Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 1ª TURMA RECURSAL JUÍZO A
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- Alfredo Cesário Almada
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1 JUIZADO ESPECIAL (PROCESSO ELETRÔNICO) Nº /PR RELATORA : Juíza Ana Beatriz Vieira da Luz Palumbo RECORRENTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL INSS RECORRIDO : DIRCÉLIA PEREIRA [REA /REA] 1/7 VOTO Trata-se de recurso do INSS contra sentença que julgou procedente o pedido de concessão de aposentadoria especial à autora, como professora. Alega o INSS que não é possível computar no RGPS o tempo transferido para o regime próprio do certidão de tempo de serviço. Aduz, ainda, que não é devida a aposentadoria especial, tendo em vista que o tempo de serviço da autora não foi exclusivamente na função de magistério. Razão assiste à autarquia. A autora pretende a concessão de aposentadoria pelo RGPS, mediante o cômputo dos períodos trabalhados sob o regime celetista. Analisando a CTPS e o CNIS da autora, verifico que ela está vinculada a dois regimes de previdência. Em razão do cargo público ocupado na Secretaria de Estado de Educação, que se iniciou sob a égide da CLT em e depois foi transformado em regime estatuário em (Lei Estadual /1992), a autora é integrante de regime próprio de previdência do Estado do Paraná. Já em razão do vínculo empregatício mantido com a Prefeitura Municipal de Paranaguá desde , a parte autora está vinculada ao regime geral da previdência social. Como bem observado pelo juízo monocrático, mesmo após a implantação de regime estatutário no Município de Paranaguá, a parte autora optou pela continuidade no RGPS (OFIC1, evento 13). A duplicidade de regimes jurídicos, a princípio, não impede a percepção de duas aposentadorias em regimes distintos. Porém, os tempos de serviços realizados em atividades concomitantes devem computados cada qual em seu sistema de previdência, havendo a respectiva contribuição para cada um deles. Ainda, o segurado pode optar por se utilizar de tempo de serviço prestado em um regime para a concessão de aposentadoria em outro regime. Neste caso, contudo, é vedado o cômputo do período transferido para outro regime, sob pena de se computar períodos em duplicidade. No caso dos autos, sem embargo do respeitável entendimento do juízo
2 monocrático, a despeito de ter completado pouco mais de 25 anos de tempo de serviço como professora no RGPS, se considerado o período de (data de admissão na Prefeitura Municipal de Paranaguá) até a DER ( , ocasião em que ainda estava vigente o contrato de trabalho), não é devida a aposentadoria especial à autora. Isto porque a autora requereu a expedição de CTC (certidão de tempo de serviço) perante o INSS em 1998, para fins de averbação de tempo do regime geral no regime próprio de previdência. Assim, dentro do interregno de tempo de a , trabalhado mediante vinculação ao RGPS, existem períodos que foram utilizados pela autora em regime próprio da previdência, conforme comprova a declaração da Secretaria de Estado do Paraná anexada à fl 26 do processo administrativo (PROCADM7, evento 1). Veja-se que a Secretaria de Estado do Paraná informa que: Desta forma, os períodos de a e de a não podem ser novamente computados para a soma do tempo de serviço especial (como professora) para o RGPS, pois já foram utilizados no regime próprio do Estado do Paraná. A despeito de a autora ainda não ter se utilizado do referido tempo para a obtenção de aposentadoria, ela já procedeu a sua averbação perante o regime estadual, o que gerou inclusive efeitos financeiros decorrentes da percepção de quintos. Portanto, uma vez que houve a expedição de CTC abrangendo os períodos acima transcritos, os quais foram averbados e aproveitados no regime próprio, não poderá haver o seu cômputo no RGPS. Nesse sentido: PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. SEGURADO JÁ APOSENTADO NO SERVIÇO PÚBLICO COM UTILIZAÇÃO DA [REA /REA] 2/7
3 CONTAGEM RECÍPROCA. CONCESSÃO DE APOSENTADORIA JUNTO AO RGPS. TEMPO NÃO UTILIZADO NO INSTITUTO DA CONTAGEM RECÍPROCA. FRACIONAMENTO DE PERÍODO. POSSIBILIDADE. ART. 98 DA LEI N.º 8.213/91. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA. 1. e 2. Omissis. 3. É permitido ao INSS emitir certidão de tempo de serviço para período fracionado, possibilitando ao segurado da Previdência Social levar para o regime de previdência próprio dos servidores públicos apenas o montante de tempo de serviço que lhe seja necessário para obtenção do benefício almejado naquele regime. Tal período, uma vez considerado no outro regime, não será mais contado para qualquer efeito no RGPS. O tempo não utilizado, entretanto, valerá para efeitos previdenciários junto à Previdência Social. 4. Recurso especial a que se nega provimento. (REsp /RS, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 26/04/2005, DJ 30/05/2005 p. 410) Com relação ao período de a , trabalhado como professora de matemática para a Prefeitura Municipal de Paranaguá, que também foi objeto da CTC conforme anotação na CTPS da autora, verifico que durante esse tempo a autora trabalhou concomitantemente em dois vínculos empregatícios com o Município, pois além da função de professora de matemática, trabalhava como professora classe E5 nível V (conforme certidão da fl. 5 do P.A PROCADM6, evento 1). Sendo assim, em que pese conste da CTC o período referente ao vínculo celetista que perdurou de a , no mesmo período a autora se manteve vinculada ao RGPS em razão do outro vínculo empregatício celetista que esteve em vigor concomitantemente. Nessa hipótese, mister lembrar que o art. 96, II e III, 1 da Lei 8.213/1991 não permite a contagem, por um sistema, do tempo utilizado para a concessão de aposentadoria pelo outro. Sendo assim, conclui-se que nas épocas em que houve dupla prestação de serviço concomitante, ambos devem ser computados no RGPS, na forma do art. 32, da Lei nº 8.213/91. Ou, optando o segurado por utilizarse de um dos vínculos celetistas para obtenção do benefício no regime próprio, o tempo concomitante não pode mais ser utilizado para o RGPS, ainda que se refira a 1 Art. 96. O tempo de contribuição ou de serviço de que trata esta Seção será contado de acordo com a legislação pertinente, observadas as normas seguintes: I - não será admitida a contagem em dobro ou em outras condições especiais; II - é vedada a contagem de tempo de serviço público com o de atividade privada, quando concomitantes; III - não será contado por um sistema o tempo de serviço utilizado para concessão de aposentadoria pelo outro; [REA /REA] 3/7
4 outro vínculo empregatício. Poder Judiciário Assim já decidiu em caso semelhante, a 2ª Turma do TRF-3ª Região, na AC nº /SP, DJ do dia 02/05/2002, p. 418, Rel. Juiz Nino Toldo: PREVIDENCIÁRIO. CONTAGEM RECÍPROCA DE TEMPO DE SERVIÇO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. MILITAR REFORMADO. APELAÇÃO IMPROVIDA. 1 - O art. 96, III, da Lei nº 8.213/91 dispõe que o tempo de contribuição ou de serviço de que trata a Seção Da contagem Recíproca de Tempo de Serviço será contado de acordo com a legislação pertinente, porém não será contado por um sistema o tempo de serviço utilizado para concessão de aposentadoria pelo outro. 2 Se o autor, quando militar, foi reformado por incapacidade física e teve o respectivo tempo de serviço computado para fins de inatividade remunerada, não tem direito a que esse tempo seja novamente utilizado para fins previdenciários. 3 Apelação do autor improvida. Destarte, embora não haja óbice à percepção de duas aposentadorias em regimes distintos, é expressamente proibida a contagem do mesmo tempo de serviço ou de contribuição para obtenção de duas aposentadorias. Utilizado o tempo de serviço ou de contribuição para obtenção de um benefício, esse tempo não mais poderá servir para que se obtenha outro benefício. Vale destacar, ainda, que com a modificação do Decreto n.º 3.048/99 pelo Decreto n.º 3.668/2000, é possível ao INSS emitir certidão de tempo de serviço para período fracionado, o que ocorreu no caso dos autos. Com isso, conforme o julgado do STJ transcrito anteriormente, possibilita-se ao segurado da Previdência Social levar para o regime de previdência próprio dos servidores públicos apenas o montante de tempo de serviço que lhe seja necessário para obtenção do benefício almejado naquele regime. Todavia, tal período, uma vez considerado no outro regime, não será mais contado para qualquer efeito no RGPS, ainda que seja integrante de outro vínculo empregatício vigente concomitantemente e vinculado ao RGPS. Somente valerá para efeitos previdenciários junto à Previdência Social o tempo não utilizado. Sobre o assunto, destaco os ensinamentos de Carlos Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari, in Manual de Direito Previdenciário, 10 ed, p. 658, que explicam que [REA /REA] 4/7
5 o tempo de contribuição, em caso de contagem recíproca, será computado de acordo com a legislação pertinente, observadas, entre outras, as normas previstas no art. 96 da Lei 8.213/1991, com as alterações posteriores da Lei 9.528, de , quais sejam: - não será admitida a contagem em dobro ou em outras condições especiais; - é vedada a contagem do tempo de serviço público com o de atividade privada, quando concomitantes; - não será contado por um sistema o tempo de serviço utilizado para concessão de aposentadoria pelo outro. Nessa linha, está redigida a IN/PRES nº 20/2007: art Será permitida a emissão de CTC, pelo INSS, para todos os períodos em que os servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios estiveram vinculados ao RGPS, somente se, por ocasião de transformação para RPPS esse tempo não tiver sido averbado automaticamente pelo respectivo órgão. 3º Excepcionalmente em relação às hipóteses constitucionais e legais de acumulação de atividades no serviço público (cargo público) e na iniciativa privada (emprego público), quando uma das ocupações estiver enquadrada nos termos do art. 247 da Lei nº 8.112/1990, todavia, for verificada a subsistência dos diversos vínculos previdenciários até a época do requerimento do benefício, admite-se em tese a possibilidade do trabalhador exercer a opção pelo regime previdenciário em que esse tempo será, uma única vez, utilizado para fins de aposentadoria, desde que estejam preenchidos todos os requisitos para a concessão do benefício de acordo com as regras do regime instituidor; 4º Admite-se a utilização, no âmbito de um sistema de previdência social, do tempo de contribuição que ainda não tenha sido efetivamente aproveitado para obtenção de aposentadoria em outro, na conformidade do inciso III, art. 96 da Lei nº 8.213/1991. Art Em hipótese alguma será emitida CTC para períodos de contribuição que tenham sido utilizados para a concessão de qualquer aposentadoria no RGPS. Voltando ao caso dos autos, computando-se apenas o tempo de serviço prestado perante o RGPS que não foi objeto de CTC e/ou averbado no regime geral, tem-se que a autora não conta com 25 anos de tempo de serviço até a data de entrada do requerimento administrativo. Na melhor das hipóteses, ressalto que mesmo se desprezados somente os períodos para os quais há prova da efetiva utilização em outro regime, ou seja, aqueles constantes na declaração da fl. 26 do P.A, ainda assim a autora não contaria com 25 anos de tempo especial perante do RGPS, conforme planilha a seguir: Períodos ora reconhecidos até a E.C. n.º 20/98 (16/12/1998). Nº COMUM ESPECIAL [REA /REA] 5/7
6 Data Inicial Data Final Anos Meses Multiplic. Convert. Anos Meses 1 2/4/ /3/ /3/ /4/ /6/ /12/ /12/ /12/ Geral (Comum + Especial) * Considerando: Ano= 365 dias, Mês=30 dias. Períodos ora reconhecidos entre a E.C. n.º 20/98 (16/12/1998) e a Lei n.º 9.876/99 (29/11/1999). Nº Data Inicial Data Final COMUM Anos Meses Multiplic. Convert. ESPECIAL Anos Meses 26 17/12/ /11/ Geral (Comum + Especial) Períodos ora reconhecidos após a Lei n.º 9.876/99 (29/11/1999). Nº Data Inicial Data Final COMUM Anos Meses Multiplic. Convert. ESPECIAL Anos Meses 31 30/11/ /1/ Geral (Comum + Especial) Tempo de serviço até a E.C. n.º 20/98 (16/12/1998). Idade na E.C. n.º 20/98. Anos Meses Anos Meses Computado o período a partir de , pois de a houve a averbação no regime próprio. 3 Deixou-se de computar o período de a , averbado em regime próprio. 4 Não foi computado o período de a , transferido a regime próprio [REA /REA] 6/7
7 Tempo de contribuição até a Lei n.º 9.876/99 (29/11/1999). Idade na Lei n.º 9.876/99. Anos Meses Anos Meses Tempo de contribuição até DER. Idade na DER Anos Meses Anos Meses Da mesma forma, conforme já consignado na sentença, a autora não faz jus à aposentadoria por tempo de serviço/contribuição, pois não conta com o tempo mínimo de 25 anos (proporcional) ou 30 anos (integral). Ante o exposto, voto por DAR PROVIMENTO AO RECURSO, julgando improcedente o pedido inicial. Sem honorários. Curitiba, 23 de julho de ANA BEATRIZ VIEIRA DA LUZ PALUMBO Juíza Federal Relatora [REA /REA] 7/7
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