RELATÓRIO DE VIVÊNCIA VER-SUS PINHEIRO - MA VIVENTE: Júlia Stéfanne Santos Simão PINHEIRO MA
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- Isabela de Almeida Bentes
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1 RELATÓRIO DE VIVÊNCIA VER-SUS PINHEIRO - MA VIVENTE: Júlia Stéfanne Santos Simão PINHEIRO MA 2016
2 DIA 01 (30/11/2016) Relatório de Vivência Pinheiro, MA 30/11 à 06/12 A primeira edição do Ver-SUS Pinheiro-MA se iniciou no dia 30/06, às 8h na Universidade Federal do Maranhão MA, com o objetivo de recepção, apresentação entre os viventes e facilitadores e relato de expectativas para com a vivência. Realizamos uma dinâmica que tinha como resultado a formação de uma rede, que aludia para a rede de saúde e a rede que conecta pessoas na vivência que se seguiria. Foram confeccionados envelopes que seriam como uma caixa-postal individual durante a semana, estimulando a interação entre os participantes. Além disso, fomos divididos em grupos, NB (núcleos de base) e GV (grupo de vivência). Os Núcleos de Base serviam para divisão das tarefas a fim de manter uma ordem entre o grupo e melhor andamento das realizações das tarefas. Serviam para acordar os demais, organizar e fiscalizar transporte, zelar pela organização de forma geral, e realização de dinâmicas (mística). Os Grupos de Vivência eram utilizados quando havia a necessidade de divisão do grupo completo para ir a campo. Após esse momento de contato inicial, seguimos para hotel, onde ficaríamos instalados pelos próximos dias, para realizar check-in e almoço. Pelo período da tarde retornamos para a UFMA onde escolhemos respectivos nomes para cada NB e confecção de bandeiras para tais. Em seguida, assistirmos à palestra do Enfermeiro Paulo Henrique, da UBS Campinho, que veio a relatar para nós sobre a Comunidade Ribeirinha. Figura 1: Viventes e Facilitadores formando a rede Nessa palestra nos foi explicado como o Rio Pericumã é de suma importância para essa comunidade, de onde é retirada grande parte da renda familiar; perfil populacional dessa comunidade, pessoas em sua maioria analfabeta, cadastradas no programa Bolsa Família do Governo Federal, hábitos alimentares (caça e pesca), transporte que varia de acordo com as condições do rio (em período de seca, uso de cavalos ou a pé, e em períodos de cheia uso de canoas), criação de animais (búfalos, aves e suínos); tipos de moradia (taipa com recente conquista de energia elétrica), e, além disso, como funcionavam as visitas à comunidade de acordo com o cronograma semanal da Unidade Básica.
3 Pela noite, houve a apresentação das bandeiras confeccionadas de acordo com cada NB e mística com dinâmicas para interação. Figura 2: Viventes e facilitadores após e palestra com o Enfermeiro Paulo Henrique Figura 3: Cartazes confeccionados pelos NB s DIA 02 (01/12/2016) O segundo de vivência se iniciou com uma visita à UBS de Purão Grande para conhecimento de rotina e instalações físicas. Após conhecer e ouvir relatos pela equipe administrativa da unidade, podemos constatar que a unidade contava com almoxarifado, banheiro, consultório odontológico, sala de vacinas, recepção, sala de nebulização, sala de triagem. O consultório odontológico estava inativado há dois anos devido a uma baixa demanda e a sala de vacinas não contava com um armazenamento adequado e havia faltas como BCG e antirrábica. A equipe conta com 4 agentes de saúde que atendem cerca de 400 famílias e fazem solicitação do NASF quando necessário. Não havia presença do enfermeiro no momento da visita e a unidade não contava com um médico. Figura 4: Unidade Básica de Saúde Purão Grande
4 Figura 5: Unidade Básica de Saúde Purão Grande Após conhecer a UBS, seguimos para a comunidade quilombola a fim de conversar com a população sobre seus anseios, desapontamentos e expectativas sobre o Sistema de Saúde. Nesse momento, a partir de relatos, pôde-se perceber a discrepância entre fatos afirmados sobre a equipe da unidade. A comunidade se queixava de não receber em suas casas visitas regulares do agente de saúde e da ineficiência de seu serviço prestado, falta de médicos, dentistas e medicamentos. É possível perceber um perfil de moradores desassistidos de políticas de prevenção e promoção de saúde e sem condições financeiras de procurar outro atendimento médico em outra região, visto que a local se encontra deficiente. Figura 6: Visita à comunidade Quilombola À tarde, a programação consistia em visitar todas as Unidades Básicas de Saúde do município, entretanto, nos deparamos com portas fechadas ou ainda com a ausência de profissionais que pudessem nos receber. Isso refletia a situação atual da saúde municipal, que estava condicionada a uma política que decidira demitir profissionais da saúde, médicos e
5 enfermeiros, ao fim de uma gestão política. Apesar desse momento de frustação para viventes e facilitadores, encontramos a UBS de Pacas Nicolau Amate - aberta, apenas com técnicos administrativos. Foi apresentado para nós suas instalações e por uma conversa rápida, principais serviços e público alvo dos atendimentos. Figura 7: Visita à UBS Nicolau Amate Durante a visita, foi atentado para a quantidade local de pacientes com distúrbios mentais e a relação de parceria com igrejas e outras instituições sociais na busca ativa de pacientes. Após a visita, retornamos para o hotel onde discutimos toda a vivência do dia, elencando as situações que ocorreram durante as visitas, com situações ideais. Pela noite ocorreram dinâmicas e a mística. DIA 03 (02/12/2016) O terceiro dia de vivência começou com a utilização dos grupos de vivência para contemplar diferentes esferas de atendimento de saúde. Cada grupos foi levado para hospitais diferentes, dentre eles Materno Infantil, Antenor Abreu e Macro Regional Jackson Lago. Pude participar da vivência no Hospital Materno Infantil. No Materno Infantil fomos guiados pela Chefe de Enfermagem, Alexandra, que nos apresentou as instalações, tipos e funcionamento de atendimentos. O Hospital atende a 19 municípios, sendo referência da região da Baixada Maranhense, não se faz atendimento de pré-natal nem consulta marcada, apenas urgência e emergência. Suas instalações contêm: Sala de nebulização, sala de observação da grávida, sala de triagem e classificação de risco, posto de enfermagem, observação pediátrica, consultórios médicos, secretaria, berçário, 3 centros cirúrgicos, enfermaria para as mães, 26 leitos pediátricos, 26 leitos para gestantes, uma enfermaria com um leito de isolamento, sala de vacinação. Conta com 4 Pediatras e 3 Obstetras. O berçário conta apenas como um local para fornecer calor aos RN, pois não contem UTI neonatal. Não se faz parto humanizado. Mães que tiveram seus filhos de parto normal tem alta no mesmo dia do parto, as cesarianas após 24h. As estimativas de acordo com a Chefe de Enfermagem são de 1 a 2 partos cesarianos por dia, 3 a 6 partos normais/dia, 1 ou nenhum natimorto por semana. Mães que chegam ao hospital em estado de aborto (espontâneo ou induzido) permanecem junto com outras puérperas em trabalho normal de parto. Não há um banco de leite há 4 anos. Não é permitida a entrada de acompanhantes no momento do parto. Não há promoção de saúde para pacientes e também não pode se contar com atendimento psicológico.
6 Nesta visita pude perceber a falta de um trabalho mais humanizado e voltado não somente para o atendimento momentâneo do parto das gestantes, mas também que se relacionasse com campanhas, explicações sobre primeira gestação, atendimento especializado para mães em estado de aborto, além da necessidade de capacitações continuadas dos profissionais. Figura 8: Enfermaria pré-parto do Hospital Materno Infantil Pinheiro, MA Figura 9: Leitos maternos do Hospital Materno Infantil Pinheiro, MA Figura 10: GV em visita ao Hospital Materno Infantil Pinheiro, MA
7 Após esse momento, retornamos para o hotel onde houve um debate sobre apontamentos encontrados em cada grupo sobre seu local específico de vivência. Foram levantados fatos como falta de um protocolo específico para entrada nos pacientes na rede de saúde de maior complexidade, classificação de paciente com relação ao seu risco, além da discrepância de instalações e funcionamento de hospitais como Dr. Antenor Abreu e Macro Regional. No período da tarde, fomos para a UFMA onde confeccionamos a nossa bandeira Ver- SUS Pinheiro 2016 e discutimos as leis e 8.142, a fim de conhecer mais sobre a Legislação a cerca de como funciona o Sistema de Saúde. Pela noite, visitamos o Centro Ubandista de Pinheiro-MA, onde acontecia a Festa do Divino. Podemos conversar com o líder do local onde nos foi explicado sobre como as pessoas o procuravam e depositavam sua confiança na fé para seus problemas, inclusive os de saúde. Essa vivência foi importante para que possamos aliar os cuidados científicos aos cuidados e artifícios referentes à religião. Figura 11 e 12: Grupo em visita ao Centro Ubandista DIA 04 (03/12/2016) O quarto dia começou com uma roda de conversa realizada na Universidade Federal do Maranhão - Pinheiro e contava com a presença do Centro Acadêmico de Medicina do campus. Nessa conversa foram levantados temas sobre a diferença Aluno X Estudante, surgimento da UNE União Nacional dos Estudantes, explicações sobre Hierarquia e Centro Acadêmico, modelo atual de fragmentação dos movimentos em prol de suas lutas; Tudo isso contribuindo e convergindo para o objetivo de como a participação estudantil é importante num cenário de práticas e mudança de realidade social.
8 Figura 13: Grupo após roda de conversa com o Centro Acadêmico de Medicina Pela tarde, o grupo se deslocou até a comunidade de Campinho, onde faríamos a visita à Comunidade Ribeirinha Teso. Nessa vivência pudemos identificar uma realidade completamente diferente da que se encontrava a poucos metros da região. A população obtinha basicamente toda a sua renda retirada de conteúdos que o Rio Pericumã provia. Conversamos com cidadãos que eram pessoas simples, com moradia em condições de saúde precária (sem esgoto ou água tratada), que conviviam diretamente com animais em tempo total, além de que obtiveram recentes conquistas como energia elétrica. Todas as situações, determinantes sociais de saúde, interferem na saúde dessa população, que acabam por ás vezes negligenciando sinais ou sintomas, não conhecendo maneiras de prevenção e promoção de saúde. Os relatos das pessoas nos chocavam muitas vezes, pois o conceito de saúde se mostrava distorcido para a maioria delas, não abrangendo bem estar físico-mental-social. Essa situação foi discutida na volta para o hotel pelo grupo. Figura 14: Grupo a caminho da Comunidade Ribeirinha
9 Figura 15: Grupo ouvindo relatos e conversando com uma moradora da Comunidade Ribeirinha Figura 16: Vivente representando a visita do Ver-SUS à comunidade Figura 17: Viventes e moradores da Comunidade
10 DIA 05 (04/12/2016) As atividades do quinto dia de vivência se restringiram ao hotel, não realizando visitas à comunidade, mas com um caráter mais teórico. A manhã do dia nos foi deixada livre para realização de atividades pessoais, descanso e interação entre os viventes. À tarde, foram distribuídas para cada um dos NB s temas para discussão e apresentação para os demais. Os temas se referiam às Redes de Atenção de Saúde. O meu grupo pôde falar sobre Rede de Atenção à Pessoa com Deficiência, os outros grupos falaram sobre a Rede de Urgência e Emergência, Atenção Psicossocial e Rede Cegonha. A apresentação se dava por meio de cartazes, teatro, paródias, tudo para um maior entendimento e fixação do quê se tratava e importância. DIA 06 (05/12/2016) O penúltimo dia de vivência pode contar com uma olhar voltado para o atendimento psicossocial do município. Pela manhã, tivemos uma palestra sobre o sistema com a Psicóloga coordenadora do CAPS de Pinheiro, especializada em saúde mental. Nos foi abordado um panorama sobre o quadro profissional da instituição Psicólogo, farmacêutico, assistência social, terapêuta ocupacional, médico. A instituição se enquadrava como CAPS II, não sendo regional, mas que fazia também atendimento aos pacientes de municípios vizinhos, pois, de acordo com informações fornecidas por ela, a região da Baixada Maranhense (17 municípios) contava com apenas 4 CAPS. Assim, os pacientes se somavam 1862 ativos, sendo eles: depressivos, dependentes de álcool, com transtorno de pânico, esquizofrênicos, retardos mentais, epiléticos e usuários de drogas. Figura 18: Viventes após palestra com a Psicóloga Foi nos chamada a atenção para a quantidade superior de depressivos, esquizofrênicos e com retardos mentais. O funcionamento da instituição se dá em parceria com as UBS s, para trocas de receitas dos pacientes, e com a Rede de Educação, para identificação de crianças com déficit de aprendizado. O antedimento se dá, além do terapeutico medicamentoso, por oficinas realizadas por uma artesã. Entretanto, pela tarde, pudemos perceber em visita à unidade do CAPS que o atendimento precisava ser melhorado, pois as instalações não se mostravam favoráveis ao acolhimento do paciente com transtornos mentais e não favorecia à sua melhora com o tratamento. O ambiente se mostrava, por muitas vezes, com um aspecto abandonado, escuro, sujo e propício ao afastamento dos pacientes. Também foi notado que não há separação entre pacientes adultos e crianças, sendo esses atendidos num mesmo momento.
11 Figura 19: Instalações da recepção do CAPS Figura 20: Instalações da sala de repouso do CAPS Figura 21: Instalações do CAPS
12 Figura 22: Instalações do CAPS Figura 23: Pátio do CAPS onde se realizam atividades com os pacientes DIA 07 (05/12/2016) O último dia de vivência foi marcado pela despedida emocionada dos viventes, pois todos criaram laços e se depararam com uma nova realidade antes desconhecida e por muitos até inimaginável. Demos relatos de nossas expectativas antes do projeto e o que nos foi acrescentado após ele, suprindo cada expectativa. Temos a certeza de que nossa visão sobre o Sistema/Rede de Saúde foi contemplado com uma alta dose de realidade e de sensibilização. Saímos com a mente cheia de ideias e planos para tentar mudar e fazer o melhor com o que estiver ao nosso alcance na nossa enquanto acadêmicos e na futura vida profissional.
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