Representante do Ministério Público: UBALDO ALVES CALDAS;

Transcrição

1 Tribunal de Contas da União Representante do Ministério Público: UBALDO ALVES CALDAS; Assunto: Aposentadoria Colegiado: Primeira Câmara Classe: Classe V Sumário: Aposentadoria. Erro na apuração do tempo de serviço. Contagem do tempo de serviço concomitantemente prestado em mais de um cargo. Ilegalidade. Impossibilidade da reversão ao serviço ativo. Aplicação da Súmula TCU 106. Possibilidade de nova concessão, na proporção de 27/30. Natureza: Aposentadoria Data da Sessão: 07/08/2001 Relatório do Ministro Relator: Trata-se da aposentadoria da servidora Noemi de Albuquerque Cavendish, da Fundação Joaquim Nabuco, com fundamento no art. 40, III, alínea a, da Constituição Federal c/c o art. 186, III, alínea a, da Lei 8.112/90. Atendida a diligência fl. 19, a unidade técnica propõe (fl. 40) seja considerado legal a concessão e registrado o ato fl. 38, com a recomendação de que seja corrigida a Portaria 167/93, da Fundação Joaquim Nabuco (fl. 36), para considerar o tempo de inatividade para fins de cômputo da aposentadoria, consoante o art. 103, 1º, da Lei 8.112/90 e não na Súmula 74 deste Tribunal. O Ministério Público diverge da unidade técnica. Manifesta-se nos seguintes termos: Trata-se de aposentadoria de Noemi de Albuquerque Cavendish, no cargo de Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco, com fundamento no art. 40, III, a, da Constituição Federal, combinado com o art. 186, III, 'a', da Lei nº 8.112/90 e vantagem do art. 192, item I, desta

2 mesma lei, a partir de 16/09/91. A Secretaria de Fiscalização de Pessoal promoveu diligência preliminar junto ao órgão de origem para, dentre outras, rever o tempo de serviço considerado para fins de aposentadoria, observando o art. 103, item VI, 3º, da Lei nº 8.112/90. Em atenção à diligência, foi expedido o mapa de fls. 26, 'ajustando' a freqüência do servidor para totalizar 35 anos de serviço, bem como a Portaria nº 167/93 (fl. 36). Nota-se que para este 'ajuste', foi considerado como tempo de serviço o período de inatividade compreendido entre 16/09/91 a 16/12/93. É pacífica a jurisprudência do TCU, consubstanciada na Súmula nº 74, no sentido de que admite-se o tempo de inatividade apenas para a aposentadoria e não para acréscimo de tempo de serviço ou para concessão de qualquer vantagem estatutária. De acordo com a referida Súmula, o tempo de inatividade somente pode ser considerado para completar o tempo mínimo necessário para a aposentadoria. Excluído o tempo impugnado, a servidora, em 16/09/91, conta com 27 anos e dez meses, tempo suficiente para aposentar-se com fundamento no art. 40 III, 'c', da Constituição Federal (redação anterior à E.C. nº 20/98). Admitir-se a contagem do período de inatividade para fins de aposentadoria integral seria aceitá-lo como acréscimo de tempo de serviço e de vantagem, o que contraria a disposição na citada Súmula. Em recentes Decisões da E. Corte de Contas (Ata nº 5/2001, Decisão nº 29/2001 e Ata nº 41/2000, Decisão nº 369/2000), a 1ª Câmara, reportando-se à Súmula nº 74, deixou assente que 'Faz-se uso dessa Súmula somente para deferimento de aposentadoria proporcional nos limites mínimos de 30/35 (homem) e 25/30 (mulher), para aqueles que tenham adquirido o direito a esse benefício antes da promulgação da EC nº 20, que o extinguiu. (...) Inaplicável, portanto, a precitada Súmula, vez que já lhe é de direito a aposentadoria com proventos proporcionais'. Pelo exposto, este representante do Ministério Público opina pela ilegalidade e recusa de registro dos atos de fls. 38, ressalvando a possibilidade da interessada optar entre aposentar-se proporcionalmente a 27/35 (vinte e sete, trinta e cinco avos) ou retornar à atividade para aposentar-se integralmente com fundamento na E.C. 20/98.

3 Voto do Ministro Relator: A concessão inicial da aposentadoria da servidora Noemi de Albuquerque Cavendish, que lhe concedia proventos integrais, contemplava contagem cumulativa de tempo de serviço prestado concomitantemente em mais de um cargo. Essa contagem cumulativa é vedada pelo art. 103, 3º, da Lei 8.112/90. Comunicada do erro, a unidade de origem excluiu o tempo computado em duplicidade e, com fundamento na Súmula 74 deste Tribunal, confirmou a aposentadoria integral da servidora, considerada legal pela unidade técnica. O Ministério Público considerou ilegal a nova concessão, entendimento ao qual me alinho. Ressalvo, apenas, que a referência à proporcionalidade deve ser a 30 anos e não a 35 anos, como mencionado pelo Ministério Público, por tratar-se de servidora. A Súmula TCU 74 admite a contagem do período de inatividade para efeito apenas de aposentadoria - e não para acréscimo por tempo de serviço ou qualquer outra vantagem - com o objetivo de suprir lacuna deixada pela exclusão de tempo de serviço não computável em face de lei e o de evitar a reversão à atividade de antigos servidores, cujas concessões foram tardiamente submetidas a exame e julgamento pelo Tribunal de Contas da União. É pacífica a jurisprudência do TCU, consubstanciada na Súmula 74, no sentido de que se admite o tempo de inatividade apenas para a aposentadoria e não para acréscimo de tempo de serviço ou para concessão de qualquer vantagem estatutária. Em recentes Decisões da E. Corte de Contas (Ata 5/2001, Decisão 29/2001 e Ata 41/2000, Decisão 369/2000), a 1ª Câmara, reportando-se à Súmula 74, deixou assente que Faz-se uso dessa Súmula somente para deferimento de aposentadoria proporcional nos limites mínimos de 30/35 (homem) e 25/30 (mulher), para aqueles que tenham adquirido o direito a esse benefício antes da promulgação da EC nº 20, que o extinguiu. (...) Inaplicável, portanto, a precitada Súmula, vez que já lhe é de direito a aposentadoria com proventos proporcionais. No caso sob exame, verifica-se a mesma condição da jurisprudência citada. A servidora, excluído o tempo contado em duplicidade, preenche as condições exigidas para aposentadoria proporcional ao tempo de serviço, 27/30, apurado antes da promulgação da EC 20. Inaplicável, por isso, a Súmula 74, cuja incidência é admitida tão-somente para o atingimento da proporcionalidade mínima, no caso da interessada, 25/30, o que lhe é desfavorável.

4 Por isso, considerando que a servidora já completou 70 anos de idade o que, nos termos do art. 27 da Lei 8.112/90, a impede de retornar ao serviço ativo, o órgão de origem deverá conceder-lhe nova aposentadoria, na proporção de 27/30. Assim, VOTO por que o Tribunal de Contas da União adote a DECISÃO que ora submeto à apreciação desta Primeira Câmara. Sala das Sessões, em 7 de agosto de WALTON ALENCAR RODRIGUES Interessados: INTERESSADO: Noemi de Albuquerque Cavendish Decisão: A Primeira Câmara, diante das razões expostas pelo Relator, DECIDE: 8.1. considerar ilegal o ato de concessão de aposentadoria de Noemi de Albuquerque Cavendish e negar-lhe registro; 8.2. determinar à Fundação Joaquim Nabuco que, no prazo de quinze dias, a contar da ciência desta Decisão, cesse o pagamento dos proventos correspondentes à aposentadoria ora declarada ilegal, sob pena de responsabilidade solidária do ordenador de despesas, nos termos dos artigos 39 da Lei 8.443/92 e 191 do Regimento Interno deste Tribunal; 8.3. aplicar a Súmula 106 da jurisprudência do TCU em relação às importâncias recebidas indevidamente de boa-fé; 8.4. informar ao órgão de origem que poderá conceder nova aposentadoria à servidora Noemi de Albuquerque Cavendish, na proporção de 27/30, ante a impossibilidade do seu retorno ao serviço ativo, vedado pelo art. 27 da Lei 8.112/90; e Grupo: Grupo II Indexação: Aposentadoria; Tempo de Serviço; Inativo; Proventos Integrais; Proventos Proporcionais; Emenda Constitucional;

5 Data da Aprovação: 21/08/2001 Unidade Técnica: SEFIP - Secretaria de Fiscalização de Pessoal; Quorum: Ministros presentes: Marcos Vinicios Rodrigues Vilaça (Presidente), Iram Saraiva, Walton Alencar Rodrigues (Relator) e Guilherme Palmeira. Ementa: Aposentadoria. Proventos integrais. Contagem de tempo de serviço concomitantemente prestado em mais de um cargo. Exclusão do tempo computado em duplicidade. Utilização do tempo de inatividade para completar o tempo mínimo para a aposentadoria integral, com fundamento na Súmula 74 do TCU. Impossibilidade de retorno à atividade em decorrência do atingimento da idade compulsória. Preenchimento das condições exigidas para aposentadoria proporcional. Ilegalidade. Determinação. Aplicação da Súmula 106 do TCU. Informação. - A Súmula 74 deve ser usada somente para deferimento de aposentadoria proporcional nos limites mínimos, para aqueles que tenham adquirido o direito a esse benefício antes da promulgação da EC 20. Data DOU: 23/08/2001 Número da Ata: 27/2001 Entidade: ENTIDADE: Fundação Joaquim Nabuco Processo: / Ministro Relator: WALTON ALENCAR RODRIGUES;