Tribunal de Contas da União. Número do documento: DC /99-P. Identidade do documento: Decisão 180/ Plenário

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1 Tribunal de Contas da União Número do documento: DC /99-P Identidade do documento: Decisão 180/ Plenário Ementa: Representação formulada por parlamentar. Possíveis irregularidades na FUNAI. Demarcação da área indígena no Estado do Amapá. Rompimento unilateral de contrato e a contratação de pessoal não qualificado para efetuar a demarcação. Constatação de que os serviços de demarcação foram financiados com recursos privados oriundos de agência de cooperação do governo alemão. Conhecimento. Informação. Juntada às contas. Grupo/Classe/Colegiado: Grupo I - CLASSE VII - Plenário Processo: / Natureza: Representação. Entidade: Fundação Nacional do Índio - FUNAI/MJ. Interessados: Interessado: Deputado Federal Antônio Feijão. Dados materiais: DOU de 14/05/1999 Sumário: Representação formulada por parlamentar acerca de possíveis irregularidades em procedimentos de demarcação de área indígena no Estado do Amapá. Conhecimento. Encaminhamento de informações ao interessado. Juntada do processo às contas da FUNAI, relativas ao exercício de Relatório: Adoto como Relatório a bem lançada instrução da 4ª SECEX, com a qual manifestou-se de acordo a Secretária-Substituta:

2 "Originaram-se estes autos de documentos apresentados pelo Exmo. Sr. Deputado Federal Antônio Feijão, com denúncia de que o Centro de Trabalho Indigenista CTI (ONG) teria alterado os marcos de demarcação da área indígena Waiãpi, no Estado do Amapá. Teria, ainda, rompido unilateralmente o contrato firmado com o Departamento de Cartografia da Universidade Federal de Pernambuco DECART/UFPE, que visava tal demarcação, contratando pessoal não qualificado para executá-la com base em proposta ilegal. Por fim, o Parlamentar solicitou ao Tribunal que fosse 'redemarcado o polígono delimitador da área indígena Waiãpi e tomadas as providências legais contra o CTI'. Promovida diligência junto à Fundação Nacional do Índio FUNAI/MJ, nos termos do Ofício nº 345, de , da 4ª SECEX (fls. 25/26), autorizada pelo Exmo. Sr. Ministro-Relator à fl. 19, foram prestados os esclarecimentos sintetizados a seguir: a) 'o Convênio nº 06, de 25 de julho de 1994, celebrado entre o Centro de Trabalho Indigenista CTI (ONG) e a FUNAI/MJ, que estabelece condições para a demarcação da Terra Indígena Waiãpi, decorreu da necessidade de se garantir os padrões técnicos exigidos nos trabalhos que o CTI se propunha a realizar em cooperação com a GTZ (agência de cooperação técnica do governo alemão) fls. 28/29; b) não houve repasse de recursos à FUNAI/MJ para essa finalidade, muito menos desta para o CTI. Coube à FUNAI/MJ fiscalizar, aprovar e receber a demarcação da área indígena, bem como adotar providências para a sua homologação e registro no Cartório de Registro de Imóveis e no Serviço de Patrimônio da União. Coube ao CTI, entre outras obrigações, contratar os serviços especializados de topografia e prestar contas à GTZ dos recursos financeiros recebidos fl. 29; c) os motivos que levaram à rescisão do contrato entre o CTI e o DECART/UFPE constam de relatório daquela ONG apresentado à FUNAI/MJ. 'A Comissão Técnica composta por representantes da FUNAI, da GTZ e do CTI resolveu substituir o DECART/UFPE por uma empresa particular, em razão do aumento dos preços e do atraso injustificável no fornecimento das informações topográficas. O CTI recebeu, com atraso, as informações geodésicas daquele Departamento, mas sem os cálculos dos ângulos de azimute, fundamentais para que se definisse o rumo das picadas' fls. 29/30; d) a FUNAI desconhece o motivo do não pagamento da parcela referente à segunda etapa do projeto, reclamado pelo DECART/UFPE, uma vez que o contrato se deu entre o CTI e aquela entidade reclamante. Supõe que se deva ao não cumprimento integral das obrigações, como a ausência de cálculo dos ângulos de azimute fl. 30; e) o trabalho de demarcação da Terra Waiãpi foi acompanhado pela FUNAI, por intermédio da Administração Executiva Regional (AER) de Macapá, que mantém um Posto Indígena no interior daquela Terra. A fiscalização

3 técnica dos trabalhos de topografia foi realizada pelo técnico em agrimensura Antônio Abrahão de Oliveira, da Divisão Fundiária vinculada à AER de Belém/PA, que emitiu relatórios técnicos para a Diretoria de Assuntos Fundiários de Brasília fl. 30; f) a etapa do projeto relativa à demarcação foi concluída. O mapa e memorial descritivo com os limites foram aprovados e homologados pelo Decreto de 23 de maio de 1996, e registrados nos cartórios das Comarcas de Laranjal do Jari e Serra do Navio, bem como no Serviço de Patrimônio da União. A segunda etapa, relativa à manutenção e fiscalização dos limites, encontra-se suspensa por força de liminar concedida pela Justiça Federal, impedindo a presença do CTI na Terra Indígena Waiãpi, em razão de controvérsias surgidas no âmbito de outro projeto elaborado pelo mesmo para aquela Terra' fls. 30 e 48. Da análise das informações prestadas, verifica-se que os serviços de demarcação da 'Terra Indígena Waiãpi' (objeto da presente denúncia) foram financiados por recursos privados, oriundos de agência de cooperação do governo alemão (GTZ), sob as condições estabelecidas em contrato firmado entre o Departamento de Cartografia da Universidade Federal de Pernambuco e o Centro de Trabalho Indigenista CTI (ONG), e não por recursos públicos federais. Assim, não compete a este Tribunal julgar a regularidade de sua aplicação. Outrossim, a FUNAI/MJ afirma que a execução de tais serviços foi devidamente acompanhada por suas Unidades competentes, como previsto no Convênio nº 06/94, firmado com o CTI, tendo sido aprovados os limites da Terra Indígena Waiãpi e homologados por Decreto, estando o mapa e memorial descritivo registrados em cartório e no Serviço de Patrimônio da União. Ante o exposto, submetemos os autos à consideração superior, propondo que: a) seja informado ao Exmo. Sr. Deputado Federal Antônio Feijão que os serviços de demarcação da Terra Indígena Waiãpi, objeto de contrato firmado entre o Departamento de Cartografia da Universidade Federal de Pernambuco DECART/UFPE e o Centro de Trabalho Indigenista CTI (ONG), foram financiados com recursos oriundos de agência de cooperação do governo alemão, tendo sido realizados sob a fiscalização das Unidades competentes da Fundação Nacional do Índio - FUNAI/MJ, que aprovou os limites demarcados, estando o mapa e memorial descritivo registrados nos cartórios das Comarcas de Laranjal do Jari e Serra do Navio, em cumprimento à Cláusula Terceira do Termo de Convênio nº 06/94, de , celebrado entre a referida Fundação e o CTI; b) sejam os autos juntados às contas da FUNAI/MJ, relativas ao exercício de 1996". É o Relatório.

4 Voto: Registro, de início, que a documentação apresentada pelo Exmo. Sr. Deputado Federal Antônio Feijão pode ser conhecida como representação, uma vez que preenche os requisitos de admissibilidade contidos no art. 213 do Regimento Interno, c/c o 1º do art. 37A da Resolução nº 77/96-TCU. Como se pode depreender do Relatório supra, a FUNAI, na forma preconizada no convênio celebrado entre a Entidade e o Centro de Trabalho Indigenista CTI, acompanhou e aprovou todo o procedimento de demarcação da Terra Indígena Waiãpi, estando o mapa e memorial descritivo registrados em cartório e no Serviço de Patrimônio da União. Sendo assim, acolho o parecer e VOTO por que seja adotada a Decisão que ora submeto à apreciação deste Plenário. Assunto: VII - Representação Relator: HOMERO SANTOS Unidade técnica: 4ª SECEX Quórum: Ministros presentes: Humberto Guimarães Souto (na Presidência), Adhemar Paladini Ghisi, Marcos Vinicios Rodrigues Vilaça, Homero Santos (Relator), Bento José Bugarin, Valmir Campelo, Adylson Motta e Walton Alencar Rodrigues. Sessão: T.C.U., Sala de Sessões, em 28 de abril de 1999 Decisão: O Tribunal Pleno, diante das razões expostas pelo Relator, DECIDE: 8.1. conhecer da presente representação, uma vez que foram preenchidos os requisitos de admissibilidade previstos no art. 213 do Regimento Interno, c/c o 1º do art. 37A da Resolução nº 77/96-TCU; 8.2. informar ao Exmo. Sr. Deputado Federal Antônio Feijão que os serviços de demarcação da Terra Indígena Waiãpi, objeto de contrato firmado entre o Departamento de Cartografia da Universidade Federal de Pernambuco DECART/UFPE e o Centro de Trabalho Indigenista CTI (ONG), foram financiados com recursos oriundos de agência de cooperação do governo alemão, tendo sido realizados sob a fiscalização das unidades competentes da Fundação Nacional do Índio FUNAI/MJ, que

5 aprovou os limites demarcados, estando o mapa e memorial descritivo registrados nos cartórios das Comarcas de Laranjal do Jari e Serra do Navio, em cumprimento à Cláusula Terceira do Termo de Convênio nº 06/94, de , celebrado entre a referida Fundação e o CTI; 8.3. encaminhar ao interessado cópia desta Decisão, bem como do Relatório e Voto que a fundamentam; 8.4. juntar o presente processo às contas da FUNAI/MJ relativas ao exercício de 1996.