FACILITADORA: BRUNNA ALINE MUNIZ SILVA PORTFÓLIO DE VIVÊNCIA VERSUS PINHEIRO

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1 FACILITADORA: BRUNNA ALINE MUNIZ SILVA PORTFÓLIO DE VIVÊNCIA VERSUS PINHEIRO PINHEIRO 2016

2 DIA 01 (30/11/2016) - MANHÃ O versus Pinheiro iniciou em uma quarta-feira pela manhã. Nós, facilitadores, organizamos o acolhimento dos viventes para acontecer em uma sala de vidro no Campus da UFMA a partir das 8hs. Os viventes iam chegando e iam se acomodando na sala, de maneira bem tímida e um muito distante do outro. Ao perceber isso, comecei a pensar maneiras de interagir com eles antes mesmo que as atividades se iniciassem, então levantei perguntas sobre de onde eram e como havia sido a viagem e etc. Ao darmos início à vivência, elaboramos um teste/brincadeira com nossos viventes: passamos com um saco e pedimos que eles fossem colocando os celulares. Ao final dissemos que estes só seriam entregues no término da vivência, entretanto, na realidade devolveríamos ao fim do acolhimento. Foi alvoroço e mistura de medo, muitos reclamaram, mas aceitaram. Começando nossas atividades, solicitamos que todos ficassem sentados no chão em círculo e demos início à Dinâmica da Teia. Esta funcionou da seguinte maneira: um vivente com um tubo de barbante na mão se apresentava (nome, curso, idade, de onde veio, o que esperava da vivência, o que mais gostava e o que menos gostava), em seguida jogava o tubo na direção de outro vivente e assim sucessivamente. Este momento possibilitou interação e muitas risadas com as respostas, diminuindo então aquela timidez inicial. Ao fim da dinâmica, nós distribuímos envelopes para os viventes, onde neste eles teriam que deixar sua marca, colorindo desenhando, deixando uma mensagem. Esses envelopes serviriam como uma caixa postal onde durante a vivência os outros viventes poderiam deixar recadinhos, presentes e outros mimos para seus colegas. Finalizado esse momento, realizamos o sorteio dos ANJOS, uma espécie de amigo oculto onde cada o vivente deveria cuidar secretamente do seu sorteado ao longo da vivência, ajudando, deixando mensagens e interagindo. Como última atividade da manhã, fizemos a divisão dos grupos em Núcleos de Base (NBs) e Grupos de Vivência (GVs), onde buscamos

3 mesclar os integrantes de várias maneiras: o vivente que ficava com um facilitador no NB, ficaria com outro facilitador e outros viventes no GV. A partir disso, montamos um esquema organizado de atividades diárias (organização, acorda, transporte...), com rodízio de grupos e atividades diariamente e montamos um quadro. Concluída essa parte, seguimos para o hotel, onde fizemos check-in, distribuição dos quartos e fomos almoçar. Figura 01: Dinâmica da Teia DIA 01 (30/11/2016) TARDE No período da tarde, retornamos à UFMA e dividimos os viventes em NBs. Entregamos várias cartolinas brancas e pedimos que cada NB criasse um nome para seu grupo e confeccionasse uma bandeira. O meu NB deu ao grupo o nome de AMASUS, fazendo uma analogia ao amor que todos devemos ter pelo Sistema Único de Saúde. Assim, confeccionamos a bandeira (figura 2) do nosso grupo. Nela, buscamos retratar a diversidade dos usuários do sistema, na borda buscamos transmitir um dos eixos dessa vivência (comunidade quilombola) e com o emoticon tentamos dar um toque de humor ao grupo.

4 Figura 02: Bandeira do grupo AMASUS Finalizada a confecção das bandeiras, demos início à palestra sobre a saúde da comunidade ribeirinha com o Enfermeiro Paulo, responsável pela UBS de Campinhos. Nesse momento, ele falou sobre como é a estrutura da UBS, zona de cobertura, como funciona o acesso da população ribeirinha à saúde e sobre as principais doenças que afligem essa população. Os viventes puderam fazer perguntas e trazer curiosidades à palestra. Tiramos foto com o palestrante e seguimos para o hotel. Figura 03: Palestra sobre saúde da população ribeirinha

5 DIA 01 (30/11/2016) - NOITE Chegando ao hotel, demos algumas horas de folga para os viventes, para que pudessem tomar banho, organizarem suas malas, jantarem e descansarem. Depois desse tempo, nós pedimos aos viventes que se juntassem no terraço do hotel para discutirmos os principais pontos do dia. Começamos com a apresentação da bandeira de cada NB e o porquê do nome e dos símbolos. Posteriormente, começamos a indagá-los sobre o que haviam achado da palestra do Enfermeiro Paulinho, sempre buscando achar os pontos negativos e positivos de cada momento. Assim, encerramos as atividades daquele dia. Figura 04: Bandeira dos NBs DIA 02 (01/12/2016) - MANHÃ Logo após o café da manhã, seguimos para a visita na UBS de PURÃO GRANDE, onde dividimos os viventes em seus GVs para a visita na unidade. Fomos recebidos pela técnica de enfermagem Maísa, que mostrou a estrutura da UBS. Logo depois da visita, seguimos para o povoado Santana dos Pretos, onde a UBS faz cobertura e lá os viventes, em seus GVs, puderam visitar a comunidade e entrevistá-los sobre sua saúde. Percebemos o interesse dos viventes em conhecer aquela comunidade, muitos questionaram sobre vários aspectos da vida daquelas pessoas, como: água, saneamento, renda, lazer, saúde bucal e etc. Depois da visita, seguimos para o hotel para almoçarmos.

6 Figura 05: Visita à UBS Purão Grande DIA 02 (01/12/2016) - TARDE À tarde fomos conhecer à UBS Nicolau Amate, localizada no povoado de Pacas. O objetivo era que os viventes pudessem comparar as duas unidades de saúde visitadas naquele dia. Uma mais afastada da cidade e tendo população quilombola como público e outra mais próxima à cidade e com mais recursos, atendendo a toda a população daquele povoado. Fomos recebidos pela Lindalva, que coordena o administrativo da UBS. Os viventes visitaram a unidade e fizeram perguntas sobre o fluxo de atendimento e sobre a população atendida. Finalizada a visita, retornamos ao hotel. Figura 06: Visita à UBS de Pacas

7 DIA 02 (01/12/2016) - NOITE À noite, logo ao chegarmos ao hotel, fizemos a nossa discussão do dia. Pudemos perceber como os viventes ficaram impactados com a realidade observada nas duas Unidades de Saúde. O principal problema encontrado foi o de gestão dessas unidades, pois não havia muitos profissionais trabalhando devido à troca de mandato político no município. Isto gerou grande debate por parte dos viventes, uma vez que sem profissionais as atividades das UBSs ficavam insuficientes. Outro ponto abordado foi em relação à dicotomia existente entre os relatos dos funcionários das UBSs e a população. De um lado o serviço era dito como eficiente, do outro era visto como pouco ou nada eficaz. Por último, um aspecto que também chamou a atenção de nossos viventes foi a questão de renda da população, pois muitos não possuíam recursos nem para buscar auxílio de saúde nas Unidades mais distantes. Assim, encerramos as atividades do dia. DIA 03 (02/12/2016) - DIA No 3º dia de vivência, dividimos os viventes em seus GVs e cada grupo seguiu para uma das seguintes unidades de saúde: Maternidade Nossa Senhora das Mercês, Hospital Macrorregional Dr. Jackson Lago e Hospital Regional Dr. Antenor Abreu. Eu e o meu GV, juntamente com o GV da facilitadora Amanda, fomos visitar a Maternidade. Lá, a enfermeira Alexsandra, chefe da equipe de enfermagem, nos recebeu e mostrou a estrutura física da unidade. Nesta visita, os viventes mostraram-se muito envolvidos, talvez pelo encanto de observar aquelas gestantes ou as mães com seus bebês, e fizeram várias perguntas relacionadas tanto com a estrutura como com a logística de atendimento. A coordenadora foi bem solicita e mostrou todos os espaços da unidade, assim como respondeu todas as perguntas prontamente. Finalizada a visita, seguimos ao hotel para o almoço.

8 Figura 07: Visita à Maternidade DIA 03 (02/12/2016) - TARDE No período da tarde, nos dirigimos à UFMA. Era o momento para confeccionarmos a bandeira da vivência, aquela que seria o símbolo dessa imersão. Assim, os viventes puderam um a um deixar sua marca na bandeira e juntos fomos construindo cada detalhe. Logo depois da confecção das bandeiras, começamos uma leitura sobre as leis que regem nosso Sistema de Saúde: Lei 8080 e Lei Divididos em NBs íamos lendo e discutindo e no final reunimos com a sala toda e explanamos o resumo de cada lei, sua importância na organização do SUS e sua aplicação prática. Finalizado debate, seguimos para o hotel. DIA 03 (02/12/2016) - NOITE Ao chegarmos no hotel, fizemos a nossa discussão diária onde elencamos os principais pontos do dia, entre eles os problemas observados na Maternidade como: falta de segurança, falta de suporte psicológico às gestantes e parturientes, falta de educação em saúde, estrutura insuficiente, inexistência de um banco de leite e UTI Neonatal. Depois da discussão,

9 disponibilizamos duas horas de descanso para os viventes para que depois pudéssemos continuar nossas atividades do dia, pois iríamos ter uma programação surpresa à noite. Na região da baixada estava sendo celebrada a Festa do Divino, então decidimos abordar na nossa programação esta temática, uma vez que um dos objetivos do VERSUS é a desconstrução de preconceitos e construção de um SUS aliando técnica, cultura e ambiente. Ao chegarmos no Terreiro de Umbanda, alguns viventes ficaram meio tímidos, um pouco de receio sobre o que iríamos encontrar. Entretanto logo ao chegarmos, fomos recebidos pelo líder do Terreiro, que foi altamente hospitaleiro e ofereceu-nos comida enquanto mostrava o local (decorado para o festejo). Respondeu solicitamente a cada pergunta e deixou-nos bem à vontade. Logo, toda aquela timidez foi substituída por alegria e admiração por aquele lugar. Depois de algumas horas conversando com a população, comendo e festejando, retornamos ao hotel e encerramos as atividades do dia. Figura 08: Decoração da Festa do Divino DIA 04 (03/12/2016) - MANHÃ Neste dia, pela manhã nos dirigimos à UFMA para uma roda de conversa sobre o movimento estudantil com os estudantes Hatus, Guilherme e

10 Érico, representantes do Centro Acadêmico de Medicina Pericumã. Nesse momento o debate foi pautado na importância do estudante na construção da universidade e da comunidade em que esta se insere. Foi um momento muito rico, pois os viventes de outras universidades trouxeram o relato de seus centros acadêmicos e suas experiências com o movimento estudantil. O momento era de troca e construção. Levamos a manhã inteira nessa roda, construindo e desconstruindo vários conceitos. Figura 09: Encontro com líderes do movimento estudantil DIA 04 (03/12/2016) TARDE Durante a tarde nos dividimos em GVs e fomos realizar a visita, juntamente com a agente comunitária de saúde do bairro Campinho, à comunidade da Malhada, que fica localizada em uma região de alta do campo à margem do Rio Pericumã. Essa comunidade foi a mesma abordada na palestra do Enfermeiro Paulo, desse jeito iriam ver na prática aquilo que haviam visto na teoria. Realizamos visitas domiciliares e nesta tivemos a oportunidade de conversar sobre os hábitos de vida daquela comunidade, fonte de renda, organização sócio-política, dificuldades em relação ao acesso à saúde. Os viventes puderam entrevistar algumas famílias e se impressionaram e emocionaram com vários relatos como quando a comunidade relatou que

11 chegou energia elétrica, ou com histórias de parentes que faleceram por falta de acesso à saúde. Foi um momento de muita reflexão. Esta visita foi de fundamental importância para observar o quão relativo é a definição de saúde, que apesar de ser definido como bem estar biopsicossocial e espiritual, para muitas pessoas ainda consiste na ausência da manifestação clínica de doenças. Figura 10: Visita à comunidade ribeirinha DIA 04 (03/12/2016) - NOITE À noite nos reunimos para nossos debates noturnos, onde os viventes puderam expressar como a visita à comunidade havia lhes comovido e lhes estimulados a construir um SUS de inclusão e humanidade. Posteriormente a isso encerramos as atividades. DIA 05 (04/12/2016) - MANHÃ No domingo, deixamos a manhã livre para que os viventes pudessem descansar um pouco e organizar sua anotações. Ensinamos também como acessar a plataforma OTICs e como estruturarem e postarem seus portfólios.

12 DIA 05 (04/12/2016) - TARDE Pela tarde, foi proposta a divisão dos grupos em NBs e cada um ficou responsável por estudar uma das Redes de Atenção (Rede Cegonha, Psicossocial, Urgência e Emergência, Atenção à Pessoa com Deficiência) e elaborar uma forma lúdica de explicá-la aos outros viventes. Assim, nosso NB AMASUS ficou responsável pela Rede Psicossocial, então decidimos elaborar uma canção ao estilo cordel para exemplificarmos o fluxo de atendimento nessa rede. Preparamos também um cartaz com desenhos típicos e simbologias da Rede Psicossocial. Foi um momento de muita descontração e aprendizado também. Assim que todos os grupos encerraram suas apresentações, finalizamos essa atividade e liberamos os viventes para o jantar. DIA 06 (05/12/2016) - MANHÃ Na segunda pela manhã fomos para a UFMA. Lá tivemos uma roda de conversa sobre Atenção Psicossocial com a psicóloga Rafaela, responsável pelo CAPS de Pinheiro. Nessa roda tivemos um panorama sobre como anda a saúde mental da população do município e os principais problemas encontrados pela gestão dessa rede. Os viventes fizeram várias perguntas sobre o fluxo de atendimento e o público. Finalizada a conversa, seguimos para o almoço. Figura 11: Palestra saúde mental

13 DIA 06 (05/12/2016) - TARDE Nesta tarde fomos conhecer a estrutura física do CAPS e verificar o ambiente onde estes pacientes são cuidados. Os viventes mostraram-se bastante curiosos sobre a estrutura e higiene do local, pois aparentava estar sujo e mal cuidado, apesar de possuir bastante espaço e material. Depois de apresentar o local, a Rafaela ainda respondeu a mais algumas perguntas dos viventes. Assim, encerramos as atividades de vivência desse VERSUS já com certa nostalgia. Figura 12: Visita à estrutura física do CAPS II DIA 06 (05/12/2016) - NOITE Naquela noite o tom já era de saudade. Ao fazermos o debate aproveitamos para levantar tudo que vivenciamos nesse projeto, elencar o que aprendemos e os preconceitos deixados para trás. Foi bem emocionante e saudoso. Encerramos as atividades do dia e fomos descansar. DIA 07 (06/12/2016) - DIA Neste dia foi encerrado o VERSUS Pinheiro Logo após o café da manhã nos dirigimos à UFMA e começamos as atividades de despedida. No primeiro momento fizemos a revelação dos anjos, momento em que trocamos

14 pequenas lembranças, abraços e risadas. Depois disso fizemos uma roda onde cada um foi falando o que mais mudou a sua concepção depois da vivência. Foi um momento de muita emoção, onde cada um foi revelando os aspectos mais sinceros compartilhados ao longo desses 07 dias. Para encerrarmos a vivência, fizemos um grande círculo em volta de nossa bandeira e nos abraçamos enquanto cantávamos a canção Oração, que marcou nossa experiência. Foi momento de muitas lágrimas e uma só palavra: SAUDADES. Para mim, como facilitadora, o momento mais tocante foi na despedida perceber como aquelas pessoas haviam sido transformadas por esse projeto lindo, como haviam se despido de preconceitos e como haviam construído uma amizade tão sincera uns com os outros. Só me resta a certeza de que o VERSUS vai seguir firme, cativando mais mentes e corações para o SUS. Para meus viventes queridos, a lembrança dos maravilhosos momentos compartilhados e a amizade mais cativa e singela que posso oferecer! ABRASUS!! BRUNNA ALINE MUNIZ SILVA