PN ; Ap: TC Matosinhos 3ª J. Em Conferência, no tribunal da Relação do Porto: I. INTRODUÇÃO:
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1 PN ; Ap: TC Matosinhos 3ª J Ap.e: Apºs: Em Conferência, no tribunal da Relação do Porto: I. INTRODUÇÃO: (1) O ap.e não se conformou com a sentença de 1ª Instância: improced ente o pedido de indemnização dos danos que sofreu em atropelamento rodoviário, fundada a decisão em culpa exclusiva dele, A. (2) Da sentença recorrida: (a) No caso dos autos, resulta dos factos assentes ter sido o peão quem teve a culpa exclusiva na ocorrência do acidente, uma vez que atravessou a faixa de rodagem quando estava tapado por um veículo pesado e sem atender ao trânsito, infringindo, sem dúvida, o artº 101/1 CE, em vigor à data. (b) É afastada desta maneira a presunção de culpa que impenderia sobre o condutor do veículo segurado, nos termos do artº 503/1 CC, e o dever de indemnizar por parte da R., artº 570/2, do mesmo diploma legal: improcedem os p edidos do recorrente, b em como do ISSS. II. MATÉRIA ASSE NTE: 1 Adv: Dr 2 Adv: 3 Advª: 1
2 (a) Em , 14h15, o A. estacionou o seu veículo ligeiro de passageiros, que tinha vindo a conduzir no sentido sul-norte, na em Matosinhos, saindo depois pelo lado esquerdo do automóvel. (b) À frente do local ode se encontr ava o A., no mesmo sentido de marcha, em segunda linha, a par dos carros aparcados, estava um autocarro STCP, estacionado para saída e entrada de passageiros. (c) O veículo do segurado da R. circulava na, no sentido contrário, norte-sul. (d) dona do veículo, transferiu a responsabilidade civil decorrente da circulação r odoviária do mesmo para a R, Império, através da apólice (e) O A. é beneficiário ISSS/CNP nº (f) O carro, quando o A. circulava, ficou estacionado na dita antes da paragem do autocarro. (g) E o autocarro já referido estav a parado à frente do local onde o A. estacionou. (h) Quando o A. se encontrava a atravessar a via e logo depois de ter passado a parte traseira do autocarro, a meio da faixa de rodagem, embateu no pesado de passageiros da conduzido por para entrar na Rua (i) O embate ocorreu entre o peão e a frente esquerda do autocarro. (j) A, Matosinhos, no entroncamento com a, formam uma curva acentuada, sem visibilidade para quem entra na referida artéria, na direcção interior. (k) E quando o condutor do autocarro se apercebeu do S., estava a este a menos de 20 metros de distância. (l) Em toda esta ocasião, o condutor JX estava ao serviço da entidade patronal,, no interesse e por conta da qual conduzia o veículo. (m) O A. esteve emigrado em França: foi aí contra-mestre de. (n) O veículo JX seguia pela direita da faixa de rodagem, atento o sentido de marcha que levava, a velocidade não sup erior a 3 0 Km/h. (o) A faixa de rodagem no local, tem cerca de 8 metros de largura. (p) O A., em , requereu ao CNP o complemento por dependência. 2
3 (q) A SVIP, em , considerou nessa situação, não podendo praticar com autonomia os actos ordinários da vida quotidiana e necessitando de assistência permanente por parte de terceiros. (r) Em consequência, , CNP deferiu o referido complemento de dependência, a partir de (s) Desde esta data a 06.03, foram pagas estas prestações que totalizam o montante de 8 801,50: têm o valor mensal actual de 403,56. (t) O A., em consequência do acidente, sofreu lesão medular e ficou paraplégico, com incontinência urinária e fecal. III. CLS/ALEGAÇÕE S: (1) Sobre o condutor do autocarro incide uma presunção lega de culpa, nos termos doa rtº 503/3 CC. (2) Mas o condutor viu o recorrente a menos de 20m. (3) E, atenta a velocidade de 30 Km/h a que seguia, podia ter parado a viatura em menos de 10m. (4) Perante o atropelamento, não elidiu deste modo aquela presunção d e culpa. (5) Por outro lado, apenas se sabe que o A. atravessou a, e não ficou apurado em que termos e condições o fez, nomeadamente se se certificou de poder atravessar em segurança: não pode afirmar-se que infringiu o artº 101/1 CE. (6) Nem se sab e se o A. viu o autocarro e a que distância, quando iniciou a travessia. (7) Enfim, na versão do condutor do autocarro, se reduziu a velocidade, como lhe era imposto pela atenção ao trânsito, o A. atravessaria a rua incólume. (8) De qualquer modo, o condutor do autocarro não provou ter travado ou reduzido a velocidade. (9) E o A. teve danos morais de que deve ser indemnizado. (10) Danos materiais também: carece em permanência do apoio de terceiros, dano até agora não quantificado e a relegar para execução de sentença. (11) Solução, do mesmo modo, para o dano de perda da capacidade laboral, dano não quantificado e a relegar. 3
4 (12) Dev e ser revogada a sentença recorrida, para serem indemnizados, desde já, os danos morais e os danos a liquidar em ex ecução de sentença, referentes aos gastos com terceiro que o apoia, diariamente e à perda da capacidade laboral. IV. CONTRA-ALEGAÇÕES: (1) É claro que a presunção de culpa foi elidida. (2) O condutor do autocarro seguro na apª não viu o ap.e, porque este estava encoberto por uma viatura de grandes dimensões. (3) Com efeito, após ter passado pela traseira do transporte público de passageiros, que estava estacionado em segunda fila, o recorrente precip itou-se para a semi-faixa de rodagem exactamente na altura em que o veículo seguro na R. ia a passar. (4) Insiste-se, o transporte público d e passageiros, pelas suas grandes dimensões, acabava por ocupar a totalidade da outra sem-faixa de rodagem, de sentido sulnorte. (5) Por isso é que o condutor do autocarro só se aperceb eu do ap.e quando ele estava a menos de 20 metros, que tanto pode ser 0,00m, como 19,99m. (6) Acresce ter ficado provado que logo depois de ter passado a parte traseira do transporte público de passageiros, estacionados em segunda fila, e a meio da faixa de rodagem, embateu o peão no pesado seguro pela R. (7) Este circunstancialismo permite facilmente concluir que o condutor do veículo seguro só se apercebeu do ap.e no mo mento em que este surgiu em frente do veículo, portanto, a muito menos do que 20 m. (8) Esta é a versão comprovada e não outra, em que o recorrente faz crer, para tentar chegar a conclusões fantásticas e d esprovidas de qualquer fundamento. (9) E cumpre, por fim, apenas sublinhar que o co ndutor do veículo seguro seguia pela direita a uma velocidade não superior a 80km/h: prudentemente. (10) Enfim, a sentença recorrida não merece qualquer censura. V. RECURSO, julgado, nos termos do artº 705 CPC: 4
5 (1) O recorrente apresentou um pedido de indemnização, no montante de ,00 e juros após a citação, imputando a verba de ,00 aos danos não patrimoniais e a restante aos danos materiais. (2) Em face da matéria provada, posto que discorda da absolvição da R., autonomiza como danos patrimoniais as despesas com terceiro d e que carece apoio permanente a perda da capacidade laboral, não obstante estar reformado, dados a apurar em execução d e sentença. (3) E dá como assentes os pressupostos da medida indemnizatória dos danos não patrimoniais, onde é certo que a situação clínica de tetraplagia não necessita de maior descrição para recorte do sofrimento, das dores e incómodos a que deu e dá lugar. (4) Em suma, acaso faça vencimento a posição d o recorrente quanto ao recorte da culpa conferida nas vicissitudes do sinistro e indexada à produção dos danos e prejuízos sofridos pela vítima, teremos a considerar apenas o quantum de danos não patrimoniais acima delimitados, pois, na verdade, quanto aos danos patrimoniais, conquanto se possa afirmar que existem, a matéria provada não nos dá o critério de uma quantificação imediata, embora possível. (5) Bem vistas as coisas, as alegações do recorrente convencem, ao sublinharem que a matéria assente não nos permite formular um juízo crítico da atitude estradal do peão quando não fixa se tomou ou não cuidados, se se apercebeu ou não do veículo atropelan te, quando não descreve uma triangulação topográfica que nos permita evoluir de um juízo de proximidade para a censura ou da distracção ou da ousadia do atravessamento da rua. (6) Mas se é assim em relação ao peão, também o é em relação ao condutor, acontecendo, no entanto, que este e o patrão, serão sempre responsáveis por indemnizar, acaso não provem a culpa do recorrente, tal como não ficou provada. (7) Funciona aqui, de pleno, a presunção de culpa, do artº 503/3 CC, agregada à responsabilidade de comitente, do artº 503/1 do mesmo diploma legal e, por efeito do contrato de seguro, da transferência desta responsabilidade para a recorrida, terá de ser esta condenada a indemnizar até ao limite da apólice, na conta que cubra ou que coincida com o montante do pedido. 5
6 (8) Este montante do pedido não vincula o tribunal na divisão demonstrativa a que correspondem as sub-verbas dos argumentos da PI, isto é, o tribunal, na fixação da indemnização está apenas limitado pelo valor total pedido pela parte. (9) E é sob este ponto de vista que se estima a ind emnização, neste caso em ,00, ponderando os enormes sofrimentos, o desânimo incomensurável, das situações clínicas de tetraplagia, tendo, ainda assim, em conta a tradição jurisprudencial e o movimento incontornável e justificado de aproximação gradual dos valores indemnizatórios portugueses às compensações praticadas nos países do núcleo desenvolvido da Comunidade Europeia. (10) Quanto aos danos patrimoniais como acima ficou referido, serão submetidos a acerto conveniente na execu ção. (11) Tudo visto e o disposto nos artºs 483/1.2, 496 e 503/1.3 CC, foi revogada a sentença de 1ª Instância, substituída pelo despacho, em que se julgou procedente o pedido e se condenou a R., companhia de seguros, ao pagamento de uma indemnização por danos não patrimoniais decorrentes do sinistro em causa no montante de ,00 e na indemnização que vier a corresponder aos danos patrimoniais de perda da capacidade laboral e ao cômputo das despesas com a tetraplagia irrecuperável, a apurar em execução até ao limite da apólice. VII. RECLAMAÇÃO: tabelar, nos termos do disposto no artº 700/3 C PC. VIII. SE QUÊNCIA: (a) Não vêem motivos de crítica procedente contra os argumentos e a decisão contida no despacho reclamado: por conseguinte, tomam-no inteiramente neste acórdão. (b) Assim, revogam a sentença reco rrida no sentido do que ficou consignado em VI (11). IX. CUST AS: pela ap.ª. sucumbente, mas não sendo contadas neste passo meramente confirmatório. 6
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