PARECER. Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação.

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1 Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER Referência: / Assunto: Restrição de acesso: Ementa: Órgão ou entidade recorrido (a): Recorrente: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Não há restrição de acesso. Educação Superior. Ata de reunião. Ato normativo - O cidadão solicita informação acerca do Regulamento para Funcionamento de Cursos Regulares de Graduação a Distância na Universidade de Brasília aprovado pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) Cidadão alega que houve disponibilização de Informação incorreta e há existência de Interesse público Universidade alega informação já entregue via Acata-se a argumentação do recorrente Perda de Objeto - Esclarecimentos Adicionais. Necessidade de Interlocução - Recomendações: Indicar a autoridade que tomou a decisão em instância recursal. Garantir que a autoridade responsável por julgar o recurso em primeira instância seja diferente e hierarquicamente superior àquela que adotou a decisão inicial. Garantir que a autoridade responsável por julgar o recurso de segunda instância seja a autoridade máxima da instituição pública. Indicar a possibilidade de recurso, prazo correlato e autoridade a qual será dirigido. Não se omitir nas respostas ao pedido e aos recursos. Inserir no e-sic o teor dos s enviados diretamente ao cidadão. Observar Súmula nº 6/2015 da Comissão Mista de Reavaliação de Informações (CMRI). Ministério da Educação - MEC/ Universidade de Brasília - UnB T.M.J Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação, com base na Lei nº /2011, conforme resumo descritivo abaixo apresentado: 1

2 RELATÓRIO Data Teor Pedido 15/03/2015 O cidadão solicita cópia do Regulamento para Funcionamento de Cursos Regulares de Graduação a Distância na Universidade de Brasília aprovado pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE), com registro no UnBDoc nº 51979/2009. Resposta Inicial 16/04/2015 Informamos que, em função de o sistema e-sic não comportar a extensão de todos os anexos necessários ao atendimento integral à sua solicitação, enviaremos a resposta através do cadastrado. Recurso à Autoridade Superior Resposta do Recurso à Autoridade Superior Recurso à Autoridade Máxima Resposta do Recurso à Autoridade Máxima Recurso à CGU 16/04/ /04/ /04/2015 Não respondido 26/04/2015 Por estar insatisfeito e entender que a resposta da Diretora de Ensino de Graduação a Distância (DEGD) da UnB, Nara Maria Pimentel, não atende ao que foi solicitado no dia 15/03/2015. O cidadão reitera o pedido de cópia do Regulamento para Funcionamento de Cursos Regulares de Graduação a Distância na Universidade de Brasília aprovado pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE), com registro no UnBDoc nº 51979/2009; E, inova solicitando: cópia da ATA da Reunião do CEPE, que consta o registro da submissão desse Regulamento à consideração do Conselho no ano de A UNB afirma já ter enviado resposta por e disponibiliza link para acessar ata de reunião do CEPE. O cidadão reitera o pedido e explica que os documentos solicitados são referentes ao CEPE, porém a ata recebida traz decisão da Câmara de Ensino de Graduação (CEG) que é instância inferior ao CEPE. Não consta resposta ao recurso no e-sic. O cidadão solicita providências da CGU em razão de: i) a Universidade de Brasília (UnB) não disponibilizar publicamente as ATAS de reuniões do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE); ii) não estar de acordo com a resposta da Diretora de Ensino de Graduação a Distância (UnB) da UnB, professora Nara Maria Pimentel. E, compreender que a resposta da Diretora emitida em 15/04/2015 não atender ao que foi solicitado no dia 15/03/2015; iii) não estar de acordo com a resposta de representante do Serviço de Informação ao Cidadão (SIC) da UnB, Claudine Andrade (1ª instância do recurso); iv) a ausência de resposta da Chefia de Gabinete do Reitor da UnB (2ª instância do recurso); 2

3 Solicito providências da CGU junto à Fundação Universidade de Brasília (FUB). Diante do exposto, o cidadão reitera seu pedido: - Regulamento para Funcionamento de Cursos Regulares de Graduação a Distância na Universidade de Brasília aprovado pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE), com registro no UnBDoc nº 51979/2009; - ATA da Reunião do CEPE, que consta o registro da submissão desse Regulamento à consideração do Conselho no ano de Informações Adicionais e Negociações 04/05/2015 a 22/05/2015 Após análise preliminar do caso concreto, foram solicitados esclarecimentos adicionais ao recorrido por em 08/05/2015. Além de apresentar resposta, a UNB remeteu à CGU cópia da mensagem eletrônica expedida ao interessado, no dia 22/05/2015, com conteúdo complementar que responde satisfatoriamente ao cidadão. É o relatório. Análise 2. Registre-se que o Recurso foi apresentado perante a CGU de forma tempestiva e recebido na esteira do disposto no caput e 1º do art. 16 da Lei nº /2011, bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto nº 7.724/2012, conforme abaixo: Lei nº /2011 Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: (...) 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias. Decreto nº 7724/2012 Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso. 3. Quanto ao cumprimento do art. 21 do Decreto n.º 7.724/2012, observa-se que todas as respostas, tanto ao pedido inicial quanto ao recurso em primeira 3

4 instância, foram proferidas pelo SIC/UNB. Dessa maneira, não foi garantido ao cidadão que o recurso em primeira instância fosse julgado por autoridade diferente e hierarquicamente superior à que adotou a decisão inicial. Complementarmente, ressalta-se, ainda, que a UNB não respondeu ao recurso em segunda instância. Portanto, não foram respeitadas as instâncias recursais definidas no referido Decreto, copiado a seguir: Art. 21. No caso de negativa de acesso à informação ou de não fornecimento das razões da negativa do acesso, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à autoridade hierarquicamente superior à que adotou a decisão, que deverá apreciá-lo no prazo de cinco dias, contado da sua apresentação. Parágrafo único. Desprovido o recurso de que trata o caput, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à autoridade máxima do órgão ou entidade, que deverá se manifestar em cinco dias contados do recebimento do recurso. 4. Ainda preliminarmente, não consta atendimento, por parte do órgão/entidade, ao art. 19 do Decreto 7.724/12 inciso II, que trata da comunicação ao cidadão de possibilidade e prazo de recurso bem como indicação da autoridade que apreciará os recursos subsequentes. Por oportuno, cite-se que a UNB informou ter enviado sua resposta inicial ao cadastrado pelo cidadão, porém não registrou no e-sic cópia do expediente. Dessa maneira, não foi possível julgar este processo no prazo legal de 5 dias, sendo imprescindível que a CGU solicitasse esclarecimentos adicionais para conhecer integralmente deste processo administrativo. Acrescente-se que, mesmo após a interlocução, a UNB não apresentou cópia dessa mensagem eletrônica. 5. Em relação ao mérito, observa-se que o pedido de acesso trata de tema de interesse público. Desde o início, o cidadão refere-se ao Regulamento aprovado pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE). Já a UNB, apesar de informar que disponibilizou a informação conforme requerida, na verdade disponibilizou informações provenientes da Câmara de Ensino de Graduação (CEG). Destaca-se que o CEPE é instância diferente e superior à CEG, fato que, de acordo com o cidadão, torna a resposta da Instituição insatisfatória. Cabe destacar que a ata entregue relata aprovação do 4

5 Regulamento para Funcionamento de Cursos Regulares de Graduação à Distância (EaD) na Universidade de Brasília pela CEG e registra encaminhamento para deliberação do CEPE. 6. No dia 08/05/2015, a CGU solicitou esclarecimentos adicionais sobre a comprovação do envio do regulamento ao cidadão, o fluxo de aprovação do regulamento, a validade do documento aprovado apenas pela CEG, e, por fim, sobre as normas aplicadas atualmente pela UNB para regular os cursos de graduação à distância em funcionamento. No dia 18/05/2015, a UNB solicitou por prazo adicional a fim de emitir parecer sobre os esclarecimentos adicionais, bem como realizar as ações necessárias para o atendimento ao cidadão. 7. A interlocução foi concluída, no dia 22 de maio de 2015, em razão de a UNB ter remetido à CGU cópia da mensagem eletrônica expedida ao interessado encaminhando os seguintes documentos: Parecer da relatora da CEPE devolvendo a proposta de regulamentação de cursos à distância na UNB UNBDOC nº 51979/2009 à Diretoria de Ensino de Graduação para reformulações; Documento informando que o Regulamento de Cursos Regulares de Graduação a Distância na Universidade de Brasília não foi aprovado pelo CEPE. 8. A UNB declarou ao cidadão, na mensagem eletrônica de 22/05/2015, que o Regulamento de Cursos Regulares de Graduação a Distância na Universidade de Brasília não se concretizou porque o mesmo não foi aprovado pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE). Além disso, o SIC da instituição ressaltou que não há qualquer Ata do CEPE sobre o assunto constante no UnBdoc 51979/2009 já que, após aprovação da CEG, houve a devolução ao Departamento de Ensino de Graduação por força do parecer da relatora. Assim, este UnBdoc não chegou a ser apreciado por aquele Conselho. Assim, resta evidente que as informações existentes já haviam sido prestadas 5

6 desde a resposta ao pedido inicial, restando apenas dúvida quanto a existência das demais informações. 9. No dia 27/05/2015, a UNB comunicou a CGU, via , que recebeu mensagem eletrônica do cidadão, no dia 24/05/2015, em que este reitera o pedido de acesso a Ata da Reunião do CEPE onde o assunto Proposta de Regulamentação de Cursos a Distância na UnB EaD foi colocado em pauta, em conformidade ao processo UnBDoc nº 51979/2009 além de inovar solicitando Informação sobre o andamento do processo UnBDoc nº 51979/2009, pelo(a) Diretor(a) da Diretoria Técnica de Graduação. 10. A UNB prestou novamente esclarecimento adicionais à CGU, alegando que: O UnBdoc de número 51979/2009 encontra-se, como finalizado no setor responsável pela sua destinação final. O fato de o status "sistêmico" não apontar o devido nome 'ARQUIVADO', deve-se a simples operacionalização que, por vezes, não se faz necessária para que o processo seja findado já que podemos, posteriormente, envia-lo ao Arquivo Central. Não há que se falar que o processo está em aberto em função desta peculiaridade sistêmica. (...) Não existe qualquer ATA do CEPE sobre o assunto, ainda que a Relatora tenha emitido parecer acerca do caso, pois não é necessária uma reunião colegiada para tal. A Relatora pode decidir individualmente por não "aceitar" o assunto para passar em pauta. O caso em tela é exemplo disso. 11. Diante da análise da mensagem bem como dos esclarecimentos da UNB referentes a ela, é preciso frisar que: A alegação de inexistência de documento/informação por órgão público é revestida de presunção relativa de veracidade, decorrente do princípio da boa fé e da fé pública. Tal posicionamento tem respaldo na doutrina. Nesse sentido, Hely Lopes Meirelles (2013) aduz que os atos administrativos, qualquer que seja sua categoria ou espécie nascem com presunção de legitimidade, independentemente da norma legal que a estabeleça. Essa presunção decorre do princípio da legalidade da Administração, que, nos Estados de Direito, informa toda a atuação governamental. (CUNHA FILHO & XAVIER, 2014, p. 351). 12. Desse modo, em relação ao NUP nº / , certifica-se ter sido apresentada resposta satisfatória ao pedido durante a instrução do recurso nesta Controladoria, sendo adotado posicionamento que atende ao descrito no inciso III do Art. 15 do Decreto nº 7.724/2012: 6

7 Art. 15. Recebido o pedido e estando a informação disponível, o acesso será imediato. 1o Caso não seja possível o acesso imediato, o órgão ou entidade deverá, no prazo de até vinte dias: I - enviar a informação ao endereço físico ou eletrônico informado; II - comunicar data, local e modo para realizar consulta à informação, efetuar reprodução ou obter certidão relativa à informação; III - comunicar que não possui a informação ou que não tem conhecimento de sua existência; 13. Nesse sentido, ressalte-se a súmula n. 6/2015 da Comissão Mista de Reavaliação de Informações: Súmula CMRI nº 6/2015 INEXISTÊNCIA DE INFORMAÇÃO A declaração de inexistência de informação objeto de solicitação constitui resposta de natureza satisfativa; caso a instância recursal verifique a existência da informação ou a possibilidade de sua recuperação ou reconstituição, deverá solicitar a recuperação e a consolidação da informação ou reconstituição dos autos objeto de solicitação, sem prejuízo de eventuais medidas de apuração de responsabilidade no âmbito do órgão ou da entidade em que tenha se verificado sua eliminação irregular ou seu descaminho. Conclusão 14. De todo o exposto, opina-se pela perda de objeto do recurso interposto, visto entender que a UNB, ao alegar não possuir a informação, apresentou resposta satisfatória ao cidadão no curso da instrução do processo nesta Controladoria. 15. Por fim, observa-se que a recorrida descumpriu procedimentos básicos da Lei de Acesso à Informação. Nesse sentido, recomenda-se orientar a autoridade de monitoramento competente que reavalie os fluxos internos para assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso à informação, de forma eficiente e adequada aos objetivos legais, em especial: a) Indicar a autoridade que tomou a decisão em instância recursal e garantir que a mesma seja diferente e hierarquicamente superior àquela que adotou a decisão inicial; b) Não se omitir na resposta aos recursos e garantir que a autoridade responsável por julgar o recurso de segunda 7

8 instância seja a autoridade máxima da instituição pública; c) Informar em suas respostas ao cidadão à autoridade que tomou a decisão, a possibilidade de recurso, o prazo para propor o recurso e a autoridade competente para apreciar o recurso; d) Inserir no e-sic o teor dos s enviados diretamente ao cidadão. e) Observar Súmula nº 6/2015 da Comissão Mista de Reavaliação de Informações (CMRI). HELOÍSA VIEIRA CURVELLO Analista Técnico de Políticas Sociais 8

9 D E C I S Ã O No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria n da Controladoria-Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como fundamento deste ato, o parecer acima, para decidir pela perda de objeto do recurso interposto, nos termos do art. 23 do referido Decreto, no âmbito do pedido de informação nº / , direcionado à Fundação Universidade de Brasília UNB/Ministério da Educação. LUIS HENRIQUE FANAN Ouvidor-Geral da União 9

10 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Folha de Assinaturas Documento: PARECER nº 1743 de 15/06/2015 Referência: PROCESSO nº / Assunto: Parecer para recurso 3ª instancia da LAI Signatário(s): GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 15/06/2015 Relação de Despachos: aprovo. GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 15/06/2015 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: ff6e551e_8d275bc9cf8805a