permte que as frmas nfram mas faclmente, a partr de seus própros 76 Se for maor que 50%, o lado dreto da equação excede 1.

106 96 dados, se alguma rval desvou do acordo. E mas, a frma com partcpação de mercado menor em relação às demas ganha mas com o desvo e perde menos com a retalação em termos relatvos. Mas especfcamente, suponha que exsta um mercado com duas frmas com partcpação de mercado s ½ ou 1- s ½. A frma com a menor partcpação de mercado va coludr se, e somente se (IVALDI et al, 2004): s M M M M 1 s s 0 1 (5.12.) * s 1 s O valor crítco aumenta e a colusão se torna mas dfícl quando a frma com a menor partcpação de mercado, s, perde mercado, sto é, quando a fusão aumenta a assmetra entre empresas e as partcpações de mercado se tornam mas díspares. Isto porque as dferenças entre as partcpações de mercado provavelmente escondem assmetras estruturas entre as empresas, como as advndas de dferenças em custos, formas de produção ou qualdade dos produtos. Isto é, em mercados muto assmétrcos é dfícl combnar as condções da colusão, como preço ou quota de produção. A smetra também é mportante para a montoração da colusão. Quando as frmas são smétrcas, elas podem checar se todas estão se comportando smlarmente, uma vez que suas própras nformações são referênca para mensurar o desempenho das demas (KREPS et al, 1982). A montoração relatva é bem mas fácl de ser feta do que a montoração absoluta (frma por frma). E mas, a homogenedade das frmas faclta o cumprmento do acordo de colusão. Helder Vasconcelos, usando esquemas de punção a la Abreu e outros (1986) 77, com frmas que utlzam uma função de custo margnal lnearmente crescente, coloca a empresa com a menor partcpação de mercado como a mas propíca para quebrar o acordo, já que é a maor frma a 77 Abreu, Pearce e Stacchett dentfcaram as estratégas de punção ótma como uma estrutura do tpo stckand-carrot em que a punção é muto severa no pós quebra de acordo, mas dura pouco tempo.

107 97 mas prejudcada com a punção e guerra de preços (VASCONCELOS, 2005). A assmetra faz com que o cumprmento do acordo fque mas dfícl. Compte, Jenny e Ray (2002) usaram um modelo de Bertrand dnâmco para captar a cooperação entre empresas com assmetras de capacdade para mostrar que a transferênca de capacdade da maor frma para a menor frma do mercado aumenta o poder de retalação da frma menor e lmta o ncentvo da maor em desvar do acordo. Desta forma, a dstrbução de capacdades que mas faclta a colusão é a smétrca. Com base neste modelo, Compte e outros (2002) avalou a decsão sobre o caso Nestlé/ Perrer, a fusão francesa entre duas das três maores empresas européas do mercado de água mneral engarrafada. A fusão fo aprovada pela Comssão Européa para Competção somente quando a Nestlé, detentora de 17% do mercado, se comprometeu em vender a maor mna de água mneral da Perrer, empresa com 36% do mercado, para a sua prncpal concorrente, a BSN com 23% do mercado, fato que reduzra a assmetra do mercado. Os autores chegaram a uma conclusão nversa àquela da Comssão Européa: o cenáro que mnmza a possbldade de colusão entre as empresas é a aprovação da fusão sem condções, mas não a transferênca da mna para a BNS, o que fara com que a Nestlé/ Perrer somassem 53% contra 23% da BNS, já que sto aumentara a assmetra entre as frmas do mercado. Segundo os autores, em stuações em que a fusão enseja a coordenação entre empresas, é melhor aprovar a operação sem restrções para crar um mercado mas assmétrco e desta forma permtr que a frma com a menor partcpação de mercado controle a possbldade de colusão, dada a sua maor propensão ao desvo (COMPTE, JENNY e RAY, 2002). Uma forma de cração de assmetra em um mercado é a novação. A colusão é mas fácl de ser sustentada em mercados maduros e estáves, nos quas a novação possu um papel coadjuvante para a sua dnâmca. Uma fusão que aumente o potencal novatvo da entdade concentrada dmnurá a chance de colusão no mercado smplesmente porque a novação aumenta a sua assmetra. Isto porque uma novação permte que uma das frmas em competção no mercado ganhe uma vantagem compettva sobre as demas, reduzndo o valor de uma colusão futura e aumentando o dano necessáro a ser feto para tornar crível a retalação. A déa é smlar àquela já vsta na smetra entre empresas. Suponha o exemplo de duopólo de Marc Ivald e outros, 2004, mas agora com probabldade ρ de uma das concorrentes para

108 98 novar, e denote V I a correspondente renda esperada (IVALDI et al, 2004). Dado que a novação não ocorra, cada empresa sustentará o preço de colusão p M com ganho de V M tal que: ) ( ) ( ) ( ) (1 2 ) ( I M M I M I M M V V V V (5.13.) Por sua vez, o ganho da frma que desva é: ) ( ) ( ) (1 0 ) ( I M I I M D V V V V (5.14.) A colusão será sustentável se V M V D, o que sgnfca que: ) 2(1 1 ) *( (5.15.) Isto é, a coordenação entre frmas é mas dfícl de ser sustentada quanto maor a probabldade de novação de uma das concorrentes no mercado. De forma geral, o prncpal fator da oferta que faclta a colusão, e que já fo menconado, é a smetra entre frmas. É mas fácl coludr entre guas. Isto é, é mas fácl coludr entre frmas com estrutura de custo smlar, com capacdade de produção smlar e com smlar tpo de produção. Assm, atos de concentração que resttuem a smetra de mercado são facltadores de colusão e aqueles que cram ou exacerbem assmetras são dfcultadores de colusão. A assmetra dfculta o acordo porque as empresas passam a achar complexo acertar sobre uma polítca de preços em comum 78. Na verdade, as frmas com custos margnas mas baxos nsstrão em acordar preços mas baxos do que as demas gostaram de sustentar. E anda, mesmo que as frmas acordem preços mas baxos, aquelas com custos margnas mínmos serão mas dfíces de serem dscplnadas, tanto porque poderão ganhar mas desvando do 78 Ban, 1948, já dscuta a assmetra de custos como entrave à colusão.

109 99 conluo, quanto porque terão menos medo de uma retalação feta por uma frma com custos mas altos. Por fm, da ntução que é mas fácl coludr entre guas pode-se dervar uma dscussão sobre o papel das frmas dtas mavercks 79. A remoção da frma maverck em um ato de concentração, ao elmnar a assmetra de mercado, faclta a colusão substancalmente. Da mesma forma, uma entrante que cre assmetra em um mercado pode gualmente desestablzar a colusão durante certo período ou para sempre As Implcações para a Polítca Anttruste A avalação do efeto unlateral tem sdo, nos últmos anos, a prncpal preocupação das autordades anttruste, sobretudo pela dsspação de uma metodologa que possblta sua quantfcação. Por sua vez, a avalação do efeto coordenado fo relegada a um segundo plano, nfelzmente não pela sua capacdade de danfcar mercados, mas pela dfculdade de sua mensuração. A questão fundamental por trás da análse dos efetos coordenados é a relação exstente entre a estrutura de mercado e a conduta das frmas. A coordenação entre frmas (conduta) pode ser deflagrada por um aumento da concentração (estrutura) e mudança na confguração estrutural de um mercado em decorrênca de um ato de concentração. Prmero, alguns fatores que podem ou não ser afetados por um ato de concentração possuem mpacto decsvo na habldade da frma em sustentar uma coordenação tácta. Estes fatores ncluem a ntensdade das barreras à entrada ou saída, freqüênca da nteração estratégca entre frmas e taxa de novação no mercado. Claramente, exste pouca chance de colusão em um mercado com lvre mobldade ou mesmo baxa barreras à entrada ou entrada potencal factível, ou em um mercado no qual a nteração entre as frmas é raro ou espaçada, e em mercado com alta taxa de novação, seja de processo ou de produto. Segundo, alguns fatores são tanto mas relevantes quanto mas prováves de serem dretamente afetados por um ato de concentração. Dentre eles, ncluem-se, obvamente, o número de competdores, mas também o grau de smetra entre eles. Ao elmnar um competdor, uma fusão reduz o número de rvas e tende a facltar a colusão, e este efeto é maor quanto menor e mas smétrco for o número de partcpantes remanescentes. A fusão que cra ou reforça a assmetra exstente entre as frmas, tanto em custos, como em capacdade e forma de produção, dfculta em muto uma 79 Sobre este assunto ver Baker, 2002, pp

110 100 coordenação entre rvas. Um ato de concentração pode, ao mesmo tempo, reduzr o número de concorrentes e aumentar a assmetra de mercado, sendo necessáro avalar o trade-off entre estas duas varáves. Tercero, exstem alguns fatores que afetam a possbldade de colusão apenas ndretamente, mas que anda são relevantes para a análse anttruste. A transparênca e smplcdade de mercado é um deles, seguda pelo crescmento do mercado, e pela remoção da frma maverck. Nestes casos, a possbldade de coordenação será mas provável se algum fator facltador dreto ocorrer em smultanedade. Por exemplo, em um mercado cuja transparênca não é alta, as frmas podem realzar arranjos para tornar a comuncação mas fluída, entretanto, caso este mercado seja também extremamente novatvo, a ntransparênca ratfca as mudanças constantes e a colusão dfclmente ocorrerá. Na prátca, entretanto, estabelecer a relação entre a estrutura de mercado e a conduta das frmas não é trval. A solução encontrada pelos órgãos de defesa da concorrênca fo o uso de uma lsta de verfcação de fatores propícos para o surgmento ou fortalecmento de um conluo (check-lst approach), dentfcando assm os elementos prncpas que nfluencam a possbldade de conduta coordenada após uma fusão 80. Isto porque não há um método estabelecdo na lteratura para quantfcar o aumento da probabldade de uma ação coordenada provocada por um ato de concentração, embora o índce de Herfndahl- Hrschmann seja mplctamente utlzado para este fm. Mas como aponta Wllg (1991), o HHI é uma medda pouco recomendável para esta quantfcação quando o mercado é caracterzado por competção va preços e os produtos são dferencados, devendo sua utlzação se lmtar aos casos em que há competção va quantdade e os produtos são mas homogêneos. De forma sntétca, é possível dzer que a análse anttruste do efeto coordenado de um ato de concentração se basea, como no caso do efeto unlateral, na varável concentração (abordagem estruturalsta), mas possu como metodologa a aprecação de um check-lst das característcas da ndústra que possam gerar uma nteração coordenada. A abordagem da lsta de verfcação pode ser vsta como uma tentatva de avalar os fatores que tornam o paradgma consenso, detecção e punção - as condções necessáras para a emergênca de um acordo entre as frmas - vável. 80 Exemplos recentes em que as autordades anttruste evocaram os efetos coordenados ncluem as fusões Nestlé/ Perrer, Kal e Salz, Gencor-Lenrho/ Artours e Safeway, na Europa, e ADM/ Mnessota Corn Processors, Premdon/ Masont, Alcoa/ Reynolds Metal, e HJ Henz, nos EUA (DICK, 2003 e CHRISTIANSEN, 2008). No Brasl, o efeto coordenado anda não fo alegado como decorrente de ato de concentração horzontal.

111 101 Esta lsta de checagem, elaborada por George Stgler (1964) e aprmorada por Rchard Posner (1976), fo ncorporada pelo Gudelnes norte-amercano e é adotada pela maora dos países. Seu objetvo é dentfcar as condções que facltam a obtenção de um acordo entre frmas bem como a detecção e a punção de um desvo. A lsta estadundense elenca, de forma resumda, as condções que facltam a obtenção do acordo: () a homogenedade de produto e das frmas, () a padronzação e a transparênca na formação de preços, () as prátcas de mercado normalmente adotadas pelas frmas, (v) as característcas ndvduas dos compradores e vendedores e (v) as característcas da transação típca. Já as condções facltadoras de detecção e punção de desvos ncluem: () a dsponbldade de nformações sobre as condções do mercado e transações específcas, () os níves de produção, () a freqüênca e o tamanho dos peddos de compras e (v) a establdade da demanda e dos custos. O gua reconhece anda a mportânca das frmas mavercks, que não se sujetam ao acordo de frmas e que, em geral, acabam por dfcultar o surgmento de ação coordenada (GUIDELINES, 1997). Outro fator mportante na experênca norte-amercana é a relevânca de evdênca sobre a conduta de conluo no passado. Davd Scheffman e Mary Coleman (2003) salentam que, muto embora o controle de fusões seja um exercíco de prevsão, a evdênca de conduta coordenada préva torna o argumento de efetos coordenados mas robusto perante os trbunas, segundo a jursprudênca estadundense. Por outro lado, é claro que se o ato de concentração provoca alterações nas condções de mercado e de tecnologa (por exemplo, se há aumento na ncerteza sobre a demanda ou redução sgnfcatva de barreras à entrada), a evdênca de comportamento passado é menos mportante. No caso do Brasl, o Gua (2001), consderará que uma concentração gera o controle de parcela de mercado sufcentemente alta para vablzar o exercíco coordenado de poder de mercado sempre que: ) a concentração tornar a soma da partcpação de mercado das quatro maores empresas (CR4) gual ou superor a 75%; e ) a partcpação da nova empresa formada for gual ou superor a 10% do mercado relevante. Além dos aspectos acma, o Gua mencona outros fatores que afetam a probabldade de que as empresas exerçam coordenadamente o poder de mercado. Estes fatores melhoram as condções de coordenação de condutas e de supervsão de regras, favorecendo a mposção de sanções para os que se desvarem dos acordos estabelecdos entre as empresas. As condções para a coordenação de decsões entre agentes partcpantes são maores quando: (a) exstem poucas empresas no

112 102 mercado; (b) os produtos e/ou as empresas são homogêneos; (c) nformações relevantes sobre os competdores estão dsponíves; (d) exstem condutas empresaras que, embora não sejam necessaramente legas, restrngem a rvaldade das empresas. E mas, as condções para a coordenação explícta de decsões são maores em casos em que as empresas já se envolveram nesta classe de conduta concertada ou já estveram subordnadas a polítcas públcas no passado recente que ncentvassem este tpo de comportamento como, por exemplo, o controle de preços 81. A aqusção de um competdor que anterormente adotava condutas agressvas de competção pelos seus rvas também caracterza a facldade de coordenação de decsões (remoção do Maverck 82 ). Por fm, o Gua faz referênca à possbldade de supervsão das condutas concertadas por um grupo de empresas quando as condções de demanda e de produção são estáves, quando nformações sobre as prátcas comercas entre competdores estão dsponíves e quando as empresas envolvdas têm pouco ncentvo para desvar-se do acordo estabelecdo. A establdade das condções da oferta e da demanda torna mas vsíves os desvos de conduta dos membros do acordo, enquanto a dsponbldade de nformações torna menos vável a realzação de transações secretas que se desvem do acordo convenconado. Anda, as empresas têm pouco ncentvo para desvar-se do acordo estabelecdo quando os custos margnas são relatvamente nelástcos, os custos fxos são relatvamente baxos e as transações mas freqüentes da empresa são na forma de pequenas quantdades. Assm, o agrupamento socetáro, na medda em que faclta o ntercâmbo de nformações, aumenta as condções de supervsão da colusão (GUIA, 2001). A recente lteratura e a experênca anttruste em efeto coordenado ndcam que a lsta de checagem é muto crua para prover assstênca aos órgãos de defesa da concorrênca para determnar o favorecmento do conluo entre as frmas após a realzação do ato de concentração (BAKER, 2002, SCHEFFMAN e COLEMAN, 2003, IVALDI et al, 2004, e KUHN, 2004). Embora uma lsta de verfcação possa ser útl em organzar os fatores que devem ser levados em consderação, não deve ser tomada mecancamente 83 (KUHN, 2004). Especfcamente, mutos mercados que se enquadram na lsta de checagem não exbem um 81 A coordenação de preços não precsa ser perfeta (completa) para prejudcar o consumdor. 82 Uma frma maverck pode ser nterpretada como aquela empresa com uma estrutura de custos drastcamente dferente das demas e que não fará parte do conluo. 83 Kuhn argumenta que a análse da lsta de verfcação só pode ser usada para exclur a possbldade de efetos coordenados de uma fusão, mas nunca estabelecer que uma fusão acarreta um aumento nos preços por meo do exercíco conjunto de poder de mercado (KUHN, 2004).

113 103 comportamento condzente com o conluo. Apesar de útl, a smples ndcação da exstênca do conluo não é sufcente para a determnação da exstênca do efeto coordenado (SCHEFFMAN e COLEMAN, 2003). É precso, além de se apontar a possbldade de colusão, saber a natureza da competção no mercado e como esta competção pode gerar, dado um ato de concentração entre competdores sgnfcantes, efetos coordenados. Mas do que um smples check-lst, a análse anttruste deve-se prender em avalar como ocorre a emergênca e a evolução deste comportamento coordenado. Mattas Ganslandt e Pehr-Johan Norbäck (2004) analsam os efetos de cnco fusões sobre o poder de mercado das frmas no mercado sueco de gasolna (produto homogêneo). Para sto, utlzam dados mensas de preços e quantdades venddas, o preço do petróleo bruto e o número de carros partculares no período de janero de 1980 a junho de Tomando como ndcador de poder de mercado o dferencal entre o preço e o custo meddo pelo índce de Lerner, os autores avalam se houve o surgmento ex-post de maor coordenação resultante das fusões observadas em um mercado no qual uma lsta de verfcação ndcara ex-ante uma grande probabldade de ação coordenada. Os resultados obtdos nesta avalação são: ) a varação no HHI é um prevsor fraco para medr a conduta pós-fusão, ou seja, deve haver um grande cudado na utlzação de índces de concentração para medr eventuas efetos coordenados, mesmo para produtos homogêneos; ) a mportânca de se analsar todos os elementos relevantes para a competção no cálculo dos efetos da fusão e a dfculdade nerente a um exercíco deste tpo, pos mesmo em um mercado em que as prncpas condções necessáras para um acordo estão presentes, o efeto das fusões é reduzdo tanto se meddo por cada fusão ocorrda como pelo aumento da concentração sobre a conduta; ) o efeto modesto observado pode advr de competção potencal, efcêncas ou pelo fato de uma das frmas estar agndo de forma agressva. Desta forma, a análse de Mattas Ganslandt e Pehr-Johan Norbäck (2004) mostra que uma abordagem de efetos coordenados baseada apenas em uma lsta de verfcação pode fornecer resultados não muto satsfatóros em relação ao surgmento de efetos coordenados, mesmo quando mutos fatores condzentes para o aumento de poder de mercado coletvo resultante de fusão estejam presentes. Isto porque, esta metodologa, baseada em uma lsta de checagem, não foca no fato de como e por quê o ato de concentração afetará a nteração estratégca entre as frmas. De tal modo, apesar da lsta ser necessára para ncar uma análse, não é sufcente para uma avalação com mas detalhe sobre a natureza da competção e a nteração estratégca

114 104 entre as frmas do mercado. É necessára uma análse que apreenda a trajetóra da nterdependênca estratégca entre as frmas do mercado. É sso que buscamos fazer com o modelo e smulação apresentados abaxo. 5.3 Smulando a Evolução da Cooperação entre Frmas Este capítulo se vale dos referencas teórcos da Economa Evoluconára 84 para tentar crar um modelo dnâmco com foco na nteração estratégca entre frmas e que vse a evdencar a relação entre estrutura de mercado e conduta empresaral para caracterzar a coordenação entre empresas em decorrênca de atos de concentração. Ele se dferenca dos modelos dnâmcos tradconas de análse de colusão prncpalmente pelo fato da escolha da frma não estar relaconada a uma decsão de maxmzação unlateral de lucro, mas sm a um comportamento de satsfação baseado nas regras e rotnas empregadas pelas empresas em um processo de adaptação e que consdera a nterdependênca estratégca como fator decsvo da competção de mercado. Desta forma o modelo básco a ser apresentado possu dos plares: dnâmca e raconaldade lmtada. A ênfase na dnâmca dos modelos evoluconáros sugere que a economa é um processo (SCHUMPETER, 1934). Explcar porque algo exste corresponde a explcar como ele se tornou o que é (DOSI & NELSON, 1994). Os evoluconáros procuram estabelecer sua teora sobre a déa de que a economa está em constante movmento, ou seja, as descrções do processo econômco por meo de equlíbros não são satsfatóras, sejam eles dnâmcos ou não. Nas opnões de Paolo Savott e J. Stanley Metcalfe (1991, p. 4): whle neoclasscal economcs s mostly concerned wth what makes the world coherent and ordered, the emphass n evolutonary theory s upon what makes the world change. Então, dynamcs frst é uma expressão usada recorrentemente pelos proponentes da abordagem evoluconára no sentdo de que a economa devera ser vsta como um processo, ou melhor, o estado e os valores das varáves a serem analsados só poderam ser compreenddos como resultado de uma trajetóra que os explca (NELSON, 1995; DOSI et al, 2003). Assm, os modelos evoluconáros podem dar conta de explcar o estado ou valor de uma varável em qualquer ponto de sua trajetóra, uma vez que para sso procuram explcar o processo pelo qual a varável atngu tal estado ou valor. 84 Sobretudo o trabalho clássco de Nelson e Wnter (1982).

115 105 O processo de satsfação da frma como mecansmo de tomada de decsão se basea no fato da raconaldade ser lmtada, mplcando que cada agente econômco usa um conjunto de regras e rotnas como gua no seu ambente de nteração com os outros agentes 85. As rotnas são as habldades organzaconas das frmas aprenddas ao longo do tempo que guam suas ações. Como enfatzam Rchard Nelson e Sdney Wnter (1982, p. 134) para o caso das frmas em um mercado: As a frst approxmaton, therefore, frms may be expected to behave n the future accordng to the routnes they have employed n the past. As frmas segurão determnadas rotnas enquanto puderem alcançar suas metas (por exemplo, a manutenção de uma certa fata de mercado). A partr do momento em que sso dexar de ocorrer, as rotnas terão que ser trocadas, o que depende da capacdade da frma de aprender novos comportamentos e construr novas rotnas. Ela não pode se lmtar a processar nformações já dsponíves no seu ambente, mas deve também crar conhecmentos, para a partr daí, mudar de estratéga. Quanto ao tpo de smulação computaconal utlzada neste trabalho, com fundamento na economa computaconal baseada em agentes 86, podemos dzer que ela combna elementos e vsões da economa, cêncas socas e da computação para estudar socedades artfcas. Os tomares de decsões nestas socedades são chamados de agentes, que formam sstemas complexos nos quas nteragem from the bottom up (ALKEMADE, 2004). E mas, a ACE permte que algumas hpóteses da economa tradconal possam ser relaxadas: ncorporação da raconaldade lmtada dos agentes e tratamento dos mesmos como heterogêneos em seus comportamentos, o que permte que sejam dferentes em suas capacdades de tomar decsões e escolher estratégas. A ACE, desta forma, consste na elaboração de um sstema composto por conjuntos de dferentes agentes que nteragem entre s em um ambente complexo. Segundo Legh Tesfatson (2005), a economa baseada no agente é the computatonal study of economes modeled as evolvng systems of autonomous nteractng agents. Estas nterações entre os agentes em um ambente complexo fazem emergr regulardades (rotnas) que retroagem na determnação das nterações locas. O resultado é um sstema dnâmco complexo de cadeas causas que conectam comportamentos ndvduas (ARTHUR, 1991). 85 Abordagem na lnha da raconaldade lmtada de Herbert Smon como parâmetro para o estudo das tomadas de decsões econômcas (SIMON, 1957). 86 Agent-based Computatonal Economcs (ACE).

116 106 Uma smulação computaconal deste tpo parte de uma dada população de agentes, de regras de comportamento bem defndas, e das possbldades de nterações e de nfluêncas externas. Durante a smulação, os agentes tentam alcançar seus objetvos adaptando-se ao comportamento dos outros agentes ou às mudanças no ambente. O estado corrente de cada agente depende de suas regras de transção e do seu estado anteror, assm como dos estados correntes de todos os agentes ou de alguma vznhança especfcada (TESFATSION, 2005). Indústras, mercados, organzações e város outros tpos de estruturas socas podem ser descrtos como sstemas de agentes heterogêneos que dnamcamente nteragem entre s (FOLEY, 2002 e ARTHUR, 1994 e 1999). Floortje Alkemade utlzou uma smulação computaconal deste tpo para representar o comportamento de frmas heterogêneas modeladas a la Cournot como um sstema adaptatvo. O que a autora faz é nvestgar o desempenho de agentes com dversos tpos de raconaldades (mas ou menos complexas) sob condções de mercado que se alteram e conclu que os agentes são capazes de aprender em ambentes complexos a fm de obter o equlíbro de Nash-Cournot (ALKEMADE, 2004). Em resumo, smulações computaconas do tpo agent-based são caracterzados pela heterogenedade de agentes autônomos, que nteragem localmente em um espaço explícto, mas que possuem raconaldade lmtada e estão nserdos em um processo econômco dnâmco (EPSTEIN, 2005). A opção pela referda ferramenta se justfca pela sua adequação ao tratamento de problemas que surgem a partr de uma concepção de economa como sendo um sstema complexo no qual agentes econômcos heterogêneos tomam decsões de forma descentralzada em um ambente ncerto e com base em suas númeras nterações O Modelo Básco de Interação Estratégca entre Frmas O modelo básco a ser apresentado consdera que frmas com estratégas heterogêneas se adaptam ao ambente em que estão nserdas, podendo desta forma, mudar de estratéga se esta for a sua melhor opção. Alguns trabalhos já analsam as propredades de um mercado como resultado do comportamento de frmas heterogêneas (RUIZ, 2005), embora sem ncorporar a mudança estratégca como alternatva no processo de competção. O mas mportante deles fo o modelo de concorrênca monopolístca proposto por Dxt e Stgltz (1977), mas, como já enfatzava Edward Chamberlan (1933), váldo somente sob a hpótese bastante restrtva de que as frmas apresentam a mesma estrutura tecnológca.

117 107 No referdo modelo de concorrênca monopolístca frmas heterogêneas e assmétrcas não conhecem a sua curva de demanda com precsão, pos a qualdade relatva do produto é uma atrbução do consumdor, o que mplca que a frma não sabe, a pror, quanto rá vender, devendo realzar expectatvas de vendas, mpossbltando a obtenção de um equlíbro do tpo walrasano. Isto sugere a utlzação de nformação passada (backward lookng forecastng), baseada nos comportamentos rotneros partculares de cada frma no período t, por exemplo, como forma de se nferr sobre o nível da varável em questão no período t+1 (SILVERBERG, DOSI e ORSENIGO, 1988). O uso de nformações passadas para tomada de decsão no presente em mercados com frmas heterogêneas e assmétrcas fo feta por Gerald Slverberg (1987) que, ao tratar da dfusão de progresso técnco, no âmbto da produção e da demanda, utlzou uma equação de tpo bológco ( replcator dynamcs 87 ), que faz o market share da frma em t+1 depender da crescmento ou declíno do market share em t, crescmento e declíno dados pela dferença entre a compettvdade da frma em t e a compettvdade méda das frmas da ndústra no mesmo período. Este mecansmo de replcagem também fo utlzado por Máro Possas e outros (2001), em seu modelo de smulação de um mercado com a ncorporação de elementos comportamentas não-neoclásscos mas explíctos, tas como formação de expectatvas adaptatvas tanto de curto como de longo prazo; ausênca de equlíbro de market clearng no funconamento do mercado; formação de preços por mark up desejado combnado com o preço médo da ndústra, com mecansmo de feedback a partr do mark up efetvo alcançado; e restrção fnancera, va endvdamento, às decsões de nvestr. De certa forma, o modelo básco aqu apresentado, por um lado, ncorpora tanto o tratamento da demanda feto por Gerald Slverberg (1987), quanto alguns dos nsghts sobre o funconamento de mercado fetos por Possas e outros (2001), mas por outro, ntroduz nterdependênca estratégca entre frmas heterogêneas. Para tanto, se vale da economa baseada em agentes para smular um mercado artfcal, defndo como um sstema com múltplos agentes, consumdores e frmas. Para cada tpo de agente são atrbuídas tarefas específcas, como produção e consumo, estados, como qualdade, localzação e tamanho, e regras de transção, como estratégas de precfcação, determnação de mark ups e alocação da renda. O modelo representa o comportamento de frmas assmétrcas, mas nterdependentes, 87 O algortmo genétco sem crossover e novação, sto é, escolha do comportamento de varáves em t+1com base na méda de t (escolha com base no desempenho passado)[vega-redondo, 1997].

118 108 que nteragem em um ambente de nformação mperfeta e raconaldade lmtada. Em lnhas geras, explcaremos cada uma das rotnas Comportamento da Frma e Oferta Numa versão smples do modelo, cada ndústra possu um número máxmo de frmas e a cada frma é atrbuída ) uma quantdade específca de captal K ; ) um custo fxo F e uma produtvdade do trabalho L (tecnologas de processo); ) a produção de um únco produto com qualdade dferencada A (tecnologa de produto); e v) retorno crescente de escala. Cada frma anda opera uma tecnologa específca a melhor que conhece, e não há meo de realocação do captal para a produção de outro produto. O ponto ncal da oferta é o mercado de nsumos: cada frma nca o processo produtvo com uma dada quantdade de captal dsponível determnada exogenamente (K), com a qual compra certa quantdade do fator trabalho (L), assm, supõe-se que todo o captal da frma gasto na contratação de mão-de-obra. O total de trabalho dsponível para a frma dependerá do saláro nomnal (W), que é uma varável exógena. Para manter o modelo smples, supõe-se que as frmas nvestem todo o seu captal, não mportando o nível de estoques ou o nível da demanda passada. As frmas não poupam e não possuem um comportamento especulatvo e a quantdade de trabalho contratada pela frma no período t corresponde à partcpação do seu captal no captal total da economa (K), o que pode ser expresso por: K( t) L( t) (5.16.) W t A quantdade produzda total ofertada pela frma (Q) em cada período é dada pela sua estrutura tecnológca (F e T), pela quantdade de nsumo utlzado (L) e pelos estoques (V) eventualmente exstentes, o que pode ser defndo como: Q ( t) * ( t) T ( L F ) (5.17) A equação (5.17) corresponde à Função de Produção, que permte a economa de escala ao nível da frma. Cada frma contrata uma quantdade de trabalho proporconal à sua quantdade de captal dsponível, porém, dferentes padrões tecnológcos mplcam que quantdades

119 109 dstntas poderão ser produzdas a partr de uma mesma quantdade de nsumo. Quando os consumdores compram uma grande quantdade de um bem especfco, somente a frma que o produz pode oferecê-lo. Dada as potencas economas de escala, algumas frmas podem ngressar em um cclo vrtuoso: preços decrescentes, demanda crescente, e aumento do captal. Por outro lado, se os consumdores não compram uma quantdade mínma de um bem, a frma entra em um cclo vcoso, o custo de produção sobe e a frma pode ser excluída do mercado caso não consga mudar sua estratéga de precfcação. A produção total da frma Q é a soma da produção. Quando F > 0, exste economa de escala e a quantdade produzda aumenta enquanto o custos fxo por undade produzda ca, levando a um custo médo de produção decrescente. Quando F > L, a frma não possu a quantdade mínma de nsumo requerda para operar a sua tecnologa. Neste caso, a frma não produz e sa do mercado (falênca). Para que a frma esteja apta a produzr, é necessáro que possua captal sufcente para contratar uma quantdade mínma de trabalhadores, o que mplca satsfazer a condção L F. A determnação do preço desejado é feta através do processo de satsfação, que nada mas é do que a escolha, por parte dos agentes econômcos (frmas), de comportamentos rotneros frente a uma lmtação nformaconal e cogntva. Nestes termos, o preço desejado da frma em t é defndo como um mark up exógeno (Mk > 1), fxo e dado sobre os custos de produção: Pd Mk K / Q ) (5.18) ( t) ( t) ( ( t) ( t1) Sendo Q Q V (5.19) Ao precfcar, a frma não busca por nformação extra, não compara seu preço com o dos rvas, muto menos estma a elastcdade-preço da demanda. Ela apenas determna seu preço com base nas nformações que dspõe em cada período de produção: Q, K e Mk. Ao consderar a quantdade total produzda, a frma nclu a formação dos estoques (V), já que eles são precfcados aos preços correntes de mercado. Esta regra de precfcação reduz a quantdade de nformação que é necessára para a tomada de decsão e por sso permte que as frmas mudem suas estratégas quanto aos preços em pouco tempo.

120 110 A frma pode estabelecer o preço gual ao preço desejado na prmera venda. Para que a produção seja vável, o preço estabelecdo tem que cobrr os custos untáros de produção e a remuneração do captal (γ) de tal forma que permta a geração de uma taxa de lucro mínma para o produtor (1+ γ), capaz de gerar uma acumulação nterna de fundos e assm alavancar futuras expansões da produção. Então: P Pd 1 K / Q 0 0 A compettvdade da frma (C) é defnda pelo consumdor, como em Dxt e Stgletz (1978), e está relaconada com o preço do produto, com a partcpação de mercado da frma e com a dferencação de produto. Mas va além, já que também é determnada pela estratéga de precfcação da frma, o que permte atrelar o desempenho da frma ao preço escolhdo. A equação de compettvdade é dada por: 1 C( t) (5.20) P * M ( t) A ( t ) ( t) A equação (5.20) dz que a compettvdade da frma no período t aumenta quando o seu preço dmnu e vce-versa. Quanto ao termo ( M A ), este defne a dfculdade da frma amplar seu marke share ocupando o espaço de outras frmas, pos o consumdor possu preferênca pela varedade (Dxt e Stgletz, 1978). Assm, quanto maor o market share de uma empresa, determnado por suas vendas, maor será o seu esforço - em termos de menor preço - para amplar a compettvdade (Possas et al, 2001). Segundo Possas et al (2001), as maores empresas terão grande nfluênca no preço do mercado, de tal forma a estabelecer um tpo de lderança de preços sobre as frmas rvas menores, que poderão reduzr preços e, no entanto, não causar uma guerra de preços. O parâmetro A pondera esse efeto para cada frma e é uma dmensão relaconada à dferencação do produto: quanto maor A, sto é, quanto mas dferente for o produto aos olhos do consumdor, mas compettva é a frma, dada um preço e um market-share. Dessa forma, as frmas mas dferencadas terão maores chances de sucesso no mercado; de modo nverso, frmas com baxa dferencação tenderão a ser excluídas do mercado, dado que o baxo volume de produção, devda à baxa demanda, mplca preços elevados e pouca compettvdade. Formalmente, tas relações são dadas por:

121 111 dc dp dc dc 0; 0; ; 0. dms da (5.21) O crescmento do market share da frma em t+1 é determnado a partr de uma comparação entre a sua compettvdade e a compettvdade méda da ndústra no período t, como em Slverberg (1987). Formalmente, a evolução do market share, dada pela equação abaxo, é descrta como uma Cadea de Markov, em que o estado presente da varável em questão depende apenas do seu estado no período anteror (replcator dynamc equaton): C( t) Ms( t1) Ms( t) [1 ( 1)] ; (5.22) Cmédo t No qual Cmédo (5.23) t C( t) * Ms( t) Incalmente é nteressante observar que a partcpação de mercado da frma depende da razão entre a compettvdade ndvdual e méda, de modo que defnndo esta compettvdade em função do preço, a partcpação de mercado passa a ser determnada por preços relatvos. Outra observação mportante a ser feta refere-se à evolução de MS: a equação (5.20) mpõe um lmte ao crescmento da frma já que, para um dado nível de dferencação de produto, a cada aumento da parcela de mercado, maor deverá ser a redução de preço necessára para a manutenção da taxa de crescmento de Ms. Assm sendo, em algum momento o sstema C alcançará o Estado Estaconáro, mplcando t Cmédo t e, por conseqüênca, Mst Mst 1. Estratégas de Precfcação O prncpal objetvo deste trabalho é avalar a mportânca da nteração estratégca entre frmas ao longo do tempo para determnar como a estrutura de mercado mpacta na cooperação. Por sso, o que temos que demonstrar é que alterações na forma de nteração estratégca entre empresas em decorrênca de mudanças nas estruturas de mercado são capazes de levar à cooperação. Como não cabe aqu encontrar estratégas de precfcação ótmas para tpos específcos mercado, mas apreender delas a nterdependênca estratégca entre as frmas de um mercado, escolhemos quatro estratégas smples: Se estratéga 1 P ( Pd ) (5.24a)

122 Se estratéga 3 P 1 var * P Se estratéga 2 P P (5.24b) (5.24c) Se estratéga P 1 B* Pd BP (5.24d) A prmera estratéga é fxar o preço desejado como uma função do mark up e do custo de produção (equação 5.18). A segunda estratéga caracterza um mercado com colusão entre empresas, pos a precfcação da frma consste em ajustar seu preço ao preço de mercado médo. Já a tercera estratéga é smlar a uma guerra de preços travada entre empresas, na medda em que a frma estabelece seu preço sempre como menor do que a méda de mercado. Por fm, a quarta estratéga possu relação com a precfcação do modelo de Possas et al (2001), pos reflete uma ponderação da nfluênca do preço desejado e do preço médo no preço de mercado 88. Na verdade, o parâmetro B capturara a varação conjectural da forma de competção do mercado ou, mas claramente, capturara a nteração estratégca entre as frmas a la o θ de Bresnahan (1989), em que a sua proxmdade ao número zero dentfcara a concorrênca perfeta e a proxmdade ao número um, o modelo de Cournot. Dada as estratégas escolhdas ncalmente de forma aleatóra, cada frma estabelece o nível de produção e o preço cobrado. Atrbução de Assmetras A prmera defnção exógena quanto à oferta das frmas está relaconada com a assmetra de produto e processo. Cada frma produz um únco bem, assmetrcamente dferencado dos demas, pelo parâmetro de dferencação de produto (A), e pela estrutura tecnológca, dada por um custo fxo de produção, ou técnca produtva (economas de escala), (F), e por um custo varável, ou produtvdade do trabalho, (T). A assmetra entre as frmas decorre do fato de que cada uma possu uma combnação específca para os parâmetros A, F e T, mas apenas dentro de um conjunto de números aleatóros normalmente dstrbuídos dados por: 0 A 1; 0 F 1; 0 T Possas et al (2001) utlza esta equação de preços baseando-se também no trabalho de Slverberg (1987), sendo que para eles ela pode ser entendda como um compromsso entre o mark up desejado e as condções de competção atuas do mercado.

123 113 O grau de assmetra entre as frmas é defndo exogenamente medante a determnação do grau de dspersão em torno dos valores médos dos referdos parâmetros. Cada frma pode estabelecer suas condções de oferta quanto aos parâmetros A, F e T, estabelecendo a melhor combnação que conhece, mas não há como realocar o captal para a produção de outros bens ou mtar a combnação de parâmetros de alguma rval Demanda da frma e Solução de Mercado A demanda da frma é defnda como uma proporção do seu market share e da renda (dada exogenamente, nas condções ncas), ponderada pelo preço pratcado: D Ms ( Y / P ) (5.25) * A demanda da frma acaba sendo determnada por sua compettvdade: quanto mas compettva for a empresa, maores as vendas que fará. Consderando-se uma stuação ncal em que um determnado número de frmas dspõe de uma mesma parcela de mercado, a depender das condções tecnológcas de cada uma, algumas frmas apresentarão excesso de oferta e outras, excesso de demanda. Nesta fase de transção, as possbldades para cada frma podem ser descrtas por: Se D Q R P Q ; e V 0; (5.26.a) * Se D Q R P D ; e V Q D ; (5.26b) * Se D Q R P D ; e V 0 (5.26c) * Quando D>Q, exste um excesso de demanda, as frmas não fornecem a quantdade demandada pelos consumdores e os estoques serão V=0. Quando D<Q, exste um excesso de oferta, as frmas fornecem a quantdade demandada pelos consumdores, mas há formação de estoque e V>0. Somente quando toda a renda é gasta o lado da demanda estará em equlíbro. Organzação do Mercado Até esta etapa, as frmas já defnram seus níves de produção e preços desejados, os consumdores estabeleceram a compettvdade de mercado e os markt shares das empresas e

124 114 a demanda fo estmada. Na organzação do mercado, cada frma computa o seu lucro, que é dado pela sua receta com as vendas menos o captal nvestdo, ou: K (5.27) R A taxa de lucro de cada frma então é: K (5.28) / e o captal em t+1 é dado por: K R (5.29) ( t 1) ( t) Sendo γ = *K Cada frma paga uma percentagem () do captal nvestdo aos aconstas e defne o captal para o próxmo período. O captal dsponível para o período de produção t+1 é a receta do período t menos a renda transferda aos aconstas. Anda estabelecemos um mark up mínmo para a frma gual a taxa de juros de mercado, ou Mk. Por fm, nesta fase de ajustamento, depos de computados a oferta e a demanda fnas, a frma lucratva poderá ajustar o mark up futuro, de acordo com a varação da demanda no período passado, enquanto que a frma não lucratva tem a possbldade de trocar de estratéga de precfcação. Para tanto, cramos uma forma de ajuste de mark up futuro, na qual ncalmente dentfcamos a frma de acordo com o ganho ou perda de lucratvdade (m) em dos períodos (0 e 1), para posterormente possbltar o ajuste de mark up ou troca de estratéga: se X = 1 e m1 > m0 X = 1 se X = 1 e m1 < m0 X = -1 se X = -1 e m1 > m0 X = -1 se X = -1 e m1 < m0 X = 1 (5.30a) (5.30b) (5.30c) (5.30d) então,

125 115 se X = 1 Mk t+1 = Mk t * (1.0 + ((D - Q) / Q)) (5.31a) se X = -1 a frma altera aleatoramente a sua estratéga de precfcação (5.31b) Isto é, se a frma obteve um aumento de lucratvdade entre dos períodos, a sua margem aumenta de acordo com o aumento da demanda entre estes períodos. Neste caso a frma mantém sua estratéga. Da mesma forma, se a frma obteve uma redução de lucratvdade entre dos períodos, altera aleatoramente de estratéga. Na fase de ajustamento, a frma nefcente entrará num cclo vcoso: uma estratéga de precfcação que gera perda de mercado estará sendo usada, mplcando baxa demanda e pouco captal dsponível para o período segunte; com o captal reduzdo a contratação de trabalho será menor, a quantdade produzda se reduzrá, mplcando uma tendênca à sua exclusão do mercado caso esta estratéga não seja alterada 89. De modo oposto, para as frmas com estratégas de precfcação efcentes, a demanda será alta e o captal aumentará. Frmas com estas característcas aumentarão o seu market share até o lmte mposto pela equação (5.20). Em resumo, na nteração de mercado, as frmas compram nsumos, produzem seus bens e determnam seus preços. A produção é seguda por decsões de gasto: os consumdores se deparam com os preços do mercado e realzam suas compras. A demanda acaba sendo determnada ndependentemente das decsões de produção e não smultaneamente. Excessos de oferta e demanda podem ocorrer e são corrgdos apenas nos períodos posterores, depos que as frmas se adaptam às vendas menores ou maores. O excesso de oferta aumenta os estoques, e reduz a quantdade de trabalho para a produção segunte. Desde que as vendas não realzadas não podem ser convertdas em captal, as frmas não podem contratar a mesma quantdade de nsumo do que no período anteror, e muto provavelmente reduzrão preço para as vendas futuras. O excesso de demanda faz com que as frmas vendam toda sua produção e com que os consumdores não gastem toda a sua renda. No próxmo período, as frmas estarão produzndo mas, com contratação de mas trabalho e muto provavelmente aumentarão seus preços também. Os comportamentos adaptatvos de 89 Note que a falênca não é possível de ocorrer, pos a frma sempre terá a possbldade de trocar de estratéga para tornar-se compettva. Esta hpótese é rrealsta, mas atende ao objetvo do capítulo quanto ao entendmento da escolha de estratéga pela frma e, conseqüentemente, da nteração estratégca entre elas. Como não há falênca, o que pode acontecer é perda de partcpação de mercado até aproxmadamente zero.

126 116 frmas e consumdores levam à seleção de estratégas e a um processo de mudança no tamanho das frmas, nos custos, e nos níves de consumo e gasto Smulações Computaconas Ilustratvas Modelos baseados em agentes são bastante flexíves, o que permte smular dversos tpos de ndústras alterando as tecnologas de produto e processo, e os comportamentos das frmas e dos consumdores. Realzamos dos tpos de smulações. No prmero exercíco é smulado o modelo consderado padrão sem ocorrênca de atos de concentração. Na seqüênca, smulamos o modelo padrão com apenas pequenas alterações (número de frmas e assmetras), mas com a possbldade de ocorrênca de atos de concentração. Isto é feto para que se consga entender a nfluênca de um ato de concentração sobre as condções estruturas e de nteração estratégca de um mercado. Assm sendo, o prmero tpo de smulação apresenta a parametrzação e as condções ncas utlzadas como padrão e o segundo tpo de smulação apresenta varações em torno do caso geral, cujas partculardades são oportunamente explctadas, mas com a possbldade de ocorrênca de fusão. O software utlzado para a realzação dos exercícos que se seguem é o NetLogo 4.1. Lembramos que no modelo as equações apresentadas representam um mercado olgopolzado no qual as frmas competem va preços, mas cujas estratégas de precfcação dferem entre s. E mas, as frmas são adaptatvas e podem trocar, de forma aleatóra, sua estratéga caso achem sto mas lucratvo. As estratégas de precfcação são quatro: ) preço desejado fxo como uma função do mark up e do custo de produção; ) ajuste de preço ao preço médo de mercado; ) preço estabelecdo menor do que a méda de mercado; e v) ponderação da nfluênca do preço desejado e do preço médo no preço de mercado Smulação do Modelo Padrão Assume-se que este conjunto de parâmetros são dados exogenamente: número ncal de frmas (N), os seus respectvos mark ups (Mk) e partcpações de mercado (Ms = 1/N), além da quantdade ncal do nsumo captal (K), da taxa de juros de mercado (), do preço do nsumo trabalho (W) e da renda dos consumdores (Y).

127 117 Duas smulações padrão foram rodadas para nvestgar a nfluênca das varáves e parâmetros do modelo na dnâmca de competção do mercado. A prncpal razão de mostrar os resultados a segur é exbr os tpos de trajetóra das varáves que podem ser geradas pelo modelo. As condções ncas para uma smulação padrão são Ms = (1/100); K = 10; L = 1 e Mk = 1,1. Quanto aos parâmetros técncos, estabeleceu-se A = 0,5; I = 0,5 e F = 1, além de B = 0,5. 0 grau de assmetra entre as empresas fo estabelecdo em 25 % para a prmera smulação e 75% para a segunda. Para a prmera smulação mercado mas smétrco, o resultado obtdo fo de aumento da concentração, com o HHI varando de 100 para 174, já que houve uma redstrbução da partcpação de mercado entre as empresas. O índce CR4 passou de 4% para 14% e o CR8 de 8% para 25%. Esta mudança na dstrbução da partcpação de mercado pode ser vsta no gráfco abaxo. A estratéga mas utlzada fo a do preço gual ao preço desejado, que reflete a unlateraldade da decsão da frma. O preço médo fcou estabelecdo em 5,48 (0,025) 90. Gráfco 5.1: Partcpação de mercado das 100 empresas pré e pós smulação MS MS FIRMAS MSanteror MSposteror Fonte: Elaboração própra. No entanto, uma maor partcpação de mercado não está relaconada com possbldade de exercíco deste poder de mercado, sto é, com a possbldade de aumento de preço. As maores frmas não possuem poder de mercado, pos não são elas que estabelecem os maores preços. Aqu, o ganho de mercado é resultante sobretudo de ganho em dferencação de processo, mesmo que baxo, e as frmas que reduzem os custos seus produtos conseguem aumentar suas vendas. Os maores preços são estabelecdos pelas frmas com dferencação de produto, mplcando maores margens sem a necessdade de maores vendas. 90 Desvo-padrão.

128 118 Gráfco 5.2: Partcpação de mercado e preço das 100 frmas após smulação 1 P X MS P Fonte: Elaboração própra. A nova estrutura de mercado (Tabela5.1) é caracterzada por fatores de produção e receta crescentes com o tamanho da frma, obvamente quanto maor a partcpação de mercado da empresa, mas nsumos utlza (K e L) gerando uma maor receta devdo à maor produção. E mas, apesar do preço de cada frma ser gual ao preço desejado ou uma função do mark up e do custo de produção (estratéga de precfcação do tpo unlateral), o lucro cresce com o tamanho da frma, pos as grandes empresas economzam recursos. A taxa de lucro se mantém pratcamente homogênea em todo o mercado. Com relação aos altos mark ups, é possível dentfcar dos fenômenos que corroboram para este resultado: frmas maores e mas efcentes que conseguem reduzr seu custo (F, I), apesar da manutenção do preço ao nível da méda de mercado, e frmas com alta dferencação de produto que mpõem maores preços. Tabela 5.1: Resultados para as varáves estruturas das 100 frmas pós smulação 1 MK K L R TOTAL MÉDIA DP Fonte: Elaboração própra. Para a segunda smulação mercado assmétrco, o resultado obtdo fo também de aumento da concentração, já que o HHI neste caso varou de 100 para 310, devdo à redstrbução da partcpação de mercado entre as empresas, que obvamente fo mas agressva do que na smulação anteror. O índce CR4 passou de 4% para 17,5% e o CR8 de 8% para 30,5%. A estratéga mas utlzada também fo a do preço gual ao preço desejado, que reflete a unlateraldade da decsão da frma. O preço médo fcou estabelecdo em 14,94 (2,55).

129 119 Gráfco 5.3: Partcpação de mercado das 100 empresas pré e pós smulação 2 Ms 0,0700 0,0600 0,0500 0,0400 0,0300 Ms posteror Ms anteror 0,0200 0,0100 0, Frmas Fonte: Elaboração própra. Pelo mesmo motvo que anterormente, nesta smulação também uma maor partcpação de mercado não está relaconada com possbldade de aumento de preço va exercíco de poder de mercado. Não são necessaramente as maores frmas que aumentaram o preço acma do preço médo. A maor assmetra entre frmas (tanto de produto quanto de processo) permtu preços maores e mas dspares. Gráfco 5.4: Partcpação de mercado e preço das 100 frmas após smulação 2 Preço X Ms 20,00 18,00 16,00 14,00 12,00 10,00 8,00 6,00 4,00 2,00 0,00 0,0000 0,0100 0,0200 0,0300 0,0400 0,0500 0,0600 0,0700 Ms P Fonte: Elaboração própra. A nova estrutura de mercado (Tabela 5.2) é caracterzada por fatores de produção e receta crescentes com o tamanho da frma, gerando uma maor receta devdo à maor produção. Novamente o lucro também cresce com o tamanho da frma, pos frmas maores economzam recursos e se tornam mas efcentes. O mark up não apresenta relação com a partcpação de mercado. Mas a grande dferença desta smulação é que a maor assmetra entre frmas

130 120 permtu uma margem méda do mercado quatro vezes maor do que no caso anteror, devdo ao maor preço médo e à possível maor economa de custos. Tabela 5.2: Resultados para as varáves estruturas das 100 frmas pós smulação 2 MK K L R TOTAL MÉDIA DP Fonte: Elaboração própra. A dferença entre as smulações reca apenas no grau de assmetra entre empresas. Quanto maor é a assmetra de mercado, maor é a redstrbução da partcpação de mercado entre elas (maor concentração de mercado) e maores são os preços estabelecdos. Estas característcas de mercado, dervadas da smulação padrão, corroboram com o paradgma ECD: mercados mas concentrados apresentam maores preços e melhores desempenhos de suas frmas. No entanto, é nteressante observar que não são as maores frmas que estabelecem os maores preços. O nível de precfcação é determnado tanto pela assmetra de produto e quanto de processo e não pelo tamanho da frma Smulação com Fusão O tpo de smulação apresentada aqu possu dos objetvos: ) mostrar que alguns aspectos estruturas de um mercado, como o número reduzdo de frmas e smetra de produto e processo, são fatores que facltam a mudança de estratéga das frmas de não-cooperatvas para cooperatvas em decorrênca de um ato de concentração; ) mostrar a mportânca da nterdependênca estratégca entre frmas para entendmento da evolução de um mercado, sobretudo quando se busca esclarecer a emergênca da cooperação. A escolha de apenas dos fatores estruturas, número de frmas e smetra técnca, exclundo os demas, como barreras à mobldade, transparênca de mercado e freqüênca de nterações entre as frmas, se deve ao fato de que a construção das estratégas de precfcação neste modelo ser muto smples, não sendo capaz de capturar demas varáves de escolha da frma para além do preço. Então, a prmera lmtação deste modelo é a smplcdade da estratéga de escolha da frma, que reflete apenas preço, gnorando outras varáves mportantes na tomada de decsão. Outra lmtação de nosso modelo decorre do fato da frma construr suas expectatvas de vendas apenas com base nos conhecmento dos resultados de mercado e não

131 121 no conhecmento da curva de reação de suas rvas. Sera necessáro construr um modelo no qual a curva de reação de uma frma ncluísse além de suas expectatvas de vendas, a crença sobre as expectatvas de vendas de suas rvas, com base nas vendas passadas de mercado. Atos de Concentração Após a establzação do mercado, permtmos que ocorressem atos de concentração, mas especfcadamente, fusões entre duas empresas, no período Os modelos de olgopólo geralmente utlzados para captar a coordenação entre frmas comportam apenas uma únca estratéga de precfcação, aquela dervada da maxmzação do lucro das empresas, e por sso, quando há uma concentração, a frma resultante não precsa mudar sua estratéga ou realzar algum tpo de adaptação à nova estrutura de mercado. Neste capítulo permtmos a alteração de estratéga. Representamos a fusão entre duas frmas na smulação pela elmnação da segunda frma do mercado, mas com a soma, à prmera, de sua partcpação de mercado, do seu captal total e de seus estoques. Os parâmetros de assmetra técnca e de produto (A, F e T) são somados ponderados pela partcpação de mercado da frma elmnada, assm como o mark up. As fusões entre duas empresas as smulações foram realzadas para o número de frmas varando entre dez, oto e ses. As fusões foram smuladas para mercados mas ou menos smétrcos (frmas com dferentes partcpações de mercado) e a partr da suposção de que a fusão não ncentva a geração de efcênca produtva (economa de escala ou escopo), nem a lvre mobldade. Mercado Assmétrco Nas smulações para dez, oto e ses frmas, com assmetra alta, de 75% (mercados mas assmétrcos), não houve mudança de estratéga empresaral de tal forma a nduzr a cooperação, sto é, não ocorreu efeto coordenado. O que pôde ser observado fo a predomnânca do efeto unlateral e da adoção de estratégas não-cooperatvas, já que a estratéga de precfcação domnante fo a de preço gual ao preço desejado (ver gráfco abaxo). Dada as devdas proporções decorrentes do número dferente de frmas, o resultado encontrado nestas smulações com fusões é muto smlar ao da smulação padrão para mercado assmétrco sem fusão.

132 122 Gráfco 5.5: Evolução das Estratégas de Precfcação Smulação Para Mercado Assmétrco Fonte: Elaboração própra. No mercado menos concentrado, com dez frmas, a fusão que unu as duas maores frmas, uma com 26% do mercado e a outra com 13% gerou um aumento do preço médo no mercado de 5%. As fusões envolvendo as frmas com tamanho ntermedáro, entre 10% e 15% resultaram em uma elevação do preço médo de no máxmo 3%, e as fusões envolvendo frmas com partcpação de mercado menor do que 10% não geraram varação sgnfcatva do preço de mercado. No mercado com oto frmas, a fusão das duas maores empresas (34% e 16% respectvamente) gerou uma elevação do preço médo de mercado de aproxmadamente 9%. Porém, no mercado com ses frmas, a fusão das duas maores empresas (42% e 18%) gerou um aumento de preço no mercado de aproxmadamente 15% Tabela 5.3: Resultados para as varáves estruturas das frmas assmétrcas FIRMAS ASSIMÉTRICAS Varável Preço Médo Aumento 5% Aumento 9% Aumento 15% Mark up Aumento assmétrco Aumento assmétrco Aumento assmétrco Efeto Fusão Unlateral Unlateral Unlateral Fonte: Elaboração Própra Em relação à lucratvdade, podemos conclur que a assmetra de mercado, tanto técnca (F e I), quanto de produto (A), permtu que as frmas mas dferencadas estabelecessem os maores mark ups, mas de forma dferente entre s: a dferencação tecnológca (como economa de escala e escopo) permte à frma produzr mas com menores custos, e assm vender a menores preços (a antga déa de Demsetz, 1973); enquanto que a dferencação de produto permte à frma aumentar preços (CHAMBERLIN, 1933). Desta forma, apesar do mark up médo não ser muto alto, ele é bastante heterogêneo entre frmas: frmas com custos

133 123 menores aprovetam sua vantagem para realzar lucros adconas no curto prazo e frmas com custos relatvamente maores sacrfcam seu mark up desejado em benefíco à sua manutenção no mercado (SILVERBERG, 1987, p.13). Fnalmente, a assmetra mpedu o efeto coordenado, mas causou sgnfcatvos efetos unlateras. Os resultados obtdos foram muto próxmos aos resultados encontrados nas smulações de fusão do tercero capítulo: ) quanto menos concentrado é um mercado, menor o aumento esperado no nível de preços do mesmo; ) as maores elevações de preços ocorreram nos mercados em que a fusão envolveu as duas maores empresas; ) empresas que não partcpam da fusão apresentaram também elevação no seu preço, sendo esta elevação maor quanto maor for a partcpação de mercado da empresa; e v) fusões entre frmas com partcpações de mercado muto dstntas e/ ou entre frmas em que uma das empresas fusonadas tenha partcpação de mercado muto pequena não geram grandes rscos à concorrênca por não resultarem em um aumento de preço sgnfcatvo. Mercado Smétrco Agora, por sua vez, para smulações para dez, oto e ses frmas, com assmetra baxa, de 25% (mercados mas smétrcos), a mudança estrutural ocorreu para a smulação com ses frmas, sendo que nas demas o efeto unlateral fo predomnante, mas mas suave que no caso anteror. Isto é, somente no mercado com ses frmas a fusão fo capaz de ncentvar a mudança de estratéga de precfcação unlateral para precfcação coordenada, como mostra o gráfco abaxo. O aumento de preço médo em decorrênca da fusão entre as maores frmas no mercado com dez frmas fo de 2%, e no mercado de oto frmas, de 5%, ambos os mercados com as frmas segundo a estratéga de precfcação não-cooperatva. No mercado com ses frmas, após a fusão das duas maores, a estratéga predomnante fo a azul, de ajuste do preço ao preço médo de mercado. Esta é uma estratéga de coordenação, já que as frmas preferem ajustar seus preços ao preço de mercado ao nvés de ncorrer em uma guerra de preços ou exercer unlateralmente o poder de monopólo que detém. A emergênca da cooperação neste caso corrobora com os achados de Renhard Selten (1973). O aumento de preço médo neste caso fo de 13%.

134 124 Gráfco 5.6: Evolução das Estratégas de Precfcação Smulação para Ses Frmas e Mercado Smétrco Fonte: Elaboração própra. A coordenação entre as ses frmas do mercado smétrco produzu um preço médo de mercado menor do que o preço médo do mercado sem coordenação e assmétrco, mas levou a mark ups mas altos e mas homogêneos. Isto porque as frmas com característcas de processo mas homogêneos produzndo ao um custo médo relatvamente baxo conseguem mpor preços relatvamente mas altos, como também fazem as frmas com dferencação de produto sgnfcatvas. E mas, como o preço médo do mercado é ponderado pelo market share, a frma com maor market share tem mas nfluênca na determnação do preço de mercado, desempenhando com sso um papel de lderança de preços. Tabela 5.4: Resultados para as varáves estruturas das frmas smétrcas FIRMAS SIMÉTRICAS Varável Preço Médo Aumento 2% Aumento 5% Aumento 13% Mark up Aumento smétrco Aumento smétrco Aumento smétrco Efeto Fusão Unlateral Unlateral Coordenado Fonte: Elaboração Própra O fato mas nteressante desta smulação é saber que a cooperação entre empresas ocorre dervada de uma mudança de estratéga das frmas de mercado que só é perceptível quando se analsa a nteração estratégca entre frmas a conduta, numa trajetóra de mercado, e não apenas a estrutura de mercado e suas prncpas varáves. Isto é, com a observação apenas das partcpações de mercado, do nível de preços, e da lucratvdade das empresas, não é possível nferr se um ato de concentração gerou apenas efetos unlateras ou se fo capaz de gerar também efetos coordenados. Isto porque ambos os efetos nfluencam as varáves estruturas da mesma manera: aumento da concentração, aumento do preço médo de mercado e aumento da lucratvdade. A dentfcação da coordenação entre empresas ocorre somente

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