Em Conferência, no Tribunal da Relação do Porto:
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- Iago Vilaverde Jardim
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1 PN ; Ap.: TC. Porto, 9ª Vara; Ap.e2: ; Ap.os3:. Em Conferência, no Tribunal da Relação do Porto: 1. A Ap.e discordou da decisão que julgou improcedente este recurso de revisão que interpôs de acórdão da Relação do Porto, : confirmara este a sentença de 1ª instância, julgado procedente o pedido de ressarcimento de danos formulado em acção, distribuída no ano de 1996, e no valor de Pte $ Foi dado como assente: (1) Para fundamentar o recurso de revisão foi alegado pela recorrente, em resumo: na realidade, as infiltrações de água ocorridas na fracção autónoma dos recorridos não são oriundas daquela de que é dona e senhora, como foi considerado, pelo contrário, na decisão em crise e motivou a condenação da recorrente; antes tiveram origem no estado de degradação da coluna comum de saneamento do prédio onde se situam as duas fracções, nomeadamente na junção com o tubo de escoamento da sanita do quarto de banho da fracção que lhe pertence; (2) Tal circunstância é demonstrada, na opinião da recorrente por documento que junta: uma comunicação dos resultados da vistoria feita pela administração do prédio às referidas fracções, comunicação que lhe foi transmitida, mas a pedido: chegou ao conhecimento dela em ; 1 Vistos: Des. 2 Adv.: Dr. 3 Adv.: Dr. 1
2 (3) E também por outro: aditamento ao certificado nº 2565, , levado a cabo por um perito da Seguradora Zurich Seguros, referente a um sinistro de danos por água/responsabilidade civil, presumivelmente ocorrido no prédio em questão, ; (4) O req. in. do recurso de revisão em causa, juntando os documentos acima referidos e com rol de testemunhas, deu entrada na Secretaria da 9ª Vara Cível do Porto em ; (5) Em , foi proferido despacho a admiti-lo e a ordenar a notificação da parte contrária, art. 774/3 CPC; (6) Na resposta, esta apresentou testemunhas também; (7) Com as Alegações da presente Apelação, a recorrente juntou um talão de registo postal dirigido ao tribunal Cível e remetido pelo Advogado que a patrocina, com carimbo de Matosinhos, ; (8) O recibo de pagamento através do Multibanco do preparo tem data de A decisão recorrida, prescindindo da audição de testemunhas, articulou, em síntese, dois argumentos principais: (a) caducidade do direito de interpor o recurso de revisão, por excesso dos 60 dias a partir da data do conhecimento do motivo fundador; (b) em todo o caso, e muito embora a superveniência, os documentos não têm potencial de revisão: não são passíveis de, apenas por si, levarem à modificação da sentença em crise, no sentido em que seja mais favorável à Ap.e. 4. O acórdão que veio a recair considerou contudo: (a) Com a junção do recibo postal a Ap.e demonstra a tese de que enviou pelo correio, no último dia, o req. in.: fica afastado o primeiro argumento da decisão recorrida; 2
3 (b) a competência para instruir decerto que é do tribunal onde está o processo; neste caso, do tribunal de 1ª instância mas a competência para julgar da procedência do recurso é naturalmente do tribunal superior, que procedeu à supervisão da sentença inicial e lhe conferiu, por consequência, uma autoridade de hierarquia diferente; (c) Embora: não pode deixar de ser enfrentada a segunda articulação argumentativa da sentença recorrida, e sob este ponto de vista, a recorrente não tem razão: os documentos que juntou, conquanto supervenientes não se constituem, por natureza e congruência, na prova irrefutável exigida. 4.1 Por isso mesmo, vistos os arts. 771c. e 775/1 CPC, negou fundamento ao recurso de revisão, aceite a competência originária para tomar conhecimento da causa. 5. Entretanto, a Ap.e interpôs recurso de Revista, mandado receber por decisão transitada do STJ4. 4 Tinha sido reclamada irrecorribilidade pela parte contrária, já depois de o recurso ter sido recebido: (a) O valor da causa é de Pte $00; (b) E o art. 772/4 CPC determina: as decisões proferidas no processo de revisão admitem os recursos ordinários a que estariam originariamente sujeitas no decurso da acção em que foi proferida a sentença a rever; (c) Logo, não cabe Revista, nem outro recurso. E o incidente foi decidido favoravelmente: 1. Na verdade, a alçada da Relação, para o ano de 1996, é de Pte $00 e, não obstante se tratar em boa lógica de uma 1ª A pelação, visto ter sido definida a competência para julgamento inicial da 2ª instância e não do tribunal de Comarca, mantém-se a irrecorribilidade em razão do valor que foi atribuído à causa, inferior aqueloutro: a lei não distingue se e quando o tribunal julga em 1ª ou 2ª instância. Têm pois razão os reclamantes, e o recurso não deve ser recebido. Esta decisão foi revogada: (a) Na verdade, o despacho [inicial, de recebimento do recurso], embora não constitua caso julgado formal, apenas pode ser impugnado pelas partes nas suas alegações para o tribunal ad quem cabendo somente a ele de imediato, pelo relator respectivo oficiosamente ou devido ao alegado pelas partes e caso exista entre elas desacordo sobre aquele despacho mediatamente, em Conferência decidir sobre a dita admissão; (b) No caso sub judice é flagrante que o tribunal recorrido não agiu no respeito destes parâmetros e que, ao pronunciar-se sobre o despacho de admissão do recurso, exorbitou manifestamente dos seus poderes legais e praticou acto que a lei não admite e que visou alterar aquele despacho 3
4 6. Nas conclusões arguiu: (a) A procedência do argumento de incompetência absoluta do tribunal de 1ª instância decorre necessariamente a procedência do recurso interposto pela recorrente com a consequente anulação de todos actos anteriores, mormente a decisão da 1ª instância; (b) E a infracção da incompetência absoluta do tribunal não é susceptível de ser suprida pelo Tribunal da Relação nos termos do art. 715 CPC; (c) Assim, o acórdão recorrido deveria ter-se cingido à declaração de incompetência absoluta do tribunal de 1ª instância, sem conhecer do mérito da Apelação; (d) Não tendo entendido desta forma, verificou-se a nulidade prevista no art. 668/1c ex vi art. 716/1 CPC; (e) Por seu turno, no recurso de revisão é permitida a produção de prova testemunhal; (f) Portanto, a prolação da decisão sobre o recurso de revisão sem que tenham sido inquiridas previamente as testemunhas arroladas pela recorrente, viola o seu direito à prova e nomeadamente o disposto nos arts. 512 ss CPC; (g) Do desvio entre o formalismo previsto na lei e o ritualismo observado nos presentes autos decorre, pois, a nulidade da sentença de 2ª instância, art. 201 CPC. 7. Não houve contra-alegações. 8. Incidente: pronto para julgamento. 9. Sequência: inclusivam ente através da prolação de acórdão, o que integra a nulidade prevista no contido no art. 201/1.2 CPC, com a anulação dos termos subsequentes. 4
5 (a) Antes de mais deve ficar consignado que, na verdade,, na petição inicial indicou cinco testemunhas para serem ouvidas. Contudo, nos termos do disposto no art. 774/2 CPC, o pedido pode ser indeferido liminarmente quando se reconheça logo que não há motivo para revisão: foi decidido assim mesmo5; portanto, não haveria a nulidade invocada do art. 201 CPC. (b) Entretanto, foi cometida a nulidade primeira de ter sido conhecida a Apelação quando a lei, nomeadamente o art. 715 CPC, não prevê, no caso concreto, que o tribunal de recurso se substitua. Na verdade, não foi caso de ter sido declarada nula a sentença de 1ª instância, mas do reconhecimento da incompetência absoluta do tribunal que tinha prematuramente encerrado a causa: dá lugar [ao equivalente da] absolvição da instância. Por conseguinte, a sentença recorrida deveria ter sido pura e simplesmente revogada. (c) E nem sequer é de lançar mão, aqui, do princípio da adaptação, porquanto o acto de distribuir aleatoriamente o processo, neste caso ainda não consentido no tribunal competente (não obstante os autos se encontrarem no Tribunal da Relação, mas para outra finalidade), constitui, ele em si mesmo, uma garantia dos particulares perante a administração da justiça, em ordem a preservar a imparcialidade da decisão: ordem pública implicada, rasura de poderes a que o juiz dá a norma...ou censura das interpretações que contornem o problema! (d) Tudo visto, e os arts. 102/1, 105/1, 265-A e 715 CPC, decidem declarar a nulidade do acórdão arguido, para decidirem agora a revogação da sentença de 1ª instância, por não ser competente para o julgamento liminar do recurso de revisão o tribunal que proferiu a decisão recorrida, devendo pois ser dado cumprimento sequencialmente ao art. 774/1 CPC. 10. Custas: pelos Ap.os, sucumbentes. 5 Vd. 4.(c). 5
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