Tribunal de Contas da União. Número do documento: DC /00-2. Identidade do documento: Decisão 148/ Segunda Câmara

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1 Tribunal de Contas da União Número do documento: DC /00-2 Identidade do documento: Decisão 148/ Segunda Câmara Ementa: Tomada de Contas Especial. Convênio. Fundo Nacional de Saúde. Prefeitura Municipal de Ponta Grossa PR. Ausência de controle quanto ao recebimento, armazenamento e distribuição de produtos alimentícios adquiridos. Desaparecimento de produrtos. Produtos inutilizados em decorrência de armazenagem inadequada. Alegações de defesa rejeitadas. Prazo para recolhimento do débito. Grupo/Classe/Colegiado: Grupo I - CLASSE II - 2ª Câmara Processo: / Natureza: Tomada de Contas Especial Entidade: Município de Ponta Grossa - PR Interessados: Responsável: Paulo Cunha Nascimento (ex-prefeito) Dados materiais: ATA 17/2000 DOU de 22/05/2000 INDEXAÇÃO Tomada de Contas Especial; Convênio; Fundo Nacional de Saúde; Prefeitura Municipal; Ponta Grossa PR; Aquisição; Material; Alimentação; Prejuízo; Alegações de Defesa Rejeitadas; Prazo; Recolhimento; Débito; Sumário: Tomada de Contas Especial instaurada em virtude de irregularidades verificadas na aplicação dos recursos relativos a convênio. Citação do responsável. Alegações de defesa rejeitadas, uma vez que não lograram comprovar a boa e regular aplicação dos recursos. Fixação de novo e

2 improrrogável prazo para recolhimento da dívida. Relatório: Adoto como relatório o bem elaborado parecer da lavra do Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin. "Trata-se de tomada de contas especial instaurada em decorrência de irregularidades constatadas em auditorias realizadas pelo TCU por intermédio da SECEX/PR e pelo Escritório de Representação do Ministério da Saúde no Paraná, na execução do Convênio nº 1.058/94, firmado entre a Prefeitura Municipal de Ponta Grossa/PR e o Ministério da Saúde/Fundo Nacional de Saúde, objetivando a distribuição de leite para gestantes carentes e crianças desnutridas, no âmbito do 'Programa de Atendimento aos Desnutridos e às Gestantes de Risco Nutricional', conforme apurações constantes dos Relatórios de Auditoria acostados às fls. 01/05 e 259/266, respectivamente. 2. As irregularidades identificadas nos autos foram, em síntese: ausência de controle quanto ao recebimento, armazenamento e distribuição do leite; diferença, a menor, de pacotes de leite, em relação ao quantitativo do produto que deveria constar no estoque, e pacotes de leite inutilizados por armazenagem inadequada e impróprios para o consumo, gerando um prejuízo ao Erário da ordem de R$ , Regularmente citado, nos termos do expediente de fls. 297/298, em cumprimento ao Despacho de fl. 299, o responsável apresentou suas alegações de defesa consubstanciados nos elementos de fls. 304/ A defesa está centrada em dois argumentos básicos: a existência de 'consideráveis discrepâncias nos levantamentos feitos pelas auditorias realizadas em 1996 e em 1997', imputando-lhe 'responsabilidade por fatos acontecidos quando já expirado o seu período administrativo', e ausência de prova de que o acusado 'contribuiu, direta ou indiretamente, para a perpetração de quaisquer irregularidades, demonstrando culpa ou dolo', razão pela qual 'não há como se inculpá-lo, responsabilizando-se-o pecuniariamente e rejeitando-se as contas já prestadas'. 5. O primeiro argumento diz respeito às divergências numéricas encontradas nos Relatórios de Auditorias realizadas pelo TCU, pela Representação do Ministério da Saúde e pela Comissão de Sindicância instaurada pela Prefeitura Municipal de Ponta Grossa, relativamente às quantidades de produto desaparecido e inutilizado por armazenagem inadequada ou impróprio para o consumo, e, por conseqüência, ao valor

3 do prejuízo decorrente. Entende o defendente que não lhe pode ser atribuída responsabilidade por fatos ocorridos quando o seu mandato à frente do executivo municipal já havia sido expirado. 6. Compulsando os autos, verifica-se que o Tribunal adotou o valor quantificado pela auditoria do Ministério da Saúde como débito a ser imputado ao responsável. Essa auditoria, embora tenha sido realizada em junho de 1997, objetivou exclusivamente apurar os fatos relacionados com a execução do aludido Convênio nº 1.058/94 e seus aditivos, o qual teve sua vigência encerrada em maio de 1996, portanto, ainda na gestão do Sr. Paulo Cunha Nascimento (expirada somente em 31/12/96), conforme se depreende do citado Relatório de fls. 259/ De acordo com as disposições da Instrução Normativa STN nº 02, de 19/04/93, vigente à época da transferência dos recursos, a competência original para fiscalizar a aplicação de verbas federais repassadas mediante convênios ou outros instrumentos similares, de natureza financeira, firmados por órgãos e entidades federais, e aprovar ou não a respectiva prestação de contas, com base na documentação comprobatória pertinente, era do órgão concedente, no caso o Ministério da Saúde/Fundo Nacional de Saúde. O fato dessa fiscalização ter sido exercida fora do exercício de abrangência do convênio é irrelevante, principalmente, ante as evidências existentes nos autos de que a execução desse instrumento, incluindo-se o prazo para apresentação da prestação de contas, teve o seu término durante o mandato do ex-prefeito. 8. Destarte, não procede a alegada 'discrepância nos levantamentos feitos pelas auditorias', realizadas em momentos distintos, uma vez que o valor do débito atribuído ao responsável é aquele que foi regularmente apurado pelo órgão concedente dos recursos, no uso de sua competência legal e regulamentar; assim como não deve prosperar a assertiva de que o gestor foi responsabilizado por atos praticados na administração que o sucedeu, porquanto está devidamente caracterizado no processo que o termo do convênio em referência expirou dentro do mandato do defendente. 9. Quanto à segunda alegação utilizada pela defesa, referente à falta de prova de que o acusado contribuiu, direta ou indiretamente, para a perpetração das irregularidades, demonstrando culpa ou dolo, não havendo, por isso, como responsabilizá-la pelo débito apurado nos autos, é oportuno esclarecer que no processo administrativo de tomada ou prestação de contas o ônus da prova é do gestor, consoante o disposto no art. 93 do Decreto-lei nº 200, de 25/02/67, verbis: 'Quem quer utilize dinheiros públicos terá de justificar seu bom e regular

4 emprego na conformidade das leis, regulamentos e normas emanadas das autoridades administrativas competentes'. 10. Ante todo o exposto, e considerando os elementos constantes dos autos, o Ministério Público manifesta-se em conformidade com a proposta da Unidade Técnica, no sentido da rejeição das alegações de defesa apresentadas pelo Sr. Paulo Cunha Nascimento e da fixação de novo e improrrogável prazo para o recolhimento do débito que lhe foi imputado, nos termos da conclusão de fl. 315." É o Relatório. Voto: Conforme se verifica nos autos, as auditorias realizadas na Prefeitura de Ponta Grossa constataram diversas irregularidades na execução do Convênio nº 1.058/94, celebrado entre o Ministério da Saúde/Fundo Nacional de Saúde e a Prefeitura Municipal de Ponta Grossa PR, tendo como objeto a implementação do Programa de Atendimento aos Desnutridos e às Gestantes de Risco Nutricional no Município, relativamente ao controle, recebimento, armazenagem e distribuição dos produtos adquiridos. 2.Verificou-se que a Prefeitura adquiriu quantidade de leite em pó acima da prevista no Plano de Trabalho. Em decorrência disso, foram doados pacotes de leite em pó a instituições de caridade a fim de evitar que o produto se perdesse, tendo em vista que se encontrava com prazo de validade próximo do vencimento. Observou-se também perdas do produto em vista das precárias condições de armazenamento dos produtos, bem como diferenças apuradas entre a quantidade de leite em pó (integral e modificação) adquirida, distribuída e doada e aquela existente em estoque no almoxarifado. 3.Assim, considerando que as alegações de defesa apresentadas pelo ex-prefeito não lograram descaracterizar as irregularidades apuradas, tampouco foram capazes de eximi-lo da responsabilidade pelas ocorrências, manifesto-me de acordo com a proposta da Unidade Técnica e do douto Ministério Público, no sentido de rejeitá-las e de fixar novo prazo para que o responsável recolha aos cofres do Fundo Nacional de Saúde a importância de R$ ,04, acrescida da atualização monetária e dos juros de mora, a partir de , ressaltando que esse valor foi obtido multiplicando-se o preço médio (R$ 1,56) do produto entregue em embalagens de 400 gr pela diferença apurada em estoque (28.071) e pela quantidade de pacotes de produtos inutilizados (4.988). Ante o exposto, VOTO no sentido de que o Tribunal adote a deliberação

5 que ora submeto ao Colegiado. T.C.U., Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 11 de maio de ADHEMAR PALADINI GHISI Ministro-Relator Assunto: II - Tomada de Contas Especial Relator: ADHEMAR GHISI Representante do Ministério Público: PAULO SOARES BUGARIN Unidade técnica: SECEX-PR Quórum: Ministros presentes: Bento José Bugarin (na Presidência), Adhemar Paladini Ghisi (Relator), Valmir Campelo e Adylson Motta. Sessão: T.C.U., Sala de Sessões, em 11 de maio de 2000 Decisão: A Segunda Câmara, diante das razões expostas pelo Relator, com fulcro no art. 12, 1º, e 22, parágrafo único, da Lei nº 8.443/92 c/c o art. 153, 2º, do Regimento Interno do TCU, DECIDE rejeitar as alegações de defesa apresentadas pelo ex-prefeito de Ponta Grossa PR, tendo em vista que não foram capazes de descaracterizar as irregularidades apuradas na execução do Convênio nº 1.058/94, celebrado entre a Municipalidade e o Ministério da Saúde/Fundo Nacional de Saúde, fixando-se o prazo improrrogável de 15 (quinze) dias a contar da ciência, para que comprove, perante este Tribunal, o recolhimento aos cofres do Fundo Nacional de Saúde da importância de R$ ,04 (cinqüenta e um mil, quinhentos e setenta e dois reais e quatro centavos), acrescida da atualização monetária e dos juros de mora, calculados a partir de , data do término da vigência do convênio, até a data do efetivo recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor.

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