CGU Controladoria-Geral da União OGU Ouvidoria-Geral da União Coordenação-Geral de Recursos de Acesso à Informação

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1 Controladoria-Geral da União OGU Ouvidoria-Geral da União Coordenação-Geral de Recursos de Acesso à Informação PARECER Referência: Assunto: Restrição de acesso: Providências adicionais Ementa: Órgão ou entidade recorrido (a): Recorrente: NUP / Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Sem restrição. Não são necessárias. Esclarecimento formal de dúvida sobre remuneração de jornada de trabalho inferior a 44 horas semanais - Indicado o Canal alternativo. Pedido Fora do Escopo - Após interlocução com a o órgão recorrido entregou a base legal sobre o assunto para o cidadão. Informação entregue. Perda do Objeto. MTE Ministério do Trabalho e Emprego R.A.S. Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. O presente parecer trata de recurso contra negativa de acesso à informação com base na Lei nº 12.27/2011, conforme relatório a seguir: ATO DATA TEOR Cidadão solicita: Pedido Inicial 02/04/201 (...) saber se um técnico em enfermagem pode ganhar proporcionalmente a sua jornada de trabalho, ou seja, o piso regional (do Rio Grande do Sul) para sua categoria hoje é de R$ 1.276,00 para a jornada normal de 44 horas semanais (faixa V do piso regional). Portanto, a dúvida reside se posso pagar R$ 1.044,00 (proporcional as horas trabalhadas) para uma jornada de 36 horas semanais. Resposta Inicial 10/04/201 Entidade informa:

2 (...) que a direcionamos a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Rio Grande do Sul - SRTE/RS, que presta as seguintes orientações: Informamos que o atendimento para as consultas trabalhistas nas unidades do Ministério do Trabalho e Emprego MTE no Estado do Rio Grande do Sul, ocorrem somente através de agendamento. Assim, V. Srª. deverá dirigir-se à unidade da Superintendência Regional do Trabalho mais próxima da sua localidade e levar essa dúvida junto ao Plantão Fiscal. Por estarem em localidades que possuem poucos Auditores Fiscais, será informado na ocasião do seu atendimento, os dias em que eles estarão fazendo os respectivos plantões, assim como o referido agendamento. Próximo à sua cidade, sugerimos as seguintes unidades e os telefones para contato: Gerência de Santa Maria Tel.: () /() Rua Vale Machado, N 1390 Esquina com a Rua Dr. Francisco Mariano da Rocha? Centro CEP Agência Regional em São Borja Telefone: () Rua Vereador Eddie Freire Nunes, CEP: Por último, disponibilizamos logo abaixo, o endereço do portal COREN do Rio Grande do Sul na Internet (que auxilia os Enfermeiros, os Técnicos de Enfermagem e os Auxiliares de Enfermagem): Endereço da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego. SRTE do Rio Grande do Sul. Av. Mauá, n Centro. Porto Alegre/RS - CEP Recurso à Autoridade Superior 17/04/201 Cidadão rejeita a resposta da entidade, afirmando que ainda possui dúvidas mesmo já tendo seguido a orientação dada e tendo acessado o site do COREN e ido até o Plantão Fiscal da Gerência Regional indicada. No site do COREN obteve os seguintes esclarecimentos: 9. A carga horária dos hospitais passará para 8 horas? Há vários anos são firmados acordos coletivos entre os sindicatos representativos das categorias profissionais e das instituições de saúde reconhecendo a jornada dos profissionais de saúde em 12 X 36 horas. Estes acordos são devidamente homologados, tendo em vista o reconhecimento do Ministério do Trabalho para 2

3 esta jornada diferenciada para os profissionais da saúde. Inobstante, a Consolidação das Leis Trabalhistas prever a jornada de trabalho fixada em no máximo 08 (oito) horas diárias que podem ser acrescidas em 2 (duas) horas extraordinárias de trabalho, para a área da saúde, tendo em vista o reconhecimento do Ministério do Trabalho os acordos coletivos que prevêem a jornada 12 x 36 horas são reconhecidos e válidos. O Conselho Regional de Enfermagem, após o recebimento de vários questionamentos neste sentido, tem buscado junto às instituições e entidades competentes como Ministério Público do Trabalho e Superintendência Regional do Trabalho, maiores informações sobre o tema em comento. Tão logo tenhamos as respostas sobre a veracidade da matéria, os motivos da alegada alteração de carga horária e a posição dos envolvidos diretos (sindicatos, MPT e SRT), estaremos nos manifestando formalmente, pois entendemos que os profissionais da Enfermagem não podem ter o mesmo tratamento que qualquer outro empregado celetista, pois as peculiaridades das atividades desenvolvidas pelos mesmos devem ser consideradas, e a jornada 12 x 36 é declaradamente aceita e reconhecida por todos (profissionais e instituições) há muitos anos Na Gerência Regional de Santa Maria, o cidadão obteve o seguinte esclarecimento: 1ª) Pergunta realizada: É correto realizar o pagamento proporcional as horas trabalhadas (R$ 1.044,00 para 36 horas) da faixa V Técnicos de Enfermagem do piso regional do estado do Rio Grande do Sul (Faixa V = R$ 1.276,00 para 44 horas), quando não existe convenção e/ou acordo coletivo firmado entre as partes envolvidas prevendo algum tipo de redução da carga horária semanal? Resposta recebida: Sim, é correto o referido pagamento, desde que seja sempre respeitado o piso mínimo para a faixa salarial correspondente, sendo que a proporcionalidade na hora do pagamento é legal/possível. 2ª) Pergunta realizada: A empresa pode utilizar a escala especial de 12x36 (12 horas de trabalho por 36 horas de descanso) sem ter convenção e/ou acordo coletivo firmado prevendo esta jornada especial, considerada a Súmula 444 do TST? Resposta recebida: Não pode, a empresa não pode utilizar esta jornada de 12x36 sem convenção e/ou acordo coletivo firmado pela empresa prevendo a referida jornada. Os Fiscais ainda comentaram que existem situações onde empresas, através da 3

4 ultratividade, tentam fazer valer acordo convenção coletiva e/ou acordo coletivo não vigentes, sendo que tudo depende da interpretação dos juízes, mas que a empresa poderá sim ser autuada em caso de fiscalização do MTE por não ter convenção e/ou acordo coletivo vigente prevendo esta jornada especial, além de juízes também poderem considerar as horas que excederam as 8 (oito) horas trabalhadas no dia como extraordinária judicialmente nas reclamatórias trabalhistas. Por fim, o cidadão solicita: (...) gostaria de ter uma resposta formal, peçolhes apenas, a gentileza de RATIFICAR a resposta recebida no plantão fiscal ou se preferir, que Vossa Senhora formalize própria resposta. (grifo meu) Resposta do Recurso à Autoridade Superior 24/04/201 Entidade indefere o recurso do cidadão, alegando que o e-sic e a LAI não se destinam a dirimir dúvidas e tampouco formalizar esclarecimentos prestados pessoalmente a essas dúvidas em sua Gerência Regional em Santa Maria: Desde quando o processo de atendimento no Plantão Fiscal possui rito próprio, legalmente estabelecido pelo TEM, não pode o cidadão, tampouco a Administração Pública alterar a regra. Recurso à Autoridade Máxima Resposta do Recurso à Autoridade Máxima Recurso à 30/04/201 07/0/201 18/0/201 Cidadão reitera seu pedido de ratificação e formalização da resposta que lhe foi fornecida pessoalmente no Plantão Fiscal da Gerência Regional da entidade. Apresenta maiores esclarecimentos sobre a motivação do seu pedido. Entidade reitera o indeferimento conforme as razões apresentadas na resposta ao recurso de 1ª instância. Cidadão solicita: (...) que seja formalizada a resposta (...) no que diz respeito a legalidade do pagamento proporcional as horas trabalhadas (36 horas), no Estado do Rio Grande de Sul, sendo que os pisos regionais são para 44 (quarenta e quatro horas) semanais (...) quando não existe convenção ou acordo coletivo já prevendo a redução da jornada para as 36 horas obrigando 4

5 o empregador a cumprir. Se não é correto da minha parte solicitar aos Senhores por escrito esta resposta, neste canal de comunicação (E-SIC), (...) Peço-lhes a gentileza de me orientar onde, como e com qual orgão federal/estadual posso conseguir esta resposta por "escrito"? (...) Análise 2. Registre-se que o recurso foi apresentado a de forma tempestiva, na esteira do disposto no caput e 1º do art. 16 da Lei nº 12.27/2011, bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto nº 7724/2012, nestes termos: Lei nº 12.27/2011 Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de (cinco) dias se: (...) 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de (cinco) dias. Decreto nº 7724/2012 Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso. 3. Quanto ao cumprimento do art. 19 do Decreto n.º 7.724/2012, consta nas respostas da 1ª e 2ª instância a informação sobre a possibilidade e prazo de recurso, com indicação da autoridade que o apreciará, bem como, em acordo com art. 21 do referido decreto, também consta nessas respostas que a autoridade que proferiu a decisão era hierarquicamente superior à anterior.

6 4. No mérito, observa-se que o recorrente solicita resposta formal, por escrito, para dúvida existente sobre a legalidade, na ausência de convenção coletiva, da remuneração proporcional para jornada de trabalho diferenciada da estabelecida pela CLT. Especificamente, o recorrente necessita: (...) saber se um técnico em enfermagem pode ganhar proporcionalmente a sua jornada de trabalho, ou seja, o piso regional (do Rio Grande do Sul) para sua categoria hoje é de R$ 1.276,00 para a jornada normal de 44 horas semanais (faixa V do piso regional). Portanto, a dúvida reside se posso pagar R$ 1.044,00 (proporcional as horas trabalhadas) para uma jornada de 36 horas semanais.. O órgão recorrido, em resposta inicial, orienta o recorrente aonde obter a resposta para a sua dúvida, indicando suas unidades mais próximas ao endereço do recorrente e o conselho regional de sua categoria profissional (COREN), na esteira do que determina o inciso II do art.1 do Decreto nº 7.724/2012: Art. 1. Recebido o pedido e estando a informação disponível, o acesso será imediato. 1º Caso não seja possível o acesso imediato, o órgão ou entidade deverá, no prazo de até vinte dias: (...) II - comunicar data, local e modo para realizar consulta à informação, efetuar reprodução ou obter certidão relativa à informação; 6. Em recursos, o recorrente informa que obteve esclarecimentos na unidade regional da recorrida e no site do COREN e, mesmo assim, solicita a formalização por escrito do esclarecimento prestado na unidade regional. O órgão recorrido indefere os recursos, explicando que não há previsão legal para a formalização por escrito de esclarecimentos prestados pessoalmente em suas unidades, bem como o e-sic e a LAI não servem como meio para o esclarecimento de dúvida trabalhista e formalização de esclarecimentos prestados pessoalmente. 6

7 7. Em interlocução com o órgão recorrido a indagou sobre a base legal para as informações dadas ao recorrente pela sua unidade regional. Foi obtida a seguinte resposta: As informações fornecidas pelo Plantão Fiscal ao recorrente na Gerência de Santa Maria, no dia 1/04/201, encontram respaldo na jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, especificamente, na Orientação Jurisprudencial Nº 38, da Seção de Dissídios Individuais I SDI I, abaixo transcrito: 38. SALÁRIO MÍNIMO E PISO SALARIAL PROPORCIONAL À JORNADA REDUZIDA. POSSIBILIDADE (DJ ) Havendo contratação para cumprimento de jornada reduzida, inferior à previsão constitucional de oito horas diárias ou quarenta e quatro semanais, é lícito o pagamento do piso salarial ou do salário mínimo proporcional ao tempo trabalhado. No que tange à possibilidade de efetuar a jornada 12x36 pode-se remeter à súmula Nº 444, do Tribunal Superior do Trabalho, abaixo transcrita: SUMULA 444. JORNADA DE TRABALHO. NORMA COLETIVA. LEI. ESCALA DE 12 POR 36. VALIDADE. - Res. 18/2012, DEJT divulgado em 2, 26 e republicada em decorrência do despacho proferido no processo TST-PA / DEJT divulgado em É valida, em caráter excepcional, a jornada de doze horas de trabalho por trinta e seis de descanso, prevista em lei ou ajustada exclusivamente mediante acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva de trabalho, assegurada a remuneração em dobro dos feriados trabalhados. O empregado não tem direito ao pagamento de adicional referente ao labor prestado na décima primeira e décima segunda horas (sic). (grifos meus) (...) 8. Observa-se que os trechos citados da jurisprudência do TST são suficientes para responder a dúvida do recorrente, considerando que informam sobre a licitude da remuneração proporcional à jornada de trabalho de 36 horas, assim como informam os pré-requisitos para a validade da jornada diferenciada da categoria profissional do recorrente. 7

8 9. Registra-se que a jurisprudência do TST possui força normativa na ausência de legislação específica para o assunto e, sendo assim, a entendeu que a entrega dessas informações pelo órgão recorrido ao cidadão, seriam suficientes para esclarecer a dúvida do recorrente. Em efeito, após interlocução com a, o órgão recorrido entregou ao cidadão, em enviado no dia 11/06/201, cópia da resposta acima citada. 10. Importante assinalar como o órgão recorrido o fez, que a LAI não possui como objetivo servir de mecanismo para a resolução de dúvida aos cidadãos, tampouco para ratificar formalmente esclarecimentos sobre dúvidas prestados nos orgãos e entidades. Entretanto, diante da evidência de que as informações prestadas pelo órgão recorrido à serviam à solução da dúvida do recorrente, prestou-se excepcionalmente o canal da LAI a atender o pleito em prol do acesso pelo cidadão da base legal sobre o tema tratado. Conclusão 11. De todo o exposto opina-se pela PERDA DO OBJETO do recurso interposto, visto entender que a base legal entregue ao cidadão caracteriza a perda do objeto do recurso interposto à, razão pela qual deva o feito ser extinto, fulcro no art. 2 da Lei 9.784/1999: Art. 2. O órgão competente poderá declarar extinto o processo quando exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente. SILVANA ANTUNES NEVES DE ARAÚJO Analista Técnico de Políticas Sociais 8

9 D E C I S Ã O No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria n da Controladoria-Geral da União, de 22 de agosto de 2.013, adoto como fundamento deste ato o parecer acima, para decidir pela perda do objeto do recurso interposto, nos termos do art. 23 do Decreto 7.724/2012, no âmbito do pedido de informação NUP /201-13, direcionado ao Ministério do Trabalho e Emprego. LUÍS HENRIQUE FANAN Ouvidor-Geral da União 9

10 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Folha de Assinaturas Documento: PARECER nº 1702 de 12/06/201 Referência: PROCESSO nº / Assunto: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Signatário(s): GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 12/06/201 Relação de Despachos: aprovo. GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 12/06/201 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: 3af7d9a6_8d2733e7a32739