Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER

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1 Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER Referência: / Assunto: Restrição de acesso: Ementa: Órgão ou entidade recorrido (a): Recurso contra de cisão denegatória de acesso à informação. Não há restrição de acesso. Ato normativo Informação incorreta. Interesse pessoal Informação já disponibilizada. Canal alternativo Acata-se a argumentação do recorrido. Pedido fora do escopo Não conhecimento. Recomendação. Indicar a possibilidade de recurso, prazo correlato e autoridade para a qual será dirigido. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq. Recorrente: E.N.Z. Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação pública, com base na Lei nº 12.27/2011, conforme resumo descritivo abaixo apresentado: RELATÓRIO Data Teor Cidadão fez o seguinte questionamento: 22/01/201 Há algum dispositivo legal que obrigue o aluno da graduação Pedido sanduíche (Ciência sem Fronteiras) a concluir o curso na instituição de origem? Resposta Inicial 23/01/201 Em resposta à demanda do requerente, o órgão recorrido afirma que: 21

2 Recurso à Autoridade Superior Resposta do Recurso à Autoridade Superior 24/01/201 02/02/201 Que pedido semelhante a este já foi respondido ao demandante; Que a própria natureza da bolsa de graduação sanduíche no exterior SWG - pressupõe a obtenção do diploma de graduação na IES brasileira, conforme o item 1, do anexo VI, da Resolução Normativa CNPq 29/2012, a qual trata da finalidade da bolsa SWG: "FINALIDADE: Apoiar o aluno matriculado em curso de graduação no Brasil visando aperfeiçoar sua formação, com bolsa no exterior, e estimular suas competências e habilidades para o desenvolvimento cientifico e tecnológico, o empreendedorismo e a inovação." Que o requerente faça a leitura completa da norma citada em ED/1017/1690; Que para mais informações, o cidadão deve efetuar contato diretamente com canal competente para recebimento de demandas dos bolsistas SWG do CNPq, a saber, a Central de Atendimento, pelo e.mail atendimento@cnpq.br. Cidadão impetra recurso em segunda instância recursal, nos seguintes termos: Esclarece que fez a pergunta, novamente, pois quis ser mais claro e direto, tendo em vista que a primeira resposta que obteve não foi satisfatória; Que a sua pergunta não foi respondida, uma vez que no item 1, do anexo VI, da Resolução Normativa CNPq 29/2012, não há nenhuma afirmação referente à informação requisitada, ou seja, se há alguma obrigatoriedade de obtenção do diploma de graduação pelo bolsista do CSF na universidade brasileira de origem; Pede que sua dúvida seja encaminhada ao departamento jurídico do CNPQ, para que ele obtenha uma resposta oficial com base legal; Que as últimas duas respostas que lhe foram dadas pelo CNPQ não fazem sentido do ponto de vista jurídico. A Ouvidoria do CNPq informa que, conforme explicado no anexo VI da Resolução Normativa CNPq 29/2012, a finalidade da bolsa SWG é "apoiar o aluno matriculado em curso de graduação no Brasil visando aperfeiçoar sua 22

3 Recurso à Autoridade Máxima Resposta do Recurso à Autoridade Máxima Recurso à CGU É o relatório. 12/02/201 13/02/201 1/02/201 formação, com bolsa no exterior, e estimular suas competências e habilidades para o desenvolvimento científico e tecnológico, o empreendedorismo e a inovação." A norma é um instrumento jurídico baseado no direito administrativo. Houvesse uma possibilidade, prerrogativa e/ou um objetivo distinto da finalidade da bolsa, estes estariam detalhados no texto da própria norma. A norma completa pode ser acessada em 7/1690. Informa ainda que, caso o cidadão entenda que possa haver alguma alteração na situação de sua bolsa em curso, a qual aceitou pelo "Termo de Compromisso e Aceitação de Bolsa no Exterior", deverá encaminhar solicitação ao CNPq, o qual a avaliará, em acordo com o item 7.3 da RN 29/2012. Para bolsistas SWG do CNPq, o contato é recebido por meio do e.mail atendimento@cnpq.br. Cidadão afirma que a resposta ao seu recurso foi evasiva, uma vez que ele não questiona a finalidade do programa. Ressalta, novamente, que o seu questionamento é sobre a existência de dispositivo legal que indique a obrigatoriedade do aluno da graduação sanduíche, de acordo com o CSF edital 168/2013, de obter um diploma de graduação na sua IES de origem. A Presidência do CNPq entende que os esclarecimentos foram prestados. Reitera argumentação anterior. Análise 23

4 2. Registre-se que o Recurso foi apresentado à CGU de forma tempestiva e recebido na esteira do disposto no caput e 1º do art. 16 da Lei nº 12.27/2011, bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto nº 7724/2012, in verbi: Lei nº 12.27/2011 Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de (cinco) dias se: (...) 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de (cinco) dias. Decreto nº 7724/2012 Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso. 3. Quanto ao cumprimento do art. 21 do Decreto n.º 7.724/2012, observa-se que o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq obedeceu parcialmente as obrigações procedimentais contidas na norma. Faltou ao órgão recorrido indicar quais autoridades responderam os respectivos recursos de primeira e segunda instância, assim como o prazo para se recorrer a esta Controladoria-Geral da União. Art. 21. No caso de negativa de acesso à informação ou de não fornecimento das razões da negativa do acesso, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à autoridade hierarquicamente superior à que adotou a decisão, que deverá apreciá-lo no prazo de cinco dias, contado da sua apresentação. Parágrafo único. Desprovido o recurso de que trata o caput, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à autoridade máxima do órgão ou entidade, que deverá se manifestar em cinco dias contados do recebimento do recurso. 24

5 4. Verificou-se no processo de instrução do recurso em epígrafe que o requerente busca, na verdade, a interpretação sobre a aplicação dos dispositivos normativos que orientam a participação de bolsistas na política pública do governo federal denominada Ciências sem Fronteiras, na modalidade graduação sanduíche (SWG), em que o estudante cursa entre 12 e 18 meses de seu curso de graduação em uma Instituição de ensino estrangeira. Percebe-se, assim, que o requerimento do cidadão se trata de uma consulta jurídica sobre a possibilidade de abandono da Instituição de Ensino Superior Brasileira de origem, por parte do bolsista, após o término do programa de intercâmbio, sem que isso acarrete em penalização para este.. O próprio requerente afirma, em recurso dirigido à autoridade superior do órgão recorrido, que deseja que sua demanda seja encaminhada ao departamento jurídico do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico para que ele obtenha resposta em base legal. 6. A Lei n 12.27/11, Lei de Acesso à Informação estabelece em seu capítulo II os direitos para se obter o acesso às informações públicas e a sua divulgação. Nesse sentido, observe-se o capítulo 7 da referida lei: Art. 7 o O acesso à informação de que trata esta Lei compreende, entre outros, os direitos de obter: I - orientação sobre os procedimentos para a consecução de acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontrada ou obtida a informação almejada; II - informação contida em registros ou documentos, produzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou não a arquivos públicos; III - informação produzida ou custodiada por pessoa física ou entidade privada decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado; IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada; V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e entidades, inclusive as relativas à sua política, organização e serviços; VI - informação pertinente à administração do patrimônio público, utilização de recursos públicos, licitação, contratos administrativos; e VII - informação relativa: a) à implementação, acompanhamento e resultados dos programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, bem como metas e indicadores propostos; b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas de contas realizadas pelos órgãos de controle interno e externo, incluindo prestações de contas relativas a exercícios anteriores. 7. Percebe-se, portanto, que consultas jurídicas, isto é, pedidos de interpretação e aplicação de determinadas leis por órgãos públicos não fazem parte do escopo de direitos abarcados pela Lei de Acesso à Informação. Esta trata da disponibilização pública de informações e documentos em posse 2

6 de órgãos e de instituições públicas. Segundo o artigo 4 da mesma lei, entende-se informação como os dados, processados ou não, que podem ser utilizados para a produção e transmissão de conhecimento, contidos em qualquer meio, suporte ou formato; e documento como unidade de registro de informações, qualquer que seja o suporte ou formato. 8. Ademais, verificou-se correta a argumentação do órgão recorrido de que existe um canal específico para demandas dos bolsistas do programa Ciências sem Fronteiras. A Comissão Mista de Reavaliação de Informações, órgão colegiado responsável pela definição de processos de acesso à informação em última instância recursal, editou a seguinte Súmula sobre a questão: Súmula CMRI n 1/201 PROCEDIMENTO ESPECÍFICO Caso exista canal ou procedimento específico efetivo para a obtenção da informação solicitada, o órgão ou a entidade deve orientar o interessado a buscar a informação por intermédio desse canal ou procedimento, indicando os prazos e as condições para a sua utilização, sendo o pedido considerado atendido. 9. Na justificativa da súmula, afirma-se que na existência de canal ou procedimento específico e efetivo para obtenção da informação solicitada, presume-se satisfativa a resposta que o indique. No entanto, o documento deixa claro que o procedimento específico deve ser efetivo, ou seja, que possibilite ao cidadão atendimento satisfatório da sua demanda, como a observância de prazos e condições pré-determinadas. Caso isso não ocorra, a demanda deverá ser processada na forma de solicitação de informações. 10. No caso em questão, verificou-se que o CNPq de fato informou ao cidadão, na resposta do pedido inicial, o endereço de da Central de Atendimento pelo qual os estudantes bolsistas da graduação sanduíche podem dirimir suas dúvidas em relação ao programa de intercâmbio. Verificou-se também que o órgão recorrido disponibilizou ao requerente endereço na rede mundial de computadores onde constam as regras dos programas de graduação ofertados pela política pública em questão, sem, no entanto, fazer a interpretação almejada pelo cidadão. 11. Assim, acredita-se que o órgão recorrido tenha agido de acordo com os preceitos normativos da Lei de Acesso à informação, uma vez que o sistema e-sic não é mecanismo legítimo para se 26

7 realizar consultas jurídicas. Por conseguinte, o órgão indicou ao requerente o canal específico para o qual as demandas relativas ao programa Ciências sem Fronteiras devem ser dirigidas. Conclusão 12. De todo o exposto, opina-se pelo não conhecimento do referido recurso, uma vez que a informação solicitada está fora do escopo da LAI e o órgão recorrido indicou canal específico que atende à demanda do cidadão. 13. Por fim, observa-se que o recorrido descumpriu procedimentos básicos da Lei de Acesso à Informação. Nesse sentido, recomenda-se orientar a autoridade de monitoramento competente que reavalie os fluxos internos para assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso à informação, de forma eficiente e adequada aos objetivos legais, em especial recomenda-se: a) Informar em suas respostas ao cidadão a autoridade que tomou a decisão e os prazos para propor recursos. JORGE ANDRÉ FERREIRA FONTELLES DE LIMA Analista de Finanças e Controle 27

8 D E C I S Ã O No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria n da Controladoria-Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como fundamento deste ato, o parecer acima, para decidir pelo não conhecimento do recurso interposto, nos termos do art. 23 do referido Decreto, no âmbito do pedido de informação nº /201-64, direcionado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq. LUÍS HENRIQUE FANAN Ouvidor-Geral da União 28

9 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Folha de Assinaturas Documento: PARECER nº 713 de 19/03/201 Referência: PROCESSO nº / Assunto: Recurso contra de cisão denegatória de acesso à informação. Signatário(s): GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 19/03/201 Relação de Despachos: aprovo. GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 19/03/201 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: 1eefa2a4_8d ad8a1

10 Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER Referência: / Assunto: Restrição de acesso: Ementa: Órgão ou entidade recorrido (a): Recurso contra de cisão denegatória de acesso à informação. Não há restrição de acesso. Ato normativo Informação incorreta. Interesse pessoal Informação já disponibilizada. Canal alternativo Acata-se a argumentação do recorrido. Pedido fora do escopo Não conhecimento. Recomendação. Indicar a possibilidade de recurso, prazo correlato e autoridade para a qual será dirigido. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq. Recorrente: E.N.Z. Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação pública, com base na Lei nº 12.27/2011, conforme resumo descritivo abaixo apresentado: RELATÓRIO Data Teor Cidadão fez o seguinte questionamento: 22/01/201 Há algum dispositivo legal que obrigue o aluno da graduação Pedido sanduíche (Ciência sem Fronteiras) a concluir o curso na instituição de origem? Resposta Inicial 23/01/201 Em resposta à demanda do requerente, o órgão recorrido afirma que: 21

11 Recurso à Autoridade Superior Resposta do Recurso à Autoridade Superior 24/01/201 02/02/201 Que pedido semelhante a este já foi respondido ao demandante; Que a própria natureza da bolsa de graduação sanduíche no exterior SWG - pressupõe a obtenção do diploma de graduação na IES brasileira, conforme o item 1, do anexo VI, da Resolução Normativa CNPq 29/2012, a qual trata da finalidade da bolsa SWG: "FINALIDADE: Apoiar o aluno matriculado em curso de graduação no Brasil visando aperfeiçoar sua formação, com bolsa no exterior, e estimular suas competências e habilidades para o desenvolvimento cientifico e tecnológico, o empreendedorismo e a inovação." Que o requerente faça a leitura completa da norma citada em ED/1017/1690; Que para mais informações, o cidadão deve efetuar contato diretamente com canal competente para recebimento de demandas dos bolsistas SWG do CNPq, a saber, a Central de Atendimento, pelo e.mail atendimento@cnpq.br. Cidadão impetra recurso em segunda instância recursal, nos seguintes termos: Esclarece que fez a pergunta, novamente, pois quis ser mais claro e direto, tendo em vista que a primeira resposta que obteve não foi satisfatória; Que a sua pergunta não foi respondida, uma vez que no item 1, do anexo VI, da Resolução Normativa CNPq 29/2012, não há nenhuma afirmação referente à informação requisitada, ou seja, se há alguma obrigatoriedade de obtenção do diploma de graduação pelo bolsista do CSF na universidade brasileira de origem; Pede que sua dúvida seja encaminhada ao departamento jurídico do CNPQ, para que ele obtenha uma resposta oficial com base legal; Que as últimas duas respostas que lhe foram dadas pelo CNPQ não fazem sentido do ponto de vista jurídico. A Ouvidoria do CNPq informa que, conforme explicado no anexo VI da Resolução Normativa CNPq 29/2012, a finalidade da bolsa SWG é "apoiar o aluno matriculado em curso de graduação no Brasil visando aperfeiçoar sua 22

12 Recurso à Autoridade Máxima Resposta do Recurso à Autoridade Máxima Recurso à CGU É o relatório. 12/02/201 13/02/201 1/02/201 formação, com bolsa no exterior, e estimular suas competências e habilidades para o desenvolvimento científico e tecnológico, o empreendedorismo e a inovação." A norma é um instrumento jurídico baseado no direito administrativo. Houvesse uma possibilidade, prerrogativa e/ou um objetivo distinto da finalidade da bolsa, estes estariam detalhados no texto da própria norma. A norma completa pode ser acessada em 7/1690. Informa ainda que, caso o cidadão entenda que possa haver alguma alteração na situação de sua bolsa em curso, a qual aceitou pelo "Termo de Compromisso e Aceitação de Bolsa no Exterior", deverá encaminhar solicitação ao CNPq, o qual a avaliará, em acordo com o item 7.3 da RN 29/2012. Para bolsistas SWG do CNPq, o contato é recebido por meio do e.mail atendimento@cnpq.br. Cidadão afirma que a resposta ao seu recurso foi evasiva, uma vez que ele não questiona a finalidade do programa. Ressalta, novamente, que o seu questionamento é sobre a existência de dispositivo legal que indique a obrigatoriedade do aluno da graduação sanduíche, de acordo com o CSF edital 168/2013, de obter um diploma de graduação na sua IES de origem. A Presidência do CNPq entende que os esclarecimentos foram prestados. Reitera argumentação anterior. Análise 23

13 2. Registre-se que o Recurso foi apresentado à CGU de forma tempestiva e recebido na esteira do disposto no caput e 1º do art. 16 da Lei nº 12.27/2011, bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto nº 7724/2012, in verbi: Lei nº 12.27/2011 Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de (cinco) dias se: (...) 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de (cinco) dias. Decreto nº 7724/2012 Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso. 3. Quanto ao cumprimento do art. 21 do Decreto n.º 7.724/2012, observa-se que o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq obedeceu parcialmente as obrigações procedimentais contidas na norma. Faltou ao órgão recorrido indicar quais autoridades responderam os respectivos recursos de primeira e segunda instância, assim como o prazo para se recorrer a esta Controladoria-Geral da União. Art. 21. No caso de negativa de acesso à informação ou de não fornecimento das razões da negativa do acesso, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à autoridade hierarquicamente superior à que adotou a decisão, que deverá apreciá-lo no prazo de cinco dias, contado da sua apresentação. Parágrafo único. Desprovido o recurso de que trata o caput, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à autoridade máxima do órgão ou entidade, que deverá se manifestar em cinco dias contados do recebimento do recurso. 24

14 4. Verificou-se no processo de instrução do recurso em epígrafe que o requerente busca, na verdade, a interpretação sobre a aplicação dos dispositivos normativos que orientam a participação de bolsistas na política pública do governo federal denominada Ciências sem Fronteiras, na modalidade graduação sanduíche (SWG), em que o estudante cursa entre 12 e 18 meses de seu curso de graduação em uma Instituição de ensino estrangeira. Percebe-se, assim, que o requerimento do cidadão se trata de uma consulta jurídica sobre a possibilidade de abandono da Instituição de Ensino Superior Brasileira de origem, por parte do bolsista, após o término do programa de intercâmbio, sem que isso acarrete em penalização para este.. O próprio requerente afirma, em recurso dirigido à autoridade superior do órgão recorrido, que deseja que sua demanda seja encaminhada ao departamento jurídico do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico para que ele obtenha resposta em base legal. 6. A Lei n 12.27/11, Lei de Acesso à Informação estabelece em seu capítulo II os direitos para se obter o acesso às informações públicas e a sua divulgação. Nesse sentido, observe-se o capítulo 7 da referida lei: Art. 7 o O acesso à informação de que trata esta Lei compreende, entre outros, os direitos de obter: I - orientação sobre os procedimentos para a consecução de acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontrada ou obtida a informação almejada; II - informação contida em registros ou documentos, produzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou não a arquivos públicos; III - informação produzida ou custodiada por pessoa física ou entidade privada decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado; IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada; V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e entidades, inclusive as relativas à sua política, organização e serviços; VI - informação pertinente à administração do patrimônio público, utilização de recursos públicos, licitação, contratos administrativos; e VII - informação relativa: a) à implementação, acompanhamento e resultados dos programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, bem como metas e indicadores propostos; b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas de contas realizadas pelos órgãos de controle interno e externo, incluindo prestações de contas relativas a exercícios anteriores. 7. Percebe-se, portanto, que consultas jurídicas, isto é, pedidos de interpretação e aplicação de determinadas leis por órgãos públicos não fazem parte do escopo de direitos abarcados pela Lei de Acesso à Informação. Esta trata da disponibilização pública de informações e documentos em posse 2

15 de órgãos e de instituições públicas. Segundo o artigo 4 da mesma lei, entende-se informação como os dados, processados ou não, que podem ser utilizados para a produção e transmissão de conhecimento, contidos em qualquer meio, suporte ou formato; e documento como unidade de registro de informações, qualquer que seja o suporte ou formato. 8. Ademais, verificou-se correta a argumentação do órgão recorrido de que existe um canal específico para demandas dos bolsistas do programa Ciências sem Fronteiras. A Comissão Mista de Reavaliação de Informações, órgão colegiado responsável pela definição de processos de acesso à informação em última instância recursal, editou a seguinte Súmula sobre a questão: Súmula CMRI n 1/201 PROCEDIMENTO ESPECÍFICO Caso exista canal ou procedimento específico efetivo para a obtenção da informação solicitada, o órgão ou a entidade deve orientar o interessado a buscar a informação por intermédio desse canal ou procedimento, indicando os prazos e as condições para a sua utilização, sendo o pedido considerado atendido. 9. Na justificativa da súmula, afirma-se que na existência de canal ou procedimento específico e efetivo para obtenção da informação solicitada, presume-se satisfativa a resposta que o indique. No entanto, o documento deixa claro que o procedimento específico deve ser efetivo, ou seja, que possibilite ao cidadão atendimento satisfatório da sua demanda, como a observância de prazos e condições pré-determinadas. Caso isso não ocorra, a demanda deverá ser processada na forma de solicitação de informações. 10. No caso em questão, verificou-se que o CNPq de fato informou ao cidadão, na resposta do pedido inicial, o endereço de da Central de Atendimento pelo qual os estudantes bolsistas da graduação sanduíche podem dirimir suas dúvidas em relação ao programa de intercâmbio. Verificou-se também que o órgão recorrido disponibilizou ao requerente endereço na rede mundial de computadores onde constam as regras dos programas de graduação ofertados pela política pública em questão, sem, no entanto, fazer a interpretação almejada pelo cidadão. 11. Assim, acredita-se que o órgão recorrido tenha agido de acordo com os preceitos normativos da Lei de Acesso à informação, uma vez que o sistema e-sic não é mecanismo legítimo para se 26

16 realizar consultas jurídicas. Por conseguinte, o órgão indicou ao requerente o canal específico para o qual as demandas relativas ao programa Ciências sem Fronteiras devem ser dirigidas. Conclusão 12. De todo o exposto, opina-se pelo não conhecimento do referido recurso, uma vez que a informação solicitada está fora do escopo da LAI e o órgão recorrido indicou canal específico que atende à demanda do cidadão. 13. Por fim, observa-se que o recorrido descumpriu procedimentos básicos da Lei de Acesso à Informação. Nesse sentido, recomenda-se orientar a autoridade de monitoramento competente que reavalie os fluxos internos para assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso à informação, de forma eficiente e adequada aos objetivos legais, em especial recomenda-se: a) Informar em suas respostas ao cidadão a autoridade que tomou a decisão e os prazos para propor recursos. JORGE ANDRÉ FERREIRA FONTELLES DE LIMA Analista de Finanças e Controle 27

17 D E C I S Ã O No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria n da Controladoria-Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como fundamento deste ato, o parecer acima, para decidir pelo não conhecimento do recurso interposto, nos termos do art. 23 do referido Decreto, no âmbito do pedido de informação nº /201-64, direcionado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq. Gilberto Waller Júnior Ouvidor-Geral da União Substituto 28