Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER. Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Sem restrição.

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1 Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União Referência: / Assunto: Restrição de acesso: PARECER Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Sem restrição. Ementa: Certidão. Informação incompleta. Informação incorreta. Tentativa de franqueamento de acesso. Informação inexistente. Análise CGU: Acata-se a argumentação do recorrido. Não conhecimento Recomendações. Órgão ou entidade recorrido (a): Recorrente: Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca CEFET-RJ/Ministério da Educação MEC E.V.S. Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação, com base na Lei nº /2011, conforme resumo descritivo abaixo apresentado: RELATÓRIO Ação Data Teor O cidadão solicita certidão: Pedido 27/11/ 2014 Resposta Inicial 29/12/ 2014 (...) O Requerente solicita uma certidão mencionando o tempo de duração do curso e o recebimento de lanche gratuito durante todo o período, além da disponibilização gratuita de material utilizado nos experimentos nos laboratórios. (...). O recorrido responde ao cidadão afirmando que é necessário prazo mais longo para atendimento do pedido: Conforme informação passada através do memo 21

2 Recurso à Autoridade Superior Resposta do Recurso à Autoridade Superior Recurso à Autoridade Máxima 07/01/ 13/01/ 16/01/ 047/2014-DERAC, pelo (...) Chefe da Divisão de Registro Acadêmico, "Devido ao fato do aluno ser antigo, tais informações não se encontram inseridas no sistema (SIE), sendo necessário solicitar sua pasta no arquivo geral", o que foi feito em 01/12/2014, porém a mesma ainda não foi entregue. (...). O cidadão recorre diante da resposta do recorrido: Recebi uma resposta à minha consulta informando ser necessário um prazo maior para o atendimento do pleito inicial. Em seguida, enviei uma mensagem solicitando qual seria este prazo e não obtive resposta. Como o pedido inicial não foi atendido e a resposta solicitada sobre o prazo também não foi fornecida, estou interpondo este recurso tendo em vista que nenhum pleito foi atendido. O CEFET-RJ informa que a certidão está disponível para retirada: (...) Segundo informação do Departamento de Registro Acadêmico - DERAC, o documento solicitado encontra-se à disposição para retirada. Desta forma, o interessado deverá retirar o documento no citado Departamento, localizado no CEFET-RJ, Av. Maracanã, Bloco C - 2º andar, no horário de 9 às 18 h. (...). O recorrente não concorda com o conteúdo da certidão enviada e demanda a emissão de novo documento: A certidão disponibilizada pela instituição atendeu parcialmente ao pedido. As informações sobre carga horária e fornecimento gratuito de materiais utilizados nos experimentos realizados nos laboratórios foram adequadamente fornecidas. No entanto, a informação sobre a disponibilização gratuita de merenda escolar está incorreta. A certidão informa que este recurso foi oferecido aos alunos até 06/1976, o que não procede. Eu e vários colegas das turmas do CEFET em todo o período de 1983 a 1985 recebíamos gratuitamente merenda escolar, conhecida como "lanche padrão". Há vários relatos na internet de ex-alunos que comprovam este fato. 22

3 Além disso, a certidão disponibilizada pela Escola Técnica Federal de Química do Rio de Janeiro (atual IFRJ) para outro aluno no mesmo período informa que esta possuía um programa de incentivo à permanência do aluno na instituição que previa a oferta de merenda escolar e material pedagógico para atividades desenvolvidas em sala de aula e laboratórios. A referida certidão acrescenta, ainda, que esses benefícios eram considerados de praxe nas instituições públicas federais, não possuindo natureza remuneratória. Resposta do Recurso à Autoridade Máxima 26/01/ Recurso à CGU 26/01/ Portanto, diante dos fatos apresentados, solicito a emissão de nova certidão acrescentando a informação que havia o fornecimento de merenda escolar gratuita ao solicitante no período. O recorrido informa que não dispõe das informações solicitadas pelo requerente: (...) De acordo com o (...) Chefe do Depto de Administração e Registros Acadêmicos - DERAC, este departamento não possui outras informações solicitadas pelo requerente. (...). O recorrente interpõe recurso à Controladoria-Geral da União (CGU): Fui aluno do CEFET-RJ entre 1984 e 1985 e recebi da instituição uma certidão diferente da solicitada. O referido documento continha informações sobre carga horária e fornecimento gratuito de materiais utilizados nos experimentos realizados nos laboratórios. No entanto, a informação sobre a disponibilização gratuita de merenda escolar foi enviada com erro. A certidão informa que este recurso foi oferecido aos alunos até 06/1976, o que não procede. Eu e vários colegas das turmas do CEFET em todo o período de 1983 a 1985 recebíamos gratuitamente merenda escolar, conhecida como "lanche padrão". Há vários relatos na internet de ex-alunos que comprovam este fato. É oportuno informar que uma certidão similar disponibilizada pela Escola Técnica Federal de Química do Rio de Janeiro (atual IFRJ) para outro aluno no mesmo período informa que esta possuía um programa de incentivo à permanência do aluno na instituição que previa a oferta de merenda 23

4 escolar e material pedagógico para atividades desenvolvidas em sala de aula e laboratórios. A referida certidão acrescenta, ainda, que esses benefícios eram considerados de praxe nas instituições públicas federais, não possuindo natureza remuneratória. Após entrar com recuro em segunda instância, recebi a resposta do Diretor-Geral do CEFET-RJ que a instituição não possui as informações em questão. Se a Escola Técnica Federal de Química possui tal informação, conforme relatado anteriormente, é inadmissível que o CEFET-RJ não possua registros ou documentos que possibilitam fornecer informação adequada aos seus alunos. Não estou requerendo dados de valores ou números, as quais poderiam realmente exigir o acesso a banco de dados ou registros mais detalhados. Estou apenas solicitando que seja incluída na certidão a informação que eu recebia merenda escolar gratuita. Não acredito que a instituição não possua este controle. Portanto, reitero a solicitação de emissão de nova certidão acrescentando a informação que havia o fornecimento de merenda escolar gratuita ao solicitante no período. É o relatório. Análise 2. Registre-se que o recurso foi apresentado perante a CGU de forma tempestiva e recebido na esteira do disposto no caput e 1º do art. 16 da Lei nº /2011, bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto nº 7.724/2012, in verbis: Lei nº /2011 Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: (...) 24

5 1º O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias. Decreto nº 7.724/2012 Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso. 3. Quanto ao cumprimento do art. 21 do Decreto nº 7.724/2012, observa-se que consta da resposta que a autoridade que proferiu a decisão, em primeira instância, era a hierarquicamente superior à que adotou a decisão, assim como consta que a autoridade que proferiu a decisão, em segunda instância, foi o dirigente máximo do órgão/entidade. Cumpre ressaltar, todavia, que o recorrido descumpriu o prazo de resposta ao recurso de 1ª instância, conforme disposto no art. 15 da Lei de Acesso à Informação: Art. 15. No caso de indeferimento de acesso a informações ou às razões da negativa do acesso, poderá o interessado interpor recurso contra a decisão no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua ciência. Parágrafo único. O recurso será dirigido à autoridade hierarquicamente superior à que exarou a decisão impugnada, que deverá se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias. (grifo nosso). Sabe-se que a tempestividade é uma das características mais importantes da informação e os prazos estabelecidos na LAI têm por objetivo garanti-la, ao que deve atentar o recorrido. 4. O pedido de acesso à informação em tela tem por objeto certidão acerca de curso efetuado pelo cidadão no CEFET-RJ. Diante da entrega do documento, o requerente alega que não constam informações acerca de merenda gratuita distribuída à época, e exige nova certidão, com o acréscimo de tais dados. Informa o recorrido que não dispõe das informações solicitadas (para além das já entregues), do que se depreende que os registros inexistem. A esse respeito, 25

6 cabe repisar a Súmula nº 06/ da Comissão Mista de Reavaliação de Informações (CMRI), editada em janeiro de : INEXISTÊNCIA DE INFORMAÇÃO A declaração de inexistência de informação objeto de solicitação constitui resposta de natureza satisfativa; caso a instância recursal verifique a existência da informação ou a possibilidade de sua recuperação ou reconstituição, deverá solicitar a recuperação e a consolidação da informação ou reconstituição dos autos objeto de solicitação, sem prejuízo de eventuais medidas de apuração de responsabilidade no âmbito do órgão ou da entidade em que tenha se verificado sua eliminação irregular ou seu descaminho. 5. Ainda que o cidadão afirme ter recebido a merenda, é importante ressaltar que os órgãos e entidades públicas detém a presunção de boa fé, ou seja, pressupõe-se que as informações concedidas sejam verdadeiras. Caso o requerente detenha elementos que permitam comprovar suas alegações e contrariar a versão apresentada pelo recorrido, recomenda-se que protocole denúncia junto à Controladoria-Geral da União, anexando eventuais comprovantes. Caso esses elementos inexistam, entende-se que a manifestação do cidadão pode ser considerada como reclamação. 6. A Ouvidoria-Geral da União (OGU), órgão integrante da CGU, tem competência para receber, examinar e encaminhar reclamações, denúncias, sugestões e elogios referentes a procedimentos e ações de agentes, órgãos e entidades do Poder Executivo Federal. Uma vez que o pedido contém eventual reclamação de ouvidoria, cumpre informar que é possível registrá-la em formulário eletrônico próprio, disponível em com vistas a possibilitar o tratamento adequado a presente demanda por parte da Coordenação-Geral de Atendimento ao Cidadão (CGCID), a qual integra a estrutura da OGU. Após a submissão da reclamação pelo formulário, o cidadão receberá protocolo para acompanhamento de sua demanda. 7. Finalmente, é importante repisar que a Lei de Acesso à Informação tem por objetivo regulamentar o direito constitucional de acesso a informações 26

7 produzidas ou custodiadas pela administração. Não é, portanto, o canal adequado para a solicitação de providências, conforme decidido pela CGU em diversos precedentes. A analista responsável pelo parecer relativo aos Pedidos de Acesso / e / , por exemplo, destacou a inadequação do e-sic enquanto sistema de solicitação de providências administrativas: A LAI, em síntese, regulamenta o direito de acesso às informações custodiadas pela Administração Pública, e o e- SIC foi desenvolvido como um canal de processamento dos pedidos de acesso. Logo, não é o canal adequado para solicitar à entidade pública providências ou solução para requerimentos. Conclusão 8. De todo o exposto, opina-se pelo não conhecimento do presente recurso. 9. Por fim, observamos que o recorrido descumpriu procedimentos básicos da Lei de Acesso à Informação. Nesse sentido, recomenda-se orientar a autoridade de monitoramento competente para que reavalie os fluxos internos, de modo a assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso à informação, de forma eficiente e adequada aos objetivos legais. Em especial, recomenda-se rever os fluxos internos com vistas a responder o pedido de informação (e/ou) os recursos no prazo determinado em Lei. LUIZA GALIAZZI SCHNEIDER Analista de Finanças e Controle 27

8 D E C I S Ã O No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria n da Controladoria-Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como fundamento deste ato, o parecer acima, para decidir pelo não conhecimento do recurso interposto, nos termos do art. 23 do Decreto nº 7.724/2012, no âmbito do pedido de informação nº / , direcionado ao Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca CEFET-RJ/Ministério da Educação MEC. LUÍS HENRIQUE FANAN Ouvidor-Geral da União 28

9 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Folha de Assinaturas Documento: PARECER nº 161 de 02/02/ Referência: PROCESSO nº / Assunto: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Signatário(s): GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 02/02/ Relação de Despachos: aprovo. GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 02/02/ Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: c5f8d0e0_8d20d1f0b1d0f61