CGU Controladoria-Geral da União OGU Ouvidoria-Geral da União Coordenação-Geral de Recursos de Acesso à Informação

Transcrição

1 Controladoria-Geral da União OGU Ouvidoria-Geral da União Coordenação-Geral de Recursos de Acesso à Informação PARECER Referência: / Assunto: Restrição de acesso: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Sem restrição. Ementa: Imposto rural dentro do escopo da LAI necessidade de trabalhos adicionais acata-se a argumentação do recorrido conhecido e desprovido. Órgão ou entidade recorrido (a): Recorrente: Ministério da Fazenda MF. J.A.M. Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação com base na Lei nº /2011, conforme resumo descritivo abaixo apresentado: RELATÓRIO ATO DATA TEOR Pedido 02/02/2015 ASSUNTO: SOLICITAÇÃO DE INFORMAÇÕES MF/SRFB - REFERENTE A ARRECADAÇÃO DO IMPOSTO TERRITORIAL RURAL ITR, MÊS A MÊS DOS MUNICIPIOS PERTENCENTES A UNIDADE FEDERATIVA DO ESTA-DO DO MATO GROSSO DO SUL MS - REFERENTE AO EXERCICIO DE PERÍODO JANEIRO a DEZEMBRO. J.A.M., RG [...], inscrito no CPF/MF sob o nº [...], residente na [...], [...] respeitosamente vem, à honrosa presença de Vossa Excelência, com base na Lei de Acesso à Informação (Lei n 12527, de 18 de novembro de 2011, Regulamentada pelo Decreto n 7724, de 16 de maio de 2.012) ao cidadão que vier a solicitar, como prevê a Constituição Federal de 1988, e assim solicita as informações que segue: SOLICITAÇÃO DE INFORMAÇÕES MF/SRFB - REFERENTE A ARRECADAÇÃO DO IMPOSTO TERRITORIAL RURAL ITR, MÊS A MÊS DOS MUNICIPIOS PERTENCENTES A UNIDADE FEDERATIVA DO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL MS - REFERENTE AO EXERCICIO DE PERÍODO JANEIRO a DEZEMBRO. A presente solicitação tem como base legal a CF, o princípio Constitucional da Publicidade dos atos do Poder Executivo quanto a Arrecadação e Repasse dos Recursos Tributários da União, em referência a transparência que se submete o Poder Público em geral, assim informar o solicitado com base na Lei de Acesso à Informação (Lei n 12527, de 18 de novembro de 2011, Regulamentada pelo Decreto n 7724, de 16 de maio de 2.012), a todo cidadão. E por fim, aguardar-se o solicitado desta Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, fazendo-se cumprir a Lei de Acesso à Informação dos Dados da Administração Pública, a todo e qualquer cidadão que vier a exercer sua cidadania.

2 Resposta Inicial 24/02/2015 A presente Nota SIC visa analisar o pedido de informação do interessado em epígrafe, feita nos termos da Lei nº , de 18 de novembro de O interessado solicita arrecadação do Imposto sobre a Propriedade Rural, por mês, dos Municípios do Estado do Mato Grosso do Sul relativo ao período de janeiro a outubro de Inicialmente, cumpre informar que se trata de pedido idêntico feito pelo interessado em 31/10/2014, conforme registro de protocolo de nº Por fim, registra-se que o pedido do interessado foi respondido por esta Secretaria da Receita Federal do Brasil, nos termos da Nota SIC nº 132/2014 de 04/12/2014, conforme e-processo / Recurso à Autoridade Superior 05/03/2015 Assunto: Recurso em 1ª Instância referente à Solicitação das informações referentes à Arrecadação do ITR, dos municípios pertencentes à UF/MS, no período Janeiro a Dezembro de 2014, em resposta Nota SIC n 24/2015 Brasília, 09 de fevereiro de 2.015, e processo / J.A.M., CPF [...], residente e domiciliado na [...], vem mui respeitosamente a V.Sas., recorrer em Primeira Instância, da resposta encaminhada através da Nota SIC n 24/2015 Brasília, de 09 de fevereiro de 2015, e com base no disposto no art. 19, inc. II, c/c o art. 21, caput, do Decreto n.º 7.724, de 2012, apresenta o recurso como segue: A solicitação das informações de 02 de fevereiro de 2015 recebeu o Protocolo e Sic n , após a devida prorrogação teve sua resposta enviada e-processo , em 24 de Fevereiro de 2015, através da Nota SIC n 24/2015 Brasília, de 09 de fevereiro de 2015, assinado e datado digitalmente em conjunto por E.A.C. - Auditor-Fiscal da Receita Federal; M.M.G.L. - Chefe do CETAD; e C.R.M. - Coordenador Substituto da Copan. Na referida da Nota SIC n 24/2015 Brasília, de 09 de fevereiro de 2015, registra-se que o pedido foi respondido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, nos termos da Nota SIC n 132/2014 de 04/12/2014, conforme e-processo / ; Preliminarmente, consta da Nota SIC n 24/2015 Brasília, de 09 de fevereiro de 2015 e assim, venho salientar que o pedido referente a Solicitação das Informações com registro de protocolo n sobre a Arrecadação do ITR, dos municípios pertencentes à UF/MS, é idêntico na sua essência e forma de pedir /solicitar, mas com períodos diferentes do anterior, com registro de protocolo n , de 31 de outubro de 2014, portanto, as solicitações são distintas, diferentes quanto ao período e independentes; E, na Nota SIC n 24/2015 Brasília, de 09 de fevereiro de 2015, menciona que o protocolo n , de 31 de outubro de 2014, e-processo , sendo o correto a se constar na Nota SIC n 24/2015 o e-processo ; E ainda, no que se refere ao protocolo n , de 31 de outubro de 2014, e-processo , e a Nota SIC n 132/2014, de 04 de dezembro de 2014, diante da insatisfação da resposta, recorreu-se em 1ª Instância em 22 de dezembro de 2014 Secretário-Adjunto da Receita Federal do Brasil, e até a presente data V.Sas., não se manifestaram tendo o prazo de resposta em 29 de dezembro de 2014 (anexo junt.), o que cabe uma reclamação por parte do solicitante, mas ainda não a fez em decorrência da nova solicitação completa (janeiro a dezembro 2014), e ainda, pela transição de cargos e nomeações, sendo que, ainda é considerada em tramitação; Na referida Nota SIC n 24/2015, encaminhada não atende a solicitado, sendo assim, considerada 2

3 Resposta do Recurso à Autoridade Superior Recurso à Autoridade Máxima Resposta do Recurso à Autoridade Máxima Não se aplica 20/03/ /03/2015 pelo ponto de vista da solicitação com toda clareza, como uma resposta não satisfatória, pois foge completamente ao solicitado, constante no protocolo n , de 02 de fevereiro de 2015 (Informações referentes à Arrecadação do ITR, dos municípios pertencentes à UF/MS, no período Janeiro a Dezembro de 2014), entendendo o recorrente como sendo uma maneira protelatória de negar e não fornecer as informações públicas ao cidadão, ferindo o que é amparado pela Lei n /2011 e os princípios da Constituição Federal. Portanto, a informações solicitadas do ITR arrecadação dos municípios da UF/MS, nos protocolos n e protocolo n , são solicitações distintas, diferentes e independentes; se enquadrando na LAI, e assim, aguarda o que foi previamente solicitado, fazendo-se cumprir a legislação em vigor, pois MF/RFB é o órgão detentor e centralizador das informações de toda arrecadação tributária, previstos na Lei n /2005, que regulamentou o art. 153 Constituição Federal. Não respondido. Ocorre um descumprimento no prazo de resposta do recurso de primeira instancia encaminhado em 05 de março de 2015, tendo prazo de resposta conforme LAI, art. 15 paragrafo único em 05 dias que venceu em 10/03/2015, se caracterizando como omissão de resposta. Portanto aguarda-se o cumprimento da LAI. Inicialmente, cumpre esclarecer que o pedido de informação ora em análise, registrado no SIC com NUP , tem como como objeto a arrecadação do ITR dos municípios do Estado de Mato Grosso do Sul referente ao período de janeiro a dezembro de 2014, englobando o objeto do pedido de informação registrado no SIC com NUP , e no e-processo sob nº / , que trata da arrecadação do ITR dos municípios do Estado de Mato Grosso do Sul referente ao período de janeiro a outubro de Trata-se, portanto, em parte, do mesmo pedido. Registra-se que o pedido de informação referente ao NUP , que tem como objeto a arrecadação do ITR dos municípios do Estado de Mato Grosso do Sul referente ao período de janeiro a outubro de 2014 foi negado, e o recurso de 1ª instância interposto pelo interessado foi indeferido pelo Senhor Secretário-Adjunto da Receita Federal do Brasil em 5 de março de 2015, com fulcro nos fundamentos do Parecer RFB/Asesp nº 17, de 4 de março de 2015, em especial em razão do disposto nos incisos II e III do artigo 13 do Decreto nº 7.724, de 16 de maio de Não há registro de que o interessado tenha interposto recurso de 2ª instância. Em que pese o exposto, o recurso ora em comento foi submetido à consideração do Cetad que ratificou a informação de que o pedido do recorrente contempla um universo de informações de contribuintes, com alto grau de complexidade, sendo desarrazoado, e seu atendimento exigiria trabalhos adicionais de análise, interpretação e consolidação de informações. Assim, repisa-se a conclusão de que o pedido de acesso à informação, que tem como objeto a arrecadação do ITR dos municípios do Estado de Mato Grosso do Sul referente ao período de janeiro a dezembro de 2014, não pode ser atendido, em razão do disposto nos incisos II e III do artigo 13 do Decreto nº 7.724, de 16 de maio de 2012, que assim dispõem: Art. 13. Não serão atendidos pedidos de acesso à informação: II - desproporcionais ou desarrazoados; ou III - que exijam trabalhos adicionais de análise, 3

4 interpretação ou consolidação de dados e informações, ou serviço de produção ou tratamento de dados que não seja de competência do órgão ou entidade. A orientação acima foi repisada no art. 15 da Portaria MF nº 233, de 26 de junho de 2012, que estabelece os procedimentos a serem adotados, no âmbito do Ministério da Fazenda, para atender o disposto na Lei nº , de 18 de novembro de 2011, e no Decreto nº 7.724, de 2012, conforme segue: Art. 15. Não serão atendidos pedidos de acesso à informação: II - desproporcionais ou desarrazoados; ou III - que exijam trabalhos adicionais de análise, interpretação ou consolidação de dados e informações, ou serviço de produção ou tratamento de dados que não seja de competência do órgão ou entidade. Pelo exposto, a manifestação é pelo não provimento do recurso. Recurso à 27/03/2015 Assunto: Recurso em 3ª Instância referente à Solicitação das informações referentes à Arrecadação do ITR, dos municípios pertencentes à UF/MS, no período Janeiro a Dezembro de 2014, com base no art. 16, inciso IV da Lei /2011 (LAI) regulamentada pelo Decreto n.º 7.724/2012. J.A.M., CPF [...], [...], residente e domiciliado na [...], vem mui respeitosamente a V.Sas, por força do art. 16, inciso IV da Lei /2011 (LAI) regulamentada pelo Decreto n.º 7.724/2012, vem recorrer em Terceira Instância à Controladoria-Geral da União -, e apresenta as alegações sob a forma de recurso como segue: A solicitação das informações de 02 de fevereiro de 2015 recebeu o Protocolo e Sic n , após a devida prorrogação teve sua resposta enviada e-processo , em 24 de Fevereiro de 2015, através da Nota SIC n 24/2015 Brasília, de 09 de fevereiro de 2015, assinado e datado digitalmente em conjunto por E.A.C. - Auditor-Fiscal da Receita Federal; M.M.G.L. - Chefe do CETAD; e C.R.M. - Coordenador Substituto da Copan. Na referida da Nota SIC n 24/2015 Brasília, de 09 de fevereiro de 2015, registra-se que o pedido foi respondido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, nos termos da Nota SIC n 132/2014 de 04/12/2014, conforme e-processo / ; Inconformado com a resposta encaminhada ao solicitado e constante da referida Nota SIC n 24/2015 Brasília, de 09 de fevereiro de 2015, encaminhou recurso em Primeira Instância em 05 de março de 2015, previsto no art.15 da LAI, ao Sr. Secretário-Adjunto da Receita Federal do Brasil, que tinha como prazo de resposta do recurso, a data 10 de março de 2015, o que não foi respondido; Diante da omissão de resposta do Sr. Secretário-Adjunto da Receita Federal do Brasil, que tinha como prazo de resposta do recurso a data 10 de março de 2015, foi encaminhado ao seu superior hierárquico recurso em Segunda Instância na data de 20 de março de 2015, com prazo de resposta a data de 27 de março de Na data de 27 de março de 2015, recebi a cópia do Parecer RFB/Asesp/n 26, de 26 de março de 2015 Assessoria Especial, em seu item 9 manifesta pelo não provimento do recurso, que assina e aprova presente despacho decisório do Chefe da Assessoria Especial Sr. A.D.L., o Secretário-Adjunto da Receita Federal do Brasil Sr. L.F.T.N., que foi omisso na resposta da recurso em 1ª instancia. Portanto, a informações solicitadas do ITR arrecadação dos municípios da UF/MS, no protocolo n , esta sendo Negado o acesso à informação pela Receita Federal do Brasil nas instâncias anteriores, apresentando em suas defesas e alegações desproporcionais e desarrozoadas, e de trabalhos adicionais de análise, interpretação ou consolidação de dados e informações, sendo o órgão detentor e centralizador das informações de dados de toda arrecadação tributária, competência prevista na Lei n /2005, que regulamentou o art. 153 da Constituição Federal do Brasil, assim venho até V.Sa., com base no amparo da LAI dirigir o pedido em recurso de Terceira Instância, o acesso às informações referentes à Arrecadação do ITR, dos municípios pertencentes à UF/MS, no período Janeiro a Dezembro de 2014, em vista 4

5 ao desfecho das instâncias anteriores. Solicitação de Esclarecimentos Adicionais 16/04/2015 A encaminhou Solicitação de Esclarecimentos Adicionais, solicitando o que segue: (1) A informação existe no formato solicitado? (2) Tendo em vista relevante interesse público. E tendo em vista que as informações serão agregadas por município, o que impossibilita a identificação de cada contribuinte, respeitando, dessa forma, o sigilo fiscal. Há possibilidade de produzir a informação no formato solicitado? (3) Em resposta recursal, o Ministério da Fazenda afirma que o pedido do recorrente contempla um universo de informações de contribuintes, com alto grau de complexidade, sendo desarrazoado, e seu atendimento exigiria trabalhos adicionais [...]. Levando em conta que o cidadão solicita informações por município e não por contribuinte, pergunta-se: não é o caso de filtrar as informações existentes por munícipio? Já que o Mato Grosso do Sul possui apenas 79 municípios, esse trabalho não seria simples e rápido? (4) Estimar o impacto administrativo que acarretaria o atendimento ao pedido, inclusive (se possível) estimar o quantitativo de homens/hora necessário para produzir a informação no formato solicitado. Esclarecimentos Adicionais 13/05/2015 (1) A informação solicitada não existe pronta no formato solicitado, mas pode ser produzida no formato solicitado a partir dos sistemas informatizados da RFB. (2) Tendo em vista o interesse público, a RFB divulga a arrecadação de cada um dos tributos, inclusive do Imposto Territorial Rural (ITR), por Estado da federação, desde Tal informação encontra-se disponível no sítio da internet da RFB: idg.receita.fazenda.gov.br/ dados/ receitadata/ arrecadacao/ arrecada-caopor-estado. Importante ressaltar que a divulgação da arrecadação do ITR por município pode, sim, ensejar a quebra de sigilo fiscal, uma vez que pequenos municípios podem ter poucos proprietários rurais em suas áreas. Neste fato reside a necessidade de minuciosa análise dos resultados por auditor-fiscal, para que, caso essa ocorrência seja identificada, a informação não seja disponibilizada ao público, pois entende-se que os dados de arrecadação de uma pessoa física ou pessoa jurídica específica estariam sendo disponibilizados, ferindo-se, desse modo, o disposto no art. 198 do Código Tributário Nacional. (3) Conforme já exposto na resposta ao item 2, a complexidade da análise reside no fato de verificar-se os contribuintes do ITR município a município. Municípios pequenos onde uma pessoa jurídica possui propriedade rural com grande área, por exemplo, poderiam ensejar a fácil identificação do proprietário. Nesse fato reside a real complexidade da tarefa que, à primeira vista, poderia parecer simples em termos de mera confecção e disposição dos dados. Por fim, cabe informar que o requerente já fez pedidos similares para os seguintes Estados da Federação: Santa Catarina, Distrito Federal, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo, todos negados pelos motivos citados. (4) Uma estimativa inicial seria de 35 a 40 horas de dedicação exclusiva de um auditor-fiscal, no mínimo, considerando-se aí a montagem da consulta nos sistemas da RFB, a extração dos dados, a montagem da apresentação dos resultados e a análise dos resultados, que é a parte mais complexa da demanda. É o relatório. Análise 5

6 2. Quanto ao cumprimento do art. 21, caput, do Decreto nº 7.724/2012, observa-se que o recurso oposto pelo cidadão em 1ª instância não foi respondido pelo órgão/entidade. Ademais, em segunda instância consta que a autoridade que proferiu a decisão não foi o dirigente máximo do órgão/entidade. 3. No que tange os requisitos de admissibilidade, registre-se que o recurso foi apresentado à de forma tempestiva e recebido na esteira do disposto no caput e 1º, do art. 16, da Lei nº /2011, bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23, do Decreto nº 7724/2012, nestes termos: Lei nº /2011 Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: [...] 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias. Decreto nº 7724/2012 Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso. 4. Outrossim, cumpre destacar que o pedido do cidadão encontra-se dentro do escopo da Lei de Acesso à Informação, conforme previsto no artigo 7º da mesma Lei, pois incide sobre informação produzida e/ou acumulada por órgãos ou entidades da Administração Pública. Tal pedido resume-se ao acesso às informações referentes à arrecadação do Imposto Territorial Rural ITR, mês a mês, de janeiro a dezembro de 2014, discriminadas por Município do Estado do Mato Grosso do Sul MS. 5. Uma vez que possibilita eventual identificação de contribuintes, o pedido trata de conteúdo que pode abarca informações protegidas por sigilo fiscal. Como alega a recorrida em esclarecimentos adicionais, municípios pequenos onde uma pessoa jurídica possui propriedade rural com grande área, por exemplo, poderiam ensejar a fácil identificação do proprietário. Nesse sentido, ressalta-se que o sigilo fiscal é uma exceção ao direito de livre acesso à informação, conforme previsto no art. 6º, 6

7 inciso I, do Decreto nº 7.724/2012, combinado com art. 198, do Código Tributário Nacional, in verbis: Decreto nº 7.724/2012 Art. 6 o O acesso à informação disciplinado neste Decreto não se aplica: I - às hipóteses de sigilo previstas na legislação, como fiscal, bancário, de operações e serviços no mercado de capitais, comercial, profissional, industrial e segredo de justiça. Código Tributário Nacional Art Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada a divulgação, por parte da Fazenda Pública ou de seus servidores, de informação obtida em razão do ofício sobre a situação econômica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros e sobre a natureza e o estado de seus negócios ou atividades. 6. Como há um grupo de contribuintes passíveis de identificação, haveria necessidade de tratamento da informação solicitada antes de ser disponibilizada ao recorrente. Essa atividade é complexa, já que exige um estudo caso a caso de potencial identificação de contribuintes, não se tratando tão somente de extração de dados nos sistemas da Receita Federal do Brasil RFB. 7. Para extração dos dados, montagem da apresentação dos resultados e análise dos resultados obtidos, a recorrida faz uma estimativa inicial de 35 a 40 horas de dedicação exclusiva de um auditor-fiscal. Dessa forma, o pedido não deve ser atendido, nos termos do art. 13, inciso III, do Decreto nº 7.724/2012, abaixo transcrito, haja vista a exigência de trabalhos adicionais para o seu fiel atendimento. Decreto nº 7.724/2012 Art. 13. Não serão atendidos pedidos de acesso à informação: [...] III - que exijam trabalhos adicionais de análise, interpretação ou consolidação de dados e informações, ou serviço de produção ou tratamento de dados que não seja de competência do órgão ou entidade. 8. Por derradeiro, cabe destacar que, tendo em vista o interesse público, a divulgação da arrecadação de cada um dos tributos, inclusive do Imposto Territorial Rural ITR, por Estado da federação, encontra-se disponível no sítio da internet da RFB: fazenda.gov.br/dados/receitadata/arrecadacao/arrecadacao-por-estado. A divulgação da arrecadação por Estado não contraria a proteção por sigilo fiscal, pois a informação está suficientemente agregada, a ponto de não possibilitar eventual identificação de contribuintes. 7

8 Conclusão 9. De todo o exposto, acata-se o argumento do recorrido e opina-se pelo conhecimento e, no mérito, pelo desprovimento do recurso interposto, visto entender que há necessidade de trabalhos adicionais. 10. Ademais, recomenda-se orientar a autoridade de monitoramento do Ministério da Fazenda MF que reavalie os fluxos internos, para assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso à informação, de forma eficiente e adequada aos objetivos da referida Lei e de seu regulamento, em especial no que tange ao art. 21, do Decreto nº 7.724/2012. GABRIEL CALEFFI ESTIVALET Analista de Finanças e Controle 8

9 D E C I S Ã O No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria n da Controladoria- Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como fundamento deste ato, o parecer acima, para decidir pelo desprovimento do recurso interposto, nos termos do art. 23 do Decreto 7.724/2012, no âmbito do pedido de informação nº / , direcionado ao Ministério da Fazenda MF. LUÍS HENRIQUE FANAN Ouvidor-Geral da União 9

10 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Folha de Assinaturas Documento: PARECER nº 1722 de 15/06/2015 Referência: PROCESSO nº / Assunto: Lei de Acesso à Informação Signatário(s): GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 15/06/2015 Relação de Despachos: aprovo. GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 15/06/2015 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: 510b1612_8d275a156c946a7