Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União

Transcrição

1 Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União Referência: / Assunto: Restrição de acesso: Ementa: Órgão ou entidade recorrido (a): Recorrente: PARECER Recurso contra informação incompleta. Sem restrição. Pedido incompreensível Pedido de providência Denúncia Fora do escopo da LAI Não conhecimento Recomendações. Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) L.R.A.A. Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação, com base na Lei nº /2011, conforme resumo descritivo abaixo apresentado: RELATÓRIO Data Teor O cidadão submete o pedido: Magnífico Reitor [...], Pedido 29/09/2014 Faço o pedido de informação anexo e face às informações imprecisas recebidas e os fatos já apresentados em outros pedidos, então, peço as devidas providencias com urgência. Anexos: Informação da AGU Informação da Procuradoria da UFRJ Informação do Vice-diretor da COPPE Resposta Inicial 13/10/2014 Autoridade 21/10/2014 Superior O Serviço de Informação ao Cidadão (SIC) da UFRJ informa: O pedido feito por V.Sa. não se enquadra no escopo da Lei de Acesso à Informação. O cidadão recorre: Magnífico Reitor, Cumprimentando-o cordialmente, faço o recurso porque não vieram as informações solicitadas, lembrando que apontam indícios de irregularidades dos servidores da UFRJ que estiveram a frente nas ações judiciais. Resposta do 24/10/2014 O SIC da UFRJ responde: Não acatamos o presente recurso. Informamos anteriormente 21

2 Autoridade Superior Autoridade Máxima 28/10/2014 que o pedido não se enquadra no escopo da Lei de Acesso à Informação. O Serviço de Informação ao Cidadão/SIC não é o fórum adequado para discutir decisões no âmbito judicial. Entretanto há que se frisar que V.Sa. pode discutir esses assuntos em âmbito administrativo ou judicial procedendo de acordo com a legislação pertinente, segundo o rito administrativo e o rito judicial. O cidadão recorre: Magnífico [...], Faço o recurso uma vez que não foram prestadas as informações solicitadas e nem as providencias administrativas que o caso requer. Resposta do 31/10/2014 Autoridade Máxima CGU 07/11/2014 O SIC da UFRJ reitera resposta oferecida ao Autoridade Superior. À CGU, o cidadão apresenta o recurso: Cumprimentando-o(a) cordialmente, faço o recurso porque não vieram as informações que dizem respeito ao uso do indevido do judiciário, seja pela interposição de ação sem provas, seja pelo descumprimento de decisão judicial conforme os anexos. Os fatos possuem relação com os demais, especialmente, e- SIC / , , , , , e / É o relatório. Análise 2. Registre-se que o recurso foi apresentado perante a CGU de forma tempestiva e recebido na esteira do disposto no caput, inciso IV e 1º do artigo 16 da Lei nº /2011, bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no artigo 23 do Decreto nº 7.724/2012, in verbis: Lei nº /2011 Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: [...] 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias. 22

3 Decreto nº 7724/2012 Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso. 3. No que toca ao cumprimento do artigo 21 do Decreto nº 7.724/2012, observa-se que: não consta na resposta ao recurso de primeira instância que a autoridade que proferiu a decisão era a hierarquicamente superior à que proferiu a resposta inicial, assim como também não consta a identificação da autoridade que proferiu a decisão em segunda instância que deve ser o dirigente máximo do órgão/entidade. Verifica-se também que a UFRJ não informa em suas respostas a possibilidade de recurso, o prazo para propor o recurso e a autoridade competente para apreciá-lo (artigo 19, II do Decreto nº 7.724/2012), informações consideradas imprescindíveis para a correta orientação ao cidadão quanto ao processo de acesso à informação. 4. O recorrente apresenta a seguinte solicitação à UFRJ: Faço o pedido de informação anexo e face às informações imprecisas recebidas e os fatos já apresentados em outros pedidos, então, peço as devidas providencias com urgência (grifos nossos). Em anexo, insere três documentos: a. Cópia de resposta da AGU em pedidos de acesso à informação relativos a processo judicial (NUPs / e / ). Esses pedidos, esclareça-se, já foram apreciados em sede recursal por esta CGU cujo conteúdo não foi conhecido por não ter havido negativa de acesso; b. Cópia de pedido de acesso à informação NUP / apresentado à UFRJ para obtenção de cópia digital de documentos tramitados entre a AGU e a Procuradoria da UFRJ no âmbito de processo judicial. Esse pedido foi apreciado até a segunda instância recursal, não havendo recurso à CGU, e c. Cópia de pedido de acesso à informação NUP / que solicita esclarecimentos sobre situações supostamente ocorridas em processo judicial. Houve interposição de recurso à CGU, que não o conheceu, mas transmitiu seu conteúdo à Corregedoria-Geral da União (CRG). Ainda assim, o cidadão optou por recorrer à Comissão Mista de Reavaliação de Informações (CMRI). No momento, encontra-se pendente de decisão da CMRI. 23

4 5. Ao indicar que o pedido está em anexo, o recorrente não deixa clara a informação que deseja. Os documentos anexados, como visto no parágrafo anterior, versam sobre solicitações de acesso à informação em trâmite ou já tramitadas, tornando incompreensível o objeto que almeja. O pedido, portanto, carece de requisito imprescindível para seu conhecimento: III especificação, de forma clara e precisa, da informação requerida (artigo 12, III, do Decreto nº 7.724/2012). 6. Verifica-se também que o cidadão demanda providência... face às informações imprecisas recebidas e os fatos já apresentados em outros pedidos.... Apesar de também não ser claro e preciso o pedido de providência, é relevante esclarecer que o procedimento estabelecido pela Lei nº /2011 trata de pedidos de informação, cujo conceito abrange, segundo o disposto no artigo 4, I:... dados processados ou não, que podem ser utilizados para produção e transmissão de conhecimento, contidos em qualquer meio, suporte ou formato. Desse modo, solicitações de providências assim como pedidos de explicações, consultas, inquirições, dentre outros não são acolhidas por meio da legislação de acesso à informação. 7. No recurso que submete à Autoridade Superior, o recorrente afirma haver indícios de irregularidades de servidores da UFRJ. Já no recurso à CGU, o cidadão menciona uso indevido do judiciário e aduz que os fatos do pedido teriam relação com outras solicitações por ele submetidas via procedimento de acesso à informação. Nesse contexto, é oportuno reiterar que os pareceres proferidos nos NUPs / ; / ; / ; / ; / ; / ; / e / opinaram por encaminhar extenso conteúdo de denúncia sobre supostas irregularidades trazidas pelo recorrente à Corregedoria-Geral da União (CRG), órgão da CGU responsável pelas atividades de correição. O cidadão, inclusive, recebeu orientações desta OGU/CGU (por meio do Ofício nº 30676/2014/OGU/CGU-PR, de 18/11/2014) para transmitir quaisquer futuras documentações pertinentes àquele conteúdo diretamente à CRG. 8. A despeito de esse encaminhamento já ter sido providenciado nos casos mencionados, é importante reforçar que o modo mais adequado para o recebimento e tratamento de denúncias dá-se por meio diverso do procedimento previsto pela Lei nº 24

5 12.527/2011. Orientações sobre o correto canal para a apresentação de denúncias referentes a procedimentos e ações de agentes, órgãos e entidades do Poder Executivo Federal podem ser acessadas no endereço eletrônico No e-ouv, novo sistema para o recebimento de manifestações de Ouvidoria, o cidadão poderá concentrar os argumentos e transmitir os arquivos sobre os fatos que deseje relatar de modo mais célere, diferentemente do processo de acesso à informação, que, em virtude da natureza de seus objetivos, tem duração maior, por prever instâncias e prazos recursais a serem seguidos para a análise adequada da informação pretendida. 9. Após realizar o exame de diversos recursos do mesmo requerente em pedidos de acesso a informações, é possível identificar um padrão de oferecimento de manifestações de Ouvidoria por meio do procedimento da Lei nº /2011, apesar das orientações que já lhe foram transmitidas sobre o correto canal existente para esse fim. Nesse contexto, faz-se necessário salientar que, consoante a Lei do Processo Administrativo, o administrado deve proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé (artigo 4º, II, Lei nº 9.784/1999), deveres estes a serem observados em sua relação com a Administração Pública. 10. Em tempo, registre-se que a análise inicial do NUP / demonstra relação entre os anexos do presente processo e aquele pedido de acesso à informação. Assim, apesar de ambos pedidos não estarem formulados de maneira adequada, informe-se ao cidadão que os anexos contidos nesta solicitação serão considerados no exame do NUP / , aplicando-se, assim, o princípio do formalismo moderado em prol do administrado. Conclusão 11. De todo o exposto, opina-se pelo não conhecimento do recurso por não ser compreensível o pedido de informação e por não estar o pedido de providência abrangido pelo escopo da Lei nº / Recomenda-se ao cidadão observar as finalidades e objetivos da Lei de Acesso à Informação, em especial quanto ao escopo dos pedidos que formula no e-sic. Caso seu interesse seja apresentar denúncias, é preciso reiterar que este não é o 25

6 canal adequado, podendo fazê-las em canal mais célere e especializado: Por fim, observamos que a recorrida descumpriu procedimentos básicos da legislação de acesso a informações. Nesse sentido, recomenda-se orientar a autoridade de monitoramento competente da UFRJ para que reavalie os fluxos internos de modo a assegurar o cumprimento das normas de forma eficiente e adequada. Recomenda-se, em especial: a) Que a Autoridade responsável por decidir os recursos de primeira instância seja diferente e hierarquicamente superior àquela que adotou a decisão inicial; b) Que a autoridade que responde os recursos de segunda instância seja o dirigente máximo do órgão/entidade; c) Informar em suas respostas inicial e recursais sobre a possibilidade de recurso, o prazo para propor o recurso e a autoridade competente para apreciá-lo. MÔNICA BULHÕES E SILVA Analista de Finanças e Controle D E C I S Ã O No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria nº da Controladoria-Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como fundamento deste ato, o parecer acima para decidir pelo não conhecimento do recurso interposto, nos termos do artigo 23 do Decreto nº 7.724/2012, no âmbito do pedido de informação nº / direcionado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). LUÍS HENRIQUE FANAN Ouvidor-Geral da União 26

7 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Folha de Assinaturas Documento: PARECER nº 884 de 07/04/2015 Referência: PROCESSO nº / Assunto: Recurso contra Informação Incompleta. Signatário(s): GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 07/04/2015 Relação de Despachos: aprovo. GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 07/04/2015 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: 36ad6d71_8d23f5965d60731