RELATORIO VER-SUS BELO HORIZONTE VERÃO 2016
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- Ana Laura de Miranda Maranhão
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1 RELATORIO VER-SUS BELO HORIZONTE VERÃO 2016 Entre os dias 15 e 22 de fevereiro de 2016, ocorreu o Estágio de Vivência na Realidade do Sistema Único de Saúde VER-SUS, na cidade de Belo Horizonte. Como proposta, foi possível conhecer vários equipamentos de saúde que a cidade possui. Serão descritos a seguir os períodos, atividades e percepções da vivência: 15/02/2016 O primeiro dia de vivência se iniciou com atividades de interação do grupo, construções de regras de vivência e sensibilização para as temáticas abordadas. Dentre as atividades, foi proposto um espaço de discussão sobre feminismo, a partir da exibição de um curta metragem que abordava a temática. Foram promovidos dois espaços para discutir o feminismo, um autoorganizativo e outro espaço que discutia feminismo com os homens participantes. No período da noite, foi apresentado o vídeo do MS sobre a história da saúde pública brasileira. Os espaços propostos neste dia foram extremamente importantes para promover alinhamento das ideias e permitir aprofundamento na discussão de
2 gênero, que está presente na política nacional de saúde da mulher. Foi um momento de muita desconstrução e construção, que permitiu alguns momentos e olhares diferentes durante as vivências seguintes. 16/02/2016 Neste dia, foram realizadas as primeiras visitas. O primeiro equipamento visitado foi o Centro de Educação e Saúde/ Centro Municipal de Oftalmologia. O local é a referência municipal para o tratamento e reabilitação de pacientes com questões relacionadas à especialidade de oftalmologia, e também comporta o Centro de Educação e Saúde, setor responsável por promover a formação constante dos trabalhados da saúde do município de Belo Horizonte. Durante o período da tarde, foi realizada a visita ao Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (NUPAD) onde foi possível conhecer o programa de triagem neonatal, local este que promove ações preventivas que permite diagnosticar doenças assintomáticas no período neonatal, para possível intervenção diminuindo as sequelas futuras. O espaço oferece diagnóstico, apoio e tratamento (este via rede de atendimento). Durante a noite, foi propiciado o espaço de discussão e autoorganização de negras e negros pelos viventes. Após este momento, foi promovido uma palestra sobre processo de trabalho em saúde, além da discussão e auto-organização do grupo de Negritude. Durante as vivências deste dia, vale destacar a experiência dos serviços oferecidos pelo NUPAD no atendimento às famílias. A partir da fala dos profissionais, pode-se perceber como o espaço promove um acompanhamento que auxilia a família entender dos cuidados que o paciente demanda, e da promoção do paciente, não focando somente na doença. Esta forma de atendimento foi de encontro com o exposto pela professora Mônica, palestrante do dia, quando, durante suas falas sobre processo de trabalho em saúde, da importância do cuidado do paciente e não da doença por si só. 17/02/2016 Neste dia foi realizada visita à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Centro-Sul. É o único equipamento de Belo Horizonte gerido pela FUMDEP, por isso, possivelmente, possui algumas diferenças das outras unidades no que tange a gestão. É um equipamento com uma ótima estrutura. A visita ocorreu em um dia atípico, pois, as UBS estavam fechadas devido à
3 greve dos profissionais, logo, estava com um número alto de atendimentos, conforme falado pela profissional que guiou a visita. No período da tarde, foi realizada a visita ao Complexo de Saúde Mental Carlos Prates, que conta com os equipamentos Centro de Referencia de Saúde Mental, Centro de Referencia de Saúde Mental Infantil e o Centro de Convivência. Foi interessante saber do processo que assegurou a existência do equipamento na busca de humanizar o atendimento ao portador de sofrimento mental. Dentre os equipamentos, enfatizo os trabalhos realizados pelo Centro de Convivência que promove espaços de socialização dos usuários, permitindo também, através de atividades artística, a expressão de suas individualidades. Durante a noite, foi propiciado o espaço de discussão e auto-organização LGBT pelos viventes. Após a organização, aconteceu o fórum de populações negligenciadas, que contou com a participação de representantes de mulheres, negros e LGBT s que expuseram as dificuldades na efetivação dos direitos dos mesmos, e sobre as vivências no processo de exclusão destas pessoas. Durante as vivências deste dia, vale ressaltar a necessidade de dar atenção aos serviços substitutivos da saúde mental, pois, promovem um trabalho necessário de socialização e quebra de paradigmas sociais em relação aos pacientes da saúde mental. Para além, pontuar a discussão em torno das populações negligenciadas, como um espaço muito proveitoso que permitiu uma reflexão maior sobre como se o atendimento de saúde destes dentro do SUS. 18/02/2016 Neste dia, iniciamos as visitas com o Centro de Especialidades Médicas do Sagrada Família, que assume o atendimento secundário do SUS através de especialidades como Otorrinolaringologista, Ortopedista, dentre outros. O centro possui uma estrutura bem completa e consegue oferecer um número alto de consultas. Vale ressaltar, como exposto pela gerente, a dificuldade em conseguir alguns profissionais devido ao número de
4 profissionais existentes e as diferentes ofertas financeiras para conseguir esse profissional. No período da tarde os viventes foram ao Hospital Maternidade Sofia Feldman, referencia nacional no assunto de partos humanizados. O hospital traz uma proposta muito interessante de atendimento, valorizando diferentes aspectos desse processo. O mais interessante é que o hospital é 100% SUS e, diferente do senso comum, apresenta um atendimento de excelência. Vale ressalta as diferentes técnicas de parto que são oferecidas pela maternidade, como, por exemplo, o parto em banheira d agua, e o atendimento integral da família. No período da noite foi propiciado o fórum de saúde mental e da luta antimanicomial que contou, também, com usuários da saúde mental, o que permitiu uma discussão bem próxima da realidade do serviço. Durante a vivência desse dia, pude perceber como a gestão dos serviços de saúde é um local importante para garantir o acesso de qualidade e que vá de encontro ao paciente. Nos equipamentos onde se percebia um envolvimento maior das gestoras e dos gestores, podia se perceber também uma qualidade diferenciada no trato com os usuários do sistema e na promoção de saúde dos mesmos. Esta percepção era reafirmada quando questionávamos os usuários sobre a qualidade do equipamento/serviço. 19/02/2016 A primeira visita do dia, no período da manhã, foi à Unidade Básica de Saúde Urucuia, localizada no Barreiro. A unidade é responsável pelo atendimento de aproximadamente pessoas, para isso possui 5 equipes de PSF, 2 equipes de apoio médico, além de uma referência de NASF, 2 equipes de saúde bucal e, no mesmo espaço do equipamento funciona uma unidade da Zoonoses. No período da tarde, vivenciamos uma oficina de pintura no Centro de Convivência do Barreiro junto aos participantes da oficina pacientes da saúde mental. No período da noite, foi discutida a temática do embate entre público e privado. Para dar dinâmica ao processo, foi realizado um júri simulado com os
5 participantes, onde parte defendia a privatização da saúde e a outra se contrapunha a isso. A vivência desse dia pode permitir perceber duas experiências bem diferentes. Na vivência da Unidade Básica de Saúde percebemos alguns profissionais um pouco distantes de algumas expressões sociais. Já a vivência no Centro de Convivência, foi possível perceber como o trato dos profissionais é próximo à realidade do paciente da saúde mental e, este movimento, promove um sentimento de satisfação apresentada pelos usuários do serviço. 20/02/ Neste dia de vivência, no período da manhã, os viventes visitaram o Quilombo de Mangueiras, localizado na região norte de Belo Horizonte. A partir das falas dos quilombolas, pode-se perceber da necessidade da luta para assegurar o acesso às políticas públicas e pelo reconhecimento das peculiaridades do grupo. Foi possível falar sobre a cultura quilombola, sobre a religiosidade e seu papel na saúde da comunidade. No período da tarde, foi realizada a visita à ocupação Paulo Freire. Os viventes foram recebidos por lideranças locais e apresentaram um pouco da história da ocupação e da atual organização. A partir da vivência da população das ocupações, fica evidenciada a maior lacuna existente nas políticas públicas, como a saúde, que é a necessidade de um endereço formal para o atendimento na unidade de saúde explicitado pela população da ocupação. Esta lógica fere o principio do acesso universal do SUS, pois, algumas condicionalidade cerceia o direito do cidadão ao acesso. Algo que chamou bastante atenção foi perceber como a ocupação já se encontra estável e muito bem organizada, além da politização da população que vive neste espaço. No período da noite, foi realizado o debate sobre determinação social do processo Saúde-Doença, a partir das realidades vivenciadas no Quilombo e nas ocupações. A discussão foi extremamente produtiva, e retomou a lógica exposta em outro momento, em que aborda a saúde como fenômeno social. Logo, é impossível desassociar a realidade social do individuo e a saúde do mesmo. E, pensando nas populações negligenciadas e na realidade brasileira, os profissionais da saúde precisam estar atentos a este processo.
6 Após esta discussão foram iniciados os repasses das equipes a partir das vivências de cada um. 21/02/ No período da manhã, foi apresentada aos viventes uma pratica integrativa: a medicina ayurvédica. Foi apresentados os princípios da ayurveda e como ela aborda a saúde do indivíduo, além dos ganhos que ela pode proporcionar ao SUS e seu usuário. Após este momento, os viventes experimentaram um momento de pratica de exercício de yoga. No período da tarde, foi promovido um debate sobre participação social e movimentos sociais. O debate evidenciou a necessidade da aproximação entre as políticas públicas existentes e as demandas sociais. Ademais, foi reforçada a necessidade da militância no processo de transformação social. Durante o período da noite foram retomados os repasses das vivências. A vivência deste dia permitiu perceber a necessidade do sistema continuar se adaptando às realidades atuais, desde se adaptar às novas praticas até conseguir dialogar com a população para responder às demandas reais. 22/02/2016 Neste dia de vivência foi realizada a avaliação da vivência, promovendo um espaço onde os viventes apontaram os problemas e as possíveis soluções, permitindo uma construção coletiva, a fim de auxiliar nas próximas vivências.
7 Conclusões A vivência do VER-SUS possibilita ir além do conhecimento exclusivamente do espaço institucional que é o SUS, este processo permite entender das necessidades e das potencialidades do sistema. Ademais, permite ter uma vivência multidisciplinar que enriquece a discussão e traz os diferentes olhares sobre a saúde pública. A experiência do VER-SUS é única e transformadora, um espaço de crescimento pessoal, amadurecimento acadêmico e de responsabilização dos estudantes e futuros profissionais na transformação do SUS que temos para o SUS que queremos.
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