O SR. JOSUÉ BENGTSON (PTB/PA) pronuncia o. seguinte discurso: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o
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- Lavínia Maria Luiza Mota Quintão
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1 O SR. JOSUÉ BENGTSON (PTB/PA) pronuncia o seguinte discurso: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o reaquecimento da economia brasileira a partir do ano passado, deixou em alerta todo o sistema produtivo e governamental brasileiro em virtude da deficiência da infraestrutura de transportes, reconhecidamente incapaz de dar resposta ao aumento da nossa produção agrícola, mineral e industrial. A atual situação de precariedade do sistema de transportes em nosso País tem constituído uma barreira de difícil transposição para que o Brasil possa voltar a crescer com o ritmo e a sustentabilidade que se espera e deseja. Além das velhas carências, como estradas precárias, falta de capacidade das ferrovias e sistema portuário ainda em modernização, a decisão do Governo do Paraná de proibir o embarque de soja transgênica pelo Porto de Paranaguá, o congestionamento na Rodovia Régis Bittencourt causado pela queda de uma ponte no Km 42 e a
2 2 demora no processo de modernização da malha ferroviária da Brasil Ferrovias, concessionária da Ferronorte, Novoeste e Ferroban, são novos gargalos que devem piorar ainda mais o escoamento da produção este ano. Mas, em que pese os problemas pontuais já apontados, nobres Colegas, a situação lamentável em que se encontra a infra-estrutura de transportes do nosso País decorre, principalmente, de uma matriz desequilibrada, com excessiva predominância do modal rodoviário em detrimento das modalidades ferroviária e hidroviária, seguramente mais baratas e eficientes para o transporte de boa parte dos produtos nos percursos brasileiros. Em conseqüência, elevase o preço do frete nacional e provoca-se o tão indesejado aumento do custo Brasil, prejudicando a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional. Para se ter uma idéia desse despautério, Sr. Presidente, estudos apontam que, para um mesmo trajeto, o custo do frete
3 3 rodoviário é cerca de 50% superior àquele praticado pelo modal ferroviário. De acordo com dados do Centro de Estudos em Logística da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o nosso País, Sras. e Srs. Deputados, ao contrário dos demais países com dimensões continentais, possui uma matriz de transporte de cargas onde o modal rodoviário representa 63% do total, contra apenas 22% das ferrovias e 13% das hidrovias. Tais números são comparáveis apenas a países completamente diversos do nosso, como a Bélgica e a Dinamarca, onde a prioridade ao transporte rodoviário talvez se justifique. Em outros países de dimensões continentais como o Brasil, predomina o modal ferroviário. Na China, por exemplo, quase 40% da produção é escoada por ferrovias, e, na Rússia, chega a 60%. Nos Estados Unidos, 25% da produção segue por rodovias; 49% por ferrovias e 23% por
4 4 hidrovias. Outra diferença fundamental é que lá a participação das ferrovias no transporte de cargas cresce com a distância, atingindo 80% do total para deslocamentos maiores que dois mil quilômetros, enquanto que, no Brasil, ao contrário, para distâncias mais longas tem-se a predominância do modal rodoviário. Nossas vias férreas, Sr. Presidente, desempenharam, sem sombra de dúvidas, um relevante papel na expansão da produção agrícola e industrial brasileira, pois o modal ferroviário foi o principal meio de transporte de cargas e passageiros no território nacional, até meados do século passado. A partir daí, o Governo Federal, promoveu a estatização do sistema, sem realizar, no entanto, os investimentos públicos necessários para a manutenção e expansão da rede, o que resultou no verdadeiro sucateamento da rede ferroviária nacional.
5 5 Nos anos 90, na busca de reerguer o sistema ferroviário, as ferrovias foram arrendadas à iniciativa privada. Se o objetivo da desestatização era o de promover novos investimentos, fomentando o crescimento da modalidade ferroviária, pouco se alcançou até agora. Apesar da modernização conseguida por algumas concessionárias, o modal ainda convive com uma série de dificuldades e continua extremamente subutilizado. A malha ferroviária brasileira, portanto, ainda depende muito de investimentos públicos em projetos estratégicos. Estamos certos, Sras. e Srs. Deputados, de que a operacionalização das Parcerias Público-Privadas poderá atrair para as ferrovias importantes investimentos para a expansão da malha, como é o caso da Ferrovia Norte-Sul, que o Governo Federal pretender iniciar ainda este ano por meio das PPPs, mas o País não pode fechar os olhos para os graves problemas que envolvem a malha já concedida,
6 6 como as travessias de cidades, as passagens de nível e as invasões das faixas de domínio, que levam o Brasil a um enorme desperdício a cada ano, em virtude da redução da velocidade de tráfego dos trens de carga. Esses problemas não são da competência dos concessionários e não serão resolvidos com recursos da iniciativa privada. Segundo a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários é preciso investimento federal da ordem de R$ 4,2 bilhões para resolvê-los. Apesar disso, Sr. Presidente, o orçamento do Ministério dos Transportes para 2005 destina apenas R$ 170 milhões para o setor ferroviário. O que, convenhamos, é muito pouco, para um País que necessita, urgentemente, de uma profunda reestruturação na sua matriz de transporte, particularmente quanto à distribuição das cargas. É preciso que se tenha em mente, Sras. e Srs. Deputados, que o investimento na infra-estrutura de
7 7 transporte, especialmente em ferrovias, traz benefícios muito maiores que o volume de recursos aplicados para sua implantação, pois possibilita o emprego eficiente de cada modal de transporte, de acordo com o percurso e a mercadoria a ser transportada. Obras estratégicas, como a Ferrovia Norte-Sul, a Ferronorte, a Ferrovia Transnordestina e a construção de anéis ferroviários em algumas regiões metropolitanas, possibilitariam a integração da malha, permitindo o acesso mais econômico aos diversos portos brasileiros, proporcionando, assim, a redução do custo das mercadorias para o mercado interno e o aumento da competitividade desses produtos no comércio internacional. De que adianta, Sr. Presidente, o exportador contar com estímulos financeiros, otimizar a produtividade, explorar suas vantagens competitivas, promover seus produtos no exterior, fechar contratos em mercados altamente
8 8 promissores, se não tem certeza de que conseguirá entregar os produtos no prazo contratado e com custo minimamente competitivo em termos internacionais? Essa situação não pode continuar, Senhoras e Senhores! É imperativo nos empenharmos na luta em prol da melhoria da infra-estrutura de transportes brasileira e cobrarmos medidas urgentes do Governo Federal, para que o setor de transportes volte a ser uma poderosa locomotiva que leve o País ao desenvolvimento pleno e sustentável. Era o que tínhamos, hoje, a dizer. Muito obrigado. Sr. Presidente, solicito que o meu pronunciamento seja divulgado nos meios de comunicação da Casa e no programa A Voz do Brasil. 2005_1009_Josué Bengtson_205
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