PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União DESPACHO

Transcrição

1 DESPACHO Referência: / Assunto: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação requerido à Caixa Econômica Federal Senhor Ministro de Estado Chefe da, 1. O presente Despacho trata de solicitação de acesso à informação pública, com base na Lei nº /2011, formulada em 03/04/2013, conforme resumo descritivo abaixo apresentado: RELATÓRIO Data Teor Pedido 03/04/2013 Informa que extraviou/perdeu/esqueceu tablete em agência da Caixa e solicita acesso às imagens tanto do terminal quanto do sistema de câmeras da área de auto atendimento e também cópia das mesmas para tentarmos, junto à Polícia Civil do Distrito Federal, quem teria pego o referido tablet. Resposta ao pedido 23/04/2013 Nega acesso em função de a Caixa ter o dever de observar legislações específicas referentes à divulgação de informações resguardadas pelos sigilos fiscais, bancário, de operações e serviços no mercado de capitais, comercial, profissional, industrial e segredo de justiça. Comunica que o pedido não pode ser atendido por se tratar de produto/serviço bancário. Sugere que o cidadão procure a referida agência. Recurso à Autoridade Superior 30/04/2013 Argumenta que a informação solicitada não está nem de longe relacionada/resguardada por sigilos fiscais, bancário, de operações e serviços no mercado de capitais, comercial, profissional, industrial e segredo de justiça. Irresignado, critica a resposta dada pela CEF e pede cumprimento à Lei de Acesso. Informa que já havia entrado em contato com a agência do ocorrido e que foi ressaltado que poderia apenas ver as imagens, sem fornecimento de cópias. Ao fim, não teve acesso nem às imagens nem às cópias.

2 Resposta do Recurso à Autoridade Superior Recurso à Autoridade Máxima PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA 06/05/2013 As imagens estão disponíveis na Agência José SEABRA para visualização,. Caso identifique o extravio, orientamos formalizar o pedido junto a PCDF que enviará ofício à CAIXA solicitando a disponibilização das imagens. 11/05/2013 Informa que realizou contato, acertando data para comparecimento à agência, mas que recebeu ligação telefônica do referido Sr. ao final da manhã relatando que a gravação não estava mais disponível, em razão do sistema armazená-la apenas por 30 dias. Ressalta que caso a CEF tivesse atendido ao pleito quando da primeira solicitação, as imagens ainda estariam disponíveis, e que o descumprimento da Lei gerou prejuízo ao cidadão, no valor de R$ 2.000,00. Solicita, por fim, adoção das medidas cabíveis. Resposta do Recurso à Autoridade Máxima 17/05/2013 Reitera que De acordo com as características do equipamento contratado, as imagens gravadas são preservadas por um prazo correspondente à sua capacidade, variando conforme a configuração do sistema. No caso em questão, o prazo mínimo (30 dias) alcançado pelo sistema daquela unidade já havia sido superado. Recurso à CGU 20/05/2013 Reitera os argumentos anteriormente apresentados e questiona se a Caixa pode descumprir a Lei /11 sem que haja qualquer punição. Critica ainda o Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC) e Ouvidoria da Caixa que, segundo afirma o cidadão, não funcionam efetivamente e apenas enviam respostas padrão. É o relatório, Análise 2. Registre-se que o Recurso foi apresentado perante a CGU de forma tempestiva, em 20/05/2013. O Recurso foi recebido na esteira do disposto no caput e 1º do art. 16 da Lei nº

3 12.527/2012, bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto nº 7.724/2012, in verbis: Lei nº /2012 Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: (...) 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias. Decreto nº 7724/2012 Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso. 3. Quanto ao cumprimento do art. 21 do Decreto n.º 7.724/2012, observa-se que consta da resposta ao recurso de 1ª instância que a autoridade que tomou a decisão era superior à que respondeu o pedido inicial. Todavia, a decisão do recurso de 2ª Instância foi tomada pela Diretoria Executiva, e não pelo Presidente da Caixa, autoridade máxima daquela entidade. 4. Analisando-se o caso concreto, inicialmente deve-se destacar que a informação solicitada no pedido de acesso à informação inicial, ainda que em determinado período estivesse disponível, no presente momento não mais existe, em decorrência de uma configuração do sistema de gravação, que armazena imagens até o prazo máximo de 30 dias. 5. Nesse sentido, e tendo em vista a impossibilidade de disponibilização da gravação demandada, entende-se exaurida a solicitação inicial do cidadão, haja vista esta Controladoria-Geral da União não poder determinar à Caixa Econômica Federal que forneça informação inexistente, que tampouco pode ser produzida, dada a sua especificidade única. À luz do art. 52 da Lei 9.784/99: Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto o processo quando exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente. 6. Seguindo nessa esteira, ainda que fora do prazo e já na fase recursal, preceitua o Decreto 7.724/12: Art. 15. Recebido o pedido e estando a informação disponível, o acesso será imediato. 1 o Caso não seja possível o acesso imediato, o órgão ou entidade deverá, no prazo de até vinte dias: I - enviar a informação ao endereço físico ou eletrônico informado;

4 II - comunicar data, local e modo para realizar consulta à informação, efetuar reprodução ou obter certidão relativa à informação; III - comunicar que não possui a informação ou que não tem conhecimento de sua existência; IV - indicar, caso tenha conhecimento, o órgão ou entidade responsável pela informação ou que a detenha; ou V - indicar as razões da negativa, total ou parcial, do acesso. [...] (grifo nosso) 7. Entretanto, algumas considerações acerca do processo referente a este pedido de acesso no âmbito da CEF merecem ser tecidas. 8. Primeiramente, no que diz respeito à argumentação apresentada pela CEF em sua resposta ao pedido inicial, é mister reforçar que não basta apenas citar artigo da Lei /11 ou de seu Decreto Regulamentador que trata de legislações específicas, mas deve também ser feita referência à legislação específica à qual o artigo diz respeito. 9. Ora, mera alegação de que o pedido de acesso engloba tema abarcado por sigilo tratado em legislação específica é por demais esvaziada. Deve o órgão recorrido fazer referência direta ao documento legal que caracteriza a informação como sigilosa. 10. Tendo em vista a CEF não ter feito menção a nenhuma legislação específica, a impressão que é passada é exatamente aquela exposta pelo cidadão em seu recurso de 1ª Instância, qual seja, de que a argumentação é fraca e que não se trata de informação abarcada por qualquer espécie de sigilo. 11. Destarte, frise-se mais uma vez que o apontamento das legislações pertinentes por parte do órgão recorrido robustece a argumentação, evitando possível desgaste na relação com o cidadão e ainda munindo o Ministro da CGU de valiosa informação na tomada de decisão de recursos que a esta Casa chegam. 12. Dando continuidade à análise do processo, observa-se que a Caixa Econômica Federal, em resposta ao recurso de 1ª instância, revisou seu posicionamento, franqueando o acesso anteriormente negado. 13. Ora, esse é exatamente o sentido de existirem múltiplas instâncias recursais internas ao órgão demandado. A Lei /11 foi elaborada de maneira a permitir que o cidadão, em caso de insatisfação com a resposta obtida, pudesse entrar com recurso visando alteração no posicionamento adotado. E a Caixa procedeu dessa maneira. Em que pese a inicial negativa de acesso, optou por permitir que o cidadão tivesse acesso à gravação alvo de seu pedido. 14. Não cabe, portanto, a alegação do Sr. José Wagner Marques Raulino, de que se a CEF tivesse atendido o pleito quando de sua primeira solicitação (03/04), conforme dispõe a Lei de

5 Acesso à Informação, as imagens ainda estariam disponíveis.. A Caixa Econômica Federal não deixou de cumprir qualquer prazo legal, tampouco - até que se prove o contrário - agiu de má fé. Apenas revisou sua resposta inicial no melhor interesse da Lei de Acesso à Informação. 15. As instâncias recursais internas ao órgão recorrido existem exatamente para permitir que o referido órgão altere seu posicionamento, se assim entender, antes que o recurso chegue a esta. Não fosse esse o intuito da Lei, haveria apenas a Controlaria-Geral da União como instância recursal. 16. O fato de o prazo de armazenamento da gravação ter se expirado foge ao controle seja desta CGU como da Caixa Econômica Federal. Havendo suspeita, conforme alega o cidadão, de que o acesso à informação foi retardado até que o prazo de 30 dias se esvaísse, o debate deve ser então realizado junto ao Judiciário, podendo então pleitear seus direitos, que conforme entende, foram feridos pela CEF e lhe geraram prejuízo de R$2.000, Posto isso, não cabe a esta, como órgão recursal da Lei de Acesso à Informação, determinar que a Caixa Econômica Federal ressarça qualquer prejuízo. Tal atribuição foge do escopo da Lei / Por fim, no que tange ao desabafo do cidadão quanto ao Serviço de Atendimento ao Cliente e Ouvidoria da Caixa Econômica Federal, cumpre destacar que igualmente não se trata de tema abarcado pelo escopo da Lei de Acesso à Informação, não cabendo a esta Controladoria-Geral da União, via Lei /11, determinar qualquer providência ou melhoria de serviço nos canais supramencionados. 19. Entretanto, tendo em vista a insatisfação apresentada pelo cidadão, cumpre enfatizar que, segundo consulta informal à Coordenação-Geral de Acompanhamento e Controle das Atividades de Ouvidoria CGOUV, no âmbito desta CGU, o SAC é, via de regra, um serviço tanto quanto mecanizado, assim como apontou o cidadão. A Ouvidoria, por outro lado, realiza trabalho mais pessoal e com maior proximidade. 20. Sugere-se, nesse sentido, que o cidadão, caso deseje efetuar qualquer tipo de reclamação ou sugestão à Caixa, seu SAC ou Ouvidoria, que busque a própria Ouvidoria da entidade. Caso não haja retorno a contento, sugere-se que contate a Ouvidoria do Banco Central, ou ainda que acesse o sítio para efetuar qualquer reclamação, elogio ou sugestão. Conclusão 21. De todo o exposto, opina-se pelo DESPROVIMENTO do recurso interposto, haja vista a impossibilidade de fornecimento da gravação solicitada, conforme art. 52 da Lei 9.784/99.

6 22. Ademais, faz-se necessário ressaltar que a decisão de 2ª instância não foi tomada pela autoridade máxima da entidade. Dessa forma, recomenda-se orientar a autoridade de monitoramento da Caixa Econômica Federal que reavalie os fluxos internos para assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso à informação, de forma eficiente e adequada aos objetivos da Lei de Acesso à Informação, em especial no que tange ao art. 21 do Decreto 7.724/2012.

7 Folha de Assinaturas Documento: DESPACHO nº 6143 de 15/08/2013 Referência: PROCESSO nº / Assunto: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação requerido à Caixa Econômica Federal. Signatário(s): JOSE EDUARDO ELIAS ROMAO Ouvidor-Geral Assinado Digitalmente em 15/08/2013 Relação de Despachos: À consideração superior. RAFAEL ANTONIO DAL ROSSO ANALISTA DE FINANCAS E CONTROLE Assinado Digitalmente em 16/07/2013 Relação de Despachos: Encaminhe-se ao Exmo. Sr. Ministro Chefe desta, Dr. Jorge Hage Sobrinho, a fim de subsidiar e, acolhendo-se o presente Despacho, atribuir fundamento a sua decisão. JOSE EDUARDO ELIAS ROMAO Ouvidor-Geral Assinado Digitalmente em 15/08/2013 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: f_8d067b52f4f5790