Definição do mito. Heráclito de Éfeso ( a C.) O Eterno Fluxo
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- Antônia Galvão Canela
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1 Definição do mito O mito narra como, graças às façanhas dos entes sobrenaturais, os deuses, uma realidade passou a existir. É sempre, portanto, a narrativa sagrada e legislativa de uma criação, pois relata de que modo algo foi produzido e começou a ser. É uma cosmogonia, composta da palavra cosmos, que significa mundo ordenado e da palavra gonia, que vem da palavra genese, que significa nascimento, surgimento. O mito pressupõe adesão plena, admite incoerências e é transmitido pelo poeta-rapsodo, tido como autoridade religiosa. A Filosofia possui um conteúdo preciso ao nascer: é uma cosmologia. A palavra cosmologia é composto de duas outras: cosmos, que significa mundo ordenado e organizado, e logia, que significa pensamento racional, discurso racional, conhecimento, estudo. Heráclito de Éfeso ( a C.) O Eterno Fluxo A realidade para Heráclito é multiplicidade e movimento permanente. O permanente, o estável, para ele é ilusão. A luta dos contrários: quente e frio, seco e úmido, bonito e feio, formam uma unidade, uma harmonia feita pelo movimento dos contrários. O Logos é que compreende e sabe que a harmonia e a unidade nasce da contradição, do movimento e da multiplicidade. A natureza gosta de se ocultar, afirma Heráclito, querendo dizer com isso que a aparência das coisas não revela a sua verdade que é o eterno fluxo de tudo e sua contradição a estabelecer que tudo é Um: harmonia e unidade que somente o Logos sabe. Parmênides de Eléia ( a C.) - Imobilidade do Ser Seu pensamento expõe dois caminhos: o da verdade (Alethéia): o que é; e o outro caminho que é um atalho, desvio da verdade: o que não é. O segundo caminho revelase impossível (nada) corresponde ao não-ser. A busca racional do ser vai nos revelar um ser uno, imutável, ingênito, imperecível, eterno, não contraditório e idêntico a si mesmo. Que só podemos conhecer pelo pensamento, já que pensar e ser é uma só coisa para ele. Sócrates: O marco divisor da filosofia grega Com Sócrates a filosofia passa a ser uma investigação sobre os fundamentos éticos, o conhecimento de si mesmo, passa a investigar o próprio homem, o homem se torna o objeto da filosofia. Ironia, isto é, refutação: feita a pergunta, Sócrates comenta as várias respostas que a ela são dadas, mostrando que são sempre preconceitos recebidos, imagens sensoriais percebidas ou opiniões subjetivas e não a definição buscada. Maiêutica, isto é, parturição: Sócrates, ao perguntar, vai sugerindo caminhos ao interlocutor até que este chegue à definição procurada. Esta segunda parte é uma arte de realizar um parto, no caso, parto de uma ideia verdadeira. O diálogo socrático é aporético, pois não consegue alcançar a definição completa daquilo que se perguntou: só sei que nada sei.
2 Platão ( a C.): Do mundo das sombras ao mundo das ideias Duas ordens de realidade: o mundo sensível (doxa) da mudança, da aparência, do devir dos contrários, e o mundo inteligível (epistême) da identidade, da permanência, da verdade, conhecido pelo intelecto puro, sem qualquer interferência dos sentidos e das opiniões. O mundo sensível é uma sombra, uma cópia deformada ou imperfeita do mundo inteligível das ideias ou essências. O movimento dialético da alma começa com as sombras (ilusões), passa pelos objetos sensíveis (doxa), vai para o primeiro momento do inteligível que são os raciocínios (matemática) até contemplar o bem (analogia do sol). Para Platão o conhecimento é reminiscência. O conhecimento é recordação, é a visão interior da verdade que alma havia contemplado no mundo inteligível. Aqueles que conheceram a idéia verdadeira de justiça, de igualdade e do Bem são os melhores e governarão a cidade; os filósofos. Aristóteles ( a C.): A Metafísica A substância primeira é o ser individual concreto, existente por si mesmo e que não se diz de algum outro, pois é sujeito, suporte e substrato. Já a substância segunda são os universais, gêneros e espécies das substâncias primeiras. Aristóteles concebe os seres ou entes como uma unidade substancial de matéria e forma. A forma é quem determina a matéria. Informa o ser /ente, diz o que ele é. Conhecer para Aristóteles é buscar as causas. Causa para ele é em sentido bastante amplo: tudo aquilo que determina a realidade de um ser ou ente. Distingue então as quatro causas primeiras de todos os seres/entes: a material, a formal, a eficiente e a final. Ato e Potência: Explicando a mobilidade/transformação dos seres/entes A matéria possui potencialidade indeterminadas e a forma lhe dá determinações na constituição de um ser/ente em ato. Ética: Virtudes e Caráter A felicidade é alcançada mediante a virtude. A virtude é uma atividade conforme a razão. A virtude é ação consciente segundo a razão. Tudo aquilo que se busca, se busca por um fim, para se conseguir algo. A felicidade é um fim em si mesma e nunca um meio. Aristóteles concebe o homem como um animal político e a Política é a ciência que tem como objeto de estudo o Sumo Bem. A política tem como objetivo buscar o bem comum. A virtude é o agir por justa medida, esta é a virtude ética. O homem ideal é aquele que age moderadamente, sempre no meio termo. A virtude ética é a justa medida que a razão impõe a sentimentos, ações ou atitudes. A virtude não é uma inclinação, mas uma disposição. É um hábito adquirido socialmente ou uma disposição constante e permanente para agir racionalmente em conformidade com uma medida humana, determinada pelo homem prudente. Noções de Lógica Proposição, dedução (Silogismo) O silogismo: Um silogismo é constituído por três proposições. A primeira é chamada de premissa maior, a segunda, de premissa menor e a terceira de conclusão, inferida das premissas pela mediação de um termo médio. Por isso, a arte do silogismo consiste em saber encontrar o termo médio que ligará os termos extremos e permitirá chegar à
3 conclusão. O silogismo deve obedecer a um conjunto complexo de regras. Que são as do silogismo clássico; exemplo: Todo homem é mortal. Sócrates é homem. Logo, Sócrates é mortal..a premissa maior deve conter o termos extremos maior e médio : mortal e homem.a premissa menor deve conter o termos extremos menor e médio: Sócrates e homem.a conclusão deve conter os termos maior e menor: mortal e Sócrates Sendo a função do termo médio ligar os termos extremos, ele deve estar nas premissas, nunca na conclusão. O silogismo científico e o dialético: O silogismo dialético é aquele cujas premissas se referem ao que é apenas possível ou provável já o silogismo científico é aquele que se refere ao universal e necessário, suas premissas são apodíticas (necessárias) e sua conclusão também é apodítica. Suas premissas devem verdadeiras (não podem ser possíveis ou prováveis). A Filosofia Patrística ( séc. I a V d. c.) No interior da patrística surgiram duas posições em relação ao uso da filosofia grega para defesa da nova fé: os padres mais ligados à Igreja Grega defenderam e usaram a filosofia grega como apologia de sua fé. A Igreja ligada mais a Roma, com Tertuliano (séc. II e III) a frente reagiram contra esta mistura e defenderam a originalidade da revelação cristã. Santo Agostinho ( ): A doutrina da iluminação divina Deus cria as coisas a partir de modelos imutáveis e eternos, que são as ideias divinas. Essas ideias ou razões não existem em um mundo à parte, como afirmava Platão, mas na própria mente ou sabedoria divina, conforme o testemunho da Bíblia. Agostinho entende a percepção do inteligível na alma como irradiação divina no presente. Assim como os objetos exteriores só podem ser vistos quando iluminados pela luz do sol, também as verdades da sabedoria precisam ser iluminadas pela luz divina para se tornarem conhecidas pelo intelecto. Deus não substitui o intelecto quando o homem pensa o verdadeiro, a iluminação teria apenas a função de tornar o intelecto capaz de pensar corretamente em virtude de uma ordem natural estabelecida por Deus. A questão dos Universais. Duas soluções opostas foram dadas pelos filósofos da Idade Média: A posição realista : de Santo Anselmo e Guilherme de Champeaux, afirma que: os universais existem como natureza comum real, e os indivíduos diferem apenas em seus acidentes e não em sua substância (essência, universalidade comum). A posição nominalista : de Roscelino, que afirma uma posição diametralmente oposta ao realismo, defendendo a tese de que a realidade é constituída pelos indivíduos, não sendo o universal mais do que uma simples emissão de voz humana (flatus vocis), meros nomes. Santo Tomás de Aquino ( ) São Tomás de Aquino procurou estabelecer o perfeito equilíbrio entre Fé e Razão, teologia e filosofia; distinguindo-as mas não as separando necessariamente: A Teologia, tem como fonte as luzes da razão divina manifestadas na revelação; A Filosofia, tem como fonte as luzes da razão natural, tal como na obra de Aristóteles. Mas, não pode haver conflitos entre elas, ambas buscam uma só verdade.
4 É por sua dupla natureza que o homem pode conhecer (já que é alma), mas não pode ter contato direto com o inteligível, já que também é corpo. O conhecimento humano parte sempre dos sentidos, que revelam objetos concretos e singulares: mas, através da abstração, é capaz de finalmente forjar conceitos universais. Exemplo: deste gato concreto e singular que inicio conhecendo pelos sentidos, sou capaz de abstrair e forjar o seu conceito universal: felino As cinco provas da existência de Deus: Pelo movimento, o primeiro motor. Pela causa eficiente, a causa primeira é Deus. Pelo necessário e o contingente, o ser necessário é Deus. Pelos graus de perfeição, o ser perfeitíssimo é Deus. Pela finalidade, pela ordem e governo do mundo, o ser inteligente que dirige todas as coisas da natureza é Deus. O Racionalismo de René Descartes ( ) Método, quer dizer, um caminho seguro para bem conduzir a razão à verdade nas ciências. As quatro regras fundamentais do método são a evidência, a análise, a síntese e a enumeração. O objetivo da dúvida cartesiana é encontrar uma primeira verdade impondo-se com absoluta certeza. Trata-se de uma dúvida metódica, voluntária, provisória e sistemática. Não atingiremos a verdade se, antes, não pusermos todas as coisas em dúvida. Após duvidar de tudo, descobre a primeira certeza: Cogito, ergo sum - Penso, logo sou (existo). Aqui está o racionalismo de R. Descartes : ele funda sua primeira certeza somente na razão. O homem é pensamento. Três tipos de ideias que se diferenciam por origem e qualidade: A) Adventícias: originam de nossas sensações, lembranças; ideias que nos vêm da experiência. Podem ser verdadeiras ou falsas. B) Fictícias : aquelas que criamos em nossa fantasia e imaginação. Essas ideias nunca são verdadeiras. C) Inatas: inteiramente racionais e só podem existir porque já nascemos elas; porque são resultado exclusivo da capacidade pensar e, portanto, independentes da experiência sensível. Assinaturas do Criador; a razão é a luz natural inata que nos permite conhecer a verdade. O Empirismo de David Hume ( ) Podemos, pois, dividir aqui todas as percepções da mente em duas classes ou espécies, as quais se distinguem pelos seus diferentes graus de força ou vivacidade. Hume referese as impressões, como fonte dos pensamentos ou ideias. Negou a validade universal do princípio de causalidade e à noção de necessidade a ele associada. A causalidade não seria, assim, uma propriedade real, mas simplesmente o resultado de nossa forma habitual de perceber fenômenos, relacionando-os como causa e efeito, a partir de sua repetição constante. Para Hume causa e efeito não se fundamentam na razão; causa e efeito se explicam pelo hábito, na observação sensível, pela experiência de eventos, acontecimentos, sucessivos, repetidos que nos leva a inferir a existência de um objeto (efeito), pelo aparecimento de outro (causa). Assim, Hume defendeu o ceticismo teórico, considerando que inclusive a Ciência da Natureza estaria definitivamente limitada à mera probabilidade.
5 Immanuel Kant ( ) Revolução copernicana foi a valorização do sujeito, colocado como o centro a questão do conhecimento e o agente construtor do conhecimento. Juízos analíticos: sempre a priori, universais e necessários, porém não ampliativos, pois o predicado apenas explicita o conteúdo do sujeito. Juízos sintéticos são os ampliativos pois o predicado acrescenta algo novo ao sujeito. Juízo sintético a posteriori: validade no tempo da experiência. Juízo sintético a priori: é o científico, universal e necessário (matemática e física). Kant afirma que o conhecimento humano é constituído de matéria e forma. A matéria dos nossos conhecimentos é dada pelos objetos (empírico) e a forma é fornecida por nós mesmos (puro). Assim, para conhecer as coisas, temos de organizá-las a partir das formas a priori da sensibilidade, o tempo e o espaço, como também aplicá-las às formas a priori do entendimento, às categorias ou conceitos puros. Não temos conhecimento das coisas-em-si, mas somente das coisas-como-apreendidas, pois o conhecimento só é possível quando o espírito assume sob suas formas a priori os dados da experiência imediata. Idealismo transcendental: é o sujeito, com suas capacidades e estruturas a priori, que constrói a realidade objetiva. Por transcendental compreende-se o conhecimento, não do objeto, mas das condições a priori (espaço e tempo) que possibilitam o conhecimento. Nicolau Maquiavel: A verdade efetiva / veritá effetuale Sua metodologia é ver e examinar a realidade tal como ela é e não como gostaríamos que ela fosse. Diferente dos teólogos que partiam da Bíblia e do Direito Romano ou dos renascentistas que partiam dos filósofos clássicos, Maquiavel parte da experiência real de seu tempo. O poder político tem, pois, uma origem mundana. Nasce da própria malignidade que é intrínseca à natureza humana. O poder aparece como a única possibilidade de enfrentar o conflito. O governante é aquele que possui virtù, sendo capaz de manter o domínio adquirido. Maquiavel sublinha que o poder se funda na força mas é necessário virtù para se manter no poder. O sucesso tem uma medida política: manutenção da conquista. Maquiavel afirma que há vícios que são virtudes. Não tema pois o príncipe que deseje se manter no poder incorrer no opróbrio dos defeitos mencionados, se tal for indispensável para salvar o Estado. Fortuna: Circunstâncias, destino, sorte, providência. Os contratualistas: Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques Rousseau Estado de Natureza T. Hobbes: O homem é lobo do homem. Direitos naturais: autopreservação. Locke: Os homens são iguais, livres e independentes. Direitos naturais: propriedade privada (liberdade, vida, bens, corpo, trabalho), independência, igualdade. J.J.Rousseau: Os homens são selvagens, sadios, ingênuos e felizes. Surge a propriedade privada, consequentemente as desigualdades e as discórdias entre os homens e o primeiro contrato ou a sociedade civil, um falso contrato. Direitos Naturais: vida, felicidade, manutenção.
6 Contrato T. Hobbes: É o instinto de conservação da própria vida que leva ao contrato (pacto entre os súditos) que provoca a saída do estado de natureza e a instauração do estado social (que é, portanto, artificial). O poder político é privado. Locke: O contrato social, provoca a instauração da sociedade civil, que busca a segurança, o conforto e a paz, garantindo a propriedade privada. O poder político funda-se nas instituições políticas. J.J.Rousseau: O contrato é legítimo (pacto entre governados e governantes), onde abdicase de todos os direitos em favor da comunidade, isto é, o corpo moral e coletivo (Estado). O estado busca satisfazer o bem-comum e não o bem particular. Soberania T. Hobbes: Absoluta, Legítima, Una, Indivisível, Intransferível, Irrevogável. Locke: Restrita, Legítima, Divisível, Direitos privados: liberdade de pensamento, expressão e religião (na verdade igualdade apenas abstrata e formal); insurreição (o poder é um trust : confiança), iniciativa econômica (propriedade privada). J.J.Rousseau : Legítima, Indivisível, Inalienável. O povo soberano (cidadãos ativos e súditos passivos). Hegel: A Lógica Dialética A dialética tem por missão descobrir e fazer patente essa profunda racionalidade do real. Qual é o motor deste movimento dialético? É a negação ou contradição, é a alma dialética que contém em si mesma todo o verdadeiro. A negação/contradição é o motor do movimento dialético da vida do Espírito (razão/ideia). Os três momentos da dialética: Afirmação (Tese) Ex.: o botão (de uma flor); Negação (Antítese) Ex.: a flor; Negação da Negação (Síntese/ Superação ou suprassumida) Ex. o fruto O verdadeiro protagonista da história é o Espírito (Razão/Ideia) e o fim que o move é a conquista da liberdade. A história é processo de desenvolvimento da liberdade. O que está em jogo nela é o progresso do homem na consciência de sua liberdade. A razão/espírito faz com que o interesse particular da paixão sirva de instrumento a realização do interesse universal. Os grandes indivíduos e personagens históricos tais como Napoleão não tinham consciência de que os fins particulares que perseguiam eram momentos do fim universal da Razão. O Estado: É o desenvolvimento concreto da ideia de Estado que conduz a História. Para Hegel a instituição que assegura a realização/efetivação do fim a que se dirige a história, a liberdade. O Estado é o material com o qual se constrói na história o fim último do espírito/ideia. É a realização (efetivação) da liberdade, da união da vontade universal do espírito/ideia e da vontade subjetiva (particular/individual) dos indivíduos. Karl Marx ( ) e F. Engels ( ) Os filósofos não têm feito senão interpretar o mundo de diferentes maneiras: o que importa é transformá-lo K. Marx Para Marx, a sociedade se estrutura em níveis. O primeiro nível, chamado de infraestrutura, constitui a base econômica (que é determinante, segundo a concepção materialista). Engloba as relações do homem com a natureza, no esforço de produzir a própria existência, e as relações dos homens entre si. O segundo nível, político
7 ideológico, é chamado de superestrutura que é constituída pela estrutura jurídico política representada pelo Estado e pelo direito e pela estrutura ideológica referente às formas da consciência social, tais como a religião, as leis, a educação. Em todos estes casos ocorre a sujeição ideológica da classe dominada cuja cultura e modo de vida reflete as idéias e os valores da classe dominante. Marx chama de práxis à ação humana de transformar a realidade, a união dialética da teoria e da prática. Isto é, ao mesmo tempo que a consciência é determinada pelo modo como os homens produzem sua existência, também a ação humana é projetada, refletida, consciente. Para Marx, o Estado não supera as contradições da sociedade civil, mas é o reflexo delas, e está aí para perpetuá-las. Por isso só aparentemente visa o bem comum, estando de fato a serviço da classe dominante. Portanto, o Estado é um mal que deve ser superado. Ética Kantiana A ética (moral) na razão, independe da religião e da comunidade. Kant sustenta que há uma lei moral objetiva. Ela é conhecida por nós não pela experiência, mas pela razão. Dever é uma necessidade prática, incondicional da ação, (a qual) deve ser válida para todos os seres racionais e que, por essa razão também pode ser uma lei para todas as vontades humanas. O dever é uma necessidade de cumprir uma ação por respeito a lei É um imperativo, o qual, por causa de sua origem incondicional, em categórico. A boa vontade segundo I. Kant é a vontade de agir por dever. Muitas vezes agimos em conformidade com o dever, sem que isso signifique em agir por dever. A inclinação: está fundada na liberdade do mundo sensível, é a dependência da faculdade de apetições das sensações. Possuir uma vontade determinada exclusivamente por inclinação é ser desprovido de espontaneidade, reagir à estímulos, é uma escolha animal. Os objetos da inclinação têm um valor condicionado, não são desejados por si mesmos, mas por concorrerem para satisfazer fins fora deles: as necessidades de inclinação. Imperativo hipotético: Estes nos apresentam uma ação como necessária para alcançar um certo fim. Por exemplo: os imperativos da prudência, que nos prescrevem os meios mais seguros para alcançar a felicidade. Imperativo categórico: Este imperativo declara se uma ação necessária por si, mesma, sem relação com qualquer outra finalidade, e só está interessado na forma da ação e no princípio que a rege. Nietzsche Busca promover a grande transformação no modo de vida, questionando de modo radical os fundamentos dos valores morais que norteiam nossas atitudes na vida. Sua filosofia busca recuperar, revalorizar o equilíbrio entre as forças instintivas e vitais do homem que foram subjugadas pela filosofia socrático-platônica e pelas religiões. O espírito dionisíaco: Os rituais dionisíacos: deus da dança, da embriaguez, que habita a natureza, simbolizando a força vital, a alegria, o excesso. O desejo: a afirmação da vida. O espírito apolíneo: A filosofia, representada por Sócrates, o homem de uma visão só, instaura o predomínio da razão, da racionalidade argumentativa, da lógica, da demonstração. Tradição filosófica: triunfo do espírito apolíneo em detrimento do dionísico. A filosofia socrático-platônica representou a tentativa de compreender e dominar a vida com a razão.
8 O Cristianismo: Reforço na direção do apolíneo, enaltecendo o espírito do sacrifício e da submissão, com o pecado e a culpa. Moral do senhor: valorização da força, da saúde, da criatividade, do amor à vida, da embriaguez dionisíaca, do novo orgulho. Moral do escravo: caracterizada pelo ódio dos impotentes, pelo ressentimento contra aquelas características e pela crença em um mundo superior, que torna a Terra algo inferior e imperfeito, da qual se aspira distância. A civilização, de acordo com o Nietzsche, foi criada pelos fortes, pelos inteligentes, pelos homens competentes, os líderes que se destacaram da massa. Moralistas como Sócrates e Jesus, porém, negaram essa realidade em nome dos fracos. Propagando uma moral que protegia os fracos dos fortes, os mansos dos ousados, que valorizava a justiça em vez da força, eles inverteram os processos pelos quais o homem se elevou acima dos animais e exaltaram como virtudes características típicas de escravos: abnegação, auto sacrifício, colocar a vida a serviço dos outros. Nossa cultura é fraca e decadente. A verdade e a moral são os instrumentos que os fracos inventaram para submeter e controlar os fortes, os guerreiros. Vontade de potência: "Super-homem": Considerando que os valores não têm origem divina ou transcendente, Nietzsche afirma que somos livres para negá-los e escolher nossos próprios valores. Ao "tu deves" devemos responder com o "eu quero". É a vontade de poder que permite ao indivíduo que se autoelege desenvolver seu potencial máximo de modo a tornar-se um super-homem ou um ser além-do-homem - isto é, que se coloca acima da massa. Jean Paul Sartre ( ): O existencialismo O importante não é o que fazem do homem, mas o que ele faz do que fizeram dele. A existência precede a essência: (...) há pelo menos um ser no qual a existência precede a essência, um ser que existe antes de poder ser definido por qualquer conceito, e que este ser é o homem (...). O que significará aqui o dizer-se que a existência precede a essência? Significa que o homem primeiramente existe, se descobre, surge no mundo; e que só depois se define. O homem, tal como o concebe o existencialista, se não é definível, é porque primeiramente não é nada. (...) Assim, não há natureza humana, visto que não há Deus para a conceber. O homem é, não apenas como ele se concebe, mas como ele quer que seja, como ele se concebe depois da existência, como ele se deseja após este impulso para a existência; o homem não é mais que o que ele faz. Tal é o primeiro princípio do existencialismo. É também a isso que se chama a subjetividade (...). As coisas, objetos e a natureza é um Em-si, um bloco fechado em si mesmo, porque não tem consciência de ser. O homem é o que ele próprio se faz. Condição humana fundamental o homem é, antes de mais nada, um projeto que se vive subjetivamente. O homem é um PARA-SI: Liberdade, Consciência, Escolha. Angústia: O homem é angústia. Significa que ao escolher aquilo que quer ser, ele se torna um legislador; a escolha afirma valor, responsabilidade = angústia. Responsabilidade e compromisso: Somos responsáveis por nossas escolhas. Quando dizemos que o homem é responsável por si próprio não significa dizer que o é pela sua restrita individualidade, mas que é responsável por todos os homens. A liberdade se faz nas escolhas. A má fé é a atitude característica do homem que finge escolher, sem na verdade escolher. Imagina que seu destino está traçado, que os valores são dados; aceitando as verdades exteriores, mente para si mesmo, simulando ser o próprio autor dos seus atos. É um conformismo. Aceita os valores estabelecidos.
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