Assunto: Denúncia acerca de possíveis irregularidades ocorridas na aquisição de imóvel pelo CRC/MG.

Transcrição

1 Tribunal de Contas da União Dados Materiais: Decisão 383/97 - Plenário - Ata 24/97 Processo nº TC /97-3 (Sigiloso). Responsável: Jayme Crusoé Loures de Macedo Meira, Presidente. Entidade: Conselho Regional de Contabilidade no Estado de Minas Gerais - CRC/MG. Relator: Ministro José Antonio Barreto de Macedo. Representante do Ministério Público: não atuou. Unidade Técnica: SECEX/MG Especificação do "quorum": Ministros presentes: Homero dos Santos (Presidente), Fernando Gonçalves, Adhemar Paladini Ghisi, Carlos Átila Álvares da Silva, Paulo Affonso Martins de Oliveira, Iram Saraiva e os Ministros-Substitutos José Antonio Barreto de Macedo (Relator) e Lincoln Magalhães da Rocha. Assunto: Denúncia acerca de possíveis irregularidades ocorridas na aquisição de imóvel pelo CRC/MG. Ementa: Denúncia contra o Conselho Regional de Contabilidade no Estado de Minas Gerais. Aquisição de imóvel sem licitação e sem a publicação do ato vinculado no DOU e em valor superior ao avaliado pela CEF. Procedência parcial. Determinação. Juntada às contas. Data DOU: 07/07/1997 Página DOU: Data da Sessão: 25/06/1997 Relatório do Ministro Relator: GRUPO I - CLASSE VII - Plenário TC /97-3 (Sigiloso). Natureza: Denúncia.

2 Entidade: Conselho Regional de Contabilidade no Estado de Minas Gerais - CRC/MG. Responsável: Jayme Crusoé Loures de Macedo Meira, Presidente. EMENTA: Denúncia acerca de possíveis irregularidades ocorridas na aquisição de imóvel pelo CRC/MG. Diligência "in loco". Procedência, em parte, da denúncia. Determinação. Juntada às contas. Ciência ao interessado. Adoto como Relatório a bem elaborada instrução a cargo do Analista Herbert Newton Mota Guerra, a seguir transcrita, endossada pela Sra. Secretária Substituta da SECEX/MG (fls. 82/83): "Trata-se de denúncia apresentada referente à aquisição do Edifício Cláudio Manoel, pelo Conselho Regional de Contabilidade de Minas Gerais, sem licitação pública e sem a publicação do ato vinculado no Diário Oficial, caracterizando e justificando a inexigibilidade de licitação. O denunciante ainda destaca o fato de que o Parecer CFC-23/96 (fls. 45/47) informa a avaliação do imóvel pela Caixa Econômica Federal em R$ ,35, quando a compra foi feita por R$ ,00. Inicialmente, nos parece pertinente ressaltar que, de acordo com o Enunciado de Decisão 409/TCU, os Conselhos de Fiscalização do Exercício de Profissões Liberais, por receberem contribuições de natureza parafiscal, estão sujeitos às normas de administração pública e, em particular, no presente caso, à Lei nº 8.666/93 e suas alterações. Devemos esclarecer ainda que, embora o denunciante se refira a inexigibilidade de licitação, houve, na realidade, dispensa de licitação. Da análise da documentação apresentada, podemos constatar que a denúncia em questão envolve três aspectos: o valor da aquisição, a dispensa de licitação e ausência de publicação no Diário Oficial. Estes aspectos são analisados individualmente em seguida. No que se refere às avaliações do imóvel, há duas informações conflitantes. Na folha 43 é informado que os valores são R$ ,00 da Empresa Mineira de Engenharia Ltda., R$ ,00 da Avalipresse e R$ ,35 da Caixa Econômica Federal, perfazendo uma média de R$ ,78. Já na folha 49 o valor referente à Avalipresse diminuiu para R$ ,03, o que perfaz uma média de R$ ,79. Ambas as médias são superiores ao valor da aquisição pelo CRC-MG. Há ainda uma ressalva no laudo da CEF, às fls. 49, que permite considerar um valor adicional ao

3 montante da avaliação referente às áreas de uso comum, que poderiam ser aproveitadas de maneira privativa. Portanto, considerando que o próprio laudo da CEF permite um acréscimo do valor, e que a média dos valores avaliados é superior ao valor da aquisição, o preço praticado pode ser considerado, s.m.j., compatível com o preço de mercado. Referente à dispensa de licitação para a aquisição do edifício, a mesma foi precedida por consulta à Assessoria Jurídica do CRC, e à Coordenadoria Jurídica do Conselho Federal de Contabilidade. Em parecer às fls. 13 e pronunciamento às fls. 19, respectivamente, ambos os órgãos responderam positivamente à possibilidade de compra do edifício com dispensa de licitação, com base no inciso X, do art. 24 da Lei 8.666/93. Este inciso estabelece que a licitação é dispensável para a compra do imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas da Administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia. No caso em questão, o destino do imóvel é o atendimento das finalidades precípuas da Administração e o preço, conforme análise anterior, é compatível com o valor de mercado. Para a dispensa de licitação é necessário, ainda, 'que as necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha'. Pudemos constatar, em visita ao prédio, que o mesmo possui boas instalações e encontra-se muito bem localizado. Como a interpretação de que 'tais fatores condicionem a sua escolha' é bastante subjetiva, não podemos questionar esta avaliação pelo gestor. Portanto, concluímos pela legalidade da ausência de licitação. No material encaminhado pelo denunciante, segundo este apresentado como o material fornecido pelo CRC-MG referente ao processo de aquisição do imóvel, não está presente cópia de publicação na imprensa oficial. Em pesquisas realizadas no Diário Oficial no período da aquisição, constatamos que o extrato não foi publicado. Em face do exposto, considerando o caráter formal desta falha, propomos: a) conhecer da denúncia em pauta, por preencher os requisitos de admissibilidade previstos no art. 213 do Regimento Interno deste Tribunal, para considerá-la procedente, em parte; b) determinar, aos atuais dirigentes do Conselho Regional de

4 Contabilidade de Minas Gerais, que providenciem a publicação, no Diário Oficial, dos extratos de dispensa/inexigibilidade de licitação, de acordo com o artigo 26 da Lei nº 8.666/93 e alterações posteriores; c) levantar a chancela de SIGILOSO que recai sobre estes autos, nos termos do art. 212 do parágrafo 1º, c/c o artigo 215, 'caput', e parágrafo 1º do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União; d) comunicar ao denunciante e ao CRC-MG a decisão que vier a ser prolatada, bem como o Relatório e Voto que a fundamentarem; e) juntar os autos à Prestação de Contas do exercício de 1996, do Conselho Regional de Contabilidade de Minas Gerais, para análise em conjunto e em confronto, de acordo com o inciso I do artigo 194 do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União." Voto do Ministro Relator: Em face das razões expendidas, acolho o parecer da SECEX/MG e voto por que seja adotada a decisão que ora submeto à apreciação deste E. Plenário. Decisão: O Tribunal Pleno, diante das razões expostas pelo Relator, DECIDE: 1 - considerar procedente, em parte, a presente denúncia, tendo em vista haver sido comprovada a existência da falha de caráter formal denunciada; 2 - determinar, em conseqüência, ao Presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de Minas Gerais que providencie a publicação, no Diário Oficial, dos extratos de dispensa/ inexigibilidade de licitação, de acordo com o artigo 26 da Lei n /93 e alterações posteriores; 3 - cancelar a chancela de Sigiloso aposta a estes autos; 4 - determinar a juntada deste processo ao da Prestação de Contas do CRC/MG relativa ao exercício de 1996, de conformidade com o art. 194, inciso I, do Regimento Interno; 5 - dar ciência desta Decisão, bem como do Relatório e Voto que a fundamentam, ao signatário do documento de fl. 03 do volume I. Indexação: Denúncia; Entidade de Fiscalização Profissional; MG; Aquisição; Bens Imóveis; Licitação; Inexigibilidade de Licitação;

5 Superfaturamento de Preços; Publicação no Diário Oficial; Avaliação; Preço; CEF;