CGU Controladoria-Geral da União OGU Ouvidoria-Geral da União Coordenação-Geral de Recursos de Acesso à Informação

Transcrição

1 Controladoria-Geral da União OGU Ouvidoria-Geral da União Coordenação-Geral de Recursos de Acesso à Informação PARECER Referência: / Assunto: Restrição de acesso: Ementa: Órgão ou entidade recorrido (a): Recorrente: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Sem restrição. Solicita relação de nomes dos beneficiários de pagamentos realizados pelo TCE- GO entre dezembro de 2014 e março de 2015 Dentro do Escopo da LAI / Negativa sem fundamentação legal Necessidade de Trabalhos Adicionais / Sigilo Bancário - Acata-se a argumentação da recorrida Conhecido e Desprovido BB Banco do Brasil S.A. F.S.C. Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação com base na Lei nº /2011, conforme resumo descritivo abaixo apresentado: RELATÓRIO ATO DATA TEOR Pedido 09/04/2015 Requerente solicita relação de nomes dos beneficiários de pagamentos realizados pelo TCE-GO entre dezembro de 2014 e março de 2015, conforme pedido transcrito a seguir: [...] O BB encontra-se subordinado aos regramentos da Lei nº /11 (Lei de Acesso à Informação LAI); da mesma forma os Tribunais de Contas (art. 1º, p. ún. e seus incisos I e II). Conforme externado pelo Supremo Tribunal Federal, não se cabe falar em sigilo bancário quando se trata de verba pública (MS /DF) nem se pode restringir o acesso à informação aos salários dos servidores públicos (SS 3.902/SP, 2º Agravo Regimental). Com base nesses precedentes judiciais e no artigo 10 da LAI, solicito-lhes me seja encaminhada por , em formado PDF ou EXCEL, relação contendo nome das pessoas, físicas e jurídicas, beneficiárias de pagamentos realizados pelo Tribunal de Contas do Estado de Goiás nos meses de

2 dezembro de 2014, janeiro, fevereiro e março de Em sua resposta inicial, a recorrida negou o atendimento alegando não ser de sua competência a disponibilização da informação solicitada, conforme resposta transcrita a seguir: Resposta Inicial 12/05/2015 [...] O Banco do Brasil não é o órgão competente para responder a sua solicitação, tendo em vista que atua apenas como custodiante da informação. O gestor da informação, responsável pela sua produção, tratamento e disponibilidade, nos termos da Lei /2011, é o Tribunal de Contas do Estado de Goiás. Desta forma, orientamos registrar pedido no Portal de Informação ao Cidadão do Tribunal de Contas do Estado de Goiás no endereço eletrônico: Obs.: Vale ainda registrar que antes de responder, o BB reencaminhou o pedido para o Ministério de Justiça, que por sua devolveu o pedido para o BB, diante do que o prazo de atendimento foi dilatado em aproximadamente 10 dias. Insatisfeito, o requerente entrou com recurso de 1ª. Instancia contestando o argumento utilizado pelo BB para não disponibilização da informação: Recurso à Autoridade Superior 22/05/2015 [...] Com o devido respeito, o artigo 7º, inciso III, c/c art. 5º, ambos da Lei nº /2011 é expresso em garantir a todos o direito de obter acesso à informação também do seu custodiante, a saber: "Art. 7o O acesso à informação de que trata esta Lei compreende, entre outros, os direitos de obter:... III - informação produzida ou custodiada por pessoa física ou entidade privada decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado". Resposta do Recurso à Autoridade Logo, reconhecido pelo próprio BB que ele é custodiante da informação pública e sendo dever legal do custodiante dessa informação disponbilizá-la a quem a requerer (conforme dispositivo legal acima citado), o presente recurso deve ser provido. 29/05/2015 O recurso não foi conhecido pelo BB, que alegou a necessidade de trabalhos adicionais para atendimento ao pedido conforme transcrito a seguir: 2

3 Superior Recurso à Autoridade Máxima [...]Não obstante o Banco do Brasil seja custodiante da informação solicitada, cabe ao Tribunal de Contas do Estado de Goiás, como fonte primária da informação, a responsabilidade acerca da disponibilidade da informação, devido à probabilidade de existência de algum tipo de sigilo. Sendo assim, a publicidade da informação não pode ocorrer sem que haja prévia consulta ao TCE-GO, e sua devida autorização. Por tal razão, o recorrido orientou ao requerente a possibilidade de solicitar as informações diretamente à entidade primária, indicando, inclusive, o sítio da internet do SIC do TCE-GO. A insistência do recorrente em solicitar que as informações sejam fornecidas pelo Banco, e não pelo TCE-GO, demandaria do BB um trabalho de pesquisa em seus sistemas das informações e períodos solicitados; do envio destas informações ao TCE-GO para indicação da existência de sigilo, bem como para autorização para disponibilidade e publicidade; e, conforme o caso, do tarjamento de informações sigilosas ou dados pessoais. Tal situação configuraria a exigência de trabalho adicionais, nos termos do artigo 13, III, do Decreto nº 7.724/ /06/2015 Inconformado, o requerente entrou com recurso à autoridade máxima, por considerar insatisfatória a justificativa apresentada pelo BB, conforme se segue: [...] As informações solicitadas se restringem aos nomes dos beneficiários de pagamentos pelo TCE-GO, nada mais, nem sequer CPF foi solicitado, menos ainda os valores pagos, mas, somente, repita-se, o nome das pessoas beneficiárias de pagamentos realizados pelo TCE-GO. Logo, não há que se pensar, nem remotamente, na existência de sigilo dos nomes das pessoas que recebem recursos públicos, até porque, para haver sigilo, que é exceção (inciso I do artigo 3º da Lei nº /2011), necessária a chancela de sigilo por meio da prévia observância de procedimento específico, delineado nos artigos 23 e ss. da lei supracitada. Embora não falada, mas prevendo que se possa tentar alegar tratar-se de matéria referente a informações pessoais (art. 31 da Lei), também descabe qualquer assertiva nesse sentido, porquanto o Supremo Tribunal Federal, no ARE , com Repercussão Geral, julgou legítima a divulgação oficial da remuneração de servidores públicos na internet, cabendo destacar, uma vez mais, que sequer se solicitou informação quanto aos valores percebidos, mas somente o nome dos 3

4 Resposta do Recurso à Autoridade Máxima 08/06/2015 beneficiários desses pagamentos com recursos públicos. [...] A propósito da informação pleiteada, cabe esclarecer, uma vez mais, que ela é imprescindível ao requerente, pois já foi detectada a existência de alguns nomes de pessoas que trabalham no TCE-GO, mas cujos nomes não constam na página de transparência da Corte de Contas, necessitando o requerente, por isso, fazer a circularização dessas informações, como prescreve o item 10, inciso IV, da IN nº 01, de 06 de abril de 2001, da Secretaria Federal de Controle Interno do Ministério da Fazenda. Em atenção ao recurso em segunda instância, a recorrida mais uma vez não conheceu do recurso, utilizando-se para tanto da mesma argumentação anterior acrescida dos seguintes pontos: [...] 5.4 O Banco, na condição de depositário de recursos movimentáveis à ordem do TCE-GO, eventualmente pode realizar movimentações a débito do mesmo, cumprindo-lhe verificar tão somente a regularidade da ordem e a existência de saldo disponível. Não é exigível ao Banco, enquanto mero depositário de recursos à ordem, conhecer da motivação das transferências ordenadas pelo TCE-GO. Assim, relativamente à movimentação dos recursos financeiros pelo referido Tribunal, desconhece o Banco a natureza jurídica dos negócios que lhe deram causa, não podendo informar tratarem-se de pagamentos ou não. Recurso à 5.5 Pelos mesmos motivos acima elencados, ou seja, o desconhecimento do negócio e da motivação, desconhece o Banco a classificação que eventualmente o Tribunal tenha atribuído à informação. Assim, a publicidade da informação requerida poderia violar o art. 6º, III, da Lei no / /06/2015 Ainda assim, o requerente interpôs recurso junto à conforme transcrição a seguir: 1. Com o devido respeito às equivocadas respostas apresentadas, de acordo com magistério de Sarlet, a informação subjacente ao direito é uma função pública, tal fato denota que a informação não mais é somente um elemento do direito subjetivo para transformar-se em um autêntico direito-dever (dos emissores) com o objetivo de satisfazer o(s) direito(s) dos indivíduos de receber informação (o veraz possível, não importa) completa e objetiva (in Direito à informação e o direito de acesso à informação como direitos fundamentais na constituição brasileira Ingo 4

5 Wolfgang Sarlet e Carlos Alberto Molinaro - Revista da AGU, Ano XIII, n. 42, p , out/dez 2014). 2. O direito fundamental à liberdade de manifestação tem como elemento o direito à informação, que abarca tanto a liberdade de informação, quanto os direitos à informação, incluindo o direito de acesso à informação em face dos órgãos estatais; por isso, devem ser observados os princípios abaixo: Princípio 1. Divulgação Máxima - A legislação sobre liberdade de informação deve ser guiada pelo princípio da máxima divulgação; Princípio 2. Obrigação de Publicar - Os órgãos públicos devem ter a obrigação de publicar informações essenciais; Princípio 3. Promoção de um Governo Aberto Os órgãos públicos precisam promover ativamente a abertura do governo; Princípio 4. Abrangência Limitada das Exceções - As exceções devem ser clara e estritamente definidas e sujeitas a rigorosos testes de dano e interesse público ; Princípio 5. Procedimentos que facilitem o Acesso - Os pedidos de informação devem ser processados com rapidez e justiça, com a possibilidade de exame independente caso haja recusa; Princípio 6. Custos - As pessoas não devem ser impedidas de fazer pedidos de informação em razão dos altos custos envolvidos; Princípio 7. Reuniões Abertas - As reuniões de órgãos públicos devem ser abertas ao público; Princípio 8. A Divulgação tem Precedência - As leis que não estejam de acordo com o princípio da máxima divulgação devem ser revisadas ou revogadas; Princípio 9. Proteção para os Denunciantes - Os indivíduos que trazem ao público informações sobre atos ilícitos os denunciantes precisam ser protegidos. 3. Ainda nas palavras de Sarlet, O acesso às informações em poder do Estado e os mecanismos de controle democrático são elementos essenciais à participação cidadã nos negócios públicos (na res publica), pois uma maior participação cidadã resulta em maior transparência da administração pública com o objetivo de aprimorar o controle democrático e a prestação de contas à sociedade por parte do governo. O direito à informação, ou o direito de acesso a informações detidas pelas autoridades públicas, frise-se, é um ingrediente fundamental na responsabilização e participação democrática. 5

6 4. Embora assim seja, o BB, contrariando o princípio da abrangência limitada das exceções, supõe algo inexistente para não conhecer do pedido de acesso à informação, o que, à toda evidência, contraria o direito fundamental de acesso à informação do ora recorrente. 5. É de se notar que o posicionamento do BB contraria a remansosa jurisprudência do STF, já revelada no anteriormente mencionado ARE , bem assim a mais nova decisão da Corte Suprema, agora no MS 33340, na qual se deliberou que Operações de crédito entre BNDES e JBS/Friboi não estão cobertas pelo sigilo bancário (in idconteudo=292332). 6. Destaque-se que a ratio decidendi do julgamento acima mencionado consiste no entendimento de que Aquele que contrata com o BNDES deve aceitar que a exigência de transparência tão estimada em nossa República contemporânea para o controle da legitimidade dos que exercem o poder justifica o conhecimento por toda a sociedade de informações que possam influenciar seu desempenho empresarial. 7. Ora, se é assim para relações negociais com instituição financeira de crédito, com muito mais razão deve ser dada a informação apenas de nomes de beneficiários de pagamentos realizados pela Corte de Contas. 8. Negar essa informação, além de violar direito fundamental à informação, é negar a realização do controle social e possibilitar --- talvez até por cegueira deliberada --- que eventuais pagamentos escusos sejam realizados longe dos olhos da sociedade. 9. Fosse isso pouco, há chapada falha processual, pois as respostas aos recursos apresentaram fundamento diverso para não conhecimento do pleito, porquanto o pedido fora inicialmente indeferido tão somente ao argumento de o BB ser mero custodiante da informação --- condição necessária e suficiente para a entrega da informação solicitada, conforme preceituam os arts. 7º, III, e 8º da LAI ---, porém, em grau de recurso, já reconhecendo a situação da custodiante da informação e, em tese, o dever de prestar a informação pleiteada, inovou-se, argumentando, com base meramente em suposições, que pagamentos feitos pelo TCE-GO --- órgão público de controle externo da Administração Pública --- poderiam ter a chancela de sigilo e que as informações --- consistentes apenas nos nomes dos beneficiários de 6

7 pagamentos pelo TCE-GO --- deveriam ser tratadas pelo BB. 10. Ora, essa inovação fere frontalmente o princípio da nãosurpresa, eis que o não provimento de recurso deve ocorrer com base na demonstração do equívoco do pleito pelo mesmo fundamento que levou ao indeferimento, e não por outro completamente diverso que não fora aventado em peças precedentes. 2. Após análise preliminar, esta Controladoria julgou necessário buscar esclarecimentos adicionais junto ao Órgão recorrido, a fim de adequadamente instruir o presente e garantir o pleno exercício das competências que lhe atribuem o art. 16 da Lei /2011, sendo que em 08/07/2015 a recorrida encaminhou, por , a resposta para a solicitação de esclarecimentos enviada pela, conforme principais pontos transcritos a seguir: [...] Nâo obstante o requerente citar como fundamento em todas as instâncias decisões proferidas pelo STF, há que se considerar dois pontos. 1) As decisões do STF citadas pelo solicitante tratam da publicidade de operação de crédito com uso de recursos públicos, e da publicidade em sítio eletrônico da remuneração de servidores públicos. Todavia, a presente demanda possui abrangência muito maior, a saber: a "relação contendo nome das pessoas, físicas e jurídicas, beneficiárias de pagamentos realizados pelo Tribunal de Contas do Estado de Goiás nos meses de dezembro de 2014, janeiro, fevereiro e março de 2015." Ou seja, numa primeira fase caberia ao BB uma análise dos extratos de todas as contas correntes do TCE-GO (considerando que são várias contas), bem como: do sistema de pagamentos de funcionários vinculado a todas as contas do titular; do sistema de licitações para todas as contas do titular; do sistema de câmbio para todas as contas do titular; do sistema de transferências interbancárias (DOC/TED) para todas as contas do titular, entre tantas outras transações possíveis no Banco, que possuem sistemas próprios e que acarretam em possíveis pagamentos realizados pelo correntista a pessoas jurídicas e físicas. Ressalta-se que relativamente à movimentação dos recursos financeiros pelo referido Tribunal, desconhece o Banco a natureza jurídica dos negócios que lhe deram causa, não podendo informar trataremse de pagamentos ou não. Numa segunda fase, após extração de todos os dados no período solicitado, caberia ao BB o envio das informações extraídas ao TCE-GO para fins de análise da existência de sigilo, bem como para autorização para disponibilidade e publicidade. Assim, todo esse processo configuraria a exigência de trabalho adicional, nos termos do artigo 13, III, do Decreto nº 7.724/2012. [...] 2) Todavia, entendemos que, independente da necessidade de trabalho adicional, há que se relevar o fato do BB ser autoridade incompetente para conhecer do objeto do pedido de acesso à informação. A publicidade dos extratos de pagamentos de cliente 7

8 É o relatório. Análise por uma Instituição Financeira consiste, a princípio, em quebra de sigilo bancário, nos termos da Lei Complementar nº 105/2001. Ao tornar público as informações solicitadas, o BB está sujeito às penalidades previstas no artigo 10 da referida norma que assim dispõe: " A quebra de sigilo, fora das hipóteses autorizadas nesta Lei Complementar, constitui crime e sujeita os responsáveis à pena de reclusão, de um a quatro anos, e multa, aplicando-se, no que couber, o Código Penal, sem prejuízo de outras sanções cabíveis." Portanto, o simples fato do BB ser custodiante da informação não lhe dá permissão para quebra de qualquer tipo de sigilo. Para tanto, seria necessário autorização judicial ou requisição por parte de órgão fiscalizador. (Grifos nossos) 3. Quanto ao cumprimento do art. 21 do Decreto n.º 7.724/2012, observa-se que consta da resposta que a autoridade que proferiu a decisão, em primeira instância, era a hierarquicamente superior à que adotou a decisão inicial, ao passo que consta que a autoridade que proferiu a decisão, em segunda instância, foi o dirigente máximo do órgão/entidade. 4. No que tange os requisitos de admissibilidade, registre-se que o recurso foi apresentado a de forma tempestiva e recebido na esteira do disposto no caput e 1º do art. 16 da Lei nº /2011, bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto nº 7724/2012, nestes termos: Lei nº /2011 Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: (...) 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias. Decreto nº 7724/2012 Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da 8

9 União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso. 5. O requerente, em seu pedido inicial, solicitou relação contendo nome das pessoas, físicas e jurídicas, beneficiárias de pagamentos realizados pelo Tribunal de Contas do Estado de Goiás nos meses de dezembro de 2014, janeiro, fevereiro e março de No entanto, uma vez que em detrimento de todos os argumentos apresentados pelo recorrente, o BB não disponibilizou as informações solicitadas, o mesmo decidiu entrar com recurso à. 7. Importante ressaltar que até antes do contato por parte da, o BB havia fundamentado a sua negativa prioritariamente na necessidade de serem realizados trabalhos adicionais, tendo em vista que antes de fornecer a informação seria necessária consulta ao TCE-GO para definição de quais informações poderiam ser efetivamente disponibilizadas dentre os dados previamente levantados, seguida de eventual processo de tarjamento daquelas que fossem indicadas como confidenciais. 8. Diante da argumentação utilizada, esta Controladoria solicitou que fossem detalhados os esforços necessários para atendimento à referida demanda de modo a poder avaliar a real desproporcionalidade do pedido. 9. A análise da resposta apresentada pela recorrida à permite concluir que, além de os esforços adicionais necessários listados poderem ser considerados aderentes ao disposto no art. 13 do Decreto 7724/2012 Inciso III, foi apresentado ainda um motivo mais relevante para a negativa das referidas informações, a saber: impossibilidade de quebra do sigilo bancário das informações solicitadas, conforme Lei Complementar nº 105/ De fato, em regra, as informações referentes a créditos / débitos efetuados em contas bancárias são de natureza bancária e são de titularidade de clientes específicos. Assim sendo, embora a informação sobre nome dos servidores remunerados por meio de recursos públicos, que a priori é o real interesse por parte do requerente, seja indubitavelmente pública, resta necessário verificar no caso concreto, se pode o Banco do Brasil entregar diretamente tal informação. Nos termos do artigo 5º da lei complementar 105/2001, são informações cobertas por sigilo bancário: [...] Parágrafo 1o Consideram-se operações financeiras, para os efeitos deste artigo: I depósitos à vista e a prazo, inclusive em conta de poupança; II pagamentos efetuados em moeda corrente ou em cheques; 9

10 11. Assim sendo, verifica-se claramente que pagamentos efetuados em moeda corrente e/ou cheque teriam esta natureza para o Banco do Brasil, não podendo, o ente bancário entregar diretamente esta informação. 12. Diante do exposto, conclui-se que no caso da informação solicitada, o Banco do Brasil é mero agente financeiro e trata o Tribunal como todo e qualquer outro cliente, aplicando-se o sigilo bancário e, portanto, fora do escopo da Lei de Acesso à Informação. Conclusão 13. De todo o exposto, acata-se o argumento da recorrida e opina-se pelo conhecimento do recurso interposto e no mérito pelo desprovimento, por estar o Banco do Brasil, nos termos do artigo 22 da Lei /2011, impossibilitado de prestar a informação pretendida. CARLA CRISTINA GOMES ARÊDE Analista de Finanças e Controle D E C I S Ã O No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria n da Controladoria-Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como fundamento deste ato, o parecer acima, para decidir pelo desprovimento do recurso interposto, nos termos do art. 23 do Decreto 7.724/2012, no âmbito do pedido de informação nº / , direcionado ao BB Banco do Brasil S.A. LUÍS HENRIQUE FANAN Ouvidor-Geral da União 1 0

11 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Folha de Assinaturas Documento: PARECER nº 2037 de 10/07/2015 Referência: PROCESSO nº / Assunto: Parecer de recurso de 3a instancia Signatário(s): GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 10/07/2015 Relação de Despachos: aprovo. GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 10/07/2015 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: 7472f56a_8d28920dc5176a6