CGU Controladoria-Geral da União OGU Ouvidoria-Geral da União Coordenação-Geral de Recursos de Acesso à Informação

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1 Controladoria-Geral da União OGU Ouvidoria-Geral da União Coordenação-Geral de Recursos de Acesso à Informação PARECER Referência: / Assunto: Restrição de acesso: Ementa: Órgão ou entidade recorrido (a): Recorrente: R. N. S. Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Não há restrição de acesso. O cidadão requer informações diversas sobre a ocorrência de atos violentos nas dependências das unidades do Banco do Brasil Interesse público. Negativa sem fundamentação legal Sigilo comercial. Risco à competitividade Acata-se a argumentação do recorrido Recurso conhecido e desprovido - Recomendação Banco do Brasil S. A. - BB Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação com base na Lei nº /2011, conforme resumo descritivo abaixo apresentado: RELATÓRIO ATO DATA TEOR Pedido 22/02/2015 Resposta Inicial 26/03/2015 Solicito as seguintes informações referentes aos últimos 05 (cinco) anos: - Número de arrombamentos sem violência pessoal, ocorridos fora do expediente, que provocaram prejuízos materiais nas unidades do BB; - Número de vítimas não fatais, funcionários ou não do BB, que tiveram ferimentos em decorrência de ações de violência dentro das unidades do Banco; - Número de vítimas fatais, funcionários ou não do BB, que tiveram óbito em decorrência de ações de violência dentro das unidades do Banco; - Número de vítimas, funcionários ou não do BB, que sofreram grave ameaça, porém sem ferimentos ou óbito, dentro das unidades do Banco; - Número de vítimas fatais, funcionários ou ex-funcionários do BB, que cometeram suicídio dentro ou fora das unidades do Banco. "Em relação ao pedido de informação sobre o "Número de arrombamentos sem violência pessoal, ocorridos fora do expediente, que provocaram prejuízos materiais nas unidades do BB;" informamos que: 1. O Banco do Brasil, enquanto Instituição que atua no Mercado Bancário, regida por leis específicas de direito privado e pelos princípios de livre concorrência, existe, também, pelo fato de que os clientes bancários, ao escolherem investir ou depositar seus recursos, nesta ou naquela instituição, tem como um dos princípios basilares a solidez e segurança que a instituição proporciona e, portanto, deve resguardar as informações de caráter estratégico que, vindas a público, poderiam causar severo desbalanceamento concorrencial face aos demais bancos, causando danos às estratégias corporativas e prejuízos à competitividade. 2. Essa informação solicitada, de caráter estratégico, justifica o

2 resguardo ao sigilo da informação danos à concorrência comercial/empresarial, própria de sua atividade típica. 3. Finalmente, convém ressaltar que a própria Controladoria- Geral da União, em casos análogos, acolheu negativa de provimento da informação, fundamentada no 1º, do artigo 5º, do Decreto nº 7.724/12, in verbis: A divulgação de informações de empresas públicas, sociedade de economia mista e demais entidades controladas pela União que atuem em regime de concorrência, sujeitas ao disposto no art. 173 da Constituição, estará submetida às normas pertinentes da Comissão de Valores Mobiliários, a fim de assegurar sua competitividade, governança corporativa e, quando houver, os interesses de acionistas minoritários. Atenciosamente, Paulo Bougleux de Andrade Filho Gerente de Divisão" Segue a manifestação da Dipes em resposta aos demais itens: "Prezado Senhor Roberto, Em atenção ao seu questionamento, ressaltamos que não cabe ao BB, no âmbito da Lei de Acesso à Informação, se manifestar em tese sobre fatos ocorridos, se foram cumpridos ou não os procedimentos, normas ou leis vigentes, nem mesmo analisar, avaliar ou interpretar ocorrências, decisões ou procedimentos. Conforme o disposto no inciso I do artigo 4º da Lei nº /11, informação, para os efeitos da lei, significa dados, processados ou não, que podem ser utilizados para produção e transmissão de conhecimento, contidos em qualquer meio, suporte ou formato. O artigo 7º da Lei nº /11, por sua vez, delimita o conceito do pedido de acesso à informação para os efeitos da Lei: Art. 7º O acesso à informação de que trata esta Lei compreende, entre outros, os direitos de obter: I - orientação sobre os procedimentos para a consecução de acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontrada ou obtida a informação almejada; II - informação contida em registros ou documentos, produzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou não a arquivos públicos; III - informação produzida ou custodiada por pessoa física ou entidade privada decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado; IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada; V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e entidades, inclusive as relativas à sua política, organização e serviços; VI - informação pertinente à administração do patrimônio público, utilização de recursos públicos, licitação, contratos administrativos; e VII - informação relativa: a) à implementação, acompanhamento e resultados dos programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, bem como metas e indicadores propostos; b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas de contas realizadas pelos órgãos de controle interno e externo, incluindo prestações de contas relativas a exercícios anteriores. Sendo assim, verifica-se que o objeto da solicitação não se caracteriza como um pedido de informação, visto que não consiste em um dado pronto e não se enquadra em nenhuma das hipóteses descritas na Lei, já que requer uma análise, um estudo por parte da Instituição. Atenciosamente, Denize C. Stefani Gerente de Divisão" Recurso à Autoridade Superior 26/03/2015 O senhor R. N. S. reiterou seu pedido alegando que não há argumento legal para a negativa de acesso e que a informação solicitada é de interesse público, pois revela o risco que se apresenta aos funcionários e clientes no ambiente das unidades do BB. 2

3 Resposta do Recurso à Autoridade Superior 31/03/2015 O Banco do Brasil ratificou as respostas ao pedido inicial. Recurso à Autoridade Máxima 01/04/2015 Trata-se de informação de interesse público visto que o Banco é local de atendimento ao público, portanto, o Banco do Brasil dever informar se POSSUI ou NÃO POSSUI a informação solicitada. Se possui, deve entregar ou classifica-la conforme a LAI por autoridade competente. Reitero pedido inicial visto que o BB não justifica legalmente a negativa de acesso à informação. Trata-se de informação relativa à violação de segurança de funcionários e clientes dentro e fora das unidades da instituição, por conta das atividades desta. Portanto, é informação de interesse público saber o risco que se apresenta aos funcionários e clientes no ambiente das unidades do BB. As informações deveriam estar consolidadas pelos potentes sistemas informatizados do BB e deveriam estar disponíveis ao público em geral. Assim como os órgãos públicos de segurança divulgam as ocorrências de falha de segurança, também o BB naquilo que interessa ao público deve divulgar. O Princípio da LAI 12527/11 é a observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção. A exceção deve ser provada com enquadramento conforme artigos 23 a 30 da LAI 12527/11. Resposta do Recurso à Autoridade Máxima 06/04/2015 Com relação ao primeiro item do pedido de acesso a informação, o senhor Marcos Ricardo Lot nega o fornecimento da informação alegando sigilo comercial. Segundo ele, a informação solicitada é extremamente sensível e de caráter estratégico, e que seu fornecimento poderia causar danos ao Banco frente à concorrência. Também declara que o Banco não possui os dados prontos da forma que foram solicitados. Seria necessário fazer o cruzamento de dados de sistemas corporativos, o que demandaria tempo e estudos por parte das áreas do banco. Dessa forma, entende que o pedido é desproporcional e desarrazoado, e que exigiria trabalho adicional significativo. Com relação às demais solicitações, o senhor Marcos declarou que tais dados inexistem nos arquivos do BB. Deixa registrado que o requerente já registrou 571 pedidos de acesso a informação direcionados ao Banco do Brasil, o que caracterizaria um uso desarrazoado e desproporcional do seu direito de acesso a informação. Alega que os recorrentes pedidos do senhor R. N. S. ferem os princípios da eficiência, razoabilidade e boa fé do administrado frente à Administração Pública, acabando por onerar a estrutura do Banco e prejudicar sua eficiência operacional e, consequentemente, os acionistas minoritários. Recurso à 06/04/2015 O recorrente insiste em obter a informação referente ao primeiro item do seu pedido. Segundo ele, os dados são de fácil obtenção, não é sigilosa e não feriria aspectos concorrenciais, pois não foram solicitados detalhamentos. Abre mão das outras informações, já que o BB alegou que não as possui. Análise É o relatório. 2. Quanto ao cumprimento do art. 21 do Decreto n.º 7.724/2012, observa-se que consta da resposta que a autoridade que proferiu a decisão, em primeira instância, era a hierarquicamente superior à que adotou a decisão inicial. Porém, a autoridade que proferiu a decisão em segunda instância não foi o dirigente máximo do órgão/entidade, mas uma autoridade delegada pelo mesmo. 3. No que tange os requisitos de admissibilidade, registre-se que o recurso foi apresentado a de forma tempestiva e recebido na esteira do disposto no caput e 1º do art. 16 da Lei nº 3

4 12.527/2011, bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto nº 7724/2012, nestes termos: Lei nº /2011 Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria- Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: (...) 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias. Decreto nº 7724/2012 Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso. 4. O objeto do presente pedido de acesso a informação é a obtenção de informações acerca de atos violentos ocorridos nas dependências do Banco do Brasil, tais como assaltos, arrombamentos, violência física, homicídios e suicídios. 5. A negativa de fornecer a informação solicitada no primeiro item do pedido de acesso - Número de arrombamentos sem violência pessoal, ocorridos fora do expediente, que provocaram prejuízos materiais nas unidades do BB - se baseia no grau de sensibilidade da informação em si. Segundo o BB, a publicização de dados dessa natureza tem o potencial de causar prejuízos à instituição, pois poderia gerar danos à sua imagem frente à concorrência. Esse argumento deve ser acatado, visto que não é objetivo da Lei de Acesso a Informação provocar tais danos aos órgãos e instituições que a ela estão sujeitas. Sob esse ponto de vista, o pedido se caracteriza como desarrazoado e não merece ser atendido. 6. Com relação aos outros itens do pedido, o recorrido declarou não possuir as informações solicitadas. Tal argumento foi, inclusive, acatado pelo recorrente no texto do recurso à. Porém, caso o Banco as possuísse, a negativa de acesso se daria pelo mesmo argumento utilizado para o primeiro item. O argumento apresentado pela senhora Denize C. Stefani, Gerente de Divisão do BB, de que o artigo 7º da Lei nº /11 delimita o conceito de pedido de acesso a informação, não pode ser aceito. O próprio caput do referido artigo deixa bastante claro que o rol elencado em seus incisos possui caráter exemplificativo, não se esgotando nas possibilidades por ele elencadas. Art. 7º O acesso à informação de que trata esta Lei compreende, entre outros, os direitos de obter: (...) Conclusão 7. De todo o exposto, acata-se o argumento do recorrido e opina-se conhecimento e desprovimento do recurso ora interposto à, devido ao caráter desarrazoado do pedido. 8. Por fim, observamos que o recorrido descumpriu o art. 21 do Decreto n.º 7.724/2012. Nesse sentido, recomenda-se orientar a autoridade de monitoramento competente que reavalie 4

5 os fluxos internos para assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso à informação, de forma eficiente e adequada aos objetivos legais, em especial, recomenda-se que a autoridade responsável por responder ao recurso de segunda instância seja a autoridade máxima da entidade. ISABELLA BRAUN SANDER Servidora requisitada D E C I S Ã O No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria n da Controladoria-Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como fundamento deste ato, o parecer acima, para decidir pelo conhecimento e desprovimento do recurso interposto, nos termos do art. 23 do referido Decreto, no âmbito do pedido de informação nº / , direcionado ao Banco do Brasil BB. LUÍS HENRIQUE FANAN Ouvidor-Geral da União 5

6 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Folha de Assinaturas Documento: PARECER nº 1634 de 08/06/2015 Referência: PROCESSO nº / Assunto: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação Signatário(s): GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 08/06/2015 Relação de Despachos: aprovo. GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 08/06/2015 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: 94761cbb_8d a59