Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER

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1 Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER Referência: /20-50 Assunto: Restrição de acesso: Ementa: Órgão ou entidade recorrido (a): Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Sem restrição Recorrente: D.F. M. O cidadão solicita informações diversas acerca do registro de jornalistas junto ao Ministério do Trabalho O cidadão alega formato inadequado A entidade realiza tentativa de franqueamento de acesso Análise da CGU: Acata-se a argumentação do recorrido. Não conhecimento. MTE Ministério do Trabalho e Emprego Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação pública, com base na Lei nº /2011, conforme resumo descritivo abaixo apresentado: RELATÓRI O Data Pedido 07/08/20 Teor O cidadão solicita informações nos seguintes termos: Requer informação sobre o RE n , em 17/09/2009, que alega a corregedoria geral da administração do estado de são paulo, que os jornalistas nao precisam de registro no Ministério do Trabalho. O Sindicato dos jornalistas de são paulo, e o Ministério entendem que somente o diploma deixou de ser exigido e o registro mantem-se como necessário. Diante do impasse, da corregedora Cintia Beo da Corregedoria de São Paulo, requer informação do registro dos jornalistas junto ao 21

2 Resposta Inicial 27/08/20 Mtb (Sic) O cidadão envia, em anexo, entendimento do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, em que este argumenta que o único requisito afastado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) foi a obrigatoriedade do diploma constante do inciso V, do art. 4º do Decreto-lei n. 972/1969, mantendo-se incólume a exigência de registro no Ministério do Trabalho para o desempenho da função de Jornalista. O cidadão envia também manifestação da Corregedoria do Estado de São Paulo em que esta esclarece que a decisão do E. Supremo Tribunal Federal afirma que tanto a exigência de diploma quanto a de registro dos jornalistas no Ministério do Trabalho são inconstitucionais. Segundo o documento, o posicionamento da Corregedoria não se baseia somente na inexigibilidade do diploma, como também do registro. Apresenta-se para demonstrar a inexigibilidade do registro, decisão recente do STF em que o posicionamento é explicitado. O órgão apresentou resposta ao cidadão nos seguintes termos: Em atenção a sua mensagem, informamos que a direcionamos a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em São Paulo SRTE/SP, que presta as seguintes orientações: Para facilitarmos a resposta, reproduzmos o texto do requerente para organizarmos as informações. Requer informação sobre o RE n , em 17/09/2009, que alega a corregedoria geral da administração do estado de São Paulo, que os jornalistas não precisam de registro no Ministério do Trabalho. R- De fato, o julgamento pelo STF deste RE n , em 17/09/2009, determina que é inconstitucional a exigência de diploma e de registro profissional para o exercício da profissão de Jornalista. Esta foi a decisão. O Sindicato dos jornalistas de São Paulo, e o Ministério entendem que somente o diploma deixou de ser exigido e o registro mantenha se como necessário. Diante do impasse, da corregedora Cintia Beo da Corregedoria de São Paulo, requer informação do registro dos jornalistas junto ao Mtb. 22

3 Recurso à Autoridade Superior Resposta do Recurso à Autoridade Superior 27/08/20 28/08/20 R- O resultado desta decisão do STF repercutiu nas empresas de comunicação, nas universidades e nas Superintendências Regionais, onde houve considerações a respeito da relevância do diploma de nível superior, bem como a insistência das próprias empresas de comunicação na exigência do Registro Profissional para seus colaboradores. É a sociedade equilibrando os ditames da lei e da jurisprudência de nosso Egrégio Tribunal pois é justamente ela, a Sociedade, que torna as normas vigentes em organismo vivo e mutante. A liberdade de requerer o Registro Profissional pertence a própria pessoa, mas, em virtude da decisão proferida, o profissional da área de jornalismo, mesmo que não tenha diploma de nível superior ou nível técnico, poderá requerer o Registro Profissional de Jornalista em virtude da decisão do STF. Importante frisar que o Registro de Jornalista pela Liminar do STF é pleno pois, constitucionalmente, todos são iguais perante a lei e não é permitida a discriminação por nenhum argumento e a pessoa registrada por esta liminar poderá exercer qualquer função nesta categoria profissional. made- jornalismo-nao-e-necessario-para-exercer-a-profissao Sem mais no momento, colocamo-nos à disposição para maiores informações. (Sic) O cidadão requer que seja encaminhada resposta também via correspondência conforme pedido inicial. O órgão apresenta parecer da Ouvidora do IFMT em que o recurso do cidadão é indeferido, no entanto, o órgão envia GRU para pagamento dos custos de envio ao cidadão pelo mesmo. São cobrados os custos de reprodução, do envelope e do envio por SEDEX. No parecer, o órgão solicita que o cidadão, após pagamento da GRU, envie o comprovante 23

4 Recurso à Autoridade Máxima Resposta do Recurso à Autoridade Máxima Recurso à CGU 28/08/20 10/09/20 10/09/20 de pagamento para o ou para o fax informados pelo órgão. O cidadão apresenta recurso à autoridade máxima do órgão nos seguintes termos: Requer que seja recalculado valor do envio para correspondência simples registrada. Considerando que a lai nao determina que seja encaminhado via sedex. Considerando que foi requerida a resposta desde a inicial via correspondência, Suba este recurso a autoridade hierarquicamente superior. (Sic) Em resposta ao recurso à autoridade máxima, o órgão apresenta novo parecer da Ouvidora do órgão acompanhada de decisão de deferimento do Ministro de Estado do Trabalho e Emprego. O órgão envia nova GRU ao cidadão para que este ressarça os custos para envio da informação. Nessa oportunidade, são cobrados a reprodução gráfica, o envelope e o envio por meio de carta registrada. O órgão solicita que o cidadão encaminhe o comprovante para o ou para o número de fax indicados. O cidadão apresenta recurso à CGU nos seguintes termos: Considerando que a LAI não determina que a correspondência seja feita de forma registrada, que é um dos produtos dos correios, requer a reformulação do valor a correspondência simples. Ainda o órgãos não deu opção ou mencionou a possibilidade do requerente encaminhar declaração de pobreza. Considerando que a resposta inicial foi requerida via correspondência, não há que se falar em reprodução, pois a inicial deveria ter sido redigida já em formato físico. Reprodução entende-se como copia dos originais, e não como simples impressão da confecção do documentos. Análise É o relatório. 2. Registre-se que o Recurso foi apresentado perante a Controladoria-Geral da União de forma tempestiva e recebido na esteira do disposto no caput e no parágrafo 1º do artigo 16 da Lei nº 24

5 12.527, de 16 de maio de 2011, bem como em respeito ao prazo de dez dias previsto no artigo 23 do Decreto nº 7724, de 15 de maio de 2012, in verbis: Lei nº /2011 Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: (...) 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias. Decreto nº 7724/2012 Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso. 3. Quanto ao cumprimento do artigo 21 do Decreto n.º 7.724/2012, observa-se que a decisão relativa ao recurso em primeira instância foi proferida pela Ouvidora-Geral do órgão e a decisão relativa ao recurso em segunda instância pelo Ministro de Estado do Trabalho e Emprego, cumprindo-se o disposto no referido artigo. 4. O cidadão, em seu pedido inicial, confronta dois documentos em que há posicionamentos diversos a respeito da exigência do registro de jornalistas junto ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) para o exercício da profissão, e solicita o posicionamento do MTE sobre o assunto. O órgão responde ao cidadão, de forma clara, por meio do sistema e-sic, que o julgamento pelo STF do RE n , em 17/09/2009, determinou que seja inconstitucional a exigência de diploma e de registro profissional para o exercício da profissão de Jornalista. O órgão também apresenta informações complementares sobre o assunto ao cidadão. Não há negativa de acesso na resposta inicial do órgão. 5. Em seu recurso em primeira instância, o cidadão afirma que solicitou as informações por correspondência e requisita que o órgão envie as informações por esse meio. O órgão então realiza tentativa de franqueamento da informação pelo meio solicitado, calcula os custos de envio, por SEDEX e solicita que o cidadão realize o pagamento da GRU anexada à resposta, para que lhe seja enviada a correspondência. O cidadão, no entanto, não fica satisfeito com a resposta e apresenta recurso em segunda instância, por meio do qual, afirma que não há exigência, na LAI, para que a 25

6 correspondência seja enviada por SEDEX. Na ocasião, o cidadão solicita que a informação lhe seja enviada por meio de carta simples registrada. Com vistas a solucionar o problema, o órgão recalcula o valor, e envia novamente GRU ao cidadão. 6. Em seu recurso à Controladoria-Geral da União, solicita que o valor seja recalculado, reitera que a informação lhe seja enviada por meio de correspondência simples, reclama do fato do órgão não ter mencionado a possibilidade do requerente encaminhar declaração de pobreza e reclama da cobrança da impressão do documento. É evidente que o cidadão faz confusão entre os diversos serviços prestados pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, pois primeiramente solicitou correspondência simples registrada e depois somente carta simples. 7. Cabe observar que a informação solicitada foi entregue ao cidadão na resposta inicial, por meio do sistema e-sic. O envio da informação por correspondência física, apesar de recomendada em certos casos, quando o cidadão solicita essa forma de envio, não é considerada obrigatória com base nos preceitos da Lei nº /11, haja vista que a atuação do Estado deve zelar ora pela segurança, ora pela celeridade e ainda pela economicidade, tudo em conformidade com as exigências do caso concreto. Observa-se que decisões anteriores a recursos apresentados pelo mesmo cidadão já abordaram a questão: / O envio da resposta por correspondência não é instrumento previsto de forma obrigatória pela LAI e pelo Decreto no 7.724/2012. Os artigos 15 e 17 desse Decreto tratam das formas de disponibilizar a informação ao cidadão, sendo o envio ao endereço físico do solicitante uma das opções existentes. No entanto, essa forma de envio não é prevista de modo obrigatório e gratuito. O art. 4º do mesmo Decreto dispõe acerca da possibilidade de cobrança do valor referente aos custos de reprodução e postagem, a qual deve ser realizada de acordo com o disposto no art / Lei de Acesso à Informação, Lei n /11, e o Decreto n 7.724/12 não obrigam os órgãos da Administração Pública a enviar a informação solicitada pelo cidadão em formato impresso. O envio da informação, mediante requisição do requerente, embora seja uma prática recomendável, é uma faculdade do Poder Público, a qual tem seus procedimentos disciplinados pela legislação garante do direito humano à informação / No entanto, deve-se ficar claro que, embora seja uma prática recomendável, a legislação de acesso à informação não obriga que os órgãos do Poder 26

7 Público ofereçam ao cidadão a possibilidade de envio da informação concedida em formato diferente do digital. A Lei n /11 e o Decreto n 7.724/12 são claros em facultar essa possibilidade à Administração Pública, indicando os caminhos para a efetivação desse procedimento. 8. O envio da informação ao requerente em formato impresso deve ser providenciada às expensas do cidadão, e não da Administração Pública, com exceção dos casos em que o indivíduo não tenha condições de arcar com os custos do procedimento, conforme o disposto no artigo 4º do Decreto nº 7.724/2012: Art. 4 o A busca e o fornecimento da informação são gratuitos, ressalvada a cobrança do valor referente ao custo dos serviços e dos materiais utilizados, tais como reprodução de documentos, mídias digitais e postagem. 9. No parágrafo único do referido artigo, determina-se que está isento de ressarcir os custos dos serviços e dos materiais utilizados aquele cuja situação econômica não lhe permita fazê-lo sem prejuízo do sustento próprio ou da família, declarada nos termos da Lei nº 7.115, de 29 de agosto de Cabe observar que, em nenhuma das instância internas ao órgão, o cidadão afirma estar na condição de isento, sendo que a ele cabia esse ônus. Ao apresentar o recurso em segunda instância, o cidadão solicita que seja recalculado o valor, sem realizar menção a possível condição de pobreza. Apenas em seu recurso à CGU, o cidadão, que, conforme registro no e-sic, possui curso superior e é servidor público estadual, reclama do fato de não ter sido dada ao mesmo a opção de encaminhar a declaração de pobreza. 10. A questão relacionada ao fornecimento de declaração de pobreza, a solicitação de que a informação lhe seja enviada por correspondência simples ao invés de carta registrada e a reclamação quanto ao pagamento da impressão, são inovações em sede recursal, porquanto, em instâncias internas ao órgão o cidadão dispôs-se a pagar os custos e solicitou que a informação lhe fosse enviada por meio de correspondência registrada. O ordenamento jurídico pátrio veda a inovação de pedidos em fase de recurso por entender que a prática cerceia os direitos constitucionais do contraditório e da ampla defesa, ante a supressão de instância. Segue jurisprudência pertinente ao tema: APELAÇÃO CÍVEL - EMBARGOS À EXECUÇÃO - IPTU - FATOS NOVOS NA APELAÇÃO - IMPOSSIBILIDADE - INOVAÇÃO 27

8 RECURSAL - CONFIGURADA. (AC PR , Relator(a): Dimas Ortencio de Mello, 09/06/2009, 3ª Câmara Cível, DJ: 177. Tratando-se de fatos novos, não apreciados em sentença de primeiro grau, não pode ser conhecida a apelação sob pena de configurar em supressão de instância. RECURSO NÃO CONHECIDO. 11. Cabe observar que a resposta recebida por meio do e-sic é válida, uma vez que esse sistema é meio oficial de comunicação com o cidadão, criado especificamente para o atendimento de pedidos de acesso à informação. Observam-se precedentes de decisões da Controladoria-Geral da União nesse sentido: / o sistema e-sic é um meio legítimo e oficial para se proceder ao acesso à informação. Portanto, uma vez franqueada a informação por meio do e-sic ou qualquer outro meio facilitado pela legislação, o órgão público desobriga-se perante o requerente / deve-se ficar claro para o requerente que as respostas enviadas por meio do sistema E-Sic aos pedidos de acesso à informação são respostas oficiais dos órgãos/entidades do Poder Público. Dessa maneira, caso queira fazer alguma denúncia com base em uma resposta recebida de qualquer órgão público, neste formato, poderá fazê-lo. 12. No caso apresentado, houve a disponibilização da informação solicitada ao cidadão nos termos originalmente fixados, de modo que não cabe recurso à Controladoria-Geral da União. Este órgão tem competência para analisar recursos em que há negativa de acesso à informação solicitada pelo órgão demandado, conforme o disposto no artigo 16 da Lei nº /11 in verbis: Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: I - o acesso à informação não classificada como sigilosa for negado; II - a decisão de negativa de acesso à informação total ou parcialmente classificada como sigilosa não indicar a autoridade classificadora ou a hierarquicamente superior a quem possa ser dirigido pedido de acesso ou desclassificação; III - os procedimentos de classificação de informação sigilosa estabelecidos nesta Lei não tiverem sido observados; e IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros procedimentos previstos nesta Lei. 28

9 13. A despeito disso, há que se considerar que o MTE, aparentemente, neste caso concreto, optou discricionariamente por enviar o documento por SEDEX para garantir não apenas a celeridade na entrega da informação, mas em especial a certeza de a informação seria fornecida ao recorrente mediante registro formal da entrega, o que não é possível através da carta simples, conforme exigido pelo cidadão no recurso dirigido à CGU. Conclusão. Considerando que as informações solicitadas foram entregues integralmente ao cidadão na resposta inicial por meio do sistema e-sic; considerando que o órgão, em sede recursal, ainda que não possuísse tal obrigação procurou, mediante ressarcimento dos custos, enviar a informação por correio, conforme solicitado pelo cidadão; considerando, ainda, que, em seu recurso à CGU, o cidadão apresenta inovações e que é razoável zelar pela segurança quando da entrega das informações; com base no artigo 16 da Lei nº /2011 e com base na jurisprudência relacionada à matéria discutida nestes autos, opino pelo não conhecimento do recurso. CRISTIANA MARTINELLO DA COSTA Servidora Requisitada 29

10 D E C I S Ã O No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria n da Controladoria-Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como fundamento deste ato, o parecer acima, para decidir pelo não conhecimento do recurso interposto, nos termos do art. 23 do referido Decreto, no âmbito do pedido de informação nº /20-50, direcionado ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). JOSÉ EDUARDO ROMÃO Ouvidor-Geral da União 210

11 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Folha de Assinaturas Documento: PARECER nº 3706 de 16/09/20 Referência: PROCESSO nº /20-50 Assunto: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Signatário(s): JOSE EDUARDO ELIAS ROMAO Ouvidor Assinado Digitalmente em 16/09/20 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: b5_8d19ff7c3a1ea3e