Assunto: Tomada de Contas Especial. Exame da defesa apresentada pelo responsável.

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1 Tribunal de Contas da União Dados Materiais: Decisão 312/95 - Segunda Câmara - Ata 38/95 Processo nº TC /93-8 Responsável: Josenildo Leal Moreira - ex-presidente Entidade: Associação dos Moradores da Cidade de Manoel Emídio/PI Relator: Ministro IRAM SARAIVA Representante do Ministério Público: Procurador-Geral em exercício, Dr. Jatir Batista da Cunha Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Piauí - SECEX/PI Especificação do quorum: Ministros presentes: Adhemar Paladini Ghisi (na Presidência), Paulo Affonso Martins de Oliveira e Iram Saraiva (Relator). Assunto: Tomada de Contas Especial. Exame da defesa apresentada pelo responsável. Ementa: Tomada de Contas Especial. Convênio. FUNABEM, atual FCBIA. Associação dos Moradores da Cidade de Manoel Emídio PI. Omissão na prestação de contas. Apresentação de documento à título de prestação de contas aceita como alegação de defesa. Documentação inconsistente. Alegações de defesa rejeitadas. Novo prazo para recolhimento. Data DOU: 28/11/1995 Página DOU: Data da Sessão: 14/11/1995 Relatório do Ministro Relator: GRUPO I - CLASSE II - 2ª CÂMARA TC /93-8 Natureza: Tomada de Contas Especial

2 Entidade: Associação dos Moradores da Cidade de Manoel Emídio-PI Responsável: Josenildo Leal Moreira - ex-presidente Ementa: Tomada de Contas Especial. Omissão no dever de prestar contas dos recursos conveniados com a Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor - FUNABEM (atual Fundação Centro Brasileiro para a Infância e Adolescência - FCBIA). Citação. Apresentação de documentos a título de prestação de contas. Não aprovação das contas pela FCBIA, em razão da inconsistência da documentação apresentada. Conhecimento dos elementos recebidos como alegações de defesa, para rejeitá-las. Comunicação da decisão ao responsável e fixação de novo e improrrogável prazo para recolhimento do débito. Trata-se de Tomada de Contas Especial instaurada pela Fundação Centro Brasileiro para a Infância e Adolescência - FCBIA, em razão da omissão do responsável indicado no dever de prestar contas de parte dos valores transferidos à Associação dos Moradores da Cidade de Manoel Emídio/PI, através do Convênio nº 1.092/16/88 e seus Termos Aditivos, firmados com a Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor - FUNABEM (atual FCBIA), no montante de NCz$ ,00 (vinte mil, oitocentos e setenta e sete cruzados novos), objetivando atender menores em situação de risco/não tutelados, através de atividades de geração de renda, iniciação profissional e atividades complementares. 2. Diante da omissão do responsável, a CISET/MBES, endossada pela autoridade ministerial competente, certificou a irregularidade das contas. 3. Regularmente citado para apresentar defesa ou recolher o débito que lhe estava sendo imputado, o responsável encaminhou a este Tribunal os elementos de fls. 92/115, a título de prestação de contas dos recursos conveniados, os quais foram encaminhados à CISET/MBES, para fins de obtenção do pronunciamento do órgão repassador dos recursos e para emissão, se necessário, de novos pareceres técnicos daquela Unidade de Controle Interno, acompanhados da manifestação da autoridade ministerial. 4. À vista das impropriedades detectadas na documentação recebida, o Centro Brasileiro para a Infância e Adolescência - FCBIA manifestou-se pela não aceitação dos elementos apresentados pelo responsável como prestação de contas dos valores transferidos pela antiga FUNABEM, sendo mantidos, em conseqüência, os pronunciamentos anteriores da CISET/MBES e do Sr. Ministro de Estado do Bem-Estar Social.

3 5. Dentre as falhas e inconsistências apontadas pela FCBIA e pela SECEX/PI, no exame dos documentos encaminhados pelo ex-presidente da Associação dos Moradores da Cidade de Manoel Emídio/PI, destacam-se as seguintes: a) divergência entre os valores dos cheques indicados no extrato bancário e os consignados nas notas fiscais e recibos apresentados como comprovantes de despesas; b) adulteração de data em todas as notas fiscais, que foram apresentadas em fotocópias não autenticadas, sendo de destacar que a NF de nº 119 foi emitida em data anterior à de nº 118, além de terem sido, todas elas, expedidas pela mesma empresa, a firma Comércio e Representações Estrela, de propriedade de Carlos Alfredo Martins Barros; c) ausência de identificação dos documentos de despesas com os dados do convênio a que se referem; d) notas fiscais emitidas em 1989, após decorridos quase 5 (cinco) anos da autorização para impressão das mesmas, datada de ; e) emissão, num período de cinco meses, de apenas 6 (seis) notas fiscais e todas para a Associação dos Moradores da Cidade de Manoel Emídio-PI, apesar de pertencerem a uma firma localizada no centro de Teresina; f) recibos de pagamentos com datas rasuradas; e g) devolução do saldo financeiro não aplicado somente em , conforme DARF constante dos autos, após decorridos quase 5 anos do recebimento dos recursos. 6. Assinala, ainda, a Unidade Técnica que, em pesquisa realizada junto ao Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal - SIAFI, ficou constatado que a firma emitente das notas fiscais constantes dos autos - Carlos Alfredo Martins Barros (Comércio e Representações Estrela) - foi extinta e a validade do seu Cartão de Inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC) expirou em , portanto, em data anterior à expedição das notas fiscais apresentadas pelo responsável como comprovantes de despesas. 7. Assim, a SECEX/PI propõe, com fundamento no art. 12 da Lei nº 8.443/92, c/c o 2º do art. 147 do Regimento Interno do Tribunal, a rejeição das alegações de defesa apresentadas pelo responsável e a fixação de novo e improrrogável prazo de 15 (quinze) dias para que o mesmo recolha aos cofres do Tesouro Nacional a importância de

4 NCz$ ,00 (vinte mil, oitocentos e setenta e sete cruzados novos), acrescida dos encargos legais contados a partir das datas dos respectivos repasses. 8. O Ministério Público junto a esta Casa, nos autos representado pelo eminente Procurador-Geral em exercício, Dr. Jatir Batista da Cunha, manifesta-se de acordo com a proposição da Unidade Técnica. É o Relatório. Voto do Ministro Relator: Como se observa do Relatório que precede este Voto, a documentação encaminhada pelo responsável, a título de prestação de contas dos recursos repassados à Associação dos Moradores da Cidade de Manoel Emídio/PI, através do Convênio nº 1.092/16/88 e seus Aditivos, não apresenta qualquer consistência, razão pela qual os comprovantes apresentados deixaram de ser acolhidos com prestação de contas pela Fundação Centro Brasileiro para a Infância e Adolescência - FCBIA, no que foi acompanhada pela CISET do extinto MBES e pela autoridade ministerial competente. 2. Contudo, na fase processual em que se encontram estes autos, os elementos encaminhados pelo responsável podem ser recebidos como alegações de defesa, já que resultantes de citação promovida por este Tribunal. Entretanto, como já assinalado, eles são insuficientes para comprovar a regular aplicação dos valores transferidos pela antiga FUNABEM à mencionada Associação, devendo, pois, serem rejeitados também como defesa, como sugerem a Unidade Técnica e a douta Procuradoria, fixando-se novo e improrrogável prazo para que o responsável recolha o débito que lhe está sendo imputado, nos termos do art. 12, 1º, da Lei nº 8.443/ Permitimo-nos, apenas, fazer dois pequenos reparos nas proposições constantes dos autos. O primeiro, com relação ao montante a ser recolhido pelo responsável, já que se faz necessário descontar do valor indicado a importância correspondente a R$ 572,69 (quinhentos e setenta e dois reais e sessenta e nove centavos), já recolhida pelo devedor em O segundo diz respeito ao credor da dívida, que, no caso, é a Fundação Centro Brasileiro para a Infância e Adolescência - FCBIA e não o Tesouro Nacional. 4. Assim, com estes singelos ajustes, Voto por que o Tribunal adote a Decisão que ora submeto à consideração desta Segunda Câmara.

5 Decisão: A Segunda Câmara, diante das razões expostas pelo Relator, DECIDE: 1. conhecer, como alegações de defesa, dos elementos encaminhados pelo responsável a título de prestação de contas dos recursos transferidos à Associação dos Moradores da Cidade de Manoel Emídio/PI, através do Convênio nº 1.092/16/88 e seus Aditivos, firmados com a antiga Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor - FUNABEM, atual Fundação Centro Brasileiro para a Infância e Adolescência - FCBIA; 2. rejeitar a defesa produzida pelo Sr. Josenildo Leal Moreira, ex-presidente da mencionada Associação de Moradores, ante a inconsistência dos documentos por ele apresentados como comprovantes de despesas realizadas com os recursos repassados pela antiga FUNABEM; 3. comunicar esta decisão ao mencionado responsável, nos termos do art. 12, 1º, da Lei nº 8.443/92, c/c o art. 153, 2º, do Regimento Interno, fixando-lhe novo e improrrogável prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para recolher aos cofres da Fundação Centro Brasileiro para a Infância e Adolescência - FCBIA as importâncias originais abaixo indicadas, acrescidas dos encargos legais calculados a partir das datas dos respectivos repasses, até a data do efetivo recolhimento, e convertidas ao padrão monetário vigente, na forma da legislação em vigor, devendo ser descontado do montante da dívida a importância correspondente a R$ 572,69 (quinhentos e setenta e dois reais e sessenta e nove centavos), já recolhida pelo devedor em : DATA DO REPASSE VALOR ORIGINAL (NCz$) , , , , ,00 MONTANTE DA DÍVIDA ,00

6 Indexação: Tomada de Contas Especial; Convênio; FUNABEM; FCBIA; Entidade Filantrópica; Omissão; Prestação de Contas; Apresentação; Documento; Prazo; Recolhimento; Débito; Manoel Emídio PI;