Os Efeitos dos Parcelamentos sobre a Arrecadação Tributária

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Transcrição:

ISSN 00-46 Os feos dos Pacelamenos sobe a Aecadação Tbuáa Nelson Leão Paes Pesqusado CNPq- Pogama de Pós-Gaduação em conoma (PIMS/UFP) ndeeço: Av. Pof. Moas do Rego, s/n - Cd. Unvesáa - Recfe - P - Basl CP: 50670-90 - -mal: nlpaes@gmal.com Recebdo em 03 de dezembo de 202. Aceo em 29 de novembo de 203. Resumo se ago avalou qual o mpaco que os pacelamenos conceddos veam sobe o compoameno do conbune e da aecadação. Vefcou-se que o hao buáo esmado sem concessão de pacelamenos é de ceca de 30%, mas que aumena em aé quao ponos pecenuas dane da ofea de pogamas de efnancameno de dívdas buáas, como no caso do RFIS. Os efeos sobe a esponanedade são sempe negavos, e peduam po longo empo, enquano os conbunes nuem expecavas sobe novos pacelamenos fuuos. No lado das eceas, as smulações sugeem que a aecadação na pesença do pacelameno buáo é sempe nfeo àquela que sea obda se não houvesse pacelameno duane oda a eapa de concessão. Os ganhos de aecadação poseoes, quando as pacelas são pagas, dependem da nadmplênca e da expecava de novos pacelamenos pelos conbunes. Conclu-se que o mecansmo de pacelamenos buáos é nadequado como foma de aumena as eceas e pove os ncenvos coeos aos conbunes. Palavas-Chave pacelameno buáo, esponanedade, aecadação Absac Ths pape evaluaed he mpac ha oppouny o axpaye o pacel s ax debs has on s behavo and on ax collecon. I was found ha he esmaed ax gap whou hs ax benef s abou 30%, bu nceases by up o fou pecenage pons wh he pesence of he efnancng pogams, as n he case of RFIS. The effecs on sponaney ae always negave and las fo a long me whle axpayes nuue expecaons abou fuue ax nsallmen. On he evenue sde, he smulaons sugges ha he collecon n he pesence of he nsallmen ax s always less han ha whch would be obaned f hee wee no nsallmen houghou he concesson phase. Lae evenue gans, when he pacels ae pad, depend on he defaul and he axpaye s expecaon of new nsallmen. We conclude ha he mechansm of ax nsallmen s nappopae as a way o ncease evenues and povde he gh ncenves o axpayes. Keywods ax nsallmen, sponaney, ax evenues JL Classfcaon H25, H26, H32 Agadecmeno ao CNPq pelo apoo a esa pesqusa. sud. con., São Paulo, vol. 44, n.2, p. 323-350, ab.-un. 204

324 Nelson Leão Paes. Inodução A pa da vada do século govenos e conbunes enconaam o que paeca se a solução de gandes dfculdades na áea buáa. Os pacelamenos especas epesenavam paa os govenos a opoundade de aumena suas eceas e dmnu o menso esoque de dívdas buáas acumulado na caea da Admnsação Tbuáa, mas com pouca pespecva de ecebmeno num pazo azoável. Do ouo lado, enconaam fmas aoladas em dívdas buáas com nemnáves dscussões uídcas e admnsavas. Hava, poano, um espaço que possblaa mga poblemas que afeavam govenos e conbunes. Assm, os pacelamenos foam ofeados em condções basane favoáves aos devedoes, com pacelas a pede de vsa, desconos e uos muas vezes bem abaxo dos pacados pelo mecado. Govenos ecebeam uma pae do esoque da dívda de manea consensual e fmas esolveam seus passvos buáos, o que lhes pema oca seus negócos de posse, po exemplo, de uma Cedão Negava de Débo. Assm, na pmea década dese século, foam ofeecdos nada menos do que quao pacelamenos especas fedeas, goosamene a cada ês anos. Pmeo o RFIS em 2000, depos o PAS em 2003, em seguda o PAX em 2006, e fnalmene o RFIS-CRIS em 2009. A concessão de pacelamenos não se esngu apenas a esfea fedeal, endo sdo ambém páca adoada po govenos esaduas e muncpas. se abalho se esngá, poém, a análse dos pacelamenos fedeas. Poém, as pogamas êm efeos muo além de um meo aceo de conas ene goveno e empesas. Inuvamene, é de se supo um enfaquecmeno na boa culua buáa de apua e paga esponaneamene e no pazo esabelecdo os buos devdos. Oa, se ao dexa de paga seus buos o conbune pode se pemado com um pacelameno fuuo, que com suas benesses epesene um valo pesene meno do que aquele coespondene ao ecolhmeno esponâneo, é possível que ele não cumpa com sua obgação coene. se ago obeva avala qual o mpaco que odos esses pacelamenos fedeas conceddos em nevalo de empo ão pequeno veam sobe o compoameno do conbune e da aecadação. sud. con., São Paulo, vol. 44, n.2, p. 323-350, ab.-un. 204

Os feos dos Pacelamenos sobe a Aecadação Tbuáa 325 Paa ano, fo consuído um modelo econômco de equlíbo pacal, conugado com uma sée de hpóeses a espeo do compoameno dos conbunes e da Admnsação Tbuáa. Supôs-se que logo após a ofea de um pacelameno, os conbunes fcam na expecava de novos pacelamenos fuuos, e que esa memóa só se dsspa após alguns anos. Os esulados confmam a nução. A aplcação da meodologa sugee que a concessão de pacelamenos eduz a popensão do conbune em paga mposos de manea sgnfcava. O hao buáo esmado sem concessão de pacelamenos é de ceca de 30%, mas ese aumena em aé quao ponos pecenuas dane da ofea de pogamas de efnancameno de dívdas buáas, como no caso do RFIS. Somene após longo empo é que a popensão a paga buos esponaneamene eona ao seu valo naual. No lado das eceas, as smulações sugeem que a aecadação na pesença do pacelameno buáo é sempe nfeo àquela que sea obda se não houvesse pacelameno duane oda a eapa de concessão ene 2000 e 2009. Os ganhos de aecadação em momeno poseo, quando as pacelas são pagas, dependem da nadmplênca dos conbunes. Se, como eaa Moas e al. (20), 90% do esoque dos pacelamenos não é pago, não haveá ganho de aecadação, apenas peuízo com peda de ecusos e enfaquecmeno da cdadana fscal. O abalho, anda, analsou a possbldade de um novo pacelameno em 202, com esulados smlaes edução da esponanedade e efeos negavos na aecadação. Além desa nodução, a seção 2 apesena os quao pacelamenos buáos especas que foam conceddos e são o obeo de esudo dese abalho. A seção 3 faz uma beve evsão da leaua, com ênfase sobe abalhos volados paa o Basl nas áeas de nfomaldade, evasão fscal e pacelameno buáo. A seção 4 apesena o modelo econômco e a seção 5 az a calbagem. A seção 6 dscue os pncpas esulados e a seção 7 apesena os comenáos fnas. O hao ou gap buáo é a dfeença ene a aecadação pevsa em legslação, a aecadação poencal legal, e a que efevamene ngessa nos cofes públcos. sud. con., São Paulo, vol. 44, n.2, p. 323-350, ab.-un. 204

326 Nelson Leão Paes 2. Os Pacelamenos Tbuáos specas No Basl, desde o ano 2000, foam quao os pogamas de pacelamenos especas. m odos os casos paece have uma unção do neesse do goveno e das empesas na ofea de pacelamenos. Os govenos acedam que em um ganho de aecadação com o ecebmeno de pae das dívdas. Já as empesas pecebem no pacelameno uma boa opoundade de eduz o seu passvo buáo a um cuso mas baxo e buscam nfluenca o legslavo e o execuvo de foma que as condções ofeadas lhe seam mas favoáves. Po cona dese encono de neesses, foam conceddos pacelamenos em 2000, 2003, 2006 e 2009. Alguns deles com condções muo benéfcas paa o devedo e ouos nem ano. O pmeo a se ofeado fo nsuído pela Le n. 9.964 de abl de 2000 e fo chamado de RFIS Pogama de Recupeação Fscal, no qual os conbunes pessoa uídca podeam pacela suas dívdas buáas e pevdencáas vencdas aé feveeo de 2000. Logo em seguda, a Le n. 0.684 de 2003 cou o PAS Pacelameno specal cuo obevo ea ofeece novamene condções especas de pacelameno paa empesas com débos buáos e pevdencáos vencdos aé agoso de 2003. m 2006, a Medda Povsóa n. 303 cou o PAX Pacelameno xaodnáo. Mas uma vez esavam abangdos débos pevdencáos e buáos vencdos aé feveeo de 2003. Fnalmene, a Le n..94 de 2009, nsuu o populamene conhecdo RFIS- CRIS, uma vez que al pogama fo cado no boo das epecussões econômcas da gave cse econômca ncada em 2008. Mas uma vez os conbunes podeam dess dos pacelamenos aneoes e ade a ese novo pogama. Todos eses pacelamenos apesenam um compoameno em comum. No momeno em que são nsuídos, há uma adesão em massa dos conbunes, mas com o passa do empo muos deles são excluídos, sea po nadmplênca ou po quação da dívda ou anda po adesão a um novo pacelameno. Com sso, logo após o eceo ano a quandade de conbunes que pemanecem nos pogamas ca subsancalmene. sud. con., São Paulo, vol. 44, n.2, p. 323-350, ab.-un. 204

Os feos dos Pacelamenos sobe a Aecadação Tbuáa 327 A abela abaxo mosa a evolução do númeo de opanes dos pacelamenos mas angos á conceddos. Tabela volução do númeo de nscos nos pacelamenos especas Pacelameno Iníco Ano 0 Ano Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Fone: RFB. RFIS 2000 58.336 08.378 84.20 54.999 40.733 34.477 PAS 2003 372.363 374.097 374.65 28.777 4.83 8.792 Obseve que há uma queda acenuada de nscos ene o momeno da concessão do pacelameno e cnco anos após. Tano no RFIS quano no PAS, o oal de opanes ecuou quase 80% no peíodo. Moas e al. (20) fazem uma análse do movo que levaam os conbunes a sa dos pacelamenos. Segundo os auoes, e com dados de 20 no RFIS, 85% do oal de opções foam enceadas po escsão; no PAS ese pecenual ca paa 62% e no PAX é de 53%. Anda que boa pae dos enceamenos se deva a nadmplênca, os auoes mosam que uma pae desse gupo apenas ocou de pacelamenos. Do RFIS paa o PAS mgaam mas de 45.000 conbunes, enquano do PAS paa o PAX quase 60.000 nscos, e de odos os aneoes paa o RFIS-CRIS foam mas de 70.000. Segundo eles, somene 6% dos opanes pelo RFIS apoveaam a opoundade paa lquda o passvo fscal. No PAS ese pecenual subu paa 30%, e no PAX chegou a 40%. Paa os auoes, as condções ofeadas e os sucessvos pacelamenos eduzem subsancalmene a possbldade de sucesso na cobança admnsava da RFB. 3. Revsão de Leaua A leaua econômca sobe a elação ene pacelamenos buáos e a evasão fscal apenas se ncou muo ecenemene. Pacelamenos buáos há muo são dscudos na esfea uídca e apaecem fequenemene nos emas das evsas especalzadas na áea. Poém, no esudo da economa, é um assuno que somene agoa começa a despea o neesse dos pesqusadoes. sud. con., São Paulo, vol. 44, n.2, p. 323-350, ab.-un. 204

328 Nelson Leão Paes Moas e al. (20) mosam a nefcênca aecadaóa dos pacelamenos buáos, nos quas segundo os auoes nada menos do que 90% do esoque pacelado não fo pago. Também apesenam elação foemene negava ene a ofea de pacelamenos buáos especas como o RFIS, PAS, PAX e RFIS-CRIS e a cobança admnsava de débos buáos pela RFB, levando a baxos índces de ecupeação de cédo buáo no país. Cavalcane (200) exploa a nfluênca dos pacelamenos buáos especas sobe a aecadação da Unão. Usando dados de 2005 a 200, concluu que há uma elação negava ene aecadação buáa fedeal convenconal e aquela obda pelos pacelamenos especas. Também vefcou que a aecadação ounda dos pacelamenos se elacona com a avdade econômca do país medda pela podução ndusal, e que é muo pequena paa afea a aecadação convenconal. Po fm, o auo sugee a complea nefcênca do uso dos pacelamenos buáos na ecupeação de cédos do goveno fedeal. Paes (202) desenvolve um modelo eóco paa analsa o compoameno do conbune dane do pacelameno buáo. Vefca que a expecava de pacelameno buáo fuuo á afea a popensão a paga buos do conbune no pesene. Assm, a ofea de pacelamenos aumena a evasão fscal, que ange popoções acma de 30%, em concodânca com as esmavas da leaua sobe a evasão fscal no Basl. O abalho ambém dealha como o desenho do pacelameno buáo mpaca a esponanedade no ecolhmeno dos buos. Númeo de pacelas elevadas e coeção das pacelas po axas de uos subsdadas são os nsumenos que azem maoes aumenos da evasão. A leaua sobe pacelamenos buáos é, poano, unânme no sendo de que não se aa de medda adequada do pono de vsa da políca buáa, sea pelo seu mpaco negavo sobe o cumpmeno esponâneo da obgação buáa, sea pela nefcênca e pouco esulado que az sobe a aecadação. se ago conbu paa a leaua que aa dos pacelamenos ao modfca o modelo de Paes (202) e avegua o mpaco do pacelameno não apenas sobe o conbune, mas ambém sobe a aecadação. O modelo aqu poposo seá dnâmco e pemá a sud. con., São Paulo, vol. 44, n.2, p. 323-350, ab.-un. 204

Os feos dos Pacelamenos sobe a Aecadação Tbuáa 329 análse do compoameno da aecadação no empo, uma vez que se conecua que um dos movos da concessão dos pacelamenos buáos especas é o aumeno da aecadação no cuo pazo, com efeos posvos ambém no médo pazo po cona do pagameno das pacelas. Po ouo lado, há um efeo negavo na esponanedade, o que pode eduz a aecadação convenconal. O modelo aqu adoado pemá a análse desas duas foças anagôncas com as especvas consequêncas paa a aecadação. 4. Meodologa A meodologa poposa coesponde a um modelo modfcado do ognalmene desenvolvdo po Paes (202). Assm, consdee que a fma ao maxmza seus lucos levaá em cona a possbldade de abeua fuua de um pogama de pacelameno do goveno e a possbldade de auuação com as penaldades pevsas na le. Po hpóese, As fmas são dêncas e esolvem o mesmo poblema de maxmzação de lucos. Uma mpoane hpóese do modelo é que odos os pacelamenos seão negalmene pagos, ou sea, não há nadmplênca. Os valoes pacelados seão sempe pagos. Dfeenemene do ago de Paes (202), supõe-se que a fma á ncalmene decd se pacpaá ou não do pacelameno. Como céo de escolha, adme-se que a fma á pacpa do pacelameno se, e somene se, o valo pesene da dívda buáa pacelada fo nfeo ao valo devdo da obgação buáa que não fo pago no momeno. D M M ( ξ ) M ( ξ ) ( ) ( α) M M D ( ) ( α) τy τy N l N l ( m ) ( ) m m () Onde é a fação do mposo devdo, τ y, que seá pago pela fma no nsane. Como usualmene defndo, y é o poduo e é a axa de mecado de eono do capal. O lado esquedo da desgualdade epesena o valo pacelado composo pela soma da mula de sud. con., São Paulo, vol. 44, n.2, p. 323-350, ab.-un. 204

330 Nelson Leão Paes M moa, uos de moa acumulados e o valo do pncpal, onde M é a M mula de moa pelo aaso no pagameno, ξ é o descono conceddo no valo da mula de moa em azão da opção pelo pacelameno, ξ coesponde ao mesmo po de descono, só que aplcado à axa de uos acumulada sobe o valo que dexou de se pago. O segundo emo epesena em valo pesene a fação da dívda ognal, calculada no pmeo emo, que seá ealmene paga, onde N é o númeo de pacelas máxmas admdas no pacelameno e m é a axa de uos do pacelameno fxada pelo goveno, que pode se mas baxa que a axa de mecado. Anda, D é o peíodo decadencal, a pa do qual as dívdas buáas não podem se mas lançadas pela admnsação buáa, de foma que o pmeo emo em colchees epesena a ansfomação paa valo pesene. Já o emo do lado deo da desgualdade coesponde ao valo coene da obgação buáa que não fo paga mula, uos e o valo do pncpal. Após consdea a sua expecava de pacpa ou não do pacelameno, a fma á maxmza os lucos. Caso decda não pacpa do pacelameno, o poblema da fma consse em encona que maxmze a quação (2) abaxo: max D ( α τ) D o ( ) M ( ) p( α) ( α ) τ y y w h k (2) Onde w é o saláo, h são as hoas abalhadas e k é o esoque de capal. A úlma pacela de (2) aa do lançameno buáo, que só pode ocoe ao fnal do peíodo decadencal. A função p (α ) epesena a pobabldade de que o conbune sea audado pelas o auodades fazendáas e M é o pecenual da mula aplcada em caso de lançameno. Obseve que a axa de uos no lançameno é a de mecado. A função p (α ) depende apenas do pecenual da obgação buáa que dexou de se paga pelo conbune. Quano mao a fação do mposo pago, mao, e meno a pobabldade de audoa. sud. con., São Paulo, vol. 44, n.2, p. 323-350, ab.-un. 204

Os feos dos Pacelamenos sobe a Aecadação Tbuáa 33 sud. con., São Paulo, vol. 44, n.2, p. 323-350, ab.-un. 204 Assm, supõe-se que a função ) (α p é uma função conínua e decescene monooncamene com. A solução de pmea odem de (2) é dada po: ( ) [ ] ( ) ( ) o M p p ) ( ) ( α α α (3) Uma segunda possbldade ocoe caso a expecava da fma sea de pacpa do pacelameno fuuo. Nesa suação, ela á deemna que maxmze a quação (4) abaxo: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) D o D D l m m m N l M M D y p M N y M k w h y τ α α γ τ α ξ ξ γ ατ ) ( max (4) Os emos da quação (4) á foam vsos nas duas equações aneoes, com exceção de γ, que epesena a expecava da fma de que ocoeá algum pogama de efnancameno das dívdas no nsane (). Poano, a fma, ao escolhe o quano paga de buos de foma a maxmza o luco no nsane, consdea a possbldade de um evenual pacelameno fuuo e ambém de um lançameno buáo. Noe que, duane o peíodo decadencal, a fma ncalmene espea pelo pacelameno, paa, em seguda, caso ese não enha sdo abeo, fca exposa a possbldade do lançameno buáo, com as penaldades e agavamenos defndos em le e epesenados pela consane o M. Obseve que a fma só podeá se auuada se não houve efeuado o pacelameno duane o peíodo decadencal.

sud. con., São Paulo, vol. 44, n.2, p. 323-350, ab.-un. 204 332 Nelson Leão Paes A condção de pmea odem, após alguma manpulação algébca, nos fonece: ( ) [ ] ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) o D l m m m N l D M M M N M p p ) ( ) ( γ ξ ξ ξ γ α α α (5) Paa possegu na análse, é necessáo que se faça algumas hpóeses sobe ) (α p. Tas hpóeses esão elaconadas ao compoameno da admnsação buáa e foam eadas de Paes (202). Adme-se que esa sepae os conbunes em ês faxas: () Aqueles que cumpem negalmene, ou quase, com as suas obgações buáas apesenam um elevado. Paa ese gupo, a pobabldade de seem audados é muo baxa. Admese que a admnsação buáa não faz ou faz pequena dfeença ene os conbunes que adoam um mas alo. Iso que dze que a pobabldade de se audado é quase a mesma, póxma de zeo, sea gual a 92% ou 96%; () Aqueles que pagam um pecenual nemedáo das suas dívdas buáas, ou sea, exse uma ampla faxa de valoes de paa o qual a admnsação buáa adoa a ega de que a pobabldade de audoa cesce de manea quase consane com a dmnução do cumpmeno da obgação buáa; () Aqueles que não pagam ou pagam muo pouco, com muo baxo. Nese gupo esá o foco da admnsação buáa que concenaá seus esfoços de audoa. Novamene, não há mua dfeença ene os conbunes se eles pagam % ou 5% da sua obgação.

Os feos dos Pacelamenos sobe a Aecadação Tbuáa 333 Uma das funções de densdade de pobabldade que sasfaz as hpóeses poposas é a do po logísca. Assm, adme-se enão a segune foma funconal paa a função pobabldade de audoa: p ( α ) (6) δ ( α ) e α Onde α é o valo médo de α. É possível aça um gáfco explcando o compoameno da pobabldade de audoa em função do compoameno do conbune na escolha de quano á paga de buos. 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0, 0 0 0, 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 alfa Gáfco Pobabldade de audoa 5. Calbagem São váos os paâmeos do modelo que pecsam se calbados. Incando-se pela axa de uos, a SLIC fo consdeada como axa de mecado, e a TJLP como a axa subsdada com os dados no peíodo de 2000 a 20, ambas desconadas pelo IPCA. Tabela 2 Taxas de uos eas ao ano (%) 2000 200 2002 2003 2004 2005 2006 SLIC 9,78,33 2,47 7,20 0,5 2,3 0, TJLP 3,78 2,33-2,53,70 2,5 4,06 3,7 2007 2008 2009 200 20 A pa de 202 SLIC 6,79 7,85 4,44 4,84 4,50 4,50 TJLP,79 0,35,69 0,0-0,50-0,50 Fone: IPADATA. sud. con., São Paulo, vol. 44, n.2, p. 323-350, ab.-un. 204

334 Nelson Leão Paes Paa o peíodo a pa de 202, adoou-se a mesma axa de 20. Além das axas de uos, seá pecso nclu a caga buáa baslea no peíodo. Tabela 3 Caga buáa baslea (%) 2000 200 2002 2003 2004 2005 2006 Caga Tbuáa 29,9 3,0 32,0 3,4 32,2 32,2 33,4 2007 2008 2009 200 20 A pa de 202 Caga Tbuáa 33,4 33,9 34,4 33,4 33,56 33,56 Fone: RFB. Assm como no caso das axas de uos, pesumu-se que a aecadação a pa de 202 seá a mesma de 20. m seguda, apesenamse os paâmeos calculados paa a concessão de pacelamenos, cua fone dos dados é a pópa legslação que os concede. Tabela 4 Paâmeos de pacelamenos Númeo Máxmo de Pacelas Mensas (N) Taxa de Juos Aplcados às Pacelas Mensas ( ) Descono na Mula de Moa ( M ξ ) Descono nos Juos Acumulados ( ξ ) RFIS INDFINIDO 2 TJLP NÃO NÃO PAS 80 TJLP 50% NÃO PAX 30 TJLP 50% NÃO RFIS - CRIS 3 80 SLIC 90% 40% Fone: Paes (202) e RFB. m elação à pobabldade de concessão do pacelameno pecebda pelos conbunes, é mpoane lemba que aé o ano 2000, os govenos não ecoam com fequênca a esa medda como foma de aumena eceas. Poém, al padão se modfcou na úlma década com a ofea de pacelamenos ocoendo goosamene a cada ês anos. No desenho da pobabldade de pacelamenos, supõe-se que dada a eguladade das concessões, esa aumenou a pa de 2000. Adme-se, po hpóese, que a fma esabelece ncalmene em 0% a pobabldade de concessão de um pacelameno. sa possbldade 2 Consdeou-se 720 pacelas, mao pazo enconado nese pacelameno. 3 Le.94/2009. sud. con., São Paulo, vol. 44, n.2, p. 323-350, ab.-un. 204

Os feos dos Pacelamenos sobe a Aecadação Tbuáa 335 aumena ou dmnu confome o hsóco ecene de pacelamenos. Supõe-se que a pobabldade de pacelameno aumene com o empo e ana um máxmo de cnco anos após a concessão do úlmo pacelameno, eduzndo-se após o sexo ano aé vola ao valo ncal de 0% no fnal do nono ano. sa confguação vsa a modela o compoameno do conbune que espea que haa concessão de pacelamenos nos pmeos anos, mas que com o passa do empo pecebe que ele não á ocoe. Adme-se, poano, que a função pobabldade obedece a segune ega:. A pobabldade pecebda pelo conbune não aumena se o pacelameno fo conceddo no ano aneo; 2. A pobabldade de pacelameno aumena 2,5% ao ano a pa do segundo ano aé ang um máxmo de 0% no quno ano; 3. A pa do sexo ano a pobabldade pecebda pelo conbune dmnu 2,5% ao ano aé que vole a se de 0% no nono ano. Consdeando que houve pacelameno em 2000, 2003, 2006 e 2009, a abela a segu apesena paa cada ano, a expecava da fma de que ocoeá algum pogama de efnancameno das dívdas nos cnco anos segunes, quando se esgoa o pazo decadencal no Basl (D5). Tabela 5 Pobabldade de pacelamenos (%) Ano Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 2000 0% 0% 0% 0% 0% 200 0% 2,5% 5% 7,5% 0% 200 0% 2,5% 5% 7,5% 0% 20 2,5% 5% 7,5% 0% 7,5% 2002 2,5% 5% 7,5% 0% 7,5% 202 5% 7,5% 0% 7,5% 5% 2003 5% 7,5% 0% 7,5% 5% 203 7,5% 0% 7,5% 5% 2,5% 2004 0% 2,5% 5% 7,5% 0% 204 0% 7,5% 5% 2,5% 0% 2005 2,5% 5% 7,5% 0% 7,5% 205 7,5% 5% 2,5% 0% 0% 2006 5% 7,5% 0% 7,5% 5% 206 5% 2,5% 0% 0% 0% 2007 0% 2,5% 5% 7,5% 0% 207 2,5% 0% 0% 0% 0% 2008 2,5% 5% 7,5% 0% 7,5% 208 0% 0% 0% 0% 0% 2009 5% 7,5% 0% 7,5% 5% 209 0% 0% 0% 0% 0% sud. con., São Paulo, vol. 44, n.2, p. 323-350, ab.-un. 204

336 Nelson Leão Paes Po esa especfcação, a memóa do pacelameno conceddo em 2009 só á desapaece das expecavas dos conbunes em 208. Já um evenual pacelameno conceddo em 202 pemaneceá endo efeos aé 202. m elação à foma da função de pobabldade de audoa, fez-se somene a hpóese de que quando α 0, 8 emos que p ( α) 0,. Aplcando esa hpóese na foma funconal da quação (6) emos enão que δ 7, 324. 6. Resulados Os esulados apesenam o compoameno da popensão a paga buos do conbune, α, e da aecadação no peíodo de 2000 a 2029. Seão apesenadas duas suações envolvendo a exsênca ou não de um pacelameno em 202. A pmea pae da análse supõe que al pacelameno não á ocoe, enquano que a segunda pae adme que ele sea conceddo. Na pae fnal desa seção, compaam-se as duas smulações efeuadas. Paa a análse do compoameno de α foam ulzadas as quações (3) e (5), de acodo com o céo de seleção (). No cálculo da aecadação no empo, consdeaam-se os valoes pagos esponaneamene pelo conbune, α τ y, bem como os valoes pacelados e os valoes lançados de ofíco, que podem se obdos a pa das quações (2) ou (4) confome o caso e especfcados abaxo: M o D ( ) p( α) ( α ) τ y (7) D γ o M τ D ( ) p( α) ( α ) y (8) sud. con., São Paulo, vol. 44, n.2, p. 323-350, ab.-un. 204

Os feos dos Pacelamenos sobe a Aecadação Tbuáa 337 Os valoes pacelados coespondem a soma das pacelas de cada um dos pacelamenos á conceddos e com pacelas a paga. No caso do RFIS, como o pacelameno fo conceddo em aé 60 anos, as pacelas vão de 200 a 2060, enquano no PAS o peíodo se nca em 2004, ndo aé 208, no PAX, de 2007 a 207 e no RFIS-CRIS, de 200 a 2024. O valo de cada pacela é calculado usando os dados da quação (4): N D γ M M ( ξ ) M ( ξ ) ( ) ( α ) τ y (8) Sobe o valo da pacela de cada pacelameno calculada acma, aplcam-se o eause de acodo com os uos esabelecdos na legslação e apesenados na Tabela 3 a cada peíodo. 6. Sem Pacelameno em 202 sa seá a smulação base paa a nossa análse. Adme-se, poano, que os úncos pacelamenos exsenes são aqueles que á foam conceddos e esão explcados na Tabela 3. Foam ulzados dos cenáos paa efeo de compaação. No pmeo, chamado de cenáo de efeênca, não há nenhum pacelameno nesa economa, e se aplcam os esulados da quação (3). sa suação mosa qual sea o compoameno do conbune e a aecadação que sea obda se não houvesse sdo conceddo qualque pacelameno de dívdas buáas. No segundo cenáo, os pacelamenos foam conceddos e o compoameno do conbune e da aecadação foam obdos de acodo com a quação (5). Incando pelo compoameno do conbune em elação ao pagameno de buos, o gáfco a segu apesena como o paâmeo α vaou no empo, ene 2000 e 2029, em cada um dos dos cenáos: a cuva qualfcada como sem pacelameno fo smulada pela quação (3) e a cuva com pacelameno pela quação (5). sud. con., São Paulo, vol. 44, n.2, p. 323-350, ab.-un. 204

338 Nelson Leão Paes 0.74 0.73 0.72 Com Pacelameno Sem Pacelameno 0.7 0.7 0.69 0.68 0.67 0.66 2000 2005 200 205 2020 2025 2030 Gáfco 2 Compoameno do conbune α O gáfco nos mosa que a concessão de pacelamenos eduz a popensão do conbune em paga mposos. Confome á sugedo po Paes (202), as condções ofeadas pela Admnsação Tbuáa eão papel decsvo na edução da dsposção de paga buos esponaneamene. A axa de uos de coeção dos valoes pacelados e o númeo de pacelas são, segundo aquele auo, os nsumenos que mas afeam o compoameno do conbune. De fao, os pmeos pacelamenos, especalmene o RFIS ofeecdo com um gande númeo de pacelas e coeção das dívdas pela TJLP, acaeaam a mao queda da esponanedade. Um segundo esulado neessane é que o monane da queda da popensão a paga buos é sgnfcavo. No caso do RFIS, a queda esmada fo de ceca de quao ponos pecenuas, valo que va dmnundo no empo, uma vez que os pacelamenos segunes não são conceddos em condções ão favoáves, sea pela edução do númeo de pacelas (PAS e PAX), sea pelo empego da axa SLIC na coeção das dívdas. Obseva-se ambém, que dadas as hpóeses do modelo, a esponanedade no pagameno de buos só eoma ao valo de efeênca em 208, quando os conbunes á não mas eão expecavas de novos pacelamenos. sud. con., São Paulo, vol. 44, n.2, p. 323-350, ab.-un. 204

Os feos dos Pacelamenos sobe a Aecadação Tbuáa 339 O suo de concessão de pacelamenos ocodo na pmea década do século XXI eá suas consequêncas peduando aé o fnal da década segune. Já em elação aos níves do hao buáo, o paama enconado oscla em ono de 30%. É um númeo póxmo ao que a leaua sobe nfomaldade no Basl 234 vem apesenando, assm como as escassas esmavas de hao buáo 34 5 na leaua naconal. Po fm, um úlmo esulado mpoane sugee que a decsão de paga buos pelo conbune é nfluencada pela axa de uos na economa e que quano mas baxa a expecava da axa de uos, mao a esponanedade no ecolhmeno dos buos. sa conclusão apaece gafcamene, pos o valo do paâmeo α aumena na segunda meade do gáfco angndo um paama supeo ao do pono ncal. Iso ocoe po cona da edução da axa de descono fuuo causado pela edução espeada na axa de uos ano na quação (3) quano na quação (5). A dmnução da axa de descono aumena o valo pesene das auuações, que coesponde à segunda pae da quação (2) e a ecea pae da quação (4), elevando os cusos que a fma ea de supoa em caso de lançameno buáo. Assm, o aumeno de cusos com a pobabldade de auuação fuua faz com que a fma aumene o cumpmeno esponâneo da obgação buáa pesene. O póxmo gáfco mosa o compoameno da aecadação buáa no empo. No cálculo da aecadação foam consdeados na cuva sem pacelamenos os valoes da aecadação esponânea pelo conbune, α τ y, e os valoes lançados de ofíco confome quação (7). Já a cuva com pacelamenos nclu os valoes de ofíco da quação (8) e ambém o valo da pacela de cada um dos quao pacelamenos conceddos no Basl especfcado pela quação (9). O valo das pacelas só é adconado à aecadação no ano segune a concessão do pacelameno e seu efeo connua duane o empo máxmo de concessão esabelecdo pela Tabela 3. Consdeou-se que a cuva aecadação com pacelamenos eflee a caga buáa baslea apuada pela Seceaa da Recea Fedeal do Basl (RFB) no peíodo ene 2000 e 2009. 4 As esmavas sobe nfomaldade no Basl são vaadas. Po exemplo, Caneo (997) esma em ceca de 30%, enquano o Banco Mundal (2004) calcula em 39,8% e Schnede (2006) em 42,3%. 5 Também de acodo com esmavas da leaua baslea, como em Paes (20). sud. con., São Paulo, vol. 44, n.2, p. 323-350, ab.-un. 204

340 Nelson Leão Paes Já a aecadação sem pacelamenos eflee a aecadação que ea ocodo se não houvesse qualque pacelameno buáo e equvale a pa de 20 a pevsão da caga buáa. 0.35 0.34 0.33 0.32 0.3 Aecadação Com Pacelameno Aecadação Sem Pacelameno 0.3 0.29 2000 2005 200 205 2020 2025 2030 Gáfco 3 Compoameno da aecadação Obseve que de acodo com o modelo apesenado e as hpóeses admdas, a aecadação na pesença do pacelameno buáo é sempe nfeo àquela que sea obda se não houvesse pacelameno duane oda a eapa de concessão dos quao pacelamenos ene 2000 e 2009. Já o peíodo segune, de 200 a 2023, depos que os pacelamenos foam conceddos, eaa o momeno em que os pacelamenos são pagos, e é quando a aecadação que nclu os pacelamenos buáos é supeo àquela sem pacelamenos po cona dos ecolhmenos das pacelas dos quao pacelamenos efeuados pelos conbunes. Numa ecea eapa, quando a maoa dos pacelamenos á fo paga, esando apenas as pacelas do RFIS, e quando não há mas expecavas de novos pacelamenos, ocoe a convegênca ene a aecadação com pacelameno com a aecadação sem pacelameno, emboa a pmea pemaneça um pouco acma da segunda po cona do RFIS. sud. con., São Paulo, vol. 44, n.2, p. 323-350, ab.-un. 204

Os feos dos Pacelamenos sobe a Aecadação Tbuáa 34 As pedas de aecadação na pmea pae da cuva são basane subsancas, sendo supeoes a % do PIB em váos anos. se é um esulado deo do enfaquecmeno da esponanedade vso no compoameno deα, que apesena gaves epecussões nas eceas públcas. O gáfco dexa clao que os pacelamenos buáos êm cusos, que podem se alos, mas que são dfíces de pecebe, pos exgem a ealzação de um execíco conafacual como o ealzado aqu. Uma qualfcação mpoane dz espeo à segunda pae da cuva de aecadação, na qual o pagameno das pacelas ona a cuva da aecadação com pacelamenos supeo a aecadação sem pacelamenos. O movo é o ecolhmeno das pacelas oundas dos pacelamenos efeuados na pmea pae, além do enfaquecmeno das expecavas de pacelameno dos conbunes que vão se dsspando com o passa do empo e pela fala de concessão de novos pogamas. Admu-se, nese modelo, que odo o valo pacelado seá pago sem qualque nadmplênca dos conbunes. Poém, na páca não é o que ocoe. Tpcamene os pacelamenos êm gande sucesso do pmeo aé o eceo ano, aecadando quanas sgnfcavas, mas apesenando quedas subsancas a pa do quao ano. A abela a segu mosa a aecadação dos pacelamenos conceddos pelo goveno fedeal Tabela 6 volução da aecadação dos pacelamenos especas Pacelameno Iníco º ano 2º ano 3º ano 5º ano 8º ano 0º ano RFIS 2000 2,0 3,20 2,80,47 0,87 0,63 PAS 2003,95 3,66 3,9 4,6 0,95 - PAX 2006,36 2,54,62 - - - RFIS-CRIS 2009 5,02 7,69 - - - - Fone: RFB. m R$ Blhões, de 200. Noe que os valoes pagos caem subsancalmene. No caso do RFIS o valo pago em 200, dez anos após a concessão do pacelameno, coesponde a apenas /3 do valo do pmeo ano. As quedas acenuadas ambém se vefcam nos demas pacelamenos. É clao que a queda na aecadação no empo não eflee apenas a nadmplênca, sud. con., São Paulo, vol. 44, n.2, p. 323-350, ab.-un. 204

342 Nelson Leão Paes mas ambém a quação do débo, sea de manea anecpada, sea poque o númeo de pacelas conaadas fo nfeo ao máxmo possível naquele pacelameno. Poano, é pecso e em mene que os esulados do segundo peíodo do gáfco aneo, que engloba ene 200 e 2023, epesenam na vedade um lme supeo paa os ganhos advndos das pacelas. Nese peíodo, a aecadação sem pacelamenos é sempe supeo a aecadação com pacelamenos, mas na páca a dfeença pode se bem meno e mesmo negava, dependendo pncpalmene da nadmplênca dos conbunes em elação ao pagameno das pacelas. Como essala Moas e al. (20) quase 90% do esoque da dívda pacelada não é de fao paga. 6.2 Com Pacelameno em 202 A segunda smulação consdea a exsênca de um pacelameno em 202 como foma de amenza os efeos da cse e gea eceas de cuo pazo. Novamene, seão analsados dos cenáos-base. O pmeo de efeênca, supondo que não houve qualque pacelameno, e o segundo, mas ealsa, no qual foam conceddos cnco pacelamenos. Além dos quao consanes da Tabela 4, seá ncluído um pacelameno de 202 com as segunes condções: () descono na mula de 50%; () não haveá descono dos uos; () númeo de pacelas gual a 80, equvalene a 5 anos; (v)a axa de coeção do saldo do pacelameno é dada pela TJLP. A escolha desas condções paa o novo pacelameno decoe do fao de que eses foam os valoes de paâmeos mas comuns adoados nos pacelamenos aneoes. As equações a seem ulzadas nas smulações connuam sendo a (3) paa o cenáo de efeênca, sem pacelamenos, e a (5) paa o cenáo mas ealsa, com pacelamenos. O gáfco a segu apesena o compoameno do ndcado que mede a popensão a paga buos esponaneamene do conbune, consdeando agoa o pacelameno em 202. sud. con., São Paulo, vol. 44, n.2, p. 323-350, ab.-un. 204

Os feos dos Pacelamenos sobe a Aecadação Tbuáa 343 0.74 0.73 0.72 0.7 0.7 0.69 Com Pacelameno Sem Pacelameno 0.68 0.67 0.66 2000 2005 200 205 2020 2025 2030 Gáfco 4 Compoameno do conbune α Pecebe-se que a nclusão do pacelameno em 202 afeou o compoameno da cuva com pacelameno, eduzndo foemene α logo após a concessão do pacelameno. Assm como ocoeu nas concessões aneoes, a dsposção paa paga buos esponaneamene do conbune fo eduzda. O eono à nomaldade, quando a esponanedade eoma o seu paama sem pacelameno, só ocoe em 202. Um novo pacelameno epesena, poano, um ncemeno no hao buáo que só seá soluconado segundo as hpóeses do modelo, ao fnal de 202. O póxmo gáfco lusa o compoameno da aecadação quando se nclu um novo pacelameno em 202. sud. con., São Paulo, vol. 44, n.2, p. 323-350, ab.-un. 204

344 Nelson Leão Paes 0.35 0.34 0.33 0.32 0.3 Aecadação Com Pacelameno Aecadação Sem Pacelameno 0.3 0.29 2000 2005 200 205 2020 2025 2030 Gáfco 5 Compoameno da aecadação A análse do compoameno da aecadação pode se novamene ealzada usando a óca das ês eapas da smulação. A pmea eapa, que nclu o peíodo de concessão de pacelamenos que agoa chega aé 202, mosa que a aecadação com pacelameno é bem meno do que a aecadação sem pacelameno nos peíodos ncas. Poém, com o níco do pagameno das pacelas dos pmeos pacelamenos, a dsânca ene as duas cuvas se encua foemene, e a pa de 200, com o efoço das pacelas dos quao pacelamenos á conceddos, a aecadação com pacelameno se ona supeo a da aecadação sem pacelameno. A concessão do pacelameno de 202 dmnu um pouco a vanagem do sem pacelameno po cona do enfaquecmeno da aecadação esponânea decoene da ofea de um novo pogama. Na segunda pae da cuva da aecadação, ene 203 e 2025, o compoameno da aecadação com pacelameno passa a se nfluencado po duas foças em deções oposas. De um lado há o efeo posvo do pagameno das pacelas dos cnco pacelamenos conceddos e do ouo, como houve um pacelameno em 202, há uma edução do pagameno esponâneo de buos pelo aumeno da pecepção do conbune de que novos pacelamenos seão ofeados. Num pmeo momeno, a soma das pacelas é mao do que a edução da esponanedade, mas a pa de 207 cessam o paga- sud. con., São Paulo, vol. 44, n.2, p. 323-350, ab.-un. 204

Os feos dos Pacelamenos sobe a Aecadação Tbuáa 345 meno das pacelas do PAS e em 208 das pacelas do PAX. Nese peíodo, a aecadação com pacelameno se eduz, uma vez que o segundo efeo passa a domna, e o aspeco negavo da edução da esponanedade, faz com que a cuva de aecadação caa abaxo da cuva de aecadação sem pacelamenos. Poém, logo em seguda as hpóeses do modelo fazem com que a memóa dos úlmos pacelamenos dexe de exs, e a pa de enão não há mas o efeo negavo sobe a esponanedade. O pmeo efeo do pagameno das pacelas vola a pedomna, e a aecadação com pacelameno vola a se mao do que a aecadação sem pacelameno. Na úlma eapa, a pa de 2027, não haveá mas pacelas a seem pagas, com exceção das do RFIS, e a esponanedade á não é mas afeada pela memóa dos pacelamenos aneoes, de foma que a aecadação nos dos cenáos á conveg. Pemanece válda, poém, a mesma obsevação do fnal da seção 5.. Os valoes das pacelas pagas epesenam um lme supeo ao valo da aecadação com pacelamenos, endo em vsa que o modelo não consdea a nadmplênca. 6.3 Compaações dos Resulados ene as Smulações com e sem Pacelameno em 202 É neessane compaa as duas smulações aneoes paa popca mao claeza do mpaco de um evenual pacelameno buáo em 202. É uma análse mpoane na condução da políca buáa, e peme um olha apoxmado das consequêncas de al medda sobe o ecolhmeno esponâneo de buos dos conbunes e sobe a aecadação de mposos. As compaações que seão efeuadas aqu unam os cenáos com pacelameno das smulações aneoes em um mesmo gáfco, o que auda a melho compeende as dfeenças ene as cuvas. A cuva chamada de Sem Pacelameno em 202 coesponde à pmea smulação e engloba os quao pacelamenos que á foam conceddos desde o ano 2000. A cuva chamada Com Pacelameno em 202 efee-se aos esulados da segunda smulação, e nclu, além dos quao pacelamenos que á foam ofeados, um quno pacelameno, cuas condções foam dealhadas na seção 5.2. sud. con., São Paulo, vol. 44, n.2, p. 323-350, ab.-un. 204

346 Nelson Leão Paes O pmeo gáfco mosa o compoameno da popensão a paga buos esponaneamene do conbune nos cenáos com pacelameno em 202 e sem pacelameno em 202. 0.74 0.73 0.72 0.7 0.7 0.69 Com Pacelameno 202 Sem Pacelameno 202 0.68 0.67 0.66 2000 2005 200 205 2020 2025 2030 Gáfco 6 Compoameno do conbune α - com e sem Pacelameno em 202 Obseva-se que o efeo da concessão do pacelameno em 202 esnge-se ao peíodo ene 202 e 202. É que, po hpóese, a concessão de um pacelameno afea a dsposção do conbune em ecolhe esponaneamene os buos devdos, e ese efeo dua o equvalene a nove anos de acodo com a Tabela 5. Assm, a esponanedade do conbune é afeada de foma negava com o anúnco do pacelameno em 202, e seus efeos advesos peduam aé o fm de 202. Noa-se uma queda ápda e acenuada em α de quase dos ponos pecenuas que lenamene é eveda de vola ao valo de efeênca. A queda da esponanedade em efeo deo sobe a aecadação, o que pode se vso no póxmo gáfco: sud. con., São Paulo, vol. 44, n.2, p. 323-350, ab.-un. 204

Os feos dos Pacelamenos sobe a Aecadação Tbuáa 347 0.35 0.34 0.33 0.32 0.3 Aecadação Com Pacelameno 202 Aecadação Sem Pacelameno 202 0.3 0.29 2000 2005 200 205 2020 2025 2030 Gáfco 7 Compoameno da aecadação com e sem Pacelameno em 202 A aecadação é afeada pela concessão do pacelameno em 202. Num pmeo momeno, a aecadação aumena em elação à suação em que não há ese pacelameno. Poém, ese ganho de eceas é apenas povsóo, uma vez que logo a pa de 204 a edução da esponanedade no ecolhmeno dos buos ulapassa os ganhos decoenes do pagameno das pacelas dese úlmo pacelameno. Poém, quando a esponanedade vola ao valo de efeênca, a Aecadação Com Pacelameno em 202 ona-se novamene mao do que a Aecadação Sem Pacelameno em 202, em azão dos ecolhmenos das pacelas que pedua aé 2027. Aplca-se aqu ambém a necessáa qualfcação com elação aos pacelamenos elaada no fnal da seção 6. e na Tabela 6. Os valoes aecadados pelas pacelas epesenam nese abalho um lme supeo, endo em vsa que uma das hpóeses do modelo é que odos os pacelamenos seão negalmene pagos. Poém, na páca, quesões envolvendo pncpalmene a nadmplênca levam o valo das eceas buáas decoenes dos pagamenos das pacelas a seem menoes, apoxmando a cuva Aecadação Com Pacelameno em 202 da cuva Aecadação Sem Pacelameno em 202 no gáfco aneo. sud. con., São Paulo, vol. 44, n.2, p. 323-350, ab.-un. 204

348 Nelson Leão Paes Quano à sensbldade dos esulados, é pecso essala o mpaco de duas vaáves mpoanes. A pmea delas é se a especfcação da axa de uos de mecado afea os esulados. Com uma axa de uos de mecado mas baxa do que os 4,5% a.a. a pa de 202, os esulados são mpacados no sendo de se dmnu o valo da aecadação com pacelamenos e de se aumena a popensão a paga buos do conbune,. O aumeno da popensão a paga decoe da dmnução dos ganhos com o pacelameno, uma vez que ocoe edução do dfeencal ene os uos de mecado e os uos subsdados dos pacelamenos. Já a cuva de aecadação com pacelamenos se desloca muo dsceamene paa baxo, esulado da mudança de e do meno cuso das pacelas do RFIS-Cse, únco pacelameno com coeção pela Selc. As mudanças sobe as expecavas dos agenes ambém êm mpaco deo nos esulados. Vefca-se que quano meno a memóa dos agenes, ou sea, menoes as expecavas de pacelameno, a popensão a paga buos se apoxma do seu valo sem pacelamenos. O mesmo ocoe com a aecadação. Poém, quano mao a expecava de pacelamenos, meno ende a se a popensão a paga buos, que se afasa anda mas do sem pacelamenos. A aecadação sem pacelamenos dmnu nos pmeos peíodos, pela edução do, e aumena nos peíodos subsequenes pelo mao volume de pacelamenos, mas com mpaco líqudo negavo em valo pesene. Po fm, os efeos dos pacelamenos sobe a popensão a paga buos e sobe a aecadação endem a se maoes ou menoes quano mas empo de memóa dos pacelamenos êm os conbunes. 7. Conclusão se ago se popôs a esuda os efeos desa sucessão de pacelamenos na popensão dos conbunes em ecolhe esponaneamene seus buos e sobe a aecadação. Paa ano, fo consuído um modelo econômco de equlíbo pacal, conugado com uma sée de hpóeses a espeo do compoameno dos conbunes e da Admnsação Tbuáa. Os esulados mosam que a concessão de pacelamenos eduz a popensão de o conbune em paga mposos de manea sgnfcava. O hao buáo esmado sem concessão de pacelamenos é sud. con., São Paulo, vol. 44, n.2, p. 323-350, ab.-un. 204

Os feos dos Pacelamenos sobe a Aecadação Tbuáa 349 de ceca de 30%, mas que aumena em aé quao ponos pecenuas dane da ofea de pogamas de efnancameno de dívdas buáas, como no caso do RFIS. Somene em 208 é que a esponanedade no pagameno de buos eona ao padão nomal, quando os conbunes á não mas eão expecavas de novos pacelamenos. A nclusão de um novo pacelameno em 202 afeou a esponanedade, eduzndo a dsposção paa paga buos do conbune. O eono à nomaldade, só ocoe em 202. Um novo pacelameno epesena, poano, um ncemeno no hao buáo cuos efeos só se dsspaão nove anos depos. No lado das eceas, as smulações sugeem que a aecadação na pesença do pacelameno buáo é sempe nfeo àquela que sea obda se não houvesse pacelameno duane oda a eapa de concessão ene 2000 e 2009. As pedas de aecadação são basane subsancas, sendo supeoes a % do PIB em váos anos. Já o peíodo segune, de 200 a 2023, eaa o momeno em que os pacelamenos são pagos, e é quando a aecadação que nclu os pacelamenos buáos é supeo àquela sem pacelamenos po cona dos ecolhmenos das pacelas. Há, poém, que se consdea que ese esulado epesena na vedade um lme supeo paa os ganhos advndos das pacelas, endo em vsa que o modelo supõe que não há nadmplênca no seu pagameno. Numa ecea eapa, quando a maoa dos pacelamenos á fo paga e não há mas expecavas de novos pacelamenos, não há mas qualque efeo dos pacelamenos na aecadação. A ofea de um novo pacelameno em 202 afea as eceas. Num pmeo momeno, a aecadação aumena em elação à suação em que não há ese pacelameno, mas o ganho é povsóo, á que logo a edução da esponanedade faz com que a cuva de aecadação caa abaxo daquela sem pacelameno em 202. Conclu-se que o mecansmo de pacelamenos buáos é nadequado como foma de aumena as eceas e pove os ncenvos coeos aos conbunes. Muo mas deseável é que a Admnsação Tbuáa baslea concene seus esfoços na modenzação e melhoa dos seus ssemas de cobança admnsavos e udcas. se paece se o camnho paa ofeece aos conbunes os ncenvos adequados, de foma que aqueles que não cumpem sud. con., São Paulo, vol. 44, n.2, p. 323-350, ab.-un. 204

350 Nelson Leão Paes esponaneamene com suas obgações seam esmulados a passa a cump, e não o conáo, que nfelzmene em sdo a ega dos úlmos pacelamenos. Refeêncas BANCO MUNDIAL. Dong Busness 2004: Undesandng egulaon. Washngon, USA, 2004. CARNIRO, F. G. The Changng Infomal Labou Make n Bazl: Cyclcaly vesus xcessve Inevenon. LABOUR. Revew of Labou conomcs and Indusal Relaons. Vol.:, pp. 0-22, 997. CAVALCANT, R. sudo xploaóo Aceca da Influênca do Pacelameno de Débos sobe a Aecadação Tbuáa da Unão. Monogafa specalzação em oçameno Públco do Insuo Sezedello Coêa ISC/TCU, 200. Dsponível em hp://poal2.cu.gov.b/poal/pls/poal/ docs/2293025.pdf. MORAIS, C.; MACDO L.; BORGS R. O Resulado Aecadaóo do RFIS, do PAS e do PAX e seu Impaco na Sensação de Rsco Subevo pelos Devedoes. Monogafa do Cuso de Admnsação Tbuáa da scola de Admnsação Fazendáa SAF, 20. Dsponível em hp://www.fce. us.b/nene/ses/se20/modelos/esmafe/maealddaco/documenos/cusoxecucaofscal/ cobancaxecuvapacelamenos.pdf. PAS, N. O Hao Tbuáo do Imposo sobe Poduos Indusalzados vdêncas Seoas. Revsa Baslea de conoma de mpesas, v., n.2, p.4-53, 20. PAS, N. O Pacelameno Tbuáo e seus feos sobe o Compoameno do Conbune. Revsa conoma - ANPC, v.3, n.2, p.345-363, 202. SCHNIDR, F. Shadow economes and coupon all ove he wold: Wha do we eally know? CSfo Wokng Pape Sees n. 806, 2006. sud. con., São Paulo, vol. 44, n.2, p. 323-350, ab.-un. 204