Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER

Transcrição

1 Referência: / Assunto: Restrição de acesso: Ementa: Órgão ou entidade recorrido (a): Recorrente: Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Informações públicas. Prova / Exame Interesse pessoal Informação inexistente Recurso não conhecido. Advocacia Geral da União - AGU Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação pública, com base na Lei nº /2011, conforme resumo descritivo abaixo apresentado: RELATÓRIO Data Teor Nos termos do art. 8º da Lei da Lei /12 e considerando-se que a organizadora dos concursos públicos para provimento dos cargos de Advogado da União e Procurador Federal age na qualidade de preposta 02/08/201 da Advocacia Geral da União (art. 7º, I da LC 73) e, considerando-se Pedido ainda a não disponibilização quer nos sítios eletrônicos da contratada 3 quer da própria AGU, solicito o acesso às provas discursivas dos concursos de Procurador Federal de 2010 e de Advogado da União de 2012, com seus respectivos espelhos de correção. A Advocacia-Geral da União (AGU) agradece o envio da sua mensagem. Em resposta a sua solicitação a Diretoria de Gestão de Pessoas nos respondeu o seguinte: Prezado Senhor, Em atenção à demanda abaixo informamos que o CESPE/UnB foi a Instituição prestadora de serviços técnico-especializados na realização dos concursos públicos realizados por esta Advocacia-Geral da União, 05/09/201 assim, solicitamos que seja requerida diretamente àquele Centro, pois Resposta esta AGU não tem acesso as provas solicitadas por Vossa Senhoria. 3 Atenciosamente, Diretoria de Gestão de Pessoas Fone: Sendo o que havia para o momento, colocamo-nos ao seu dispor. Atenciosamente, Serviço de Informações ao Cidadão Advocacia-Geral da União Recurso à Controladoria-Geral da União (CGU) 01/10/201 3 Com todo o respeito, a negativa da autoridade pública em fornecer a documentação solicitada (provas discursivas e respectivos espelhos de correção dos concursos de procurador federal de 2010 e de advogado da União de 2012), com o argumento de não dispor da documentação solicitada fere o bom senso e a literalidade da Lei /2011. Senão, veja-se. O art. 7º incisos III e VI da 21

2 Lei de Acesso à Informação inclui entre as informações a serem disponibilizadas aquelas produzidas em cumprimento a contrato administrativo, mesmo depois do encerramento desse. Ressalte-se que a razão pela qual o CESPE/UNB realizou as citadas provas foi ter realizado contrato administrativo com a Advocacia Geral da União para tanto. Sendo certo que o destinatário da legislação de acesso à informação é a Administração Pública (art. 1º, parágrafo único), não pode essa furtar-se ao cumprimento da lei, argumentando que tal dever cabe à contratada. Ressalte-se, nesse ponto, que a Fundação Universidade de Brasília indeferiu pedido idêntico feito pelo ora Recorrente, cadastrado sob o n Demais disso, a afirmação de não dispor do documento solicitado consiste em afirmar que a contratada manteve as informações em sigilo da própria Administração Pública, e, por conseguinte, que a Administração Pública não cumpriu seu dever de fiscalização das atividades da contratada. De qualquer sorte, parece claro que pode a Administração oficiar a contratada e requisitar a informação solicitada, providência mais fácil e eficiente do que passar esse seu dever ao cidadão, que naturalmente enfrentará maiores dificuldades, se é que a contratada não alegará que a informação pertence à Administração contratante. Por essas razões, solicito a reforma da decisão, conferindo-me acesso às informações solicitadas, levando-se em consideração que também a fundação contratada negou o acesso. É o relatório. Análise 2. Registre-se que o Recurso foi apresentado à CGU de forma tempestiva e recebido conforme o disposto no caput e 1º do art. 16 da Lei nº /2012, em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto nº 7724/2012, in verbis: Lei nº /2012 Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: (...) 1º: O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias. Decreto nº 7724/2012 Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso. 22

3 3. Segundo a inteligência do art. 4º, I da LAI, a informação deve estar disponível, processada ou não, para ser usada pelo cidadão: Para os efeitos desta Lei, considera-se: I - informação - dados, processados ou não, que podem ser utilizados para produção e transmissão de conhecimento, contidos em qualquer meio, suporte ou formato. Ora, o recorrido não produziu e nem tem a guarda da informação solicitada, sendo, por conseguinte, incompetente para prestar a informação solicitada, conforme se verifica em sua resposta: informamos que o CESPE/UnB foi a Instituição prestadora de serviços técnico-especializados na realização dos concursos públicos realizados por esta Advocacia-Geral da União, assim, solicitamos que seja requerida diretamente àquele Centro, pois esta AGU não tem acesso às provas solicitadas por Vossa Senhoria. Destaque nosso. 4. Tal resposta está legitimada pelo art. 15 do Decreto nº 7.724/12, in verbis: Art. 15: Recebido o pedido e estando a informação disponível, o acesso será imediato. 1o Caso não seja possível o acesso imediato, o órgão ou entidade deverá, no prazo de até vinte dias: (...) III - comunicar que não possui a informação ou que não tem conhecimento de sua existência; IV - indicar, caso tenha conhecimento, o órgão ou entidade responsável pela informação ou que a detenha; ou (...). Conclusão 4. De todo o exposto, opino pelo não conhecimento do recurso, a teor do art. 4º, I da LAI, c/c art. 15, 1º, III e IV do Decreto nº 7.724/ Por fim, observamos que o recorrido descumpriu procedimentos básicos da Lei de Acesso à Informação. Nesse sentido, recomenda-se orientar a autoridade de monitoramento competente para que reavalie os fluxos internos, a fim de assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso à informação, de forma eficiente e adequada aos objetivos legais. Em especial, recomendo informar em suas respostas ao cidadão a possibilidade de recurso, o prazo para interpô-lo e a autoridade competente para apreciá-lo, bem como identificar o órgão/autoridade responsável pela resposta ao recurso de primeira instância. LUÍS SÉRGIO LOPES Analisa de Finanças e Controle D E C I S Ã O No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria n da Controladoria-Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como fundamento deste ato, o parecer acima, para decidir pelo não conhecimento do recurso interposto, nos termos do art. 23 do referido Decreto, no âmbito do pedido de informação nº / , direcionado à Advocacia Geral da União / AGU. 23

4 Recomendação Informar em suas respostas ao cidadão a possibilidade de recurso, o prazo para interpô-lo e a autoridade competente para apreciá-lo, bem como identificar o órgão/autoridade responsável pela resposta ao recurso de primeira instância. JOSÉ EDUARDO ROMÃO Ouvidor-Geral da União 24

5 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Folha de Assinaturas Documento: PARECER nº 399 de 19/02/2014 Referência: PROCESSO nº / Assunto: Recurso em LAI Signatário(s): JOSE EDUARDO ELIAS ROMAO Ouvidor Assinado Digitalmente em 19/02/2014 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: 481fbd1d_8d0fb897d497608