Tribunal de Contas da União

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1 Tribunal de Contas da União Dados Materiais: Acórdão 315/96 - Primeira Câmara - Ata 32/96 Processo nº TC /93-3 Responsáveis: Markus Mozes Katz (ex-liquidante); David Preciado, Jandir de Moraes Feitosa Júnior, Álvaro Craveiro, John Johnson Hossell, Anselmo de Oliveira Andrade, Fernando Esberard, e Antônio Rodrigues do Souto Serra (ex-membros do Conselho Fiscal) Entidade: Petrobrás Comércio Internacional S.A. - INTERBRÁS (liquidada) Vinculação: Ministério de Minas e Energia Relator: Ministro HOMERO SANTOS Representante do Ministério Público: Procurador-Geral em exercício Jatir Batista da Cunha Unidade Técnica: 9ª Secretaria de Controle Externo Especificação do quorum: Ministros presentes: Carlos Átila Álvares da Silva (na Presidência), Homero dos Santos (Relator) e Humberto Guimarães Souto. Assunto: Prestação de contas. Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Prestação de Contas, exercício de 1991, de responsabilidade do Sr. Markus Mozes Katz, ex-liquidante da Petrobrás Comércio Internacional S.A. - INTERBRÁS. Considerando que, no processo devidamente organizado, apurou-se contra o Sr. Markus Mozes Katz o débito no valor original de Cr$ ,40 (cento e quatro milhões, setecentos e quarenta e quatro mil, novecentos e dezenove cruzeiros e quarenta centavos), proveniente de pagamento indevido efetuado à FILSAN EQUIPAMENTOS E SISTEMAS S.A. durante o período em que respondeu pela INTERBRÁS como liquidante; considerando que, na Sessão de 17/03/94, a 2ª Câmara, mediante a Decisão nº 058/94, rejeitou as alegações de defesa do referido Responsável e fixou o prazo de quinze dias para recolhimento, aos cofres da Empresa, do valor do débito; considerando que o Sr. Markus Mozes Katz, alegando dúvidas quanto aos fundamentos daquela deliberação, interpôs Embargos de

2 Declaração, os quais foram apreciados na Sessão de 06/10/94, da 2ª Câmara, que, por intermédio da Decisão nº 255/94, conheceu do referido recurso, para, dando-lhe provimento, tornar claramente explicitadas, na forma dos seus itens e 8.1.2, as razões da rejeição das alegações de defesa; considerando que, comunicado dessa última Decisão, o Responsável ingressou com expediente, a título de Recurso de Reconsideração, o qual foi examinado pela Unidade Técnica, cujo parecer concluiu que, em nenhum dos argumentos e documentos que juntou aos autos, o ex-liquidante conseguiu provar que o pagamento de US$ 476, à FILSAN EQUIPAMENTOS E SISTEMAS S.A tinha bases legais e contratuais; considerando que é incabível recurso contra decisão que rejeitou as alegações de defesa apresentadas pelo responsável, ante o que dispõe a Resolução nº 036/95-TCU, em seu art. 23, 1º; Alterado pelo Acórdão 256/ Ata 23 - Primeira Câmara.) considerando ter se esgotado o prazo regimental sem que o ex-liquidante tenha providenciado o recolhimento do débito aos cofres da Petróleo Brasileiro S.A - PETROBRÁS; considerando o empenho do Conselho Fiscal da INTERBRÁS, quando, por solicitação dos seus membros, contida na Ata nº 116, de , determinou à Auditoria Interna da Entidade, a auditagem no Contrato de Fornecimento de Equipamentos e Materiais, assinado com a FILSAN, tendo inclusive levado o assunto ao conhecimento da CISET-MME, que, por sua vez, encaminhou a matéria a este Tribunal; considerando os pareceres da Unidade Técnica e do Ministério Público, no sentido de serem as presentes contas julgadas irregulares e em débito o Sr. Markus Mozes Katz pela quantia acima referida, dando-se quitação aos membros do Conselho Fiscal; ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da 1ª Câmara, ante as razões expostas pelo Relator e com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea b, c/c os arts. 19, "caput", 23, inciso III, todos da Lei nº 8.443/92, em: a) julgar irregulares as presentes contas e condenar o Sr. Markus Mozes Katz ao pagamento da quantia de Cr$ ,40 (cento e quatro milhões, setecentos e quarenta e quatro mil, novecentos e dezenove cruzeiros e quarenta centavos), fixando-lhe o prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o Tribunal (art. 165, inciso III, alínea "a", do Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres da Petróleo

3 Brasileiro S.A - PETROBRÁS, atualizada monetariamente e devidamente acrescida dos encargos legais, calculados a partir de 18/02/91, até a data do recolhimento e convertida ao padrão monetário vigente, na forma prevista na legislação em vigor; b) julgar regulares com ressalva as contas dos ex-membros do Conselho Fiscal indicados no item 3 acima, dando-lhes quitação; e c) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443/92, a cobrança judicial da dívida referida na alínea "a" acima, caso não atendida a notificação. Ementa: Prestação de Contas. INTERBRÁS. Recurso de reconsideração contra acórdão que rejeitou as alegações de defesa apresentadas. Contas irregulares. Débito. Regularidade com ressalva aos membros do Conselho Fiscal. - Processual. Não conhecimento do recurso em face do art. 23, î 1º da Resolução TCU nº 36/95. Data DOU: 16/09/1996 Parecer do Ministério Público: Proc. TC /93-3 (Contém: 1 anexo TC /93-2; e 1 volume) Prestação de Contas Trata-se de recurso interposto à Decisão nº 058/94, pelo Sr. Markus Mozes Katz, ex-liquidante da Petrobrás Comércio Internacional S.A. - INTERBRÁS. Importante ressaltar que o recorrente apresentou Embargos de Declaração à Decisão supra, tendo esta Corte se pronunciado na Decisão nº 255/94-TCU-2ª Câmara pela mantença dos termos recorridos. Devidamente citado, conforme Ofício nº 880/94, de , às fls. 5 a 8 do volume I, o responsável apresentou os esclarecimentos constantes às fls. 10 a 119 do mesmo volume, dessa feita, a título de recurso de reconsideração. Após a análise dessa documentação, a 9ª SECEX opinou pelo conhecimento do recurso apresentado para, no mérito, negar-lhe provimento - fl. 661 a 671. Por determinação do Exmº Sr. Ministro-Relator, PAULO AFFONSO MARTINS DE OLIVEIRA, os presentes autos foram encaminhados ao Gabinete do eminente Ministro HOMERO SANTOS, Relator da decisão

4 recorrida, que solicitou nova instrução de mérito da Unidade Técnica e, ainda, a audiência do Ministério Público junto ao TCU. Registre-se que a Resolução nº 36/95, de , estabelece em seu art. 4º que o Relator não conhecerá dos elementos adicionais apresentados, após a fase de citação ou de audiência do responsável, salvo na hipótese de fato novo superveniente que afete o mérito do processo. No entanto, em função do princípio da irretroatividade, entendemos que o presente recurso poderá ser acolhido, posto que sua apresentação deu-se anteriormente à vigência dessa norma. Em atenção ao v. Despacho singular - fl manifestamo-nos pelo conhecimento do presente Recurso de Reconsideração para, no mérito, negar-lhe provimento, julgando-se as presentes contas irregulares, e em débito, o Sr. MARKUS MOZES KATZ, pela quantia de Cr$ ,40, acrescida dos encargos legais calculados a partir de até a data do efetivo recolhimento, nos termos dos artigos 16, inciso III, alínea "b"; e 19, todos da Lei nº 8.443/92, dando-se quitação aos membros do Conselho Fiscal, em consonância com os pareceres lançados às fls. 661 a 671 e 675 a 677. Página DOU: Data da Sessão: 03/09/1996 Relatório do Ministro Relator: GRUPO I - CLASSE II - 1ª Câmara TC /93-3 Natureza: Prestação de Contas - exercício de 1991 Entidade: Petrobrás Comércio Internacional S.A. - INTERBRÁS (liquidada) Vinculação: Ministério de Minas e Energia Responsáveis: Markus Mozes Katz (ex-liquidante); David Preciado, Jandir de Moraes Feitosa Júnior, Álvaro Craveiro, John Johnson Hossell, Anselmo de Oliveira Andrade, Fernando Esberard, e Antônio Rodrigues do Souto Serra (ex-membros do Conselho Fiscal) Ementa: Prestação de contas, referentes ao exercício de Petrobrás Comércio Internacional S.A. - INTERBRÁS. Expediente apresentado, a título de recurso, pelo responsável Markus Mozes

5 Katz, contra decisão que rejeitou suas alegações de defesa. Argumentos e documentos juntados incapazes de elidir as irregularidades apontadas. Não cabimento, ademais, do referido recurso, em face do que dispõe a Resolução nº 036/95-TCU, em seu art. 23, 1º. Julgamento pela irregularidade das contas e em débito o Responsável. Autorização para cobrança judicial da dívida, caso não atendida a notificação. Julgamento pela regularidade com ressalva das contas dos ex-membros do Conselho Fiscal, dando-lhes quitação. Trata-se de Prestação de Contas da Petrobrás Comércio Internacional S.A. - INTERBRÁS, relativas ao exercício de A Secretaria de Controle Interno do Ministério de Minas e Energia constatou, entre outras impropriedades, a referente ao acordo firmado pela INTERBRÁS com a FILSAN EQUIPAMENTOS E SISTEMAS S.A. e, ao concluir pela ocorrência de prejuízo ao erário, certificou a irregularidade da gestão, tendo a autoridade ministerial se pronunciado de acordo. Dos exames efetuados pela Unidade Técnica, restou confirmado que, durante o período em que o Sr. Markus Mozes Katz respondeu pela INTERBRÁS como liquidante, foram efetuados irregularmente os seguintes pagamentos por aquela Entidade à FILSAN: a) pagamento da importância de US$ 200,000.00, por Armazenagem, quando se apurou, pelas gerências especializadas da própria INTERBRÁS, que o valor devido correspondia, de fato, a US$ 104,568.78, tendo incorrido a Entidade em um desembolso a maior, no valor de US$ 95,431.30, em benefício da FILSAN; e b) pagamento indevido, no todo, de US$ 382,000.00, a título de Indenização, quando a quantia por Armazenagem acima referida se constituiu na única indenização devida pela INTERBRÁS à FILSAN, a qual se extingue com o pagamento de US$ 104, Os pagamentos injustificados somaram então US$ 477, (US$ 95, US$ 382,000.00). Entretanto, apurou-se, também, que dois outros pagamentos realizados pela INTERBRÁS à FILSAN, estes, sim, devidos, a título de Perdas Financeiras e de Juros de Pré-Financiamento, haviam sido efetuados a menor em US$ Desse modo, deduzidos dos US$ 477, a aludida quantia de US$ , resultou o débito de US$ 476, Citado para recolher o mencionado débito ou apresentar alegações de defesa, o Responsável ingressou com suas alegações, as

6 quais foram apreciadas na Sessão de 17/03/94, da 2ª Câmara que, mediante a Decisão nº 058/94, as rejeitou e fixou o prazo de quinze dias para recolhimento da importância correspondente ao valor originário de Cr$ ,40 (cento e quatro milhões, setecentos e quarenta e quatro mil, novecentos e dezenove cruzeiros e quarenta centavos), atualizada e acrescida dos encargos legais, contados a partir de , data da conversão em moeda nacional do mencionado valor de US$ 476, Em seguida, alegando dúvidas quanto aos fundamentos daquela deliberação, o Sr. Markus Mozes Katz interpôs, contra ela, Embargos de Declaração, os quais foram apreciados na Sessão de 06/10/94, da 2ª Câmara, que, por intermédio da Decisão nº 255/94, conheceu do referido recurso, para, dando-lhe provimento, tornar claramente explicitadas as razões da rejeição das alegações de defesa, na forma dos pareceres emitidos nos autos, notadamente o pronunciamento do Ministério Público, razões essas consubstanciadas nos itens da Decisão a seguir reproduzidos: " a citação para recolher o débito decorrente de pagamento injustificado à FILSAN EQUIPAMENTOS E SISTEMAS S.A., por não elidirem sua responsabilidade pelo ato indicado, uma vez que não lograram demonstrar em que bases contratuais está fundamentado; os argumentos do embargante foram considerados insuficientes para justificar o ato impugnado, porque não têm o condão de comprovar que os resultados obtidos pelo acordo ilegítimo com a FILSAN não seriam da mesma forma alcançados, se o aludido acordo tivesse sido pautado em bases legais e contratuais". Comunicado dessa última deliberação, o Sr. Markus Mozes Katz apresentou então elementos, a título de Recurso de Reconsideração, os quais foram examinados pela 9ª SECEX, cujo parecer concluiu que, em nenhum dos argumentos e documentos que juntou aos autos, o ex-liquidante conseguiu provar que o pagamento de US$ 476, à FILSAN tinha bases legais e contratuais. Dessa forma, propõe a Analista responsável pela Instrução: "a) julgar irregulares as presentes contas e em débito o Sr. Markus Mozes Katz, pela quantia de Cr$ ,40 (cento e quatro milhões, setecentos e quarenta e quatro mil, novecentos e dezenove cruzeiros e quarenta centavos), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias a contar da notificação para comprovar ao TCU o recolhimento aos cofres da Petróleo Brasileiro S.A - PETROBRÁS a PETROBRÁS ficou responsável pelas pendências financeiras e

7 comerciais da INTERBRÁS, do valor acrescido dos encargos legais a partir de até a data do recolhimento; e dar quitação aos membros do Conselho Fiscal arrolados às fls. 07/08; e b) autorizar, desde logo, a cobrança judicial da dívida, caso não atendida a notificação (Lei nº 8.443/92, art. 28, inciso II)." A Diretora de Divisão, ao concordar com a proposta da Instrução, destaca o "empenho do Conselho Fiscal da Companhia, quando, por solicitação dos seus membros, contida na Ata nº 116, de , determinou à Auditoria Interna da INTERBRÁS, a auditagem no Contrato de Fornecimento de Equipamentos e Materiais, assinado entre a INTERBRÁS e a FILSAN (fls. 51 a 59)", propondo, assim, "dar quitação aos membros do Conselho Fiscal da Companhia, relacionados às fls. 7 e 8, vez que os mesmos figuram na relação dos agentes responsáveis pela Entidade". O Secretário de Controle Externo pronuncia-se acorde. O Ministério Público, por sua vez, manifesta-se do seguinte modo em seu Parecer: "Registre-se que a Resolução nº 36/95, de , estabelece em seu art. 4º que o Relator não conhecerá dos elementos adicionais apresentados, após a fase de citação ou audiência do responsável, salvo na hipótese de fato novo superveniente que afete o mérito do processo. No entanto, em função do princípio da irretroatividade, entendemos que o presente recurso poderá ser acolhido, posto que sua apresentação deu-se anteriormente à vigência dessa norma. Em atenção ao Despacho singular - fl manifestamo-nos pelo conhecimento do presente Recurso de Reconsideração para, no mérito, negar-lhe provimento, julgando-se as presentes contas irregulares e em débito o Sr. Markus Mozes Katz, pela quantia de Cr$ ,40, acrescida dos encargos legais calculados a partir de até a data do efetivo recolhimento, nos termos dos artigos 16, inciso III, alínea b; e 19, todos da Lei nº 8.443/92, dando-se quitação aos membros do Conselho Fiscal, em consonância com os pareceres lançados às fls. 661 a 671 e 675 a 677". É o Relatório. Voto do Ministro Relator: A INTERBRÁS, ex-subsidiária da PETROBRÁS que teve sua dissolução autorizada em abril de 1990 (Lei nº 8.029/90 e Decreto nº /90), foi definitivamente liquidada somente em , tendo o Sr. Markus Mozes Katz atuado como liquidante da Entidade no

8 período de a Conforme se verifica dos autos, os elementos apresentados pelo responsável, a título de recurso de reconsideração, não conseguiram elidir a irregularidade relativa ao pagamento de US$ 476, à FILSAN EQUIPAMENTOS E SISTEMAS S.A., uma vez que, em sua maior parte, tais elementos já integravam os autos, sendo que os demais também não lograram provar que teria sido legítimo o mencionado pagamento. Dessa maneira, a nova documentação trazida ao processo é incapaz de alterar a deliberação que havia rejeitado as alegações de defesa do responsável (Decisão nº 058/94, ratificada pela Decisão nº 255/94, ambas da 2ª Câmara) Ademais, de acordo com a Resolução nº 036/95-TCU, art. 23, 1º, é incabível recurso contra decisão que tenha rejeitado as alegações de defesa apresentadas pelo responsável, ainda que tenha dado entrada neste Tribunal anteriormente à vigência dessa norma, conforme entendimento expresso na Sessão Extraordinária- Administrativa de (Ata nº 34/95). (Substituído pelo Acórdão 256/ Ata 23 - Primeira Câmara) Em relação ao Conselho Fiscal, assiste razão à Unidade Técnica ao propor que seja dada quitação aos seus ex-membros, por ter ficado patente nos autos que o referido colegiado consignou em atas questionamentos acerca dos pagamentos à FILSAN, tendo inclusive levado o assunto ao conhecimento da CISET-MME, que, por sua vez, encaminhou a matéria a este Tribunal. Tenho por apropriado ainda o julgamento pela regularidade com ressalva das contas dos ex-membros do Conselho. Assim, acolho os pareceres, com os ajustes que entendo pertinentes, e voto no sentido de que esta 1ª Câmara adote a decisão, sob a forma de acórdão, que ora submeto à sua apreciação. Indexação: Prestação de Contas; INTERBRÁS; Recurso de Reconsideração; Acordo; Pagamento Indevido; Liquidação de Entidade;