PN ; Ap: TC Bragança, 2º J ( Em Conferência no Tribunal da Relação do Porto I. INTRODUÇÃO:
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1 PN ; Ap: TC Bragança, 2º J ( Ap.e: Apº: Em Conferência no Tribunal da Relação do Porto I. INTRODUÇÃO: (1) A recorrente não se conforma com a improcedência do pedido: ser o R. condenado a regressar o montante de 3473,86 e juros, pois conduzia automóvel de segurado da, sem carta de condução, tendo dado origem a acidente, sinistro regularizado através do dispêndio daquela quantia. (2) Da sentença recorrida: (a) À A. só assiste o direito accionado, po r via de regresso, se cumulativamente for de imputar ao R. a responsabilidade, total ou parcial, pela ocorrência do acidente, demonstrados quanto a ele os factos do ilícito e das consequências danosas, verificada uma das situações do artº 19 DL 522/85; (b) Dois dos requisitos mostram-se preen chidos no caso em apreço - pagamento e falta de título de condução, mas não o da responsabilidade do R. por facto ilícito; (c) A A. agiu com negligência grave, omitindo factos com relevo para a decisão da causa: cláusula terceira da transacção no PN 341/99; 1 Advª: Drª. 2 Adv: Dr. 1
2 (d) É litigante de má-fé, julgando-se justa e adequada a multa de 30 UCs: calcular-se-á posteriormente a indemnização, por não existirem agora elementos bastantes; II. MATÉRIA ASSE NTE: (a) A A. exerce a actividade seguradora. (b) Outorgou com seguro do ramo automóvel, Ap, com início em , contrato nos termos do qual a responsabilidade civil emergente de acidente de viação, por danos causados a terceiros, que dissesse respeito ao veículo, foi transferida para ela, A. (c) Em , 16h40, ocorreu na Avenida Cidade de Zamora, Bragança, um acidente de viação em que foram intervenientes o motociclo, conduzido pelo R. e o veículo ligeiro de passageiros, conduzido por (d) Os dois veículos cir culavam à data e hora do acidente na dita artéria, no sentido Nascente-Poente. (e) O local do embate tem a configuração de uma recta com boa visibilidade, dois sentidos de marcha e duas vias de trânsito em cada um, entroncando no lado esquerdo da via, atendendo ao sentido de marcha das viaturas em causa, a Rua Dr Norberto Lopes. (f) HF circulava na via mais à esquerda e RE, na via mais à direita, sempre atendendo ao sentido de marcha que levava. (g) E pretendendo o condutor de RE realizar uma manobra de mudança de direcção à esquerda, invadiu a via de trânsito desse lado do sentido de marcha que levava, mas sem accionar previamente o pisca resp ectivo e sem atender à circulação de algum veículo na mesma via de trânsito e no mesmo sentido tomado por si. (h) Por esta razão, RE atravessou-se repentinamente à frente de HF, invadindo a trajectória deste último para logo ocorrer o embate entre a parte frontal dele e a parte esquerda de RE, no qual resultaram danos nos veículos e lesões no passageiro transportado no motociclo,. (i) Entretanto, HF guinou para a esquerda na tentativa de evitar o embate. (j) O condutor de HF, no momento da colisão, não era portador de título que o habilitasse a conduzir motociclos. 2
3 (k) Em , no âmbito da acção declarativa de condenação com processo sumaríssimo instaurada por contra a A. ( ) foi homologada por sentença a seguinte tr ansacção: (i) o A. reduz o pedido para pte $00;(ii) com o recebimento deste montante, considera-se integralmente ressarcido de todos os danos recorrentes do sinistro; (iii) a quantia será paga pela R. mediante chequ e, contra recibo a quinze dias de vista, remetido para o escritório do mandatário do A. (l) Em , no Âmbito da acção declar ativa de condenação com processo ordinário, instaurada po r, contra a Companhia de Seguros., e em que foi admitida a intervenção acessória qu er de, quer da A. (PN 341/99, 2º J TC Bragança) foi homologada po r sentença a seguinte transacção: (i) O A. reduz o pedido para 7500,00, quantia com qual se dá por indemnizado de todos os prejuízos decorrentes do acidente de viação em causa; (ii) a referida quantia será paga pela companhia de seguros e na proporção de 60% e 40%, respectivamente: 4500, R. Companhia de Seguros ; 3000,00, interveniente Companhia de Seguros ; (iii) A presente não envolve a responsabilidade de qualquer dos condutores na ocorrência do sinistro;(iv) o interveniente reconhece a existência do direito de regresso da Companhia de Seguros pela circunstância de conduzir sem carta, mas sem prejuízo de não aceitar a sua responsabilidade na produção do acidente. (m) Em data indeterminada de 200, a R. satisfez perante o montante a que se obrigou no acordo do PN 133/99. (n) Em , a R, satisfez perante o montante a que se refere o acordo do PN 341/99. III. CLS/ALEGAÇÕE S: (a) Contrariamente ao que consta dos motivos da condenação da A., como litigante de má-fé, não omitiu qualquer facto de relevo para a d ecisão da causa e, se porventura isso mesmo ocorreu, não foi por negligência grave; 3
4 (b) Invocou ap enas o reconhecimento por parte do R. do direito de regresso, porquanto, e é esse o único propósito, entendeu dever salientar a confissão do R; (c) Dito de outro modo, pretendeu a A. dizer que o facto substanciador do direito, por si própria arrogado na presente acção, a condução ilegal havia já sido admitido pelo interessado em debate judiciário sobre o mesmo acidente, nada mais; (d) E a circunstância de ele, R, não ter reconhecido qualquer responsabilidade na ocorrência do sinistro afigura-se à A., ainda hoje, meramente irrelevante; (e) Tratando-se de matéria de direito nem teria, em bom rigor, de ter sido alegada; (f) Por outro lado, acaso o tivesse sido, o facto em nada afectaria o direito de regresso que está na pretensão da A.; (g) Na verdade, tendo havido pagamentos a terceiros, em face da carência de habilitação legal para conduzir, cabe à A. de direito ser reembolsada, caso em acção posterior venha a demonstrar a responsabilidade cumulativa do visado; (h) Assim, não releva para qualquer efeito a posição do R., manifestada noutra causa, relativamente à responsabilidade pelo acidente; (i) É aqui, nesta, o lugar próprio para serem averiguadas as circunstâncias tendentes a provar a verificação cumulativa dos factos da responsabilidade civil por facto ilícito, o pagamento do regresso e o fundamento deste último; (j) E não tendo sido reconhecido pelo R., para além da existência do direito de regresso, a vera bondade do pagamento efectuado, por via do seguro, pela A., não faria qualquer sentido invocar aqui o não reconhecimento por ele da sua responsabilidade, objecto, afinal, da controvérsia; (k) Deste modo, e em conclusão, entende a A. não se encontrarem verificada a base legal para a condenação que sofreu como litigante de má-fé: a sentença recorrida infringe o artº 456/2 CPC e deve ser revogada. IV. CONTRA-ALEGAÇÕES: não houve. V. RECURSO: Pronto para julgamento, nos termos do artº 705 CPC. VI. SEQUÊNCIA: 4
5 (1) As conclusões do recurso convencem no seu ar gumento principal: a circunstância de o R., vencedor, não ter admitido a culpa na produção do acidente não tinha qualquer importância para o debate da causa, pois era esse mesmo um dos aspectos sobre o qual deveria incidir. (2) O contrário é que sim, mas não se verificou: a Companhia de Seguros não alegou que o R. tenha admitido ou confessado essa mesma culpa: imputou-lha a benefício da prova. (3) E, se partirmos do princípio que o regresso tem como pressupostos a culpa na produção dos danos que justificaram o desembolso e, cumulada a infracção de não ter carta, mesmo assim, não estão presentes os factos que bastem para a condenação por litigância. (4) Na verdade, não é a circunstância de o visado se defender da responsabilidade pelas consequências do sinistro, não obstante não estar habilitado a conduzir, que põe em causa o êx ito possível da acção, acaso possa fazer-se a contra-prova na qual se centrou, aliás, o movimento do pedido apresentado em juízo pela recorrente. (5) Por conseguinte, visto o artº 456/2 CPC, e pelos motivos expostos de não integração normativa, vai revogada a sentença de 1ª instância na parte objecto desta ap elação, isto é, no que diz respeito à cumulação por litigância de má-fé da Companhia de Seguros. VII. CUSTAS: sem custas, não obstante o pedido por p arte do R. de condenação da ap.e, já que no quadro sancionatório da litigância, o impulso nem é necessário, nem suficiente, cabendo a sentença por inteiro nos poderes de supervisão da causa, atribuídos por lei ao tribunal: não há sucumbência. 5
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