PN 4922.07-5; Ap.: TCParedes 2.º J ( ) Ap.e: Ap.2: Acórdão no Tribunal da Relação do Porto I. INTRODUÇÃO: (a) A Ap.e discorda da sentença de 1.º instância que julgou provada e parcialmente procedente a acção que lhe moveu a Ap.a para pagamento da quantia de 4588,94 e juros de mora comerciais a partir de 02.01.01. (b) Da sentença recorrida: (1) O facto constitutivo da pretensão da A. é a existência e vencimento de uma obrigação contratual emergente de um contrato de prestação de serviços (projecto de engenharia e licenciamento industrial); (2) Da matéria provada resulta que ela A. elaborou e forneceu à R. o dito projecto, mas que esta ap enas lhe retribuiu 1250,00 do preço que fora estipulado em 5835,94. (3) A A. imputou o pagamento da R. no capital em divida: art.º 785/2 CC apenas se encontra em falta, portanto, a quantia remanescente de 4588,94. (4) Entretanto, interpelou a R. em 01.12.17 dando-lhe prazo até ao fim do ano de 2001 para cumprir completamente: vencem-se juros de mora a contar da data. 1 Adv.: Dr. 2 Adv.a: 1
(5) E juros comerciais porque a titular do crédito assume a qualidade de comerciante, taxa de 12%. II. MATÉ RIA ASSENTE: (1) A A. é uma sociedade que se dedica à elaboração de projectos de engenharia. (2) No exercício dessa actividade, mediante aco rdo que celebrou com a R., elaborou e forneceu-lhe um projecto de engenharia e licenciamento industrial, enquanto esta se comprometeu a retribuir-lhe uma quantia em dinheiro. (3) Na sequência, a R. entregou à A. o montante de PTE 250 000$00, ou seja, 1250,00. (4) Mas o preço concord e tinha sido de PTE 1 170 000$00, correspondente a 5835,94. (5) Por carta de 01.12.13, recebida pela R. em 01.12.17, a A. solicitou-lhe o pagamento da qu antia remanescente PTE 920 000$00, isto é, 4588,94, até ao final do ano de 2001. III. JUSTIFICAÇÃO DO JULGAMENTO DA MATÉRIA DE FACTO: (a) são de realçar os depoimentos serenos e coerentes de s, empregadas de escritório da A., que descreveram com precisão a natureza do trabalho que esta desenvolveu b em como o preço que normalmente pratica para aquele tipo de tarefas, e que foi adoptado no caso concreto. (b) a Ré não logrou alcançar a prova de, após a celebração do negó cio, ter sido convencionada uma redução do preço da obra, ou que essa mesma redução se impusesse por via de circunstâncias posteriores: a depoente, escriturária da R. não mereceu qualquer credibilidade p elas mais que muitas contradições em que incorreu. IV. CLS.ALEGAÇÕE S: 2
(1) A gravação da Audiência não foi feita nas melhores condições, havendo perguntas dos mandatários e da Juíza, como também respostas dos depoentes se mostram imperceptíveis: tais insuficiências influem na boa decisão da causa em segunda instância. (2) Por conseguinte, ao abrigo do art.º 201 CPC deve ser declarada a nulidade para que venha a Audiência a repetir-se com gravação profícua. (3) E não concordando com a matéria assente e a base instrutória, a Ap.e reclamou por entender não ser apenas a questão de saber/provar qual o preço pelos serviços prestados pela Ap.a à p arte contrária que estava em jogo perante o recorte dos articulados. (4) Estava também em jogo na verdade que serviço s foram efectivamente solicitados pela R. à A. e de entre estes quais os que foram executados. (5) Depois, o Tribunal, ao indeferir a reclamação infringiu o art.º 511/1.2 CPC, por manifesta deficiência da matéria de facto controvertida constante da base instrutória. (6) Mais além, a decisão de facto foi incorrectamente tomada em dois pontos, a saber: (7) No exercício da actividade de projectista, mediante acordo celebrado entre ambas, a A. elaborou e forneceu à R. um projecto de engenharia, tendo-se a R. comprometido a contra-entregar-lhe uma certa pecúnia: não foi assim. (8) A. e R. concordaram em que esta contrapartida seria de PTE 1 170 000$00 ou seja, 5835,94: também não foi assim. (9) Os concretos meios probatórios que impõem uma decisão diversa da que foi tomada na resposta a estes dois quesitos são os depoimentos das testemunhas da A. e (Cassete A, Lado A, voltas 000/067; Lado A, voltas 0608/1398). (10) Na verdade da reprodução se vê que os depoimen tos de cada uma destas testemunhas em si mesmos considerados, não chegam para uma convicção séria de que as depoentes tivessem conhecimento dos acordos havidos entre a A. e a R., através dos legais representantes de cada um, Eng.. (11) E muito menos no que diz respeito à n atureza desses serviços: 1 + 3 projectos de engenharia, três processos de licenciamento municipal e/ou industrial. 3
(12) Do mesmo modo, quanto ao respectivo preço ou se houve aproveitamento de projectos já existentes para as instalações adquirid as pela R.. (13) Da análise critica do conjunto da prova produzida, depois, perante a factura e os depoimentos das testemunhas da A., a convicção a que tem de chegarse é, antes de mais, de pouco ou nada saberem sobre o que efectivamente foi ou não concertado, quer no que diz respeito ao objecto, quer no que diz respeito ao preço. (14) Com efeito, o valor constante da factura é um qualquer que o patrão das duas testemunhas quis que fosse. (15) Mas cabia à A. fazer prova clara do contrato e do preço mas não parece, como mediana seried ade, que possa chegar-se a uma conclusão tal mediante os depoimentos acima referidos: as depoentes não assistiram a qualquer negociação; afirmaram que tinha estado presente um tal de Dr. Rui que não foi arrolado; disseram que havia uma tabela de preço e que o p reço da factura lhes foi indicado pelo patrão. (16) Por conseguinte, segundo estes elementos, não pode ser dado como provado nem o contrato nem o preço, por parte da A. (17) Termos em que, na procedência desta Apelação, deve a decisão de facto criticada ser substituída por novas respostas aos quesitos: não provados. (18) Por fim, segundo os motivos da reclamação, acaso a improcedência do pedido não resulte da matéria assente corrigida, deverão ser aditados à base instrutória os quesitos sugeridos. (19) Se nem um nem outro dos motivos puder fazer vencimento deverá ser anulada a Audiência de Discussão e Julgamento por razão de não terem ficado gravados com proficiência os depoimentos postos em crise. V. CONTRA-ALEGAÇÕES: não houve. VI. SUSTENTAÇÃO: a parcial imperceptibilidade de algumas das palavras ditas em Audiência não impede o exercício efectivo do direito ao recurso, nem o juízo que 4
haja de ser feito sobre a decisão da matéria de facto, pelo que não se ordena a repetição de qualquer uma das inquirições efectuadas no julgamento3. VII. RECURSO: pronto para julgamento nos termos do art.º 705º C PC. VIII. SEQUÊNCIA: (a) Vem alegada a nulidade da Audiência, por não ser audível o registo da prova, contudo, é a própria transcrição dos depoimentos oferecida pela R. na minuta do recurso que demonstra não terem as brancas o efeito argumentad o. (b) Na verdade, fica claro e é atingido todo o conjunto dos discursos das testemunhas que convenceram o Tribunal e nestas circunstâncias a gravação, como documento dos depoimentos serve aos fins legais, inteiramente. (c) Não há, pois, a nulidad e arguida, mas também é certo que o elemento central de demonstração da tese da A. nem sequer repousa nos depoimentos críticos, sim, na circunstância de, sendo ambos os intervenientes comerciantes, a R. ter recebido uma factu ra do outro, que não recusou ou, pelo menos, admite, por omissão, não ter recusado. (d) Ora, nestas circunstâncias está feita a prova quer do objecto do contrato, quer do preço, segundo o texto da factura em causa. (e) Por conseguinte, improcede a posição recursiva e tem esta apelação de ter a finalização lógica da improcedência. (f) Nestes termos, visto o disposto no art.º 406º/1 CC, art.º 5º do DL 19 490, 31.03.21 e art.º 476ºC.Com., vai inteiramente mantida a sentença sob discordância do ap.e. IX. CUSTAS: Pelo ap.e, que sucumbiu. 3 O recorrente juntou transcrição dos depoimentos crítico s e sem que da transcrição resulte impossibilidade de compreensão do conjunto do discurso oral que provenha das palavras ou segmentos imperceptíveis. 5